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Capítulo 17




Dois dias se passaram desde os acontecimentos com Celebi e Amy continuava sentada em sua cama observando a PokéBola GS. Ela permanecia intacta. Mas a garota temia que sua arma secreta não estivesse mais ali. Perdida em pensamentos, nem prestou atenção na batida na porta.

— Amy? — Chamou uma voz.

A garota se assustou e guardou a PokéBola GS na mochila. Ao olhar para trás, se deparou com Ethan e Forrest na porta. Era Ethan que havia despertado a garota de seu transe.

— Ah. Oi, meninos. — Amy deu um sorriso.
— A gente vai descer. A gente precisa terminar a inscrição do Torneio que vai ter daqui a pouco. Vamos? — Convidou o rapaz.
— Claro! Vamos lá. — A garota pegou a bolsa e acompanhou os garotos.

O Centro Pokémon estava lotado naquela manhã. Ethan, Forrest e Amy logo trataram de procurar o guichê de inscrições para cadastrar os Pokémon que iriam usar. Ao caminhar para o local indicado, encontraram Lyra e Joey conversando. O rapaz estava com a boca cheia de comida enquanto a moça mexia em um dos computadores.

— Bom dia, gente. — Disse Ethan aos colegas.
— E aí. — Respondeu Lyra indiferente.
— Bão dia, galera. — Disse Joey com a boca cheia.
— Ansiosos para o Torneio de hoje? — Questionou Forrest.
— Eu tô de boa. Eu fiquei sabendo que vai ser só de Pokémon Insetos. — Disse Lyra.
— Só de Pokémon Insetos? — Perguntou Ethan.
— É. Você é surdo? — Questionou Joey mastigando um pedaço de pão.
— Eu acho que vai ser legal. Eu vou poder usar o Shuckle. Eu ainda não tive chance de batalhar com ele. — Comentou Forrest parecendo ansioso.
— Eu tenho a Butterfree. — Disse Ethan.

Amy fez uma cara decepcionada.

— Eu não tenho nenhum Pokémon do tipo Inseto... — Murmurou a garota.

Ethan ficou surpreso.

— Mas o quê?! E agora?
— Não se preocupem. Na primeira rodada, a gente precisa capturar os Pokémon Insetos disponíveis. Então a gente pode usar eles em batalha depois. — Disse Lyra.

Amy ficou mais aliviada.

— Ufa! Vou poder brincar também. — A garota deu um sorriso.

O alto-falante ecoou.

— Senhores competidores, por favor, dirijam-se para o Parque Nacional de Goldenrod para o inicio das competições. — Ressoou a voz.

Aquelas 40, 50 pessoas se dirigiram ao norte da Cidade de Goldenrod. Alguns oficiais da Polícia local auxiliavam os treinadores no caminho. A praça que dava para o Parque estava toda iluminada. Um palco imenso foi construído no centro e as árvores aos arredores foram enfeitadas com refletores nos troncos.

— Senhoras e Senhores! Sejam bem-vindos ao Torneio Mensal de Caça aos Pokémon Insetos do Parque Nacional da Cidade de Goldenrod! Eu sou o Líder do Ginásio, Bugsy, e eu sou um dos organizadores disso tudo! — O jovem Bugsy estava no palco e falava entusiasmado para os competidores que se aproximavam correndo. — Cada um de vocês tem direito a seis Bolas Sport, que vocês devem usar para capturar o Pokémon que quiserem dentro do perímetro do Parque Nacional. Mas lembrem-se de que é proibido o uso de Pokémon para a captura. Vocês devem usar somente essa PokéBola!





Ethan, Amy, Forrest, Lyra e Joey permaneciam juntos.

— Então a gente não pode batalhar contra os Pokémon selvagens? Que negócio doido... — Disse Ethan curioso.
— Aqui continua sendo uma reserva nativa. Esse mesmo esquema é usado nas Zonas do Safari espalhados pelo mundo. — Explicou Forrest.
— Eu vou capturar o melhor Pokémon que eu puder! — Exclamou Lyra.
— Desculpa, gata, mas você não vai me superar. — Disse Joey

Ethan soltou uma risada forçada alta.

— Ha! Ha! Ha! Vocês NUNCA vão pegar um Pokémon melhor que o meu!

Enquanto os três discutiam, um sinal alto soou por todo o parque.

— Vocês tem meia-hora para encontrar o melhor Pokémon que conseguirem. Três. Dois. Um. Vão! — Anunciou Bugsy.

Os treinadores se espalharam por todo o lugar. Ethan, Amy, Forrest, Lyra e Joey se perderam na multidão.

***

Forrest já andava há alguns minutos procurando um Pokémon perfeito. Ele havia pensado em pegar um Beedrill bonito que chamou sua atenção, mas por ser acostumado a usar Pokémon do tipo Pedra, não daria certo com um Pokémon que usaria cem por cento das estratégias de batalha no céu.

