Archive for March 2018
Capítulo 43
Alguns dias se passaram desde o desaparecimento de Forrest. Ethan e Amy
já haviam perdido a esperança de vê-lo retornar para o Centro Pokémon de
Ecruteak, com a cabeça fria, com um pedido de desculpas e um sincero arrependimento
do que havia feito. Ele não ia voltar, e isso agora era um fato.
Após a alta do hospital, os dois arrumaram suas coisas e decidiram
seguir viagem. Apesar de ouvirem os pacientes e hóspedes do Centro Pokémon
apontarem e falarem sobre eles, os garotos decidiram não responder e nem
arranjar confusão. Eles só queriam sair de Ecruteak e seguir suas vidas,
torcendo para que as pessoas esquecessem que eles existiam, ou que pelo menos
algum outro evento abalasse a cidade e que virasse o novo motivo de conversa
entre as pessoas.
A cada passo que davam rumo à Rota 42, Ethan e Amy olhavam para os
lados tentando ver algum sinal de Forrest ou de seus Pokémon. Talvez eles
pudessem estar escondidos por ali por perto. Mas a cada vez que eles não viam
nada ou não tinham alguma resposta, a tristeza torturava mais. A caminhada foi
longa e silenciosa. Nenhum dos dois puxava assunto. Não porque estavam bravos
um com o outro, mas porque nenhum dos dois tinha coragem de falar sobre o
amigo, mesmo que esse não fosse o único assunto, mas era mais confortável para
todos que focassem na procura por ele. Até Amy, que era contra a ideia de irem
procurar pelo paradeiro de Forrest, concordou com Ethan, mesmo com ela sabendo
que o destino provável era Violet ou Goldenrod, onde há o Trem Magnético, que
faz o trajeto entre Johto e Kanto, e por onde o garoto poderia facilmente
regressar partindo de Ecruteak. Ela era esperta, mas talvez, pela primeira vez
em sua vida, quis se deixar preencher pela ilusão de que eles iriam se encontrar
logo.
Perdida em pensamentos, Amy nem percebeu quando Ethan chamou seu nome.
— Amy, por que a gente não dá uma parada aqui? Estamos caminhando há
horas e eu estou morrendo de fome... — Disse o garoto, apertando a barriga,
completamente exausto.
A garota, despertada de seu transe, olhou para os arredores, tentando
localizar-se. Viu que eles estavam cercados por uma enorme cordilheira. Um belo
lago cortava o caminho por dentre as montanhas e enormes árvores cresciam nas
margens do sinuoso lago. A Rota 42 fora construída ali, naquele paraíso
natural. Amy supôs que Mahogany ficava atrás das montanhas, visto que os cumes
não pareciam ser tão altos. Assim, a garota chegou à conclusão de que eles
estavam subindo a encosta das montanhas durante a caminhada que fizeram até
aquele ponto da rota. No entanto, algo estava fora do comum. Nenhum Pokémon
parecia estar ali. O silêncio predominava, fazendo com que Amy e Ethan andassem
cautelosos a medida que se aproximavam da margem do lago.
A dupla colheu algumas frutas das árvores próximas, colocaram as
mochilas na grama e sentaram-se ao pé de uma árvore, onde se refrescaram com a
brisa e relaxaram durante algum tempo.
A paz deles, no entanto, foi interrompida quando do meio das árvores
surgiu um Pokémon bastante conhecido deles, e que com certeza não fazia parte
da flora local. Era Sudowoodo, que passou por Ethan e Amy correndo, sem olhar
para trás.
— Sudowoodo?! — Exclamou o garoto, levantando-se apressado.
O Pokémon olhou para os humanos. Sua feição séria mudou para um sorriso
surpreso. Mas, meio segundo depois, voltou a fechar a cara e a correr para além
da Rota 42. Ethan e Amy pegaram suas coisas e saíram correndo atrás de
Sudowoodo.
