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Capítulo 43



Alguns dias se passaram desde o desaparecimento de Forrest. Ethan e Amy já haviam perdido a esperança de vê-lo retornar para o Centro Pokémon de Ecruteak, com a cabeça fria, com um pedido de desculpas e um sincero arrependimento do que havia feito. Ele não ia voltar, e isso agora era um fato.

Após a alta do hospital, os dois arrumaram suas coisas e decidiram seguir viagem. Apesar de ouvirem os pacientes e hóspedes do Centro Pokémon apontarem e falarem sobre eles, os garotos decidiram não responder e nem arranjar confusão. Eles só queriam sair de Ecruteak e seguir suas vidas, torcendo para que as pessoas esquecessem que eles existiam, ou que pelo menos algum outro evento abalasse a cidade e que virasse o novo motivo de conversa entre as pessoas.

A cada passo que davam rumo à Rota 42, Ethan e Amy olhavam para os lados tentando ver algum sinal de Forrest ou de seus Pokémon. Talvez eles pudessem estar escondidos por ali por perto. Mas a cada vez que eles não viam nada ou não tinham alguma resposta, a tristeza torturava mais. A caminhada foi longa e silenciosa. Nenhum dos dois puxava assunto. Não porque estavam bravos um com o outro, mas porque nenhum dos dois tinha coragem de falar sobre o amigo, mesmo que esse não fosse o único assunto, mas era mais confortável para todos que focassem na procura por ele. Até Amy, que era contra a ideia de irem procurar pelo paradeiro de Forrest, concordou com Ethan, mesmo com ela sabendo que o destino provável era Violet ou Goldenrod, onde há o Trem Magnético, que faz o trajeto entre Johto e Kanto, e por onde o garoto poderia facilmente regressar partindo de Ecruteak. Ela era esperta, mas talvez, pela primeira vez em sua vida, quis se deixar preencher pela ilusão de que eles iriam se encontrar logo.

Perdida em pensamentos, Amy nem percebeu quando Ethan chamou seu nome.

— Amy, por que a gente não dá uma parada aqui? Estamos caminhando há horas e eu estou morrendo de fome... — Disse o garoto, apertando a barriga, completamente exausto.

A garota, despertada de seu transe, olhou para os arredores, tentando localizar-se. Viu que eles estavam cercados por uma enorme cordilheira. Um belo lago cortava o caminho por dentre as montanhas e enormes árvores cresciam nas margens do sinuoso lago. A Rota 42 fora construída ali, naquele paraíso natural. Amy supôs que Mahogany ficava atrás das montanhas, visto que os cumes não pareciam ser tão altos. Assim, a garota chegou à conclusão de que eles estavam subindo a encosta das montanhas durante a caminhada que fizeram até aquele ponto da rota. No entanto, algo estava fora do comum. Nenhum Pokémon parecia estar ali. O silêncio predominava, fazendo com que Amy e Ethan andassem cautelosos a medida que se aproximavam da margem do lago.

A dupla colheu algumas frutas das árvores próximas, colocaram as mochilas na grama e sentaram-se ao pé de uma árvore, onde se refrescaram com a brisa e relaxaram durante algum tempo.

A paz deles, no entanto, foi interrompida quando do meio das árvores surgiu um Pokémon bastante conhecido deles, e que com certeza não fazia parte da flora local. Era Sudowoodo, que passou por Ethan e Amy correndo, sem olhar para trás.

— Sudowoodo?! — Exclamou o garoto, levantando-se apressado.

O Pokémon olhou para os humanos. Sua feição séria mudou para um sorriso surpreso. Mas, meio segundo depois, voltou a fechar a cara e a correr para além da Rota 42. Ethan e Amy pegaram suas coisas e saíram correndo atrás de Sudowoodo.

A corrida continuou por alguns minutos. Os garotos já começavam a ficar ofegantes, mas Sudowoodo, ágil, corria cada vez mais rápido. A surpresa maior foi quando um outro Pokémon pulou na frente de todos, fazendo Amy soltar uma exclamação e Ethan cair sentado no chão.

Sudowoodo continuou correndo. Poucos metros à frente, entrou em uma caverna na base de uma das montanhas.

— É o... Suicune! — Exclamou Amy, baixinho.

O cão lendário começou a rosnar para ela e Ethan. Avançando lentamente em sua direção, Suicune mantinha um olhar raivoso fixado nos garotos.

— Calma, Suicune... Somos seus amigos... Lembra? — Disse Ethan com a voz trêmula, que continuava sentado no chão, paralisado de medo. Amy por sua vez sacou uma de suas PokéBolas.