A solução estava há metros de distância.

— Um Heracross...! — Exclamou o rapaz.




Heracross usava estratégias tanto no céu, quanto no chão. Forrest se lembrava de ter visto uma batalha fantástica feita pelo Heracross de Bugsy na batalha de Ginásio contra Ethan. Estava decidido.

O moreno aproximou-se devagar das costas do Pokémon, que estava distraído chupando a seiva de uma das árvores do Parque.

— Bola Sport, vai! — E atirou a PokéBola.

O Pokémon foi sugado para dentro e a cápsula jogada por Forrest começou a se mover violentamente. Um estampido o fez se libertar. Heracross agora encarava zangado o humano que interrompeu seu almoço.

— Você vai ser meu, seu monstrinho. — Sorriu Forrest determinado.


***

Era assobiando que Amy procurava um Pokémon. Procurava um diferente e que combinasse com o jeito forte da menina. Um Pokémon que fosse ágil e forte.

Era ignorou tudo sobre o Pokémon que queria quando viu uma criatura peluda dormindo no pé de uma das árvores que a rondavam.





Venonat, um Pokémon Inseto. Os seus olhos funcionam como radares. Ele pega e come pequenos insetos que se escondem na escuridão. Veneno escorre de todo o seu corpo.” — Informou a PokéAgenda de Amy.
— MEU SANTO GYARADOS, QUE POKÉMON BONITINHO! EU PRECISO DELE! — Exclamou Amy aos pulos arremessando a Bola Sport no Pokémon dorminhoco.

A cápsula se mexeu um pouco, mas trancou-se. O preguiçoso Venonat não mexeu sequer um músculo para se libertar.

— Essa foi fácil. Hehe. — Sorriu Amy recolhendo a PokéBola.


***

Lyra caminhava ao norte do Parque e parecia não se preocupar tanto em procurar um Pokémon. Para ela, qualquer um estava bom, contanto que fosse bom o bastante para auxiliá-la em batalhas. Um Pokémon estava tentando pegar frutas de uma árvore, mas não conseguia, elas não caiam. Lyra pegou a PokéAgenda.




— “Pinsir, um Pokémon Besouro de Veado. Com seus chifres, ele cava tocas para dormir à noite. Na parte da manhã, solo úmido se agarra ao seu corpo. Balança seus chifres longos em formato de pinça descontroladamente para atacar. Durante os períodos frios, ele se esconde no fundo de florestas”. — Informou o aparelho.

Lyra aproximou-se do Pokémon.

— Você tá com fome? — Perguntou a garota gentilmente.

Pinsir olhou para Lyra e se pôs em posição de ataque. A menina não temeu.

— Olha, come isso. — A garota retirou da bolsa um bolinho de chocolate caseiro. — Esse é um bolinho feito pela vovó. Experimenta.

Pinsir aproximou-se cauteloso da humana. Cheirou, cheirou e cheirou o lanche estranho que era oferecido. Em uma mordida só, devorou o alimento.

Lyra retirou mais um pacotinho da bolsa.

— Eu tenho mais. Pode comer.

O Pokémon foi comendo e comendo e adquirindo confiança em Lyra. Foi quando a garota se levantou e continuou a sua caminhada. Pinsir notou a saída da garota e a seguiu timidamente. Lyra se virou abruptamente.

— Eu tenho muito mais daqueles. — Sorriu a menina.

Pinsir a encarou com olhos pidões.

— Mas... Se você quiser mais, terá que vir comigo. — Disse Lyra pegando uma Bola Sport.

Pinsir encarou a menina e pareceu refletir sobre aquilo. Ele não era idiota. Trocar a sua liberdade por comida fácil? A resposta era óbvia.

O Pokémon nada fez e Lyra encostou o botão da PokéBola em sua cabeça, que nada fez para se defender. Estava capturado.

Lyra deu um sorrisinho sádico.

— Sempre funciona. — E se retirou dali.


***

Forrest encarava seu oponente já cansado. Já havia gastado suas cinco Bolas Sport, restava uma e ele precisava acertar dessa vez.

Heracross avançou com seus chifres em direção à Forrest que aguardou pacientemente. Quando o Pokémon estava a centímetros de distância, o moreno saltou para o lado e Heracross passou por ele, enfiando a cabeça no tronco de uma árvore próxima. O Pokémon se debatia bastante, mas seu chifre não saia do tronco da árvore. Um côco pesado caiu sobre sua cabeça e Heracross caiu nocauteado.

— Agora é o momento. Bola Sport, conto com você! — Forrest arremessou a PokéBola em direção à Heracross e viu o Pokémon ser sugado para dentro da cápsula.

O objeto se movia violentamente. Forrest estava apreensivo, mas se aliviou quando ouviu um estampido alto, anunciando o sucesso da captura.

