Posted by : Dento Jul 15, 2021

 


 

Chamando. Chamando. Chamando.

 

A mensagem piscava na tela. Ethan a encarava com certa ansiedade, afinal, estava ansioso para dar as boas noticias. Suspirou de alivio quando, finalmente, sua mãe atendeu.

 

— Oi mamãe! Quanto tempo!

Oi meu filho. Pois é, tem semanas que você não me liga, até parece que não tem mãe! — bradou Marieta do outro lado da linha.

— Eu estava treinando... — respondeu Ethan com um sorriso sem graça. — Enfim, eu liguei pra mostrar uma coisa pra senhora.

 

O garoto retirou do bolso do shorts seu porta-insígnia e o abriu. Mostrou para a câmera as oito insígnias, todas posicionadas de forma organizada em duas colunas horizontais. Em cima, as insígnias Zephyr, Colmeia, Planície e Névoa. Em baixo, Tempestade, Mineral, Glacial e a Nascente.

 

As lágrimas encheram os olhos de Marieta.

 

Parabéns, meu querido! Eu estou tão orgulhosa de você... — disse a mulher se debulhando em lágrimas.

— Estou voltando pra casa. Em alguns dias, eu vou poder te ver de novo. Estou indo com o Forrest, tudo bem?

Seus amigos são sempre bem vindos. Amanda vem também?

 

Ethan ficou em silêncio por alguns segundos, visivelmente incomodado. Falar o nome de Amy era como tomar um soco no estômago.

 

— A-acho que não.

 

Marieta notou a mudança do filho.

 

Me desculpe, filho. Eu não sabia que as coisas ainda estavam ruins. Mas também, né, você não me liga... — provocou a mulher. — Ah, é... O Professor Elm disse que precisava falar com você. Ligue pra ele assim que possível.

— O Professor Elm? Tá bem, farei isso.

Até mais, Ethan, querido. Vou fazer o pudim que você gosta!

— Faz lasanha também?

Tá bem, vou providenciar. Te amo, venha com cuidado.

 

Ethan desligou o telefone. Suspirou e encarou o teto da recepção do Centro Pokémon. Encarou as insígnias ao lado do aparelho de vídeo-chamada. Balançou a cabeça e tentou recompor-se. Tirou novamente o telefone do gancho e olhou fez nova ligação para New Bark, dessa vez, para o laboratório do Professor Elm.

 

A tela voltou a piscar a mesma mensagem — Chamando. Chamando. Chamando...

 

Alô? Professor Elm?

Olá Ethan! Como vai? — saudou Elm do outro lado da linha. — Muito bom ver você depois de algum tempo!

Digo o mesmo, professor! Acabei de ligar pra minha mãe pra contar que eu ganhei as oito insígnias da Liga Johto.

 

Elm arregalou os olhos, completamente surpreso.

 

Fantástico! Confesso que eu não imaginava que você iria tão longe... — comentou o professor de forma sem graça.  Mas fico muito feliz com sua conquista! E mais ainda pela dedicação em treinar seus Pokémon. Aqui no laboratório, eles se mantêm saudáveis e fortes e muito disso se deve ao seu treinamento.

— Obrigado por cuidar dos meus Pokémon! — agradeceu Ethan com um sorriso.

Não tem de quê. A propósito, eu estava precisando falar mesmo com você. Tem uma pessoa que veio passar um tempo aqui em New Bark só para falar com você.

 

Dessa vez, Ethan é quem havia ficado surpreso.

 

— Esperando por mim? — E perguntou pela única pessoa que passou em sua cabeça naquele momento. — É a Amy?

Ah, não, não. Infelizmente ela não está aqui agora, pedi para que me ajudasse em uma pesquisa de campo em Cherrygrove, mas parece determinada a te encontrar a qualquer custo.

 

A expressão de confusão do garoto fez Elm dar uma risadinha.

 

Acho que você não vai adivinhar nunca. Enfim, imagino que você esteja vindo para New Bark, não é? Então logo vocês se encontrarão.

É verdade, professor. Muito obrigado pelo recado, dentro de alguns dias eu chego!

Estou ansioso para saber de suas conquistas, pequeno Ethan. Até logo!

— Tchau, professor — despediu-se Ethan desligando o telefone. A informação passada por Elm agora o intrigava. Se não era Amy, quem mais estaria esperando por ele em New Bark?

 

Após pegar suas PokéBolas de volta com a Enfermeira Joy, Ethan encontrou-se com Forrest, Chase e Elaine na recepção do Centro Pokémon de Blackthorn. Com as mochilas nas costas, o quarteto cruzou as portas da localidade pela última vez, dirigindo-se para o sul, onde se encontrava a Rota 45 que todos eles conheciam bem, afinal, foi onde estabeleceram os treinamentos para a luta contra Clair. Ethan percebeu que por onde ele passava, os moradores de Blackthorn cochichavam entre si, provavelmente falando sobre sua pessoa. Sentia-se aliviado por poder finalmente estar seguindo viagem e saindo em definitivo daquela cidade que ficou marcada em sua vida muito mais pelas situações complicadas do que pelas coisas boas.

