Archive for May 2016

Notas do Autor (Capítulo 25)




Chegamos ao fim da primeira parte do Aventuras em Johto.

O fim de um ciclo e sempre algo incrível. É quando a gente olha para trás e vê como as coisas mudaram.

E como as coisas mudaram, né?

Era 17 de Dezembro de 2015 quando os dois primeiros capítulos do Aventuras em Johto foram ao ar. Inaugurando o blog, eu quis levar o meu melhor para os leitores que não sabiam quem eu era, mas que queriam ler uma história que mantivesse o nível já conhecido da Aliança Aventuras. Sabem, não é fácil. Essa história levou quase quatro anos pra estrear aqui (com uma breve aparição no Nyah! Fanfiction, hoje, já deletada) e acho que sou o único autor da Aliança, depois do Canas, a finalizar uma temporada, chegar tão longe.

Eu queria agradecer imensamente à duas pessoas: O próprio Canas Ominous pela oportunidade e pelo Sigert, de Hoenn. Foram duas pessoas que insistiram muito para que eu fizesse parte do grupo. Eu sempre fui muito fã das histórias, mas nunca me achei bom o suficiente para poder ocupar uma vaga na Aliança. Depois de muita insistência, acabei participando, em 2011 e 2012, das edições da Copa Aliança. Prestei vaga para Almia, Fiore e Johto. Sobre o último, acabei ficando em segundo lugar com o enredo do primeiro capítulo. Eu realmente não pensava em continuar alguma coisa dali. Foi na mesma época que a Zyky entrou para Oblivia e a Marina assumiu Johto.

Anos depois, cá estamos nós.

Depois de 25 capítulos, eu agradeço imensamente à você, leitor, por ter lido até aqui. Por ter visto o meu crescimento até aqui. Por ter comentado até aqui.

E queria deixar um carinho muito especial a cada um que fez AeJ ser o que é hoje. Citando os nomes conhecidos daqueles que sempre estão por aí fazendo contato: DarkGrovyle, Sir Napolielli, Richard, Dark Angel, Victor Gustavo, Star-Chan (que sempre me ajudou quando o bloqueio criativo não deixava), Furion, Carlos Vicente e todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram nessa jornada. Ethan, Amy e Forrest só cresceram por causa de vocês.

Eu queria pedir minhas sinceras desculpas se, por algum motivo, a história desagradou ou minha escrita acabou decepcionando. Eu acho que nunca levei tanto tempo escrevendo uma história e a evolução é uma escadinha: Todos os dias você vai subindo um degrau. Eu estou trabalhando para melhorar meus erros e crescer ainda mais com a história. Eu quero que, pelo menos, ela seja aceita por todos. =]

Mas é claro, mudanças sempre vem aí. A segunda temporada está recheada de surpresas. Sabem tudo isso que nós vimos até agora? Virá por água abaixo.

Nossos heróis continuam seguindo viagem até Ecruteak City. Nós ficaremos curiosos para saber o que acontecerá na jornada deles até lá, que tipo de batalhas enfrentarão e que Pokémon eles vão ver... Mas, só daremos de cara com eles de novo no dia 7 de Julho. Até lá, continuaremos sentindo saudades.

Durante o mês de férias, eu pretendo trazer conteúdo sempre. No dia 24 de Junho haverá um "esquenta", com um retorno antecipado dos nossos personagens em uma aventura inédita... Fiquem de olho!

No mais, é isso.

Muito obrigado MESMO à você que fez a fanfic crescer. Você fez e faz a diferença e é o maior motivo pra eu produzir os capítulos e postá-los todas as semanas. =]


TO BE CONTINUED...

Capítulo 25



Incógnito aproximou-se de Ethan e começou a circular ao redor do garoto. Os demais Unown começaram, lentamente, a fazer o mesmo com os demais humanos. Nill e Tyson esquivaram-se dos Pokémon.

Um forte brilho emanou e Ethan, Forrest, Amy, Grace e Flaaffy começaram a levitar. A sala começou a rodar e então tudo ficou escuro.

Nill e Tyson recuperaram os sentidos e procuraram o grupo que os acompanhava. Não obtiveram resposta. Eles estavam sozinhos.

***


***

Ethan, Amy, Forrest, Grace e Flaaffy sentiram seus pés tocarem no chão sólido. Estava frio. Ethan abriu os olhos e viu tudo branco em sua frente. Era neve.

— Onde nós estamos? — Ouviu-se a voz de Amy.
— Eu não faço ideia... — Respondeu Forrest.
— Devemos estar em um lugar bastante distante... Não é inverno em Johto... — Disse Grace.

Ethan se levantou.

— Cadê o Incógnito? — Perguntou baixo.

Não houve resposta. Ninguém ali sabia de nada. Só se ouvia uma estranha melodia infantil vinda de algum lugar. Uma melodia que preenchia seus ouvidos com notas agudas e repetitivas, vindas de um som metálico, como uma caixinha de brinquedo ou um pequenino vibrafone.

Aquilo chamou a atenção deles.

Eles começaram a seguir o som daquela melodia. Ela ficava cada vez mais alta e profunda a cada passo que aquele quarteto dava em direção ao desconhecido. Em sua frente, apenas o branco daquela estranha neve. Fazia muito frio. Eles andavam juntos para concentrar melhor o calor de seus corpos enquanto abraçavam a si mesmos, desejando no íntimo de seus pensamentos alguma coisa que os aquecesse. Quanto mais andavam, mais afundavam na neve fofa, diminuindo a velocidade de seus passos curtos a cada vez que paravam para se ajudar a desentalar.

No horizonte, uma casa ia se mostrando. Ela estava enterrada alguns metros na neve branca. Sandshrew e Quilava ajudaram a removê-la, dando passagem assim para o grupo entrar naquele lugar estranho.

Por dentro, era visível que aquela casa era construída de madeira, era pequena, porém confortável. Tinha um cheiro de canela que exalava de algum lugar que supunha-se que era da cozinha, mas não havia nada que demarcasse os cômodos da casa. Estranhamente, não havia nada dentro dela. Nenhuma pintura, quadros, mobílias ou lâmpadas.

— Alguém em casa? — Chamou Ethan, mas não obteve resposta.

A casa estava, literalmente, vazia.

Uma sombra chamou a atenção do rapaz. Incógnito jazia parado perto de uma escada, olhando para o andar superior. Ethan seguiu o Pokémon sem questioná-lo. Amy, Forrest e Grace faziam o mesmo.