— Eu disse que você seria meu. — Disse o moreno suado sorrindo para o objeto.

Uma campainha ecoou por todo o local. A voz de Bugsy soou em todos os cantos do Parque.

— Atenção senhores competidores! Restam apenas dez minutos para o primeiro teste terminar! Apressem-se!

***

Ethan agora corria contra o tempo. Os minutos se passavam e ele não havia conseguido pegar nenhum Pokémon.

— Como é que eles querem que a gente pegue um sem batalhar contra eles?! — Perguntava o garoto a si mesmo.

Procurando para os lados, viu o Pokémon perfeito.




— “Beedrill, um Pokémon Abelha Venenosa. Ele pode derrubar quaisquer oponentes com seus poderosos ferrões venenosos. Ele às vezes ataques em enxames. Ele tem três ferrões: O de sua cauda segrega o mais poderoso veneno”. — Informou a PokéAgenda de Ethan.

— É você mesmo que eu quero! Vamos lá, Bola Sport! — O garoto arremessou uma das PokéBolas no Beedrill que voava ali perto.

Um vulto passou por Ethan e partiu a esfera no meio.  Um Pokémon verde com lâminas no lugar de patas tentou agarrar o Beedrill que desviou e encarou seus oponentes.






— Hey! Esse Beedrill é meu! Eu vi primeiro! — Exclamou Ethan.

O Pokémon pareceu não ligar para Ethan e continuou a programar um novo ataque em cima de Beedrill.

— Scyther! Larga. Esse. Pokémon! — Ethan arremessou outra PokéBola, mas Scyther interceptou outra vez.

Beedrill começou a rondar os dois oponentes. Parecia estar gostando de ser disputada.

Scyther disparou na frente, mas Ethan arremessou outra PokéBola. Não acertou nada.

Beedrill se esquivava e passava propositalmente por entre Ethan e Scyther, que disputavam o prêmio como loucos.

O garoto já estava cansado. Scyther ainda não estava exausto, mas podia se notar o suor escorrendo em seu rosto. Beedrill ficou defronte aos dois e os desafiou erguendo um dos ferrões e o mexendo de forma provocativa.

Scyther saiu na frente. Ethan correu também com a PokéBola em mãos. Beedrill deu um ziguezague nos dois oponentes e decolou rumo aos céus. Ethan e Scyther foram pegos de surpresa.

Ethan arremessou a Bola Sport ao mesmo tempo em que Scyther tomava impulso para seguir atrás de Beedrill. O garoto tropeçou, caindo de bruços no chão e Scyther foi sugado pela esfera colorida. Beedrill deu uma risadinha ao ver seus oponentes derrotados e seguiu para dentro da floresta.

Ethan levantou-se após alguns segundos e procurou ao redor. Scyther não estava mais por perto. Nem Beedrill. A Bola Sport jazia no chão imóvel. Ethan sorriu.

— Beedrill, eu consegui te pegar! Levei a melhor sobre aquele Pokémon idiota! — O garoto arremessou a cápsula para cima liberando seu Pokémon.

Ethan deu um berro quando deparou-se com Scyther, mal-humorado, saindo da Bola Sport.

— O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AÍ? CADÊ O BEEDRILL?! EU NÃO ACREDITO QUE PEGUEI VOCÊ AO INVÉS DAQUELE POKÉMON DAORA!!!

Scyther não encarou o seu “mestre”. Cruzou os braços e bufou como se respondesse “eu não queria servir você como treinador”.


***

Restando três minutos para o fim das competições, Joey havia capturado quatro Pokémon: Um Kakuna, um Venomoth, uma Beedrill e havia acabado de pegar uma Butterfree. Já estava retornando para o começo do Parque Nacional quando deparou-se com um Pokémon com um grande cogumelo vermelho em suas costas.






— “Parasect, um Pokémon Cogumelo. É a forma evoluída do Paras. Ele permanece principalmente em lugares úmidos e escuros, não por ser inseto, mas por causa do grande cogumelo em suas costas. Quanto maior o cogumelo em suas costas, mais forte os esporos que ele solta.” — Informou a PokéAgenda de Joey.
— Parasect? Que Pokémon interessante... — O rapaz sacou a Bola Sport. — Vamos lá, PokéBola!

A cápsula encostou no cogumelo gigante das costas de Parasect, mas não abriu e caiu ao seu lado. O Pokémon então observou curioso. Joey procurava a última Bola Sport quando percebeu Parasect comendo a que havia sido arremessada nele.

— CARA, ISSO NÃO É DE COMER! — Berrou Joey.

Parasect comeu o objeto numa engolida só. Joey pareceu desesperado, porque não sabia se os treinadores seriam responsabilizados se alguma coisa de ruim acontecesse com os Pokémon, como sufocamento por comer uma PokéBola.