 

E mesmo que aquele fosse o último dia, o céu continuava plúmbeo. O sol persistia em se manter escondido, como era de costume em qualquer dia comum em Blackthorn. O grupo já podia ver as placas que indicavam a saída da cidade, quando Ethan ouviu alguém chamando por seu nome. Com certa surpresa, notou que era Duster, que corria em sua direção.

 

— Ethan! Que bom que encontrei você a tempo! — exclamava o garoto de maneira eufórica. O outro treinador, no entanto, não pareceu empolgado.

— O que você quer, Duster? — perguntou Ethan com certo remorso em sua voz.

 

Estranhamente, Duster mantinha um sorriso singelo em seu rosto.

 

— Fiquei sabendo que você conseguiu todas as oito insígnias necessárias pra encarar a Liga Pokémon desse ano.

— Sim, é verdade.

— Eu não acredito em você. É impossível você ter derrotado a Mestra Clair.

 

Apenas o som do vento tocando a copa das árvores próximas à estrada foi ouvido. Ainda assim, não foi o suficiente para mascarar o constrangimento que se iniciava entre os dois.

 

— Como assim você não acredita? — perguntou Forrest. — Ele derrotou a Clair ontem.

— Você não estava lá — retrucou o rapaz. — Não tem como você saber.

— Você também não estava — disse Elaine, se metendo na conversa.

 

Duster deu tapinhas leves no topo da cabeça da menina, de maneira debochada.

 

— Olha que bonitinha... A pirralha defendendo você.

 

Eevee, que estava no colo de Elaine, rosnou para o garoto. Chase se jogou na frente do grupo e empurrou Duster com toda força que conseguiu reunir.

 

— Não toca na minha irmã!

— Ponha-se no seu lugar, moleque! — vociferou Duster apontando o indicador para o rosto do menino. Faíscas saíram das bochechas do Pikachu do menino.

 

Um estampido da abertura de PokéBola pode ser ouvido. Um rugido fez tremer o chão e logo, uma enorme sombra cobriu a cabeça dos garotos. Comandante emanava uma aura furiosa, mas o que assustou Duster foi a expressão de Ethan, que talvez pela primeira vez — até mesmo surpreendendo Forrest, que o conhecia há tempos —, virou o boné para frente e não era possível enxergar seus olhos. Propositalmente, o garoto escondia sua expressão. Ethan abriu a mochila e retirou de dentro dela seu porta-insígnia. O abriu e mostrou seu conteúdo para Duster, que ainda o encarava com hesitação.

 

— Cada uma dessas insígnias eu conquistei com o apoio dos meus amigos. Cada uma delas representa a minha evolução como pessoa e como treinador. Eu não to nem aí se você acredita que eu as conquistei ou não, eu não to nem aí pro que você pensa de mim. Mas nunca, jamais, em hipótese alguma, você maltrate algum amigo meu na minha frente.

 

Ethan deu um soco em Duster, que deu alguns passos para trás, com a mão no rosto.

 

— Eu vou pegar você, Ethan... Eu vou te humilhar como você fez comigo...

— Boa sorte... Espero que você conquiste insígnias o bastante pra me enfrentar de igual pra igual na Liga Pokémon — o garoto virou o boné para trás, como de costume. — Mas treine bastante, porque eu não vou pegar leve.

 

Ethan virou as costas para Duster e continuou sua caminhada em direção à Rota 45, sendo seguido por Forrest, Chase e Elaine, que continuavam nervosos. Tyranitar continuou a olhar para o rapaz e fez questão de dar um último rugido antes de fazer o mesmo caminho que seu treinador.

 

Duster percebeu que estava sendo observado por outras pessoas. Levantou-se e saiu correndo em direção à cidade, com as lágrimas rolando pelo rosto com a vergonha que sentia.

 

— Espero que vocês estejam bem — comentou Ethan para os amigos.

— Relaxa, cara... Essa galera aí nem me ofende mais — respondeu Forrest. — Mas parece que Chase e Elaine ainda estão em choque.

— Minha vontade é dar um soco na cara desse idiota! — esbravejou a menina, apertando seu Eevee.

 

Ethan retornou Tyranitar para a PokéBola enquanto notava que Chase nada dizia.

 

— Ei, Chase. Fez muito bem em defender a sua irmã. Você foi muito corajoso!

 

O garoto olhou para Ethan e corou de vergonha.

 

— É verdade! — exclamou Elaine, mudando completamente sua expressão. A menina sorria. — Obrigado por me defender, Ni! Você é um máximo!

 

Chase sorriu para a irmã.

 

— Engraçado esse apelido de vocês... Ni pra cá, Ni pra lá... Até perguntaria se vinha do nome de vocês, mas não tem “Ni” em Chase ou em Elaine... — comentou Ethan coçando o queixo.

 

 

Elaine e seu irmão se entreolharam. A menina começou a ficar nervosa.

 

— Ah, s-sabe como é, né? E-eu n-não s-sei d-de o-onde tiramos isso... — gaguejou a menina.

— “Irmão”, em japonês. Onii-chan. Vem daí — respondeu Chase enquanto Elaine suspirava aliviada com a súbita explicação do irmão.

— Você até que é bem esperto pra uma criança da sua idade — elogiou Forrest. — Conhece até termos de outros idiomas.

— A mamãe sempre disse que puxamos a inteligência dela, porque se dependesse do papai... — comentou Chase enquanto olhava para Ethan. — Ai!