— Nos encontramos de novo, Suicune... — Uma voz conhecida chamou a atenção de todos.

Eusine, eufórico, tinha uma expressão maníaca em seus olhos. Observava Suicune como um lobo encontrando carne fresca após semanas sem comer.

O Pokémon encarou seu oponente e saiu em velocidade para onde Sudowoodo havia entrado.

— Volte Suicune! — Chamou Eusine, em vão.
— Você ainda vai atrás dele? Ele está muito irritado com alguma coisa, é capaz de ele atacar você! — Exclamou Ethan.
— Não se preocupe comigo, garoto! Eu persigo Suicune há quinze anos, eu sou bem grandinho já — Comentou o loiro sacando uma PokéBola. — Dentro do Monte Mortar ele não tem escapatória.
— Seria coincidência Suicune ter entrado na mesma caverna que Sudowoodo? — Perguntou Amy para Ethan, enquanto o auxiliava a levantar do chão.
— Eu não faço ideia, mas por via das dúvidas... É melhor seguirmos eles — Disse o garoto em resposta.
— Eu não posso permitir que vocês façam isso — Comentou Eusine, de forma séria.
— Como assim? — Perguntou Ethan.
— Perseguir Suicune. Eu não posso deixar vocês me atrapalharem. Infelizmente, vocês vão ter que ficar aqui.

Amy dirigiu-se para Eusine e apontou o indicador de forma ameaçadora para o rosto do viajante.

— Nós não queremos saber do Suicune. A gente quase foi atacado por ele. Nós somos dois, você é um só. Meça suas palavras, ou se não é você quem vai estar em apuros.

Eusine engoliu em seco.

— Nós estamos apenas seguindo o Sudowoodo que acreditamos ser de Forrest. Não tem nada a ver com o Suicune, ele é todo seu — Disse Ethan do chão, tentando amenizar a briga.

Arrumando a gravata, Eusine voltou a adquirir o tom arrogante na voz e na postura.

— Creio que não tenho escolha se não ajuda-los a perseguir seu Pokémon mequetrefe. Desta forma, vocês não me atrapalham com Suicune.

Amy fechou a cara e ameaçou socar o rosto de Eusine, mas Ethan conteve a amiga.

Os três então saíram correndo em direção à entrada da caverna do Monte Mortar. A caverna era imensa. Enormes estalactites eram refletidas na água do chão, cristalina. Tão transparente que era possível ver o limo das pedras no fundo da pequena lagoa. Pedras estas que faziam companhia umas as outras e que estavam ali já há milhares de anos, moldadas pelo tempo, pela natureza e talvez até por Pokémon que fizeram daquele lugar seu lar.

— Fiquem atentos a qualquer barulho que ouvirem... Existem muitos Pokémon poderosos que moram aqui dentro do Monte Mortar. Se por acaso o grupo se separar, foquem em chegar ao topo da montanha, é lá onde fica a saída — Disse Eusine.

Os passos ecoavam por todas as paredes. Os pares de pés daquele grupo batiam na água e, por mais que tentassem andar cautelosamente, o ruído que faziam involuntariamente era enorme. A caverna aos poucos ficava cada vez maior. Ao olharem para cima, não conseguiam mais ver o teto, apenas uma imensidão negra. O local ia ficando cada vez mais escuro, então Eusine sacou sua PokéBola e liberou Alakazam de sua PokéBola.

— Use o Flash, por favor — Pediu seu treinador.

O Pokémon humanoide, utilizando seus poderes psíquicos, fez as colheres que segurava emanarem um forte brilho, iluminando o local. A grande caverna foi mostrando seus detalhes, como as paredes rochosas que subiam pela parede que não tinha fim. Não parecia haver nenhuma forma de vida ali, nenhum Pokémon selvagem, o que era estranho, visto que se aquele era o lar de muitos Pokémon, onde estariam eles, afinal?

 Ao continuar caminhando, o grupo soltou uma exclamação quando, metros a frente, uma enorme cachoeira os saudou. E, em cima de uma das pedras perigosamente próximas a queda d’água, Suicune esperava pacientemente.

— Suicune! — Exclamou Eusine, correndo em direção à cachoeira, sendo seguido por Ethan e Amy.

O Pokémon lendário saltou majestoso do alto da cachoeira e pousou defronte ao trio, agora com água na cintura. Eusine sacou uma PokéBola.

— Finalmente você resolveu aparecer! E eu não posso deixar escapar. Não de novo. Mean Look!