Parasect foi envolto por um brilho branco e todo seu corpo começou a encolher. Joey piscou os olhos e viu que a Bola Sport estava no chão, balançando. Um estampido anunciou o sucesso da captura.
O garoto se aproximou e viu a cápsula estava totalmente coberta por uma gosma pegajosa, possivelmente suco gástrico.

Uma campainha soou por todo o Parque. A voz de Bugsy ressoou mais uma vez.

— O tempo está esgotado! Treinadores, retornem para a entrada do parque!

Joey esticou uma parte da camiseta e pegou a Bola Sport que estava no chão. Com nojo, colocou-a em um dos bolsos.

— É cada uma que eu arrumo... Argh!


***

Em pouco tempo, os treinadores estavam de volta. Ethan, Joey, Forrest, Lyra e Amy acabaram se cruzando e se encontrando na frente do palco.

— 50 de vocês se inscreveram para participar do Torneio. 20 foram desclassificados por diversos motivos, seja por ter usado algum auxilio de seus Pokémon para capturar os Insetos do parque, ou por não terem conseguido sequer um Pokémon. Agora vamos a parte mais importante: O julgamento! — Exclamou Bugsy.

Os treinadores se entreolharam confusos.

— Liberem os Pokémon que vocês pegaram e fiquem visíveis atrás deles. Aquela bancada irá julgar os mais bonitos e fortes à primeira vista.

Todos liberaram seus Pokémon. Os juízes conversavam entre si e anotavam notas em um papel sobre a mesa. Avaliavam diversos requisitos e passavam uma peneira entre os competidores.

Passados alguns minutos tensos, Bugsy finalmente voltou a falar.

— Nessa fase, 14 de vocês foram eliminados. Os 16 restantes estão neste telão.

As fotos dos treinadores que passaram para a próxima fase apareceram. Ethan, Lyra, Amy, Forrest e Joey estavam entre os escolhidos.

Os garotos suspiraram de alivio.

— Agora vem a minha parte favorita... E acho que a de vocês também... — Sorriu Bugsy maliciosamente.

As fotos começaram a se embaralhar. Pares começaram a ser formados e os competidores que restaram começaram a ficar apreensivos. O que viria a seguir?

— Conheçam os seus oponentes da próxima rodada. — Anunciou o Líder de Azalea.

Em cima das fotos, um título em vermelho-tinto trazia em letras arredondadas “COMPETIÇÃO DE BATALHAS DE POKÉMON INSETOS”. Os pares, na verdade, eram os oponentes e quem enfrentaria quem.

Os garotos deram um suspiro de espanto.

Logo na primeira fase, Amy lutaria contra Ethan.
E Lyra duelaria contra Forrest.

A foto de Joey aparecia ao lado de uma garota ruiva.

— Que os jogos comecem! — Exclamou Bugsy agitado.


A primeira fase do Torneio de Pokémon Insetos terminou com uma surpresa. A dificuldade dos desafios aumentou a vontade dos jovens de saírem vencedores do torneio. Na fase de batalhas, o orgulho de cada um deverá se mostrar superior do que o do outro, e isso acarretará em batalhas emocionantes. Como isso vai acabar?




TO BE CONTINUED...










Notas do Autor (Capítulo 16)


"Os pais de Lyra, Gold e Crystal, célebres treinadores Pokémon, cuja mulher era irmã de Elm, mudaram-se para a região de Sinnoh ainda quando ela era muito jovem. Resolveu morar então com seus tios." - Pokémon Chronicles, Diário de Treinador - Episódio 2, Lyra.

Sim, senhores. Ethan e Lyra são irmãos, por parte de pai. A semente da discórdia foi plantada. Afinal, nenhum dos dois sabem disso ainda.

Resta saber quando e se isso um dia vai vir a tona, né? 

Eu sou do tipo de escritor que adora revelar segredos a vocês, leitores. Segredos estes que nenhum outro personagem sabe. Começando, por exemplo, com a Amy, uma ex-agente da Equipe Rocket. Ethan e Forrest não sabem dessa história ainda, e sabe-se-lá-Arceus quando é que ela vai contar, e se contar. A mesma coisa acontece aqui, com o Ethan e a Lyra. O relacionamento de Gold e os filhos não é dos melhores, nunca foi. Envolveu muita coisa, e por isso, nenhum dos dois têm boas recordações dos pais. Eles têm seus motivos.

Então, espero que vocês fiquem de olho, porque na quarta-feira, dia 30, o Diário de Treinador vai ser especial, focado na história do Gold e como aconteceu tudo isso. Como sabem, o Pokémon Chronicles é um complemento da nossa história principal, não existe por existir... E ainda bem que ele existe, se não, ia causar uma treta maligna na cabeça de vocês, né? EUHEAUHAEUHAEUEAH

Semana que vem, começam as competições de Goldenrod, no Parque Nacional. Novos Pokémon vem por aí... Quais serão os que vão entrar pra equipe? Quem vai pegar novos Pokémon? Aguentem até quinta-feira, meia-noite!