 

Chase tomou uma cotovelada da irmã, que o olhava com cara feia.

 

— Acho que ela não gosta muito que você fale assim do seu pai, né? Eu não iria gostar de ouvir — riu Ethan.

— Ora, se não temos aqui o grande treinador Pokémon da região de Johto! — bradou a voz de uma mulher.

 

Uma dupla de repórteres aproximava-se dos garotos. Atrás da câmera, um homem de cabelos azuis que mexia na lente da filmadora ajustando o ângulo, focando bem no rosto de Ethan. A mulher que estava com ele e que mantinha nas mãos o microfone com o logotipo da emissora e um terno laranja que contrastava com seus longos cabelos de cor carmesim.

 


 

— Quem são vocês? — perguntou Ethan, completamente sem graça.

— Meu nome é Jéssica e este é meu colega Jaime. Nós somos do “Fantástico”, da TV Goldenrod!  E estamos aqui para fazer uma reportagem especial sobre você, esse treinador incrível que conseguiu todas as OITO INSÍGNIAS DA LIGA JOHTO!

 

Ethan estufou o peito e empinou o nariz. Finalmente sua maestria seria compartilhada com a região inteira.

 

— Isso mesmo! Meu nome é Ethan e eu estou prestes a entrar na Liga Pokémon e detonar no campeonato! — exclamou o garoto.

 

Forrest olhou para Chase e Elaine levemente constrangido.

 

— E lá vamos nós de novo... — sussurrou o garoto para as crianças. — Ele vai ficar contando vantagem pelas próximas duas semanas, se deixar.

— Relaxa, a gente já é acostumado — respondeu Chase, levando outra cotovelada de Elaine. — Ai! Você um dia ainda vai quebrar minhas costelas!

— Ora, ora, se também não temos os acompanhantes do treinador mais forte da região de Johto! — exclamou a repórter Jéssica aproximando-se dos meninos. — E também seus Pokémon fofinhos! Um Pikachu e um Eevee, Pokémon muito difíceis de serem encontrados na forma selvagem! Vejo que são muito sortudos. E fofos também!

 

Chase a encarava com as sobrancelhas franzidas.

 

— Eu estou com um mau pressentimento sobre isso... — cochichou para a irmã.

— Relaxa, Ni. Apenas sorria e acene, sorria e acene... Faz parte do showbiz! — respondeu Nicole acenando para a lente da câmera com um sorriso de ponta a ponta. — E a propósito, é a Eevee. Ela se chama Vera. E o Pikachu do meu irmão se chama Takara.

 

Jéssica voltou a se voltar sorridente para a câmera, continuando a apresentar a reportagem. Jaime se empolgava e balançava o equipamento, parecendo não ligar para a estabilidade das imagens.

 

— Agora, senhoras e senhores, ao vivo diretamente dos arredores da Cidade de Blackthorn, o maior treinador do mundo, Ethan Heart, vai mostrar suas insígnias pra gente!

— Eu vou? — questionou Ethan, erguendo a sobrancelha direita, surpreso com a afirmação da repórter.

— Sim, você vai! — exclamou em resposta Jéssica, quase que incisivamente.

— Tá bom, eu vou! — respondeu Ethan, abrindo a mochila e retirando seu porta-insígnia. Abriu-o e mostrou para a câmera todas as suas oito insígnias que refletiam com a luz do sol.

 

Jaime apertou o botão vermelho da câmera, onde havia escrito “Rec” em vermelho. A lente da câmera se abriu e uma mão mecânica esticou-se para fora do equipamento e capturou o porta-insígnia de Ethan, ao mesmo tempo que uma cortina de fumaça rapidamente avançou e cercou os garotos, que começaram a tossir.

 

— O que está acontecendo? Cadê minhas insígnias? — perguntava Ethan entre tossidos, sem enxergar um palmo à frente do nariz.

— Quem são vocês?! — gritou Forrest.

— Preparem-se para a encrenca... — ressonou a voz de Jéssica.

— E encrenca em dobro! — bradou Jaime.

— Para proteger o mundo da devastação.

— Para unir as pessoas de nossa nação.

— Para denunciar os males da verdade e do amor!

— Para estender nosso poder às estrelas!

 

Em um piscar de olhos, Jéssica e Jaime arrancaram suas roupas de repórteres de TV. Por baixo, uniformes brancos que eram ligeiramente parecidos, com um grande R vermelho na região do tórax dos dois.

 

 

 

— Jessie! — exclamou a mulher, revelando sua identidade verdadeira.

— James!

— Equipe Rocket decolando na velocidade da luz!

— Rendam-se agora ou preparem-se para lutar.

 

Do bolso de Ethan, um estampido de PokéBola. Wobbuffet se colocou na frente da dupla de ladrões, batendo continência.

 

Wooooobuffet!

— Sai pra lá, bolha azul, que a gente tá interessado em Pokémon raro de verdade! — exclamou Jessie sacando sua PokéBola. — Arbok, Glare!

 

Uma serpente roxa tomou forma perante Wobbuffet. Encarou o Pokémon de Ethan e Wobbuffet congelou com o olhar assustador da cobra.

 

— Agora, James! — bradou Jessie para o companheiro, que correu até onde estavam Chase e Elaine e tomou para si Pikachu e Eevee, colocando-os rapidamente dentro de um grande saco preto.