A corrida continuou por alguns minutos. Os garotos já começavam a ficar
ofegantes, mas Sudowoodo, ágil, corria cada vez mais rápido. A surpresa maior
foi quando um outro Pokémon pulou na frente de todos, fazendo Amy soltar uma
exclamação e Ethan cair sentado no chão.
Sudowoodo continuou correndo. Poucos metros à frente, entrou em uma
caverna na base de uma das montanhas.
— É o... Suicune! — Exclamou Amy, baixinho.
O cão lendário começou a rosnar para ela e Ethan. Avançando lentamente
em sua direção, Suicune mantinha um olhar raivoso fixado nos garotos.
— Calma, Suicune... Somos seus amigos... Lembra? — Disse Ethan com a
voz trêmula, que continuava sentado no chão, paralisado de medo. Amy por sua
vez sacou uma de suas PokéBolas.
— Nos encontramos de novo, Suicune... — Uma voz conhecida chamou a
atenção de todos.
Eusine, eufórico, tinha uma expressão
maníaca em seus olhos. Observava Suicune como um lobo encontrando carne fresca
após semanas sem comer.
O Pokémon encarou seu oponente e saiu em velocidade para onde Sudowoodo
havia entrado.
— Volte Suicune! — Chamou Eusine, em vão.
— Você ainda vai atrás dele? Ele está muito irritado com alguma coisa,
é capaz de ele atacar você! — Exclamou Ethan.
— Não se preocupe comigo, garoto! Eu persigo Suicune há quinze anos, eu
sou bem grandinho já — Comentou o loiro sacando uma PokéBola. — Dentro do Monte
Mortar ele não tem escapatória.
— Seria coincidência Suicune ter entrado na mesma caverna que
Sudowoodo? — Perguntou Amy para Ethan, enquanto o auxiliava a levantar do chão.
— Eu não faço ideia, mas por via das dúvidas... É melhor seguirmos eles
— Disse o garoto em resposta.
— Eu não posso permitir que vocês façam isso — Comentou Eusine, de
forma séria.
— Como assim? — Perguntou Ethan.
— Perseguir Suicune. Eu não posso deixar vocês me atrapalharem.
Infelizmente, vocês vão ter que ficar aqui.
Amy dirigiu-se para Eusine e apontou o indicador de forma ameaçadora
para o rosto do viajante.
— Nós não queremos saber do Suicune. A gente quase foi atacado por ele.
Nós somos dois, você é um só. Meça suas palavras, ou se não é você quem vai
estar em apuros.
Eusine engoliu em seco.
— Nós estamos apenas seguindo o Sudowoodo que acreditamos ser de
Forrest. Não tem nada a ver com o Suicune, ele é todo seu — Disse Ethan do
chão, tentando amenizar a briga.
Arrumando a gravata, Eusine voltou a adquirir o tom arrogante na voz e
na postura.
— Creio que não tenho escolha se não ajuda-los a perseguir seu Pokémon
mequetrefe. Desta forma, vocês não me atrapalham com Suicune.
Amy fechou a cara e ameaçou socar o rosto de Eusine, mas Ethan conteve
a amiga.
Os três então saíram correndo em direção à entrada da caverna do Monte
Mortar. A caverna era imensa. Enormes estalactites eram refletidas na água do
chão, cristalina. Tão transparente que era possível ver o limo das pedras no
fundo da pequena lagoa. Pedras estas que faziam companhia umas as outras e que
estavam ali já há milhares de anos, moldadas pelo tempo, pela natureza e talvez
até por Pokémon que fizeram daquele lugar seu lar.
— Fiquem atentos a qualquer barulho que ouvirem... Existem muitos
Pokémon poderosos que moram aqui dentro do Monte Mortar. Se por acaso o grupo
se separar, foquem em chegar ao topo da montanha, é lá onde fica a saída —
Disse Eusine.