See ya!



Capítulo 16



Após sair vitorioso da batalha de Ginásio, Ethan continua sua jornada na Cidade de Goldenrod com seus amigos Amy e Forrest. O objetivo do grupo agora é o Torneio Pokémon de Caça aos Insetos, no Parque Nacional da Cidade. Se encontrando agora no Centro Pokémon, os três descansam no saguão.

— Estou muito contente... O nível das minhas batalhas está subindo. Espero que os desafios não diminuam a dificuldade daqui pra frente! — Exclamou Ethan sorrindo.
— Eu gostei de ver seu desempenho ontem, Ethan. Foi arrasador como você batalhou de forma diferente do convencional. — Sorriu Forrest.
— Eu acho que você deveria focar em pegar mais Pokémon. — Disse Amy indiferente.
— Ué, pra quê? Eu tô feliz com a minha equipe. Quilava, Sandshrew, Butterfree, Wobbuffet e Wooper foram essenciais na minha batalha. — Respondeu Ethan.
— Eu sei disso. Mas cada Ginásio é diferente. Cada treinador é diferente. Se você tiver uma boa variação de Pokémon e tipos, eu acho que você vai conseguir bolar novas estratégias e se sobressair. — Argumentou Amy olhando séria para o rapaz.
— É... Acho que vou pensar nisso. — Disse Ethan dando de ombros.

As portas do Centro Pokémon se abriram. Os garotos olharam e se depararam com um rapaz andando apressado para o balcão onde a Enfermeira Joy atendia. Seus cabelos amarronzados despenteados harmonizavam com sua expressão séria. Vestia uma camisa social acinzentada com gravata azul e calça verde desbotada. Ainda que simples, o rapaz aparentava um porte superior aos demais cidadãos da Cidade de Goldenrod.




— Enfermeira Joy, por favor, as minhas PokéBolas estão prontas? — Questionou o jovem.
— Sim, Bill. Só um segundo, irei pegar para você. — A sorridente moça entrou na sala atrás do balcão. Bill parecia impaciente.

Alguns minutos se passaram e então a Enfermeira Joy retornou trazendo consigo uma bandeja com três PokéBolas. Bill agradeceu e se virou para se retirar dali. No entanto, escorregou e caiu no chão.

Ethan, Amy e Forrest correram para socorrer o rapaz.

— Que isso, mano? Tropeçando no além?! — Questionou Ethan ajudando Bill a se levantar.
— Não foi nada, está tudo bem, tudo bem. — Respondeu Bill usando uma certa emergência na voz.
— Está tudo bem mesmo? Você não se machucou? — Questionou Amy.
— Eu estou bem, já falei. — Tornou a responder Bill cortando o assunto, enquanto limpava suas roupas. — Desculpem, mas eu estou com um pouco de pressa no momento.
— Existe alguma vez em que você não esteja com pressa, Bill? — Perguntou Forrest.

Bill olhou para cima e olhou para o dono daquela voz tão conhecida.

— Há quanto tempo não lhe vejo, querido amigo?
— Acho que desde aquela vez em que você e Brock encontraram aquele fóssil de Kabuto em Pewter...
— Vocês se conhecem? — Perguntou Ethan confuso.
— Já tem alguns anos. — Respondeu Forrest com um sorriso.
— Eu sou Bill, pesquisador Pokémon. — O jovem parecia mais tranquilo agora.

Amy ficou estática. “Bill”? Aonde já ouvira aquele nome?

— Eu sou Ethan, treinador de Pokémon.
— Eu me chamo Amy e também treino um pouquinho. — Se apresentou a garota mostrando um sorriso simpático.
— Bill é um dos melhores pesquisadores Pokémon que eu conheço. Já desenvolveu muitas teorias com o Professor Carvalho. — Apresentou Forrest com um sorriso.

Amy se lembrara. A teoria de clonagem Pokémon, cuja cópia ela trazia em seu notebook dentro da bolsa, tinha embasamento em um texto escrito por aquele Bill há muito tempo. Ele nunca representou um perigo real para a Equipe Rocket... Mas era bom a garota ficar esperta.

— Eu nem sabia que você estava em Johto. Está passeando? — Perguntou Bill à Forrest.
— Na verdade, eu estou em uma jornada de treinamento, para poder assumir o Ginásio de Pewter. — Respondeu o moreno.
— Nossa, que barato! Espero que você ao menos tenha um terço do talento do seu irmão. — Zombou Bill.
— Eu tento. — Respondeu o garoto com um sorriso.
— Por que vocês não vêm ao meu laboratório? Eu quero mostrar uma coisa pra vocês.
— O que seria? — Perguntou Amy.
— Uma máquina do tempo!