Um Haunter saiu da PokéBola e olhou profundamente para Suicune. Uma aura vermelha cobriu seu corpo, deixando-o imóvel enquanto sentia os olhos negros do oponente possuírem seu corpo. Uma branca fumaça começou a envolve-lo, fazendo com que uma neblina gélida começasse a cobrir o local.

— É o Suicune que está produzindo isso? — Questionou Ethan.
Mean Look o paralisou... Talvez ele esteja usando o Mist pra tentar criar uma distração... — Palpitou Amy.
— Muito bem Haunter, use o Lick! — Ordenou Eusine.

O Pokémon fantasma avançou em direção ao paralisado Suicune e lambeu seu rosto. A agonia que o Pokémon lendário sentiu arrepiou todos os pelos do seu corpo. Suicune chacoalhou a cabeça e olhou para a enorme cachoeira.  Seu chifre brilhou e um raio multicolorido foi disparado de sua boca, atingindo Haunter, que caiu nocauteado com a força do golpe.

— Haunter! — Exclamou Eusine.

Suicune voltou a disparar o Aurora Beam, mas desta vez na direção da queda d’água, congelando-a instantaneamente, fazendo a temperatura da água cair imediatamente. O Pokémon correu sobre as águas e escalou a cachoeira congelada até seu topo, olhando para baixo e dando um poderoso rugido.

Eusine sacou outra PokéBola, liberando Electrode.

— Você não vai escapar! Thunder!
— EUSINE, NÃO! — Berrou Amy tentando impedir, mas era tarde demais.

O Pokémon de Eusine liberou uma poderosa corrente elétrica de seu corpo e disparou na direção de Suicune, atingindo-o. Entretanto, a eletricidade percorreu o gelo, atraída pela umidade da caverna e acabou eletrocutando os treinadores também, já que estavam dentro da água. O poderoso choque foi tão intenso que fez Ethan, Amy e Eusine desmaiarem.

Uma enorme rachadura começou a cortar o gelo da cachoeira. Despedaçando-se em milhares de pedaços, o enorme volume de água surgiu com velocidade e violência, quebrando o gelo do lago e arrastando tudo o que via a frente, incluindo Electrode, Eusine, Amy e Ethan.

No topo da cachoeira, Suicune percebeu os humanos sendo arrastados pela água. Correu em alta velocidade para tentar resgatá-los, mas a incrível força da água o impedia de pegar os três de uma vez. O Pokémon então pegou Eusine pela capa, o colocou em suas costas e subiu com ele pelas pedras de dentro da montanha, levando-o até uma das áreas altas da caverna, longe da correnteza.

O Pokémon lendário voltou a correr pela água fria procurando algum sinal das demais vítimas, porém nada encontrou. Ele então mergulhou na poderosa correnteza tentando localizar Ethan, Amy e Electrode debaixo d’água, mas eles haviam desaparecido.

Enquanto procurava, uma enorme dor de cabeça acometeu Suicune. Mais uma vez, desde que havia chegado àquela parte da região de Johto, algo estranho acontecia. Uma fúria incontrolável tomava conta de seu corpo. A dor de cabeça o fazia querer matar quem estivesse em sua frente. E por mais que tentasse controlar, aquilo era muito mais forte que ele. Ele sabia que aquilo não era normal. Ele sabia que devia ser obra dos humanos. E era dos humanos que ele precisava de ajuda.

Não... Ele precisava se livrar dos humanos.

Mas seu coração dizia que sozinho ele não conseguiria chegar a lugar algum. Não conseguiria resolver este enorme problema sozinho.

Mas nenhum Pokémon seria capaz de fazê-lo sentir assim... Com certeza os humanos teriam dedo nisso. Sempre os humanos! Ainda a pouco, um deles atacou o próprio Suicune! Aquilo era imperdoável!

O Pokémon lendário rugiu mais uma vez e saiu da água, correndo sem rumo por dentro dos labirintos daquela enorme montanha para tentar livrar-se dos pensamentos confusos.

***

Em algum ponto desconhecido da caverna, Sudowoodo corria apressado. Ele, prestativo que era, tinha a missão de procurar pistas sobre o paradeiro de seu mestre, Forrest. Seus companheiros de equipe mantinham-se atentos, rastreando o garoto pelo cheiro. Ele com certeza havia estado ali.

Pelos caminhos sinuosos no coração da montanha, o Pokémon mantinha-se concentrado para não se perder. Seu único azar, no entanto, era que diversos caminhos que ele teria que percorrer até chegar ao topo da montanha estavam alagados. Sua única saída era escalar as paredes para evitar tocar na água e tentar não olhar para baixo. O medo com certeza poderia fazê-lo cair e se afogar.