As escadas pareciam intermináveis. Era esquisito que aquela residência daquele tamanho pequeno tivesse andares superiores, quem via de fora chegava à conclusão de que ela havia sido construída apenas com o andar térreo. Mas esquisito ainda era aquela casa, construída em um lugar desconhecido, fora do mapa. Por mais que tentasse, Forrest não conseguia localizá-los. Muitas dúvidas pairavam sobre a cabeça dos jovens, mas ninguém ali trocava uma palavra sequer, apenas permaneciam atentos a cada passo que davam. Conforme eles iam subindo, mais escuro ia ficando. Flaaffy caminhava ao lado de Ethan iluminando à frente. Incógnito guiava os humanos para algum lugar desconhecido.

Após alguns minutos que pareceram horas, eles chegaram a uma sala gigante. Era uma biblioteca.

Os garotos soltaram uma exclamação.

As prateleiras tocavam o teto, que agora tinha o triplo de altura. Tinha tantos livros que qualquer pessoa levaria séculos para ler todos eles. Pareciam muito desgastados, como se não fossem usados há séculos. Era como se eles tivessem cruzado um portal e tivessem ido parar em algum lugar há muito esquecido da idade média. Como se pertencesse a um palácio, aquela biblioteca era majestosa.

— Eu não sei como... Mas parece que não estamos mais dentro daquela casinha... — Comentou Forrest com uma expressão abismada.

O cheiro de mofo era terrível. Ethan espirrava feito louco e tentava achar alguma saída enquanto os outros se espalharam pela imensa sala para ver se encontravam alguma pista.

Incógnito desapareceu. Ethan caminhou até uma das prateleiras e retirou um dos livros gigantes. Amy pareceu apreensiva.

— Ethan! Não mexa nesses livros! — Cochichou a garota.

Ethan a olhou com ironia.

— Acha o quê? Que vai surgir uma entrada secreta atrás dessas estantes? O Incógnito sumiu. Até ele resolver aparecer de novo, a gente precisa fazer alguma coisa pra se distrair. Ou achar uma resposta. — O garoto se dirigiu a uma mesa de madeira próxima e cuidadosamente depositou o livro nela, olhando-o com um grande interesse, como se tivesse encontrado um verdadeiro tesouro.

A Origem das Espécies Mágicas, por Charles Darwin”. Era esse o título do livro que Ethan tinha em mãos. Empoeirado e velho, o garoto cuidadosamente começou a dar uma rápida lida, vendo as muitas figuras que havia ali.

“Nós não temos nenhuma prova científica ainda para explicar de onde as criaturas mágicas vieram. Dadas as circunstâncias, muitos colegas se asseguram de que tais criaturas vieram do espaço. Fragmentos de rocha alienígena foram encontrados dentro do Monte Lua, na região de Kanto. E algumas espécies dessas criaturas com poderes mágicos, que ficam dizendo seu próprio nome, protegem essa pedra. A cidade de Pewter foi construída dentro de uma cratera onde, possivelmente, o asteroide caiu. Não existem dúvidas: Essas criaturas são alienígenas.”

Havia muitos esboços e artes conceituais das tais “criaturas mágicas” que se assemelhavam a muitos Pokémon. O livro também contava que há muito tempo a humanidade buscava querer domar essas criaturas, mas elas nunca cediam. E, naquela época, não havia sido inventado algo que ajudasse nisso.

As criaturas mágicas eram Pokémon. E, por ironia, anos depois, eles seriam treinados pelos humanos, sendo capturados com as PokéBolas.

Grace analisava um livro também. Ela exclamou.

— Eu já sei onde nós estamos!

Ethan, Amy e Forrest correram para perto da cientista, que mostrou um mapa antigo.

— Este lugar se chama “Ruínas de Sinjoh”. É uma fenda no Espaço-Tempo que existe desde a criação do Universo... É um paradigma que une as regiões de Johto e Sinnoh... Elas estão alinhadas.
— Mas como isso é possível? — Perguntou Amy assustada.
— Eu não sei... Acho que fomos transportados. Mas por quê?

Incógnito voltou a aparecer ao lado de uma estante. Aproximou-se de um dos livros usados e o derrubou no chão.

As paredes começaram a se mover. A estante de onde o livro havia caído subiu em direção ao teto e revelou uma passagem para um túnel.

— Uma câmara secreta...! — Exclamou Forrest.
— Aonde será que ela vai dar? — Perguntou Amy.

Ethan dirigiu-se até a entrada.

— Só vamos saber se a gente chegar até o final. — Disse o garoto sério.

Assim que todos eles passaram pelo portal, a estante desceu, fechando a passagem. Só não ficou um breu total porque Flaaffy iluminava o local.

Incógnito continuava guiando os jovens pelo misterioso túnel. O silêncio prevalecia ali, e era assustador pensar que eles estavam sozinhos. E se alguém estivesse observando eles? Nem em sonho eles imaginariam algum dia estar em um lugar como aquele.

Após um certo tempo caminhando, eles viram uma fraca luz no final do caminho. Eles aceleram o passo, mas Incógnito continuou sereno, sem pressa alguma de chegar ao destino. O frio já não os atormentava mais.

Eles desembocaram em uma sala gigante. Era iluminada por um fogo roxo que dava um clima gótico e sobrenatural àquele ambiente. Um arrepio percorreu a espinha de Ethan, que começava a ter medo.

 Havia um grande palco triangular no centro daquela sala e tudo ali era feito de pedra. Era lindo. Aquele efeito bucólico trazia uma solidão para quem o encarava, mas um profundo sentimento de paz emanava em seus corações.

Um Pokémon jazia no centro daquele palco triangular. Estava calmo, não se mexia. Era um equino branco que se assemelhava a uma espécie de centauro com a parte de seu peitoral acinzentado, em linhas que conduziam para a barriga da criatura. Seus quatro pés pontiagudos eram feitos com cascos de ouro. A sua longa cabeleira se projetava para longe de sua cabeça e era parecida com sua cauda magnífica, contrastando seu rosto acinzentado, com olhos verdes e pupilas vermelhas, além de um padrão circular verde abaixo seus olhos. Arceus também tinha uma listra cor de ouro em sua cabeça e as orelhas apontavam para cima. Seu pescoço era bastante longo, com dois pares de protuberâncias para os lados. Também tinha uma roda de ouro conectada ao corpo por seu abdômen, com quatro joias ligadas a ela.