Ethan e Forrest ficaram atônitos. Amy alongava as orelhas na tentativa inútil de tentar captar mais informações do que era possível.

— E por que você elaborou ela, Bill? — Questionou Ethan.
— Eu sou um aficionado por Pokémon. Eu estudo Pokémon desde jovem. Desde os mais antigos até as espécies atuais. Eu queria entender como os Pokémon antigos viviam junto com os humanos pré-históricos... Seria uma descoberta importante! — Exclamou Bill com brilho nos olhos.
— Podemos ajudar? — Questionou Amy tentando fazer um tom de voz menos ansioso possível.
— Claro! Vamos todos ao meu laboratório. Lá eu mostro como é que faremos. — Bill conduziu os garotos para fora do Centro Pokémon.

O laboratório de Bill ficava no centro da Cidade. O grupo andou por cerca de vinte minutos até chegarem ao local. E que laboratório fantástico! Várias espécies de Pokémon andavam no imenso jardim que havia ali. Os garotos ficaram encantados.

— Eu sou um pesquisador Pokémon. Conviver com eles faz parte do meu trabalho. — Justificou Bill.

Ao entrarem no Laboratório, os garotos se depararam com vários quadros com fotos de Pokémon. Bill parecia ser fanático. Havia estátuas, miniaturas, desenhos e anotações, tudo sobre Pokémon.

— Você realmente leva seu trabalho a sério, não é mesmo? — Disse Amy impressionada.
— Eu sou perfeccionista. Então eu preciso levar a sério. — Respondeu Bill com um sorriso.

O corredor de pesquisas era movimentado por cientistas que andavam apressados de um lado ao outro. O que chamava a atenção era uma máquina imensa que tocava o teto do lugar. Os garotos ficaram impressionados com a magnitude do sistema.

— Essa é a sua máquina do tempo? — Perguntou Ethan de boca aberta.
— Sim. Já faz um tempo que eu venho trabalhando nela. – Respondeu Bill.
— Já podemos ir para o passado então?! — Ethan estava eufórico.
— A qualquer momento. — Confirmou o pesquisador.
— Então o que estamos esperando? Vamos logo! — Exclamou Amy.

Forrest encarou o amigo e cochichou discretamente.

— Essa invenção vai dar certo, né? Digamos que você não tem muita sorte...
— Eu estou convicto de que vai ser um sucesso. Eu não tenho dúvida nenhuma! — Exclamou Bill, tentando passar confiança ao moreno que suspirou.
— Muito bem... Vamos ver aonde é que isso vai dar...

A poderosa máquina abriu uma porta no compartimento frontal. Amy e Ethan entraram, sendo seguidos de Bill e Forrest. Os assistentes mexiam nos computadores.

— Vamos agora voltar mil anos no passado, ver como era o mundo e quais Pokémon viviam naquela época. — Anunciou Bill.
— Vai doer? — Perguntou Ethan com um leve temor na voz.

Bill pareceu refletir por um instante.

— Eu não faço ideia.

A máquina começou a tremer. Ethan, Amy e Forrest sentiram um puxão na boca do estômago. A máquina vibrava cada vez mais e violentamente. Um barulho alto, quase ensurdecedor, surgiu no local. Fumaça subia. Todos tossiam.

Ethan saiu da máquina. Via os cientistas olhando sem entender nada para ele.

— Saudações, povo de um passado distante. Eu venho do Futuro. Eu venho em paz. — Ethan falava erguendo a mão direita e fazendo um sinal alienígena.



Os cientistas continuavam a olhar para o garoto sem entender nada.

— Ethan... — Chamou Forrest baixinho. Ethan não deu bola.
— Eu venho em paz. — O rapaz voltou a sua atenção aos cientistas.

Um dos cientistas se pôs a frente.

— Professor, a máquina deu defeito. — Disse calmamente.
— Obrigado, George. — Respondeu Bill.

Ethan olhou confuso.

— Ainda estamos em 2016, Ethan. — Disse Amy.

O garoto ficou estático.

— Então, o que foi dessa vez? — Forrest se retirou da máquina junto com Bill.
— Acho que os conversores sobrecarregaram... — Bill começou a investigar a máquina. Ethan voltou para dentro da máquina.
— Tá tudo bem? — Perguntou Amy com os braços cruzados, não conseguindo esconder um sorrisinho.
— Eu paguei o maior mico lá. — Respondeu Ethan com a cara fechada.
— Não fica assim, gatinho. Essas coisas acontecem. — Disse a garota de forma simpática.

A máquina começou a tremer novamente. Amy e Ethan sentiram o puxão no estômago. A porta da máquina fechou bruscamente.

— Cara... O que é que tá pegando?! Bill, para de brincadeira, seu maluco! — Ethan começou a socar a porta na inútil tentativa de abri-la por dentro.
— Droga... Acho que deu zica. — Disse Amy tentando manter a calma.