“Ai, às vezes eu queria ter asas... Heracross bem que podia ter vindo comigo.”, pensava ele enquanto tentava apoiar um de seus pés em uma das pedras perigosamente posicionadas na lisa parede.

Ao terminar de escalar a parede e chegar no topo de um dos abismos do interior do Mt. Mortar, Sudowoodo foi puxado pelos tentáculos de seu amigo Shuckle. Os dois Pokémon olharam ao redor para checar se estavam sozinhos e começaram a caminhar para o alto da montanha.

“Eu encontrei com os amigos do mestre. Eles estão aqui”, avisou Sudowoodo.

Shuckle soltou uma exclamação.

“Rhyhorn precisa saber! Vamos, os outros estão muito na nossa frente...”, comentou o parceiro, retirando de dentro de seu casco um pedaço da camiseta de Forrest.

“Ah, mestre... Onde está você?”, perguntava Sudowoodo, de forma melancólica, não obtendo resposta alguma.

***

Ethan tossiu. No primeiro sinal de consciência, seus pulmões expulsaram água, fazendo o garoto vomitar sem pestanejar. Ele sentia frio. E vomitou de novo. Sentiu suas narinas e seus ouvidos completamente entupidos de água. Estava escuro. Aquilo era um sonho? A barriga do garoto roncava de fome.  

O garoto levantou-se do chão. Passou a mão na cabeça, sentiu que estava sem o seu boné. Levou a outra mão para a alça da mochila, e viu que ela continuava fielmente presa ao seu corpo. Ethan suspirou aliviado, ainda tinha as PokéBolas consigo.

— Amy? — Chamou o garoto.

A única coisa que Ethan obteve como resposta fora sua própria voz ecoando pelas paredes.

Ele então abriu a mochila e foi liberando seus Pokémon, um por um: Quilava, Sandslash, Larvitar, Nidorino, Magnemite e Butterfree, que olharam ao redor, tentando se familiarizar com o local escuro.

— Quilava, você poderia por favor iluminar isso aqui? — Questionou Ethan ao Pokémon, que prontamente atendeu acionando as chamas de seu corpo.

Podendo dar uma boa olhada ao redor, o garoto notou que onde estava não parecia nem um pouco a mesma caverna com a cachoeira em que entrara a primeira vez. O chão estava úmido, mas não havia sinal nenhum de que ele estava perto da queda d’água da entrada da caverna. Ele então começou a ficar tenso.

— Galera, é o seguinte, a gente tá perdido. Eu nem me preocupo tanto com a gente, porque estamos bem. Mas não sabemos onde a Amy está, nem se ela está bem também. Vou precisar da ajuda de vocês para encontrá-la e pra sair daqui. Posso contar com vocês?

Os Pokémon de Ethan afirmaram com a cabeça.

— Nosso destino é o topo da montanha. É lá onde encontraremos a saída. Mas fiquem atentos a qualquer sinal de aproximação. Precisamos achar a Amy — Disse o garoto.

Ethan analisou novamente o local em que estava. Decidir qual caminho pegar não seria tarefa fácil, mesmo que ele pensasse em usar seus Pokémon para achar uma saída. O garoto pediu para que seus Pokémon tentassem localizar o barulho da cachoeira de onde estavam, mas nenhum deles tinha superaudição ou superolfato. Então, Ethan fechou os olhos, respirou fundo e seguiu em frente.

O silêncio predominava no interior da montanha. Ethan havia se esquecido de que estranhamente nenhum ser parecia habitar aquele local, o que era realmente muito estranho, devido à dimensão do tamanho do Monte Mortar. O som dos passos do grupo era a única companhia que tinham, fora, claro, as deles próprios. As orelhas dos Pokémon permaneciam eretas, em constante atenção, alertas a qualquer sinal de barulho estranho que pudesse estar a frente.

E foi justamente um barulho estranho que desviou a atenção de Ethan do caminho. Um grunhido baixo pegou a todos de surpresa. Eles pararam e tentaram localizar de onde vinha aquele som.

— Será que é um Pokémon...? — Questionou Ethan, num cochicho para seus Pokémon.

Os Pokémon de Ethan se entreolharam e, por via das dúvidas, ficaram preparados para atacar. O ruído foi ficando cada vez mais forte e alto. Uma sombra começou a aproximar-se deles, lentamente. A criatura era enorme. Tinha quatro braços bem musculosos cinza-azulados, sendo um par localizado na posição normal, e outro par diretamente acima dos ombros, com furiosos olhos vermelhos e lábios amarelos pálidos. O Pokémon fitava Ethan e seus Pokémon de forma ameaçadora.


O garoto deu um passo para trás e pegou sua PokéDex.