Os humanos nunca haviam visto aquele Pokémon antes.

Incógnito se dirigiu até ele e ficou em sua frente. Outros Unown surgiram e começaram a circular aquele Pokémon, fazendo uma ciranda. Um brilho dourado começou a emanar do corpo da criatura, fazendo-a levitar. Os Unown pararam abruptamente e se recolheram. Incógnito permaneceu parado.

As pupilas de Arceus se dilataram. Sua respiração ficou mais profunda. Ele encarou os visitantes em sua frente. De um jeito calmo, começou a levitar para a frente, descendo as escadas que davam para o palco triangular e ficando no mesmo nível dos humanos.

— Quem sois vós? — Perguntou sua voz grave e imponente, mas de forma tranquila.

Ninguém respondeu nada. Estavam assustados demais para lembrar que podiam comunicar-se.

Arceus pareceu rir.

— Humanos, estão com medo de mim? Não precisam. Eu sou Arceus. E sei que vós sois Ethan. Amy. Forrest. E Gracia. — Disse o Pokémon de forma tranquila enquanto olhava diretamente para cada um enquanto reconhecia seus nomes.

Fora Grace quem quebrou o silêncio.

— Mas... Como você fala? — Perguntou a morena com um leve temor na voz.
— Eu sou o Criador. Foi de mim e das minhas Placas da Vida que vocês surgiram. A Terra. O ar. A água. O fogo. Eu criei tudo. Sou Arceus. Comunico-me com meus poderes. — Respondeu de forma paciente.

Ethan deu um passo à frente.

— Nos desculpe, Senhor-Mestre-Supremo-De-Todas-As-Coisas-Existentes, nós não queríamos acordá-lo. Por favor, poupe nossas almas pecadoras! — O garoto ajoelhou-se e cruzou as mãos, em prece.

Arceus gargalhou.

— Ora, humano! Que tipo de visão tu tens de mim? Eu não farei nada contra tu, tua espécie ou qualquer criatura viva. Eu não tenho motivos.

Todos ali pareciam mais aliviados.

Arceus olhou para o lado, em direção de uma das chamas púrpuras que queimava ardentemente. Imediatamente, a intensidade aumentou de forma considerável, iluminando tudo. Assim, Flaaffy desligou a energia em sua cauda.

— Eu venho dormindo há muito tempo. — Comentou Arceus.
— E por que nós viemos parar aqui? — Perguntou Amy.

Aquela pergunta fez Arceus pensar pela primeira vez.

— Eu não recordo-me de ter convocado ninguém. Mas confesso que fico satisfeito em acordar na companhia de jovens tão puros quanto vocês. — Respondeu o Pokémon com um sorriso.

Forrest aproximou-se de Arceus.

— O Senhor criou tudo isso? Todos nós? Todo o universo e também os Pokémon?
— Sim... Eu nasci de algo misterioso, o Caos. Eu contei com a ajuda de minhas amadas criaturas para auxiliar-me na organização das criações.
— E o que são as Placas da Vida? — Perguntou Grace.

A roda dourada no dorso de Arceus brilhou. Dezoito pedras saíram de lá e brilharam intensamente. Elas eram enormes. Arceus fez elas entrarem dentro dele novamente.

— São parte de mim. Delas derivam todos os ingredientes que formam vocês, os Pokémon, as estrelas, os planetas... Todos foram formados das mesmas coisas. São formados de mim, meus amáveis filhos e filhas.

Incógnito voou e se pôs na frente de Arceus, fazendo uma espécie de reverência. Arceus sorriu.

— Oh, pequena criatura... Tu cuidou de mim e zelou pela minha proteção. Obrigado.

Um estalo aconteceu simultaneamente na cabeça de todos. Incógnito havia perseguido Flaaffy porque ela havia se aproximado demais das Ruínas de Alpha, próxima da parte da distorção dos Unown, onde Arceus descansava. Ele não queria que o descanso do Criador fosse interrompido.

Arceus olhou com ternura para todos ali presentes.

— Vós sois criaturas amáveis. Cultivem, fertilizem e defendam seu mundo. Passem seus conhecimentos para tuas gerações e lembrem-se que eu sempre estarei protegendo-os.

O Pokémon Original olhou intensamente para Ethan. Imediatamente, sua mochila começou a emanar um brilho forte.

Ao abrir a mochila, o garoto percebera que era seu ovo. A luz pulsava. Uma rachadura começava a aparecer. O ovo estava quebrando.

Um pequeno Pokémon abriu os olhos. Sua pele era esverdeada e rochosa. Ele tinha uma ponta achatada no topo de sua cabeça, um focinho curto, arredondado e triangular e manchas pretas abaixo e nos cantos superiores de seus olhos vermelhos. Escamas vermelhas cobram sua barriga em forma de diamante, e existiam vários pequenos buracos em seu corpo. Seus braços curtos não tinham dedos e seus pés eram protegidos por um pequeno casco.

— “Larvitar, um Pokémon de Pele Rochosa. Alimenta-se de solo. Depois de ter comido uma grande montanha, ele cai no sono para que ele possa crescer e se desenvolver. Nasce no subsolo. Ele não emerge até que tenha consumido completamente o solo ao seu redor”. — Informou a PokéAgenda de Ethan.
— Todos nós viemos de um ovo. E esse ovo deve ser cultivado com amor e carinho para que possamos nascer cercados de amor. — Disse Arceus.

Ethan pegou seu novo Pokémon no colo e sorriu para ele. O peso de Larvitar fez o garoto curvar seu corpo magro em direção ao chão. Larvitar devia pesar uns dez quilos.

— Você é o bebê mais bonitinho e pesado que eu já vi. — Disse o garoto com lágrimas de emoção nos olhos.

Um brilho dourado contornou o corpo de Arceus e envolveu todos os presentes.

— Sejam felizes. Nos encontraremos brevemente. — Disse enquanto enviava-os para algum lugar no tempo.

***


As Ruínas de Alpha permaneciam intactas quando Ethan, Amy, Forrest, Flaaffy, Larvitar e Grace retornaram para seu interior. Tyson e Nill correram até o grupo.

— Vocês estão bem?! Estão vivos?! Para onde foram?! — Questionava Nill enquanto checava cada parte que podia de Grace.
— Eu tô bem, Nill. Obrigada. — Respondeu a cientista visivelmente sem graça.

Tyson aproximou-se.

— Para onde os Unown levaram vocês?

A mulher hesitou por um momento.