Do lado de fora, Forrest encarava espantado o que acontecia.

— Bill... O que tá acontecendo? — Perguntou o garoto correndo para a máquina e tentando abrir a porta.
— A máquina parece que tem vida própria! — Exclamou o pesquisador.

Dentro da máquina, Ethan e Amy sentiam uma tontura indescritível. Tudo rodava, como se estivessem sendo centrifugados. Houve um estampido dentro de suas cabeças e então todas as luzes de suas consciências se apagaram. Eles caíram no abismo do desconhecido e seus cérebros foram desligados, como uma resposta automática do stress que estavam tendo e suas mentes foram tomadas pelo subconsciente. A Existência deles sumiu.

***

Um cheio floral invadiu as narinas de Amy. Recobrando os sentidos, a garota sentiu que estava em uma cama. Deixou-se abrir os olhos. A claridade a incomodou nos primeiros instantes, mas logo acostumou-se. Ao erguer a cabeça, viu que uma Chansey a observava curiosa.

— Chansey...? Isso aqui então é um Centro Pokémon...?

Percebeu um movimento. Olhou para o lado e viu Ethan dormindo tranquilamente. A garota levantou-se de sua cama e acordou o amigo.

— Hey, você tá bem?
— Hã...? Amy! Hey... Eu tô bem sim. Onde nós estamos? — Questionou o garoto sonolento.
— Acho que no Centro Pokémon de Goldenrod... — Respondeu a garota tentando encontrar alguma resposta nas paredes brancas.

Os garotos saíram do quarto e desceram até a recepção. Tudo estava muito calmo. Nem parecia que estavam naquela cidade há dois dias. Era um outro clima no ar.

— Bom dia, jovens. Gostaram da estadia? — Perguntou a Enfermeira Joy ao perceber a entrada dos jovens na recepção.

Amy e Ethan se entreolharam confusos, mas tentaram fazer um sorriso simpático à mulher.

— Sim, sim, muito obrigado. — Disse Ethan.
— O Centro Pokémon da Cidade de Goldenrod espera vê-los novamente! — Disse a enfermeira de forma automática com um sorriso, como se tivesse lido um roteiro.
Ao saírem para o lado de fora, os dois soltaram uma exclamação. A Cidade de Goldenrod estava totalmente diferente. Alguns prédios não existiam. Goldenrod parecia mais ampla. Os garotos se entreolharam.

— O que tá acontecendo aqui...? — Ethan questionou para Amy.
— Eu não sei... Tem alguma coisa muito errada. — Respondeu a garota de forma tensa.

Os garotos caminharam pelas ruas agora pouco movimentadas da cidade. Enquanto debatiam sobre as coisas estranhas em sua volta, um grupo de três adolescentes seguia em direção do casal de amigos. Um deles vestia um casaco laranja, shorts amarelos, olhos dourados e um boné idêntico ao de Ethan, no mesmo estilo. A garota que o acompanhava tinha seus cabelos azuis-esverdeados amarrados em marias-chiquinhas que eram cobertos por uma touca amarela. Usava uma camiseta rosa com um pingente que suspendia uma PokéGear antiquada e um casaquinho rosa por cima para complementar. Suas canelas finas eram cobertas por um short legging amarelo, que parecia bastante confortável. O último rapaz, por fim, usava uma capa acinzentada como um super-herói. Vestia uma camisa surrada azul com a estampa de uma PokéBola e calças jeans. Seus grandes cabelos amarronzados estavam penteados para trás. Estava com os braços cruzados e emburrado.

— Eu odeio quando vocês me chamam de mentiroso! — Exclamou o menino zangado.
— A culpa não é nossa se você insiste nessa coisa do Suicune. — Retrucou o garoto de olhos dourados.
— Gold! Zin! Eu já falei pra vocês não ficarem brigando assim! — Exclamou a garota num tom chateado.
— Ele que começou com aquela história de novo, Kris. Eu não tenho culpa! — Gold, o garoto dos olhos dourados, se defendeu cruzando os braços e franzindo o cenho, parecendo sem paciência.
— O Suicune existe sim! Eu vou captura-lo e eu vou jogar na cara de vocês!
— Tá, tá, Eusine. Faça isso e prove também que unicórnios existem. — Provocou Gold.

Ethan ficou estático. Amy olhou para o garoto preocupada.

— Ethan... Tá tudo bem? — Perguntou a moça não obtendo resposta.

Kris olhou para frente e notou o casal.

— Gold, olha! Aquele menino não tá usando um boné igual ao seu? — Perguntou a garota apontando para Ethan, que permanecia em choque por algum motivo.
— Impossível! Esse boné é único! — Exclamou o garoto de forma egocêntrica. — Eu ganhei do meu pai depois que ele venceu a Liga e... — Gold olhou para onde Kris apontava. — MAS O QUÊ?!
— Acho que dessa vez, você é o iludido. — Eusine deu um sorriso vingativo.