Os passos ecoavam por todas as paredes. Os pares de pés daquele grupo
batiam na água e, por mais que tentassem andar cautelosamente, o ruído que
faziam involuntariamente era enorme. A caverna aos poucos ficava cada vez
maior. Ao olharem para cima, não conseguiam mais ver o teto, apenas uma
imensidão negra. O local ia ficando cada vez mais escuro, então Eusine sacou
sua PokéBola e liberou Alakazam de sua PokéBola.
— Use o Flash, por favor — Pediu seu treinador.
O Pokémon humanoide, utilizando seus poderes psíquicos, fez as colheres
que segurava emanarem um forte brilho, iluminando o local. A grande caverna foi
mostrando seus detalhes, como as paredes rochosas que subiam pela parede que
não tinha fim. Não parecia haver nenhuma forma de vida ali, nenhum Pokémon
selvagem, o que era estranho, visto que se aquele era o lar de muitos Pokémon,
onde estariam eles, afinal?
Ao continuar caminhando, o grupo
soltou uma exclamação quando, metros a frente, uma enorme cachoeira os saudou.
E, em cima de uma das pedras perigosamente próximas a queda d’água, Suicune
esperava pacientemente.
— Suicune! — Exclamou Eusine, correndo em direção à cachoeira, sendo
seguido por Ethan e Amy.
O Pokémon lendário saltou majestoso do alto da cachoeira e pousou
defronte ao trio, agora com água na cintura. Eusine sacou uma PokéBola.
— Finalmente você resolveu aparecer! E eu não posso deixar escapar. Não
de novo. Mean Look!
Um Haunter saiu da PokéBola e olhou profundamente para Suicune. Uma
aura vermelha cobriu seu corpo, deixando-o imóvel enquanto sentia os olhos
negros do oponente possuírem seu corpo. Uma branca fumaça começou a envolve-lo,
fazendo com que uma neblina gélida começasse a cobrir o local.
— É o Suicune que está produzindo isso? — Questionou Ethan.
— Mean Look o paralisou... Talvez ele esteja usando o Mist
pra tentar criar uma distração... — Palpitou Amy.
— Muito bem Haunter, use o Lick! — Ordenou Eusine.
O Pokémon fantasma avançou em direção ao paralisado Suicune e lambeu
seu rosto. A agonia que o Pokémon lendário sentiu arrepiou todos os pelos do
seu corpo. Suicune chacoalhou a cabeça e olhou para a enorme cachoeira. Seu chifre brilhou e um raio multicolorido
foi disparado de sua boca, atingindo Haunter, que caiu nocauteado com a força
do golpe.
— Haunter! — Exclamou Eusine.
Suicune voltou a disparar o Aurora Beam, mas desta vez na direção da
queda d’água, congelando-a instantaneamente, fazendo a temperatura da água cair
imediatamente. O Pokémon correu sobre as águas e escalou a cachoeira congelada
até seu topo, olhando para baixo e dando um poderoso rugido.
Eusine sacou outra PokéBola, liberando Electrode.
— Você não vai escapar! Thunder!
— EUSINE, NÃO! — Berrou Amy tentando impedir, mas era tarde demais.
O Pokémon de Eusine liberou uma poderosa corrente elétrica de seu corpo
e disparou na direção de Suicune, atingindo-o. Entretanto, a eletricidade
percorreu o gelo, atraída pela umidade da caverna e acabou eletrocutando os
treinadores também, já que estavam dentro da água. O poderoso choque foi tão
intenso que fez Ethan, Amy e Eusine desmaiarem.
Uma enorme rachadura começou a cortar o gelo da cachoeira.
Despedaçando-se em milhares de pedaços, o enorme volume de água surgiu com
velocidade e violência, quebrando o gelo do lago e arrastando tudo o que via a
frente, incluindo Electrode, Eusine, Amy e Ethan.
No topo da cachoeira, Suicune percebeu os humanos sendo arrastados pela
água. Correu em alta velocidade para tentar resgatá-los, mas a incrível força
da água o impedia de pegar os três de uma vez. O Pokémon então pegou Eusine
pela capa, o colocou em suas costas e subiu com ele pelas pedras de dentro da
montanha, levando-o até uma das áreas altas da caverna, longe da correnteza.