 

Quando a fumaça se dissipou, Ethan e Forrest não viram mais a dupla. Wobbuffet continuava paralisado, batendo continência para o vazio.

 

— Wobbuffet! — exclamou Ethan correndo até seu Pokémon.

— Pra onde eles foram? — perguntou Forrest, olhando para os lados, sem encontrar rastro algum dos bandidos.

— Vera? Vera? Cadê minha Eevee?! — perguntava Elaine com a voz chorosa. — Cadê o meu irmão?

 

Forrest e Ethan olharam para a menina. Não havia sinal de Chase. Os amigos se entreolharam.

 

— Essa não... Levaram o Chase também! — exclamou Forrest com urgência na voz.

— Aqueles cretinos levaram meu porta-insígnia... Eu não vou perdoá-los! Pra onde será que eles foram?

 

Forrest notou um caminho de fumaça que se dissipava pelo ar. Muito provavelmente a coisa ou o Pokémon que o produziu seguiu por aquele caminho, que levava à entrada de uma caverna que levava para o interior da enorme montanha que fazia parte da imensa cordilheira que dividia a região.

 

— Olhem ali! Eu aposto que eles correram pra Caverna Escura!

— O que estamos esperando? Vamos atrás deles! — exclamou Ethan, recolhendo Wobbuffet para a PokéBola, segurando a mão de Elaine, levando-a consigo.

 

***

 

Jessie e James apoiavam-se ofegantes em uma das paredes da caverna. Ouvia-se apenas sua respiração, já que não era possível enxergar absolutamente nada — não a toa que ela se chamava Caverna Escura. James, no entanto, já havia se preparado e havia trazido consigo um pequeno castiçal prateado que logo acendeu para iluminar o que dava no ambiente.

 

— O plano foi um sucesso, Jessie... Aposto que o chefe vai adorar esse Pikachu e o Eevee que conseguimos hoje Pokémon raros de treinadores trouxas! E com o dinheiro que podemos fazer vendendo as insígnias, a gent--

— Você está doido, só pode! — exclamou Jessie em voz alta. — Não vamos vender essas insígnias!

— Não? E vamos fazer o que com elas?

— Vamos entrar na Liga Pokémon, oras!

 

James encarou a mulher por alguns segundos antes de cair na risada.

 

— Como assim, entrar na Liga Pokémon? Jessie, você sabe que nós não teremos chance nenhuma contra aqueles brutos!

— Seu idiota, presta atenção! A gente não vai entrar pra competir, vamos roubar os Pokémon de lá. Imagina a cara do chefe quando a gente entregar pra ele os mais poderosos Pokémon do continente, que estarão todos reunidos no mesmo lugar?

 

O rapaz, que antes ria de forma debochada, agora parecia animado.

 

— Jessie, você é um gênio!

— É lógico que eu sou, o que seria dessa equipe sem meu cérebro? — retrucou a mulher em um tom convencido.

— Bem, vamos dar uma boa olhada no saldo de hoje e tratar de enviar logo pro chefe. A gente precisa subir essa montanha pra poder pegar o nosso balão. Mas eu ainda acho que a gente não precisava ter deixado ele tão longe...

— E você queria o que, cabeçudo, que a gente colocasse nosso balão bem em cima daqueles pirralhos? Não! Fizemos bem em apenas ir seguindo os moleques. Pena que não conseguimos pegar os Pokémon daquele garoto na época que foram abandonados.

— É, mas agora pegamos apenas o que é importante! — exclamou James enquanto desamarrava o saco de pano. — Da próxima vez vamos pegar gaiolas mais leves... Essa aqui tá pesada pra caramba.

— Eu não senti nada.

— É porque não foi você quem carregou isso nas costas. Amanhã eu vou acordar todo detonad--

 

James berrou quando uma descarga elétrica percorreu seu corpo inteiro. A intensidade do brilho daquele choque iluminou boa parte da caverna onde se encontravam. Jessie deu um grito quando viu a sombra de uma terceira pessoa presente ali.

 

— PIRRALHO!

— Eu não acredito que eu vou ter que lidar com vocês aqui também, Equipe Rocket! — bradou Chase.

— Como foi que você chegou aqui?! — Jessie estava completamente irritada.

— Eu conheço vocês! Desaparecer no meio do Smokescreen do Weezing, isso eu também sei fazer!

— Você não vai atrapalhar nossos planos aqui também! Não tivemos intenção de voltar no tempo, mas já que estamos aqui, não perderemos a oportunidade de levar o nome da Equipe Rocket para a glória absoluta, nosso futuro depende disso!

— Literalmente... — complementou James, esparramado no chão com o corpo formigando.

 

Jessie foi até o rapaz e lhe deu um soco no cocuruto.

 

— Isso não é hora pra dormir, precisamos nos livrar logo desse pivete!

— Meowth, pegue aqueles Pokémon imediatamente!

 

Um Pokémon gato cujo corpo era coberto de pêlos cor de creme e que ostentava um amuleto dourado reluzente em sua testa passou veloz pelo garoto em direção à Vera e Takara, já que enxergava muito bem no escuro.

 

— Takara, o Pika Papow, agora! — gritou Chase do escuro.