— É uma longa história. Mas antes, recolham suas coisas. Vamos deixar este local.

Os dois cientistas soltaram uma exclamação alta.

— Mas como assim, Grey? Tá louca? — Perguntou Nill alterando o tom de voz.
— Nesse local, muitos Pokémon escondem segredos. Quando chegar a hora, eu sei que eles vão mostra-los pra nós. — Sorriu a morena.

***

Do lado de fora das ruínas, os seis se despediam.

— Obrigada. Sem vocês, os mistérios do Mundo Pokémon com certeza iriam demorar mais tempo para serem revelados. — Sorriu Grace.
— Não tem o que agradecer. Eu que tenho que pedir desculpas por ter atrapalhado a pesquisa... — Disse Ethan sem graça.
— Eu não desculpo. — Bufou Nill olhando zangado para o garoto.
— Espero que nos reencontremos novamente. — Disse Grace.

Os dois grupos seguiram caminhos diferentes. Ethan, porém, ainda tinha mais uma pendência para resolver.

— Saia, Flaaffy! — Convocou o garoto, libertando o Pokémon.

O garoto abaixou para ficar na altura do Pokémon, que o encarava curioso.

— Eu prometi que ia trazer você de volta e, bem, cumpri nosso acordo. Incógnito não vai voltar mais. Ele vai ficar protegendo o Arceus. Eu espero que um dia, se você encontrar com ele, você agradeça pela aventura de hoje.

O garoto se levantou e seguiu para ficar ao lado de Amy e Forrest, que o observavam a alguns metros de distância.

— Quem sabe a gente não se tromba de novo, né? Adeus. — Disse Ethan com um sorriso.

Flaaffy observou os três indo embora. Quando percebeu que nenhum deles pretendia voltar para busca-la, ela correu na direção deles e lançou um Thundershock em Ethan que caiu no chão paralisado.

— Por... quê...?! — Choramingava o garoto, que não sentia o corpo.

Flaaffy aproximou-se com um olhar zangado e abriu a mochila de Ethan, procurando alguma coisa dentro dela. Quando encontrou sua PokéBola, a retirou, colocou ela no chão e entrou dentro da cápsula.

Amy e Forrest sorriam.

— As garotas são muito sensíveis, sabia? — Disse a garota.
— Um raio sempre cai duas vezes no mesmo lugar. — Brincou Forrest.

Ao longe, Incógnito observava aquela cena. Aqueles três humanos eram do bem. Alguma coisa dentro dele dizia que eles ainda iam se encontrar novamente.

Um inesperado encontro com Arceus dentro das Ruínas de Sinjoh, um lugar desconhecido pelos humanos e esquecido pelo tempo, fez com que Ethan, Amy e Forrest descobrissem a origem de tudo. Aquele encontro ainda proporcionaria novos elos de amizade e descobertas, como o nascimento de Larvitar e a captura de Flaaffy. Eles voltarão a encontrar Arceus e Incógnito, sem dúvida. Mas enquanto o tempo faz o que sabe fazer de melhor, ser misterioso, nossos amigos continuam seguindo para um futuro cheio de possibilidades.


TO BE CONTINUED...




Notas do Autor (Capítulo 24 + Crônica Final)


O último arco da primeira temporada!

Essa semana, nos despedimos do Diário de Treinador. Foi uma decisão bem difícil, mas, infelizmente, eu não estava conseguindo administrar meu tempo para trazer o conteúdo da série pra vocês. Fiquei semanas com um bloqueio criativo muito grande e não conseguia escrever uma linha sequer. Para não me frustrar e não frustrar vocês, leitores, resolvi terminar e focar em outros conteúdos pro blog. Não se preocupem, tem coisa boa vindo por aí...

Essa última crônica, na verdade, foi a primeira crônica que eu escrevi. Ela é datada de 2013. Encontrei recentemente enquanto procurava uns capítulos antigos pra servir de base de AeJ e eu adorei a forma que ela estava escrita, bem nos moldes do que eu já havia feito, então resolvi terminar com ela. A aceitação foi maravilhosa, fiquei bem feliz por vocês terem gostado.

- Coincidentemente, o blog do Aventuras em Unova foi lançado justo nessa semana da crônica do Oshawott. Juro como não foi combinado.

> A propósito, vocês deveriam passar lá. É só clicar aqui.

Sobre a crônica: Ela foi baseada em uma tirinha francesa. Com o passar do tempo, acabei perdendo ela e nunca mais achei.

O capítulo da semana traz um Pokémon que é um dos meus favoritos: Unown. Eu sempre adorei os mistérios que esses Pokémon carregam consigo, então eu resolvi encerrar a primeira temporada com eles. Além, é claro, de dar a minha versão da origem do Mundo Pokémon.

> Mas o que a origem do Universo tem a ver?

Isso vocês vão ter que esperar até o próximo capítulo pra saber. ;)

A ideia desses capítulos veio após uma maratona da série do NatGeo, Cosmos, com Neil DeGrasse Tyson (sim, Nill, Grace e Tyson são uma referência ao meu astrofísico favorito ♥) que por sua vez é um remake da série de mesmo nome de Carl Sagan. Eu recomendo MUITO pra quem curte o assunto, já que é explicado de uma forma bem dinâmica e simples as origens do nosso Universo e como surgimos nele. Baseado nisso, já me veio automaticamente o plot dos capítulos e escrevi-os em tempo recorde (um dia e meio quase). Os Unown tem essa coisa de terem poderes místicos e poderem habitar universos paralelos (como visto em Pokémon 3: O Feitiço dos Unown, O Pesadelo de Darkrai, Giratina e o Cavaleiro do Céu e um episódio de Diamond & Pearl). O resto veio fácil.

Ethan capturou dois novos Pokémon: Incógnito, o Unown e a Flaaffy. Será que eles vão ficar na equipe ou o rapaz de New Bark vai soltá-los nas rotas onde apareceram ao final dessa aventura?

Pra encerrar: O que vocês, leitores, querem ver aqui no blog? Ele vai ficar um mês parado, sem a história, e eu não queria que vocês ficassem sem conteúdo. Vocês decidem: Detonados? Guias? Curiosidades? Vocês mandam! Podem sugerir qualquer coisa. ^-^.

Vejo vocês em breve. =]

See ya!



Capítulo 24


No início, não havia nada. Tudo era um vazio sem igual.

Mas o que era o vazio?

Não havia distinção de Começo e Fim. O Nada não existia ainda.