O Pokémon lendário voltou a correr pela água fria procurando algum
sinal das demais vítimas, porém nada encontrou. Ele então mergulhou na poderosa
correnteza tentando localizar Ethan, Amy e Electrode debaixo d’água, mas eles
haviam desaparecido.
Enquanto procurava, uma enorme dor de cabeça acometeu Suicune. Mais uma
vez, desde que havia chegado àquela parte da região de Johto, algo estranho
acontecia. Uma fúria incontrolável tomava conta de seu corpo. A dor de cabeça o
fazia querer matar quem estivesse em sua frente. E por mais que tentasse
controlar, aquilo era muito mais forte que ele. Ele sabia que aquilo não era
normal. Ele sabia que devia ser obra dos humanos. E era dos humanos que ele
precisava de ajuda.
Não... Ele precisava se livrar dos humanos.
Mas seu coração dizia que sozinho ele não conseguiria chegar a lugar
algum. Não conseguiria resolver este enorme problema sozinho.
Mas nenhum Pokémon seria capaz de fazê-lo sentir assim... Com certeza
os humanos teriam dedo nisso. Sempre os humanos! Ainda a pouco, um deles atacou
o próprio Suicune! Aquilo era imperdoável!
O Pokémon lendário rugiu mais uma vez e saiu da água, correndo sem rumo
por dentro dos labirintos daquela enorme montanha para tentar livrar-se dos
pensamentos confusos.
***
Em algum ponto desconhecido da caverna, Sudowoodo corria apressado.
Ele, prestativo que era, tinha a missão de procurar pistas sobre o paradeiro de
seu mestre, Forrest. Seus companheiros de equipe mantinham-se atentos,
rastreando o garoto pelo cheiro. Ele com certeza havia estado ali.
Pelos caminhos sinuosos no coração da montanha, o Pokémon mantinha-se
concentrado para não se perder. Seu único azar, no entanto, era que diversos
caminhos que ele teria que percorrer até chegar ao topo da montanha estavam alagados.
Sua única saída era escalar as paredes para evitar tocar na água e tentar não
olhar para baixo. O medo com certeza poderia fazê-lo cair e se afogar.
“Ai, às vezes eu queria ter asas... Heracross bem que podia ter vindo
comigo.”, pensava ele enquanto tentava apoiar um de seus pés em uma das pedras
perigosamente posicionadas na lisa parede.
Ao terminar de escalar a parede e chegar no topo de um dos abismos do
interior do Mt. Mortar, Sudowoodo foi puxado pelos tentáculos de seu amigo
Shuckle. Os dois Pokémon olharam ao redor para checar se estavam sozinhos e
começaram a caminhar para o alto da montanha.
“Eu encontrei com os amigos do mestre. Eles estão aqui”, avisou
Sudowoodo.
Shuckle soltou uma exclamação.
“Rhyhorn precisa saber! Vamos, os outros estão muito na nossa
frente...”, comentou o parceiro, retirando de dentro de seu casco um pedaço da
camiseta de Forrest.
“Ah, mestre... Onde está você?”, perguntava Sudowoodo, de forma
melancólica, não obtendo resposta alguma.
***
Ethan tossiu. No primeiro sinal de consciência, seus pulmões expulsaram
água, fazendo o garoto vomitar sem pestanejar. Ele sentia frio. E vomitou de
novo. Sentiu suas narinas e seus ouvidos completamente entupidos de água.
Estava escuro. Aquilo era um sonho? A barriga do garoto roncava de fome.
O garoto levantou-se do chão. Passou a mão na cabeça, sentiu que estava
sem o seu boné. Levou a outra mão para a alça da mochila, e viu que ela
continuava fielmente presa ao seu corpo. Ethan suspirou aliviado, ainda tinha
as PokéBolas consigo.