 

Das bochechas de Pikachu, um poderoso raio elétrico foi liberado e jogado para cima, caindo no chão em seguida, caindo em vários pontos. Uma das colunas elétricas atingiu o Meowth em cheio, fazendo-o cair nocauteado e deixando Jessie e James completamente irritados.

 

— SEU PULGUENTO INÚTIL! — bradou o rapaz.

— INCOMPETENTE, IDIOTA E ENERGÚMENO! — berrou Jessie, retornando-o para a PokéBola.

 

Um dos raios de Pikachu atingiu também um segundo Pokémon que dormia de maneira tão tranquila que ninguém havia se dado conta de sua presença naquele ambiente. Foi o seu rugido de dor que imediatamente chamou a atenção dos três para um ponto escondido atrás de três imensas pedras alguns metros a frente. James ergueu seu castiçal acima da cabeça, tentando enxergar o que havia.

 

Passos pesados e lentos faziam tremer o chão a cada vez que a criatura caminhava na direção da luz. Primeiro, uma enorme sombra engoliu o chão e encobriu Jessie, James e Chase. Aos poucos, sua forma ia sendo revelada conforme ele ia se aproximando da luz. Era enorme. Seu corpo era coberto por uma pelagem marrom, no centro de seu tronco, um círculo amarelado. Se assemelhava a um urso pardo e, com certeza, era tão mal humorado quanto um.

 

— Pirralho... Se a gente morrer devorado por esse bicho, a culpa é sua! — exclamou James sem tirar os olhos dos dentes afiados que Ursaring exibia em tom de ameaça.

— Se vocês não quisessem roubar meu Pikachu e a Eevee da minha irmã toda hora, a gente não passava por isso! — retrucou o menino, que calou-se imediatamente após um rugido de Ursaring o interromper.

— CORRAM! — berrou Jessie saindo correndo no escuro.

 

Jessie e James correram em disparada em direção à primeira saída que encontraram. Ursaring atacou usando suas garras e não atingiu Chase por muito pouco.  O garoto se preocupou em correr aonde Takara, seu Pikachu, e Vera, a Eevee de sua irmã, estavam a postos. Pegou-os no colo e seguiu a Equipe Rocket com o imenso Ursaring em seu encalço.

 

***

 

Quilava andava na frente de Ethan, Forrest e Elaine, iluminando o ambiente com as chamas em suas costas. A luz das chamas do Pokémon assustavam diversos outros Pokémon selvagens que moravam ali, como um casal de Wobbuffet que, ao ver a aproximação do grupo, bateu continência juntos e inflaram seus corpos, tentando proteger sua cauda negra.

 

— Nesse breu a gente não vai achar meu irmão nunca... — lamentou Elaine. — Sem mapa, sem orientação alguma... Espero que o Chase e a Vera estejam bem... Maldita Equipe Rocket!

— Você se preocupa bastante com seu irmão, não é? Ele vai ficar bem, não se preocupe. Muito me surpreende aqueles membros da Equipe Rocket. Eu nunca tinha visto eles, e olha que de Equipe Rocket eu entendo bastante — riu o garoto. — Seria bom se a gente tivesse com alguém que pelo menos conhecesse bem esse lugar pra nos ajudar...

 

Forrest parou de caminhar.

 

— É isso! — exclamou o moreno enquanto apoiava o punho sobre a outra mão. — Precisamos de alguém que conheça bem a Caverna Escura!

 

Ethan encarou o amigo com uma expressão surpresa.

 

— Hein? Como assim? Só estamos nós aqui.

— Os Pokémon, Ethan! — respondeu o amigo. — Quilava, você poderia aumentar a potência do seu fogo só um pouco, por favor?

 

O Pokémon assentiu com a cabeça e colocou mais pressão. O moreno começou a olhar ao redor para ver se encontrava algum Pokémon que pudesse ser útil naquele momento. Não demorou muito até ver um Pokémon azul que se assemelhava a um pequeno elefante, curioso com aquela luz alaranjada que iluminava aos arredores.

 

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— É ele! — exclamou Forrest, sacando uma PokéBola enquanto Ethan pegava a PokéDex e apontava para o Pokémon.

Phanpy, o Pokémon de Nariz Comprido. Ele balança seu longo focinho de brincadeira, mas por ser tão forte, esse movimento pode ser perigoso. Como um sinal afetivo, bate com seu focinho no treinador, mas ele é tão forte que pode fazê-lo voar — informou o aparelho.

— Caraca... Esse baixinho é fortão — comentou Ethan.

— Sudowoodo, eu escolho você! — Forrest arremessou uma PokéBola.

 

Sudowoodo materializou-se na frente de Phanpy e imediatamente paralisou-se no lugar, erguendo os braços como galhos de árvore. Phanpy percebeu que era um desafio e imediatamente se preparou para a batalha. O Pokémon avançou com o Tackle e Sudowoodo permaneceu parado como uma estátua.

 

Wood Hammer! — ordenou Forrest.

 

Sudowoodo jogou-se para frente, na direção de Phanpy que corria em sua direção. Caiu com força em cima do pequeno oponente, o que fez o chão tremer, tamanha a intensidade do impacto. O Pokémon de Forrest ergueu-se com certa dificuldade após executar o golpe, encarando com cautela Phanpy, que estava estirado no chão.