Toda a matéria do Universo estava concentrada em um único ponto que não se movia. Átomos. Prótons. Elétrons. Hidrogênio. Oxigênio. Todos os elementos químicos. Permaneciam juntos, dentro daquele primeiro ovo.

Mas como aconteceu a explosão?

O Tudo se comprimiu a ponto de romper-se e abrir o ovo.

Começou uma guerra. O Caos travava uma luta contra si mesmo. Não havia distinção entre certos e errados. As primeiras criações se destruíram. Não sabiam como existir.

Foi então que nasceu Arceus, o Primeiro Pokémon.

Arceus percebera que ele precisava organizar todas as coisas.

Mas ele era muito pequeno, muito frágil.

O Caos organizou-se e venerou o ser mais inteligente ali presente. Como um prêmio de devoção, Ele criou as Placas Sagradas com os fragmentos restantes da explosão que havia dado origem ao desconhecido Universo e as entregou ao Pokémon Original.

Eram dezoito placas com diferentes poderes mágicos. Cada poder combinado trazia a possibilidade de criar novas combinações.

Eram as placas do Dragão, do Temor, da Terra, do Punho, da Chama, de Sincelo, do Inseto, do Ferro, do Campo, da Mente, da Fada, do Céu, da Água, do Espírito, da Pedra, Normal, a Placa Tóxica e a Elétrica. Juntas, elas formaram as Placas da Vida.

Usando os poderes das Placas, Arceus criou três criaturas para auxiliá-lo na criação e na organização: Dialga. Palkia. Giratina. Arceus lhes concedeu poder para controle do Tempo, do Espaço e da Antimatéria.

No entanto, Giratina demonstrou um grande poder de destruição. Arceus pela primeira vez sentiu um sentimento. O Temor. Era um dos poderes de suas Placas da Vida.

Então criou um mundo paralelo, onde Giratina podia moldar a seu bel-prazer. Ele foi chamado de “Mundo Reverso”.

O Espaço-Tempo corria a sua própria maneira. Dialga e Palkia aprenderam a criar suas próprias dimensões e delas, começaram a controlar suas criações. Arceus então criou três pequenos Pokémon: Uxie, Mesprit e Azelf. Às criaturas que Arceus criou, os três deram Conhecimento, Emoção e Força de Vontade.

Outras criaturas criaram os mares e os continentes, assim como a camada de ozônio e o Espaço. A Terra fora formada.

Muitos milênios passaram-se desde então. Arceus se encontra perdido em algum lugar, descansando de seu sono profundo.

E esse lugar estava na Região de Johto, em um lugar que permitia a interligação com todas as regiões do mundo: As Ruínas de Alpha.

Ruínas que eram protegidas por misteriosos Pokémon, criados por Arceus para zelar por sua proteção enquanto ele descansava. Eles eram os Unown.

No meio da Rota 35, aquelas ruinas antigas que permaneciam no mesmo lugar, de forma misteriosa desde a criação dos continentes despertavam a curiosidade de jovens treinadores que passavam por ali, além de ser o lar de muitos Pokémon selvagens, que sentiam uma força aconchegante, que os protegia do perigo.

Três jovens cientistas pesquisavam na entrada das ruinas. A maior ambição de suas carreiras era decifrar a linguagem secreta dos Unown. O crachá em seus jalecos indicavam seus nomes: Drs. Nill Harrison, Grace McLennison e Tyson Jackson.

Nill era um rapaz alto, magro, com seus óculos tortos remendados no meio. Sua feição séria poderia causar uma má impressão em pessoas que não o conheciam. Ele, na verdade, só era tão apaixonado pelo trabalho que, em sua cabeça, não tinha tempo para simpatias. Era quem tirava as fotos das imagens milenares, que remetiam a letras nas paredes desgastadas das ruinas.

Já Grace era uma bela morena de olhar sério. Seus olhos castanhos demonstravam autoridade. Era bem mais doce e simpática que seu colega, mesmo com a concentração e o foco que fazia enquanto trabalhava.

 Já Tyson, loiro, de olhar atento, recolhia amostras de tudo o que via, para serem analisadas e estudadas no laboratório em Goldenrod. Ele era o que tinha o temperamento mais calmo dos três. Parecia ser do tipo de pessoa que não se abalava por nada.

Os três buscavam respostas. Sabiam que elas estavam próximas, mas... Quão próximas?

***



***

Ethan, Amy e Forrest continuavam rumando para a Cidade de Ecruteak. Na pausa para o almoço, eles debatiam a melhor maneira de chegar rápido ao próximo destino.

Amy ajudava Forrest a cozinhar no acampamento improvisado em um lugar bastante cheio de árvores e onde soprava um delicioso vento fresco em abundância da Rota 36. O cheiro encantava os Pokémon selvagens que passeavam por ali. O grupo colheu algumas berries e o moreno relembrava algumas receitas que havia aprendido observando seu irmão mais velho Brock cozinhando.

— Forrest, você sabe fazer batatas gratinadas? — Perguntou Amy.
— Minha especialidade. — Sorriu o moreno. — O que acha disso, Ethan?

O rapaz não respondeu. Estava segurando atentamente sua PokéDex. Seguindo instruções do próprio dispositivo, estava enviando duas PokéBolas diretamente para o estoque no Laboratório do Professor Elm. O procedimento era bem simples: Havia um sensor no aparelho que permitia escanear e teletransportar a PokéBola e o Pokémon dentro dela para o PC cadastrado previamente no aparelho.

Terminado o serviço, ele acabou sentando próximo dos amigos.

— Lava. Sand. Free. Wooper. Ovo. Com Wobba e o Scyther no Laboratório, preciso focar minhas estratégias pro próximo Ginásio logo... — Disse suspirando enquanto olhava para as PokéBolas (e o ovo) restantes que estavam agrupados em sua frente.
— Acho que Wobbuffet e Scyther são dois dos Pokémon mais fortes de sua equipe, cada um a sua maneira. Você fez bem em enviá-los-los com o Professor Elm e focar em novos membros pra sua equipe, Ethan. — Argumentou Forrest.
— De fato, você pode recorrer a eles futuramente. Mas como treinadores Pokémon só podem viajar com posse de seis Pokémon, acho bacana você realmente usar um Pokémon que seja útil em sua equipe. — Comentou Amy.

Ethan olhou para a garota, franzindo o cenho zangado.