— Amy? — Chamou o garoto.
A única coisa que Ethan obteve como resposta fora sua própria voz
ecoando pelas paredes.
Ele então abriu a mochila e foi liberando seus Pokémon, um por um:
Quilava, Sandslash, Larvitar, Nidorino, Magnemite e Butterfree, que olharam ao
redor, tentando se familiarizar com o local escuro.
— Quilava, você poderia por favor iluminar isso aqui? — Questionou
Ethan ao Pokémon, que prontamente atendeu acionando as chamas de seu corpo.
Podendo dar uma boa olhada ao redor, o garoto notou que onde estava não
parecia nem um pouco a mesma caverna com a cachoeira em que entrara a primeira
vez. O chão estava úmido, mas não havia sinal nenhum de que ele estava perto da
queda d’água da entrada da caverna. Ele então começou a ficar tenso.
— Galera, é o seguinte, a gente tá perdido. Eu nem me preocupo tanto
com a gente, porque estamos bem. Mas não sabemos onde a Amy está, nem se ela
está bem também. Vou precisar da ajuda de vocês para encontrá-la e pra sair
daqui. Posso contar com vocês?
Os Pokémon de Ethan afirmaram com a cabeça.
— Nosso destino é o topo da montanha. É lá onde encontraremos a saída.
Mas fiquem atentos a qualquer sinal de aproximação. Precisamos achar a Amy —
Disse o garoto.
Ethan analisou novamente o local em que estava. Decidir qual caminho
pegar não seria tarefa fácil, mesmo que ele pensasse em usar seus Pokémon para
achar uma saída. O garoto pediu para que seus Pokémon tentassem localizar o
barulho da cachoeira de onde estavam, mas nenhum deles tinha superaudição ou
superolfato. Então, Ethan fechou os olhos, respirou fundo e seguiu em frente.
O silêncio predominava no interior da montanha. Ethan havia se
esquecido de que estranhamente nenhum ser parecia habitar aquele local, o que
era realmente muito estranho, devido à dimensão do tamanho do Monte Mortar. O
som dos passos do grupo era a única companhia que tinham, fora, claro, as deles
próprios. As orelhas dos Pokémon permaneciam eretas, em constante atenção,
alertas a qualquer sinal de barulho estranho que pudesse estar a frente.
E foi justamente um barulho estranho que desviou a atenção de Ethan do
caminho. Um grunhido baixo pegou a todos de surpresa. Eles pararam e tentaram
localizar de onde vinha aquele som.
— Será que é um Pokémon...? — Questionou Ethan, num cochicho para seus
Pokémon.
Os Pokémon de Ethan se entreolharam e, por via das dúvidas, ficaram
preparados para atacar. O ruído foi ficando cada vez mais forte e alto. Uma
sombra começou a aproximar-se deles, lentamente. A criatura era enorme. Tinha
quatro braços bem musculosos cinza-azulados, sendo um par localizado na posição
normal, e outro par diretamente acima dos ombros, com furiosos olhos vermelhos
e lábios amarelos pálidos. O Pokémon fitava Ethan e seus Pokémon de forma
ameaçadora.
O garoto deu um passo para trás e pegou sua PokéDex.
— “Machamp, o Pokémon Superpoderoso. É a forma evoluída do Machoke. Ele
rapidamente balança seus quatro braços para sacudir os adversários com socos
ininterruptos de todos os ângulos e segurar os membros de seu inimigo para
arremessar a vítima no horizonte” — Informou o dispositivo.
Ethan engoliu em seco. Machamp deu um soco poderoso na parede da
caverna, reduzindo-a a pó, intimidando a todos.
— Machamp, nós somos amigos, não viemos incomodar você. Estamos apenas
procurando uma saída daqui... — Disse Ethan com a voz tremida.
Machamp berrou e partiu pra cima do garoto. Larvitar saltou na frente
de seu treinador e acabou sendo atingido em seu lugar, caindo violentamente no
chão.