 

O oponente, no entanto, era forte. Mesmo com as pernas tremendo, levantou-se, recusando-se a se dar por vencido. Começou a rolar no chão e pegar velocidade, avançando com o Rollout e atingindo Sudowoodo em cheio, fazendo-o sair do chão e voar alguns metros acima, batendo com as costas em algum lugar próximo ao imenso teto da caverna, caindo de bruços no chão logo em seguida.

 

— Sudowoodo! — exclamou Forrest, obtendo uma fraca resposta do Pokémon.

 

Phanpy rapidamente avançou no escuro procurando seu oponente, pronto para usar o Take Down. Sudowoodo, no escuro, tentava levantar-se como podia.

 

— Ele está indo em sua direção! Use o Rock Throw para pará-lo! — ordenou Forrest.

 

Sudowoodo ergueu seus braços e socou o chão com força. A intensidade do golpe fez com que pedaços de solo fossem quebrados e jogados para cima, caindo em cima de Phanpy, que foi pego completamente desprevenido, sedo atingido pelas rochas que caíam de todas as partes.

 

Wood Hammer! — bradou o treinador.

 

Sudowoodo novamente saltou e se jogou em cima de Phanpy, que não tinha por onde escapar. Uma nuvem de terra e poeira ergueu-se do chão no momento em que o corpo de Sudowoodo atingiu o do pequeno oponente.

 

— PokéBola, vai! — exclamou Forrest arremessando uma esfera bicolor no Pokémon.

 

A cápsula balançou insistentemente por alguns segundos antes de selar-se completamente. Forrest caminhou até a PokéBola imóvel, agachou e a pegou sorrindo.

 

— Antes de mais nada... — O garoto apertou o botão central da cápsula e liberou Phanpy de dentro dela. O Pokémon encarou seu treinador balançando sua tromba de forma eufórica. — Eu vou cuidar dos seus machucados.

 

Forrest abriu a mochila e, mesmo com a fraca luz que era produzida por Quilava, alguns poucos metros distante dele, encontrou um frasco de Poção. Tratou de borrifar o remédio nas feridas de Phanpy que pareceu se incomodar com a breve ardência causada.

 

Shh, shh, já passou. Pronto, novo em folha! — Forrest soprava os machucados no corpo de seu Pokémon. — Escuta, Phanpy. Você mora aqui, não é? Precisamos de uma ajuda sua. Você conseguiria farejar um amigo nosso?

 

Phanpy confirmou estendendo seu nariz com orgulho.

 

***

 

— Donald, Confusion! — ordenou Chase.

 

Psyduck ergueu o oponente em sua frente — um Pokémon de corpo amarelo de dorso azul e creme. O Dunsparce se mexia tentando se livrar daquela prisão psíquica, mas sem sucesso. Já estava lutando há alguns minutos contra o Psyduck de Chase e nenhum de seus golpes era efetivo contra aquele Pokémon.

 

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— Finalize com o Water Pulse! — exclamou o menino.

 

Das patas de Psyduck, uma esfera azulada foi crescendo. A esfera aquática foi arremessada na direção de Dunsparce, que tomou o dano e veio ao chão, enfraquecido.

 

— PokéBola, vai! — gritou Chase arremessando uma cápsula vazia no Pokémon.

 

A esfera se mexeu algumas vezes antes de se lacrar por completo.

 

— Tem certeza de que isso vai dar certo, pirralho? E se aquele Ursaring voltar a aparecer? — perguntou James, ainda ofegante.

— Eu aprendi com um tio meu que os melhores guias para qualquer tipo de lugar são os próprios Pokémon que vivem ali... E esse Dunsparce deve conhecer como ninguém cada acesso para essa caverna, incluindo as saídas — explicou o garoto.

 

Jessie e James se entreolharam e ergueram as sobrancelhas em sincronia.

 

— Ouviu isso, Jess? Esse Pokémon pode nos levar até a saída... — cochichou o rapaz.

— Se a gente pegar esse Pokémon do pirralho, nossos problemas irão se resolver! — exclamou Jessie, em resposta. — Vamos pegá-lo!

 

Chase encarou a dupla com um olhar desconfiado.

 

— O que vocês estão aprontando? — perguntou o menino.

— Pivete! Passe JÁ essa PokéBola pra cá! — exclamou Jessie, apontando para a esfera bicolor nas mãos de Chase.

— E é melhor você não fazer nenhuma gracinha se essas insígnias quiser recuperar... — complementou James, tirando do bolso do uniforme branco o porta-insígnia de Ethan.

 

Chase hesitou por um instante.

 

— Essas insígnias são muito importantes... Elas significaram um pedaço importante da história do meu pai, por mais que ele nem saiba disso. E eu não vou deixar vocês arruinarem tudo como sempre tentam fazer! Donald, Confusion!

 

O porta-insígnia levitou das mãos de James e flutuou no ar. Chase correu para pegar o objeto ao mesmo tempo em que a dupla Rocket fez o mesmo. Suas cabeças se encontraram no ar e colidiram, o que fez o trio dar um grito agudo de dor que ecoou pelos quatro cantos da caverna e reverberou em suas paredes de pedra.

 

— AI, QUE DOR DE CABEÇA! — berrou Jessie, com lágrimas escorrendo de seus olhos.

— ISSO NA MINHA TESTA NÃO É UM GALO, É UM FILHOTE DE BLAZIKEN! — exagerou James enquanto massageava o local com as mãos.