— Você realmente acha que meus Pokémon são inúteis? — Questionou o garoto.
— Depende do ponto de vista. Wobbuffet é uma máquina mortífera se tratando de defesa. Mas ele não tem nenhum ataque ofensivo. O Scyther é forte, mas não te obedece. E acho que vai ser assim até você conquistar mais insígnias. Os Pokémon que estão com você agora já tem um tempo de estrada, foram seus primeiros, eles te respeitam como treinador. Eu acho que são mais práticos. — Refletiu Amy.

Ethan suspirou.

— É. Pensando assim...

Forrest bateu as palmas das mãos.

— O almoço está pronto!
— Cara, que ótimo, porque eu tô faminto! — Exclamou Ethan levantando-se e partindo em direção à panela.

Um barulho próximo chamou a atenção dos garotos. Um Pokémon rosa, bípede, que lembrava uma ovelha devido à lã que se estendia até a parte superior de seu corpo, como uma juba branca. Seus olhos pequenos e azuis demonstravam pânico. Estava sendo seguido por uma criatura estranha. Era plano, tinha uma forma fina de um olho com apêndices que o faziam se parecer uma interrogação. Seu grande olho encarava seu oponente com raiva.




— “Flaaffy, um Pokémon Lã. É a forma evoluída de Mareep. Por armazenar muita eletricidade, em algumas partes de seu corpo a lã não cresce. Sua lã macia facilmente armazena eletricidade. Sua pele de borracha o impede de ser eletrocutado”.





“Unown, um Pokémon Símbolo. Suas formas parecem com hieróglifos e códigos antigos. Seu corpo liso e fino está sempre preso em paredes. A sua forma parece ter algum significado”. — Informou a PokéAgenda de Ethan.

Flaaffy tentava atacar com golpes elétricos, mas o Unown era rápido e desviava com facilidade. Assim que percebeu o trio de humanos, correu e tentou se esconder atrás de Ethan. Unown atacou e Flaaffy tentou proteger-se utilizando um ThunderWave, que acabou atingindo Ethan, que caiu no chão paralisado.

— Não... Sinto... Minhas... Pernas... — Choramingou o garoto do chão.

Unown disparou outro Hidden Power poderoso. Amy e Forrest se olharam e lançaram suas PokéBolas.

— Blue, Night Shade!
— Heracross, Night Slash!

A combinação dos ataques super-efetivos de Blue, o Gastly e Heracross fez Unown cair nocauteado.

Ethan, lentamente, começou a ter controle sobre o próprio corpo. Da mochila, retirou uma PokéBola vazia e atirou no Unown, capturando-o.

Forrest aproximou-se de Flaaffy que continuava tentando se esconder atrás das pernas de Ethan.

— Você está bem, amiguinha? — Questionou o moreno, aproximando-se devagar.
— “Amiguinha”? Como você sabe que é fêmea? — Perguntou Ethan.
— Bem... O que os meninos têm que as meninas não têm? — Retrucou.

Ethan pareceu refletir por uns segundos.

— Ah. Saquei.

Porém Flaaffy não gostou nada da intimidade. Virou-se para Forrest e o atingiu com um ThunderWave, deixando o garoto paralisado caindo ao chão.

— Eu... Deveria... Ser... Imune... À eletricidade... — Resmungou o rapaz.
— Só seus Pokémon são, bro. — Disse Ethan sorrindo.

Amy foi direta.

— Acho melhor levar ela a um Centro Pokémon.

Ethan exclamou.

— Mas aí teremos de voltar até Goldenrod de novo?!
— Não. Tenho uma ideia melhor. — A garota apontou em direção ao Leste. — Seguindo naquela direção, a gente volta pra Cidade de Violet.

Ethan pareceu refletir.

— Bem... Eu acho que não custa nada.

Os dois ajudaram Forrest a recuperar-se da paralisia elétrica, arrumaram suas coisas e rumaram para a Cidade de Violet.

***

Já havia se passado um mês completo desde que Ethan e Forrest começaram sua jornada juntos aqui em Violet. Pouco tempo depois, Ethan adquirira sua primeira Insígnia. Também fora aqui que Quilava evoluíra e também onde Forrest desembarcou na estação após chegar de Kanto.

Aquela cidade era especial e o fato de os dois estarem ali significava um flashback sendo formado em suas cabeças a cada esquina que viravam em direção ao Centro Pokémon.

De fato, o caminho pela Rota 36 fazia o percurso mais rápido para a Cidade. Talvez se Ethan e Forrest tivessem conhecimento deste caminho há tempos, eles já estariam em Ecruteak há muito tempo. Se Ethan tivesse seguido aquele caminho, não tinha conseguido sua segunda Insígnia em Azalea na disputa contra Bugsy. Ou não tinha chegando a tempo de salvar Amy da perseguição da Equipe Rocket na entrada daquela cidade. Muito menos tinha ido parar no Poço Slowpoke, sequestrado pela Equipe Rocket. Amy, a garota que admirava tanto, não teria seguido viagem com os garotos e possivelmente estaria nas mãos dos Rockets, e não se sabe se viva. Os garotos também não teriam participado da competição de Caça aos Pokémon Insetos da Cidade de Goldenrod.

E tudo isso não aconteceria se eles tivessem pegado um caminho diferente.

Enquanto estava perdido em pensamentos, um sinal tocou na recepção.

Ethan, por favor, compareça ao balcão. Ethan, por favor, compareça ao balcão. — Chamava a voz da Enfermeira Joy.

Os garotos se aproximaram. Flaaffy estava se sentindo melhor. Havia alguns curativos em seu rosto, mas estava bastante feliz.

— Fico feliz em saber que você está bem. — Sorriu Ethan.

O garoto recolheu sua PokéBola e liberou seu Pokémon. Unown encarou Flaaffy — que pulou do balcão e se escondeu atrás das pernas de Ethan —, mas depois desviou o olhar para observar o ambiente em que estava. Aquelas paredes, os humanos que estavam ali na recepção com seus Pokémon, o cheio de lavanda que predominava ali naquele ambiente...

— Enfermeira Joy, você sabe alguma coisa sobre esse Pokémon, o Anão?
— Você quer dizer “Unown”? — Corrigiu a moça com um sorriso.
— É, isso. Pra não errar de novo, vou chama-lo de Incógnito, porque ele é misterioso. — Disse Ethan olhando o Pokémon.
— Olha, sinceramente, eu nunca vi um Unown de perto... Mas dizem que eles existem aos montes nas Ruínas de Alpha.
— “Ruínas de Alpha”? Que lugar é esse? — Perguntou Amy.
— São ruínas antigas que existem ao sudeste daqui. Dizem que elas existem desde a criação do mundo, e que os Unown contam a história de como tudo foi criado por uma única criatura... Vocês podem levar o Incógnito pra lá. Quem sabe ele não revela alguma coisa? — Sugeriu Joy.