— Larvitar! — Exclamou Ethan.
Quilava ardeu em chamas e partiu para cima do oponente com seu Flame
Wheel. Machamp, como um goleiro, agarrou o corpo do oponente com seus
quatro braços poderosos e o jogou para o canto com força. Sandslash ao ver os
companheiros caídos daquela maneira explodiu de raiva e foi o próximo a partir
para cima do grandalhão lutador para feri-lo com o Crush Claw. Mas Machamp o segurou pelos braços e também o
arremessou para o lado. Ethan assistia a tudo incrédulo. Aquele Machamp não era
um Pokémon comum, ele era treinado... Não seria fácil passar por ele.
O Pokémon continuava olhando para Ethan de uma forma ameaçadora.
Machamp então acelerou o passo na direção do garoto, mas Butterfree voou para a
frente de seu treinador e de seus olhos saiu um raio púrpuro que atingiu em
cheio o rosto do grande Pokémon, que cambaleou para trás.
Tanto Machamp, quanto Ethan soltaram uma exclamação de surpresa.
—É isso, Butterfree! Pokémon Lutadores têm fraqueza contra o tipo
Psíquico! — Exclamou o garoto.
Machamp levantou-se furioso, soltando um urro que ecoou pela caverna
inteira, balançando as estruturas e fazendo o chão tremer sob os pés de Ethan.
— Butterfree, você está pronta? — Perguntou o garoto para seu Pokémon,
que balançou afirmativamente a cabeça. — Ótimo, então vamos atacar com Confusion!
A borboleta disparou ondas invisíveis
de seus olhos em Machamp, que urrou de dor, como se seu crânio estivesse sendo
esmagada por uma prensa hidráulica. Sua ira ficava cada vez mais forte, e o que
ele mais queria era matar aqueles seres que tanto o incomodavam.
O Pokémon se levantou e cegamente avançou para a frente, tentando
acertar Butterfree de qualquer maneira. A borboleta, mais leve, desviava mais
rápido. Ethan tentava retornar seus Pokémon, mas eles se recusavam a entrar na
PokéBola. Não era do feitio deles abandonarem um desafio, e não seria essa a
primeira vez. Mesmo desobedecendo uma ordem expressa de seu treinador, a quem
juraram fidelidade, os Pokémon ainda assim tinham uma honra a cumprir, e
proteger e ajudar seu treinador era uma das principais.
Machamp foi cercado pelos seis Pokémon. Mesmo que grande parte deles
não tivesse vantagem alguma sobre o oponente, com exceção de Butterfree, todos
ali estavam dispostos a ajudar a companheira a derrubar o grandalhão.
Ethan fechou os punhos.
— Muito bem, se o que vocês querem é lutar, eu não vou impedir. Vamos
atacar! — Exclamou o garoto.
Um ataque em massa foi disparado. Machamp não conseguiu sequer se
defender. Butterfree atacava com seus ataques psíquicos enquanto Sandslash e
Larvitar combinavam seus golpes do tipo Terra. Quilava elevava a temperatura
com seus ataques de fogo e Magnemite e Nidorino davam suporte com eletricidade
e Water Pulse, respectivamente. A grande bola de energia combinada foi
poderosa até mesmo para o grande e indomável Machamp, que caiu ao chão,
nocauteado.
Ethan suspirou aliviado. Os Pokémon, mesmo que felizes, arfavam de
cansaço. Aquela luta havia sido exaustiva, mas não haveria descanso. Eles teriam
que subir a montanha e talvez Machamp fosse apenas um dos difíceis desafios que
estavam por vir, e nenhum deles sabia qual ou quem seria o próximo oponente.
O corpo do Pokémon foi deixado estirado ao chão enquanto Ethan e seus
Pokémon seguiam seu caminho para o desconhecido interior da montanha. Onde
ficava a saída? Onde estava Amy? Eusine está vivo? Eram várias as perguntas sem
respostas aparentes.
TO BE CONTINUED...