— Ai, ai, ai... — choramingava Chase pressionando o lugar da batida.

 

Um rugido fez tremer o chão. Os três sentiram naquele momento que seu algoz havia retornado. Ursaring estava próximo, e a agitação daquele grupo era um prato cheio para sua irritação.

 

— A GENTE VAI MORRER! — gritou James.

Quick Attack! — ecoou uma voz na escuridão.

 

Sem ver de onde veio, Ursaring foi atingido por um golpe no estômago, fazendo-o dar alguns passos para trás. O impacto o fez rosnar de ódio e passou a procurar o objeto que o havia atingido.

 

Uma luz laranja foi iluminando o lugar e ia crescendo rápido de tamanho. Ao olhar para o foco da luz, Chase soltou uma exclamação surpresa ao ver sua irmã correndo em sua direção, acompanhada de Ethan, Forrest, Quilava, Gligar e Phanpy.

 

— Ni!

 

Elaine abraçou o irmão com força. Chase reparou que ela estava chorando.

 

— Ni... Eu achei que nunca mais fosse ver você! — bradava a menina.

— Você exagera um pouco... — disse Chase constrangido, sendo salvo por Vera, a Eevee de Elaine, que pulou no colo de sua treinadora, lambendo seu rosto demonstrando felicidade.

— Chase, você está bem? — perguntou Forrest, aproximando-se do menino com Ethan em seu encalço.

— Estou sim... Nada que eu já não tenha lidado antes. Aqui — Chase estendeu o porta-insígnia para Ethan. — Eu consegui recuperá-lo.

— Valeu, Chase! — exclamou Ethan, feliz, abraçando o garoto.

— Ei, isso é nosso! — exclamou Jessie.

— Vocês estão loucos, só pode! — bradou Ethan. — Vocês me roubaram!

— Exatamente, pirralho — disse James. — Se nós roubamos, logo, nos pertence. Devolvam já!

 

Ursaring rugiu mais uma vez, o que fez Jessie e James berrarem juntos, abraçando-se enquanto tremiam de medo.

 

— “Ursaring, o Pokémon Hibernação. É a forma evoluída do Teddiursa. Embora seja um bom escalador, ele prefere agarrar árvores com as patas dianteiras e comer frutos caídos. Com sua capacidade de distinguir qualquer aroma, ele infalivelmente encontra todos os alimentos enterrados nas profundezas do solo” — informou a PokéDex de Ethan.

— Faz sentido que ele tenha encontrado vocês... Foi pelo cheiro — concluiu Forrest.

— Eu vou dar uma lição nesse monstrengo. Arbok, Wrap! — exclamou Jessie, arremessando uma PokéBola.

— Tá legal, Weezing. Sludge Bomb! — ordenou James lançando outra cápsula enquanto Meowth tomou a frente com suas garras afiadas, correndo na direção do oponente.

 

Os Pokémon saíram ao mesmo tempo. Arbok e Weezing partiram com velocidade para cima de Ursaring, que atacava o Gligar de Ethan que desviava pelo ar.

 

— Dois contra um é covardia! — exclamou Ethan. — Quilava, Lava Plume!

— Phanpy, use o Rollout!

 

Phanpy enrolou-se em torno do próprio eixo e rolou com velocidade na direção de Jessie e James enquanto as chamas de Quilava inundavam a caverna com luz, calor e fumaça. Chamas que ardiam como um incêndio no inferno corriam como uma onda veloz na direção dos Arbok e Weezing, pegos completamente desprevenidos.

 

O impacto dos golpes combinados causaram uma explosão. Meowth, Arbok e Weezing foram arremessados com força para trás, atingindo Jessie e James em cheio. O Rollout de Phanpy jogou o grupo para o alto e, com absurda violência, eles saíram voando, furando o teto da caverna e subindo cada vez mais alto em direção ao céu alaranjado.

 

— James... — chamou Jessie, completamente exausta.

— Fala, Jess... — respondeu ele, igualmente derrotado.

— Por que eu sinto que sei onde isso vai dar?

— Porque independente da situação, do tempo, do enredo, o final da gente sempre vai ser o mesmo...

 

E em uníssono, gritaram até suas vozes desaparecerem com a distância.

 

— Estamos decolando de novo...!

 

Ursaring berrava de ódio.  O buraco feito pela Equipe Rocket jorrava uma intensa claridade que vinha do lado de fora, tornando possível ver aquele Pokémon enorme sendo tomado pela insanidade.

 

— Chase, Elaine, deixa com a gente — disse Ethan enquanto se posicionava na frente das crianças. Os irmãos, no entanto, se olharam e fizeram um aceno positivo com a cabeça, expressando confiança.

— Não. Pode deixar com a gente! — Elaine pulou na frente de Ethan e Vera, sua Eevee, posicionou-se em sua frente, sendo seguida de Takara e Chase.

— Tomem cuidado! Pode ser muito perigoso! — Avisou Forrest, em um tom apreensivo.

 

Chase e Elaine se deram as mãos e, como em uma coreografia, uniram os ombros, dobraram os joelhos e apontaram simultaneamente com o dedo indicador na direção de Ursaring, bradando juntos os comandos de seus Pokémon.

 

— Vera, Buzzy Buzz!