...

Já era quase três da tarde quando os garotos saíram do Centro Pokémon.

— Incógnito, eu não sei direito quem você é, mas tá na hora da gente conversar. Vamos te levar pra casa. Isso é, se você morar mesmo nessas tais ruínas. — Disse Ethan ao Unown, que flutuava em sua frente.
— Vamos seguir para sudeste, onde pegaremos a Rota 35 e dela, encontraremos as Ruínas de Alpha. — Informou Forrest olhando o mapa.
— Flaaffy, a gente te achou lá perto. Vamos ver se a gente encontra sua família também. — Disse Amy ao Pokémon que sorriu e concordou em acompanhar o grupo.

Ethan aproximou-se com uma PokéBola vazia.

— Bem, se você quiser, eu posso levar você aqui dentro pra você não cansar muito, assim como eu fiz com o Incógnito.

Flaaffy pareceu pensar um pouco. Encarou Ethan e a PokéBola por uns segundos, antes de dar um passo a frente e apertar o botão central da cápsula com uma das patas e deixar ser capturada.

Ethan sorriu.

— Prometo cuidar bem de você até a gente resolver tudo isso.

Os três afastaram-se mais uma vez daquele lugar e se dirigiram à saída da Cidade.

***

Nill, Grace e Tyson continuavam as pesquisas defronte às Ruínas de Alpha. Quando avistaram Ethan, Amy e Forrest se aproximando, os três cientistas se dirigiram a eles.

— Esta é uma área particular. Vocês não podem prosseguir para dentro da caverna. — Disse Nill, bloqueando o caminho com seu corpo.

Os garotos pararam.

— Ué, mas não tem placa nenhuma informando isso. — Argumentou Ethan.
— E nem precisa. Nós estamos fazendo uma pesquisa sobre essas ruínas. O contato de outras pessoas poderiam atrapalhar as evidências. Meu nome é Grace. — Apresentou-se a morena que surgira logo atrás.

Nill fechou a cara.

— Eu podia ter dito isso.
— Perdoem-no. Ele é meio grosso, mas é gente boa.
— Eu sou o Ethan. E estes são Amy e Forrest. — Apresentou o garoto. — Nós viemos para resolver um enigma.

Grace pareceu interessada.

— Qual enigma?
— O enigma do Incógnito. — Disse Ethan convocando o Pokémon da PokéBola.

Até mesmo Nill pareceu surpreso. Tyson, que até agora permanecera quieto, parou tudo o que estava fazendo e aproximou-se do grupo. Incógnito, o Unown, parecia estar mais atento do que o de costume. O que aqueles humanos faziam ali em seu território?

— Mas... Como vocês pegaram esse Pokémon?! — Exclamou Grace, visivelmente impressionada e assustada.
— Longa história... A gente veio aqui pra devolvê-lo. — Explicou Ethan.
— Os Unown são criaturas conhecidas por seu comportamento extremamente tímido e solitário. Eles só andam junto com outros Unown. Você deve ser um treinador excepcional para conseguir o feito de pegar um... — Analisou Tyson, abrindo a boca pela primeira vez. — A propósito, meu nome é Tyson.
— Obrigado, Tyson... Mas sacumé, né? — Ethan apoiou os braços atrás da cabeça, em uma pose metida, deixando seu egocentrismo tomar conta de seu corpo.
— Ou foi pura questão de circunstâncias. — Cortou Amy.

Forrest pareceu refletir por um instante.

— A verdade é que esse Unown estava perseguindo essa Flaaffy. E como estavam próximos daqui, eu imagino que o Incógnito estava expulsando ela por algum motivo.
— Isso é muito estranho, visto que algumas espécies de Pokémon selvagens costumam viver dentro das ruínas... Alguma coisa está acontecendo. — Disse Grace.

Incógnito pareceu olhar fixamente para a entrada das ruínas. De repente, ele partiu veloz para dentro do local.

— Incógnito! — Exclamou Ethan, seguindo o Pokémon.
— Ei, garoto, não entre aí! — Alertou Grace, mas era tarde.

A caverna era escura. No entanto, Incógnito parecia conhecer muito bem aquele local. Ethan convocou Flaaffy para iluminar o local. A ponta de sua cauda emanava um brilho que guiava Ethan, como uma lanterna. Amy, Forrest, Grace, Tyson e Nill chegaram logo depois, seguindo o rapaz.


— O que você tá fazendo? Ficou maluco de entrar assim?! — Disse Grace à Ethan, de forma severa.
— Incógnito encontrou alguma coisa. Eu não posso deixar ele sozinho. — Respondeu o garoto indiferente.
— Temos que voltar! Ainda não sabemos de todos os perigos que existem aqui dentro! — Alertou Tyson.
— Ele é meu Pokémon e eu vou seguir ele até o fim. — Respondeu o garoto finalizando o assunto.

Incógnito parou abruptamente, levando todos ali a fazerem a mesma coisa. Outros Unown surgiram das paredes e começaram a rodar Incógnito em um círculo perfeito, como em uma dança. O formato de seus corpos se assemelhavam a outras letras e hieróglifos antigos. Pareciam estar se comunicando.

Nill não parava de anotar. Todos estavam extasiados com aquela cena.

Incógnito aproximou-se de Ethan e começou a circular ao redor do garoto. Os demais Unown começaram, lentamente, a fazer o mesmo com os demais humanos. Nill e Tyson esquivaram-se dos Unown.

Um forte brilho emanou e Ethan, Forrest, Amy, Grace e Flaaffy começaram a levitar. A sala começou a rodar e então tudo ficou escuro.

Nill e Tyson recuperaram os sentidos e procuraram o grupo que os acompanhava. Não obtiveram resposta. Eles estavam sozinhos.

Eventos estranhos levaram Amy, Ethan, Forrest, Flaaffy e a cientista Grace a desaparecer das Ruínas de Alpha. Aonde eles foram parar? Ninguém sabe.



TO BE CONTINUED...