“Machamp, o Pokémon Superpoderoso. É a forma evoluída do Machoke. Ele rapidamente balança seus quatro braços para sacudir os adversários com socos ininterruptos de todos os ângulos e segurar os membros de seu inimigo para arremessar a vítima no horizonte” — Informou o dispositivo.

Ethan engoliu em seco. Machamp deu um soco poderoso na parede da caverna, reduzindo-a a pó, intimidando a todos.

— Machamp, nós somos amigos, não viemos incomodar você. Estamos apenas procurando uma saída daqui... — Disse Ethan com a voz tremida.

Machamp berrou e partiu pra cima do garoto. Larvitar saltou na frente de seu treinador e acabou sendo atingido em seu lugar, caindo violentamente no chão.

— Larvitar! — Exclamou Ethan.

Quilava ardeu em chamas e partiu para cima do oponente com seu Flame Wheel. Machamp, como um goleiro, agarrou o corpo do oponente com seus quatro braços poderosos e o jogou para o canto com força. Sandslash ao ver os companheiros caídos daquela maneira explodiu de raiva e foi o próximo a partir para cima do grandalhão lutador para feri-lo com o Crush Claw.  Mas Machamp o segurou pelos braços e também o arremessou para o lado. Ethan assistia a tudo incrédulo. Aquele Machamp não era um Pokémon comum, ele era treinado... Não seria fácil passar por ele.

O Pokémon continuava olhando para Ethan de uma forma ameaçadora. Machamp então acelerou o passo na direção do garoto, mas Butterfree voou para a frente de seu treinador e de seus olhos saiu um raio púrpuro que atingiu em cheio o rosto do grande Pokémon, que cambaleou para trás.

Tanto Machamp, quanto Ethan soltaram uma exclamação de surpresa.

—É isso, Butterfree! Pokémon Lutadores têm fraqueza contra o tipo Psíquico! — Exclamou o garoto.

Machamp levantou-se furioso, soltando um urro que ecoou pela caverna inteira, balançando as estruturas e fazendo o chão tremer sob os pés de Ethan.

— Butterfree, você está pronta? — Perguntou o garoto para seu Pokémon, que balançou afirmativamente a cabeça. — Ótimo, então vamos atacar com Confusion!

A borboleta disparou ondas invisíveis de seus olhos em Machamp, que urrou de dor, como se seu crânio estivesse sendo esmagada por uma prensa hidráulica. Sua ira ficava cada vez mais forte, e o que ele mais queria era matar aqueles seres que tanto o incomodavam.

O Pokémon se levantou e cegamente avançou para a frente, tentando acertar Butterfree de qualquer maneira. A borboleta, mais leve, desviava mais rápido. Ethan tentava retornar seus Pokémon, mas eles se recusavam a entrar na PokéBola. Não era do feitio deles abandonarem um desafio, e não seria essa a primeira vez. Mesmo desobedecendo uma ordem expressa de seu treinador, a quem juraram fidelidade, os Pokémon ainda assim tinham uma honra a cumprir, e proteger e ajudar seu treinador era uma das principais.

Machamp foi cercado pelos seis Pokémon. Mesmo que grande parte deles não tivesse vantagem alguma sobre o oponente, com exceção de Butterfree, todos ali estavam dispostos a ajudar a companheira a derrubar o grandalhão.

Ethan fechou os punhos.

— Muito bem, se o que vocês querem é lutar, eu não vou impedir. Vamos atacar! — Exclamou o garoto.

Um ataque em massa foi disparado. Machamp não conseguiu sequer se defender. Butterfree atacava com seus ataques psíquicos enquanto Sandslash e Larvitar combinavam seus golpes do tipo Terra. Quilava elevava a temperatura com seus ataques de fogo e Magnemite e Nidorino davam suporte com eletricidade e Water Pulse, respectivamente. A grande bola de energia combinada foi poderosa até mesmo para o grande e indomável Machamp, que caiu ao chão, nocauteado.

Ethan suspirou aliviado. Os Pokémon, mesmo que felizes, arfavam de cansaço. Aquela luta havia sido exaustiva, mas não haveria descanso. Eles teriam que subir a montanha e talvez Machamp fosse apenas um dos difíceis desafios que estavam por vir, e nenhum deles sabia qual ou quem seria o próximo oponente.

O corpo do Pokémon foi deixado estirado ao chão enquanto Ethan e seus Pokémon seguiam seu caminho para o desconhecido interior da montanha. Onde ficava a saída? Onde estava Amy? Eusine está vivo? Eram várias as perguntas sem respostas aparentes.


TO BE CONTINUED...

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