— Takara, Zippy Zap!

 

Das bochechas de Pikachu e dos pêlos do corpo de Eevee, faíscas elétricas eram liberadas com cada vez mais força. Takara disparou como um trovão com o corpo envolto de energia elétrica ao mesmo tempo em que Vera liberava um poderoso choque elétrico que atingiu Ursaring ao mesmo tempo em que Pikachu o golpeou com seu corpo coberto de eletricidade. O Pokémon urrou de dor e caiu para frente, seus músculos travaram e ele não se mexia. A combinação de golpes elétricos o havia paralisado.

 

— Incrível...! — exclamaram Ethan e Forrest em sincronia.

 

Do bolso lateral da mochila, Elaine retirou uma PokéBola. Olhou para Chase, que segurou na mão da irmã e, juntos, miraram no tórax de Ursaring, bem no círculo amarelo que havia em seu peitoral, e arremessaram a cápsula em sincronia. O botão central foi pressionado quando atingiu o alvo e Ursaring foi sugado para dentro da esfera. A PokéBola caiu ao chão e se mexeu apenas uma única vez antes de selar-se definitivamente.

 

— Sinistro... Que sincronia a de vocês... — comentou Ethan enquanto via Elaine correr para pegar a PokéBola. — Mas faz o favor de não tirar esse bicho daí de dentro enquanto estivermos aqui.

— Vai dizer que você não acha o Ringo bonitinho? — perguntou a menina para Ethan enquanto estendia as duas mãos com a PokéBola do Ursaring em sua direção.

— “Ringo”? Você ainda deu nome pra esse monstrengo assassino? Não se apegue, Elaine! Ele vai arrancar a sua cabeça quando você tiver dormindo! — retrucou Ethan com um leve temor na voz.

— Tá legal, tá legal. Antes de decidirmos o que fazer com o Ursaring, precisamos procurar sair daqui. Phanpy, você consegue localizar o caminho da saída, não é mesmo? — perguntou Forrest ao Pokémon, que afirmou com a cabeça.

— Espera, eu também posso ajudar — disse Chase enquanto liberava Dunsparce da PokéBola. — Como é um Pokémon que mora aqui, então eu imaginei que...

— ...Ele poderia dizer aonde está a saída — completou Forrest. — Eu achei que tivesse sido o único a pensar nessa ideia.

 

Chase corou.

 

— É-é que eu aprendi com meu tio... — justificou o garoto de maneira sem graça.

— Eu acho que faz parte do sentido de sobrevivência... — riu Forrest.

 

Chase agachou-se para falar com seu Pokémon.

 

— Você pode ajudar a gente a encontrar a saída?

 

Dunsparce encarou seu treinador e vibrou suas pequenas asas como forma de assentir. O Pokémon flutuou para junto de Phanpy enquanto Ethan abria seu porta-insígnia mais uma vez para verificar se estava tudo ali.

 

— Se eu fosse você, eu só abria esse estojo na Liga Pokémon — comentou Forrest ao amigo.

— Vira essa boca pra lá! Nunca mais eu vou tirar isso do meu bolso! — respondeu o garoto. — Obrigado, Gligar, pode retornar.

 

Ao terminar de se organizar, o quarteto voltou a caminhar seguindo cautelosamente as indicações de Phanpy e Dunsparce. Pareciam que estavam caminhando há horas quando finalmente começaram a ver vegetação rasteira e indicações de que se aproximavam da saída da Caverna Escura, às margens da Rota 46. Finalmente o ar fresco trazia sinais de bonança após as desventuras de dentro da caverna. Já estava escuro. O chirriar dos Hoothoot que habitavam ali próximo era a trilha sonora que os garotos ouviam enquanto afastavam-se da montanha que cortava o continente ao meio.

 

— Rota 46. A partir daqui, cruzaremos a Rota 29 e chegaremos finalmente à Cidade de New Bark — anunciou Forrest lendo uma placa na beira da estrada.

— Eu não aguento mais andar... Eu to morrendo de fome... — disse Ethan enquanto massageava a barriga em um visível desânimo.

— New Bark é conhecida como a cidade onde sopram os ventos do recomeço. Alguma coisa me diz que algo bom está pra acontecer — comentou Forrest enquanto sentia o suave toque do vento em seu rosto.

— Tomara que esse seu sentimento de algo bom seja sobre minha mãe fazendo lasanha pro jantar...

 

Elaine bocejou.

 

— Espero que na casa da vovó já tenha aquele futon confortável... — o cansaço da menina a impediu de prestar atenção no que dizia.

— Na casa da sua vó eu não sei, mas na minha casa tem uns colchões confortáveis pra caramba — comentou Ethan.

— No final das contas, tudo o que a gente precisa é do conforto de uma casa pra comer, descansar e recomeçar — disse Forrest.

 

Os ventos que sopravam da Cidade de New Bark atraíam Ethan para onde tudo havia começado. Meses após começar sua jornada Pokémon, a volta pra casa com os amigos de estrada tinha tudo para tornar aquele momento bastante especial, apesar do cansaço do grupo não permitir o reconhecimento no momento. Mais Aventuras em Johto aguardam Ethan pelo misterioso mundo Pokémon e seu impacto direto na vida de todos os que o habitam...

 

TO BE CONTINUED...

 


 

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