Crônica Final




Oshawott era um Pokémon nativo da região de Unova. Certa vez, uma tímida garota dos olhos azuis que, após passar por poucas e boas, chegara cansada ao laboratório da Professora Juniper, a renomada professora Pokémon da região, onde escolheu o pequeno Pokémon aquático como parceiro de jornada.

Oshawott era realmente um ótimo Pokémon, mas era demasiadamente hiperativo. Seu comportamento era evidentemente muito diferente do de sua treinadora, mas isso não impedia que eles formassem uma bela dupla. A cada semana, insígnias eram ganhas e batalhas eram vencidas. Oshawott, mesmo às vezes confuso, adorava a sua treinadora. Ele via o esforço da garota e determinou-se a ficar mais forte para acompanhar a força de vontade da pequena treinadora.

Certa vez, após muito batalhar, sentiu seu corpo gordinho mudar e ficar maior. Havia evoluído para Dewott, seu estágio avançado.

No entanto, sua treinadora ficou desapontada. Mesmo Dewott sendo um Pokémon mais forte que sua forma anterior, a garota achava que ele não era mais bonitinho. De fato Dewott tinha uma aparência mais séria, se comparada ao estágio como Oshawott, mas isso não significava que deixou de ser o mesmo Pokémon que ela conhecia. Ele mantinha sua personalidade doce e hiperativa. A evolução alterou sua forma física, mas não modificou seu coração.

Mais tarde naquele mesmo dia de Outono, a treinadora trocou Dewott por um Pokémon que sua PokéAgenda informou chamar "Tepig". Ele também era um dos Pokémon iniciais que a professora Juniper entregava aos treinadores iniciantes. Coincidentemente, era o mesmo Pokémon que Oshawott conhecera antes de sair em viagem com a treinadora.

Uns dias se passaram e o treinador não se acostumou com a personalidade alegre e hiperativa do Pokémon. Sendo assim, foi ao Centro Pokémon e enviou Dewott por um dispositivo chamado "Wonder Trade", novidade tecnológica desenvolvida na região de Kalos. Nesse programa, treinadores recebem Pokémon de outras regiões e enviam seus Pokémon para trocas. Dessa forma, completar a PokéAgenda Nacional ficava mais fácil para os treinadores do mundo.

Dewott passou de mão em mão. Viu os belos montes de Kanto, o cheiro floral das cidades de Johto, as belas ilhas e o cheiro litorâneo de Hoenn, a paisagem fria, porém aconchegante de Sinnoh e as cidades ora tecnológicas, ora rústicas de Kalos. Sem sorte.

Outro dia mesmo, em sua incessante viagem pelo Wonder Trade, foi parar no Japão. Fez seu treinador passar por uma vergonha e tanto. Ele não entendia os comandos do jovem garoto.

— Futachimaru, Mizu Deppou! — Dizia o treinador japonês eufórico para o Pokémon em meio a uma batalha.

Mas mal sabia Dewott que o treinador se referia ao seu ataque Water Gun. E nem que sua espécie Pokémon era conhecida como “Futachimaru” por aquelas bandas.

Dewott até hoje continua viajando pelo virtual mundo do Wonder Trade. Fez até amizades pelo mundo. Dizem que ele ainda procura um treinador que não o julgue por sua aparência ou pelo seu jeito de ser. Dewott procura alguém com quem possa crescer como criatura e que o faça querer tornar-se mais forte.


Será que o treinador perfeito surgirá? Não se sabe. Mas Dewott continuará procurando. Mesmo que não tenha IVs perfeitos, ainda pode mostrar o quanto é forte e pode ajudar seu treinador nas batalhas. Mesmo que continue sendo devolvido para o Wonder Trade.

Notas do Autor (Capítulo 23)



O primeiro filler a gente nunca esquece.

Eu sempre fui apaixonado por Pokémon Mystery Dungeon. E essa paixão sempre me fez ter o desejo de algum dia criar um enredo baseado nisso. Como na Aliança já temos a WhiteVir escrevendo a maravilhosa Fic de Pokémon Mystery Dungeon, eu não queria fazer um especial que envolvesse os mesmos moldes da história dela. E nem que fosse igual ao conceito dos Fire Tales de Sinnoh, do nosso querido Canas Ominous.

Então o que fazer?

O capítulo 23.

Na verdade, esse capítulo encerraria a temporada. Mas, em uma reunião da Aliança há um tempo atrás, Sigert, de Hoenn, e o próprio Canas me convenceram a não terminar a história com ele, não por ser ruim, mas talvez por ser um capítulo "frio" demais para se terminar... Então, eu o posicionei mais cedo e fiz as devidas configurações para ele se encaixar no enredo.

Ou eu achava que fiz.

No caso, o protagonista do capítulo não seria a nossa querida Venonat, mas sim, o recém-nascido Larvitar, que nasce no que hoje conhecemos como Capítulo 25. Scyther estaria no PC.

Como todo problema é pouco, acabei dando um spoiler de uma futura captura: Flaaffy. A versão do capítulo postado atualmente está corrigida e essas informações foram editadas.

Enfim, nem na hora da revisão final pra vir pro AeJ eu me toquei. Foi um dos leitores da história, o DarkGrovyle, que acabou sentindo a falta de Scyther e do ovo de Ethan, que originalmente não estariam no roteiro e me alertou.

Sempre digo que os melhores revisores são vocês, leitores.

Portanto, eu peço desculpas pela minha falta de atenção. Scyther voltou a ser estrela e o ovo também. E perdão pelo Spoiler. :c

Espero que eu não tenha mais que mexer na ordem dos capítulos de novo. E se mexer, que eu me lembre de revisar todo o capítulo pra ver se as informações procedem com o acontecimento daquele momento da história.

Sobre uma possível guilda: É com vocês. Se vocês querem os Pokémon como estrelas em especiais na pegada desse capítulo, é só pedirem. Eu, como autor, tenho a obrigação de ouvir vocês e melhorar cada vez mais a história, trazer coisas novas e ir aprimorando.

Esse é o antepenúltimo capítulo da Temporada.

A segunda temporada, Alma de Prata, começa em 7 de Julho. Sim, Ethan, Amy e Forrest vão ter um mês de férias e assim, ter tempo suficiente pra finalmente acertar o caminho pra chegar em Ecruteak.

Os dois últimos capítulos já estão prontos. Eu sinceramente espero que vocês gostem... Tem uma mega surpresa vindo por aí. ;)

Quarta-feira tem a última crônica do Diário de Treinador...

Nos vemos.

See ya!

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