Gold correu até Ethan com a expressão séria.

— Ei, garoto! Onde foi que você conseguiu esse boné? — O rapaz questionou levantando o tom de voz.

Ethan permaneceu mudo.

— Você não fala? Qual é o seu problema? — Gold deu um empurrão no peito do garoto que caiu para trás.

Gold nem viu quando Amy se moveu. Sentiu apenas um soco do lado direito do rosto e tropeçou, sentindo o chão duro da calçada em seguida.

— Gold! — Kris correu em direção ao amigo para ajuda-lo a se levantar.
— Você tá louca, guria?! — Gold esbravejou do chão.
— Você é um ignorante. — Respondeu Amy com frieza na voz.

Gold, com ajuda de Kris, levantou-se. Encarou Amy e sacou uma PokéBola.

— Vamos definir isso numa batalha Pokémon. — Desafiou com arrogância.
— Eu não quero. — Respondeu Amy séria se posicionando ao lado de Ethan.

Gold deu um sorriso sarcástico.

— Está com medo?

Amy engoliu em seco aquela provocação.

— Não. Eu não perco meu tempo usando meus Pokémon contra gente fracassada.

Uma expressão de fúria tomou conta do rosto de Gold, que levantou a mão em direção à Amy. Um terceiro braço impediu o rapaz de continuar o golpe.

— Não seja covarde. — Eusine o encarava sério.

Gold o encarou com nojo e se retirou dali, seguindo em direção ao Centro Pokémon.

Kris e Eusine ajudaram Ethan a se levantar e se certificaram que o garoto não havia se machucado.

— Está... Tudo bem... — Respondia Ethan com a voz fraca.
— Eu peço perdão pelo comportamento do meu amigo... Ele não tolera ser desafiado assim por um desconhecido... — Disse Kris visivelmente constrangida.
— Está tudo bem. Eu já estou acostumada a conviver com pessoas estúpidas. — Disse Amy forçando um sorriso. — Eu sou Amy. E esse é o meu amigo, Ethan.
— Eu sou a Kris. E esse é o Zin. — Disse a garota colocando o ombro em cima do amigo.
— É Eusine, Kris... — Retrucou o amigo baixinho, visivelmente com vergonha.
— Eu acho Zin mais bonitinho. — Argumentou Kris com um sorriso, deixando Eusine mais vermelho ainda.

Amy observou o pescoço de Kris e se deu conta do aparelho estranho que a garota tinha.

— O que é isso? — Perguntou apontando para o aparelho.

Kris pareceu chocada.

— Isso aqui? Querida, de que mundo você é? É a melhor tecnologia em comunicação digital já produzida! Todos os novos treinadores estão usando. É algo que revolucionou os anos 1990! É o PokéGear! — Kris tirou o objeto do pescoço e entregou nas mãos de Amy. Apertando o botão lateral, a garota levou um susto. O visor mostrava informações estranhas.

— 19 de Abril de 1991...? — Amy disse devagar tentando absorver.
— É a data de hoje, amiga! Você tem certeza que tá bem? Vai dizer que acha estanho agora ser onze da manhã? — Kris perguntou irônica.

Amy entregou o PokéGear de volta para Kris e puxou Ethan.

— A gente precisa ir! — Exclamou a garota.

Kris permaneceu estática com uma expressão de surpresa no rosto.

— Essa gente é tudo louca... Deve ser do interior. Vambora atrás do Gold, Zin.

Kris não obteve resposta.

A garota notou que estava sozinha.

— Zin? ZIN? Ah, cara... Odeio quando ele some assim... — Kris pendurou o PokéGear de volta no pescoço e se dirigiu calmamente ao Centro Pokémon.

...

Amy corria com Ethan em seu encalço pela Cidade de Goldenrod a procura do Laboratório de Bill. Ao virar na mesma rua, viu o que não queria: Não havia nada lá. No lugar, um terreno baldio abandonado.

Ethan arfava de cansaço. Sentou na calçada e mal percebeu quando Amy sentou ao seu lado.

— O que tá acontecendo...? — Perguntou o garoto com uma expressão séria.
— Eu não faço ideia. Tá tudo estranho... A gente estava em 2016 agora a pouco, nessa rua, no laboratório do Bill... Agora parece que voltamos 25 anos no passado. Eu não sei como isso aconteceu. — Suspirou Amy.

Houveram alguns minutos de silêncio até Ethan se manifestar.

— Esse boné pertenceu ao meu avô.

O vento fazia companhia. Alguns Pidgey observavam curiosos os jovens. Amy estava perdida em pensamentos quando foi obrigada a questionar de novo.

— Desculpa. O que disse?
— Esse meu boné... Ele pertenceu ao meu avô. — O garoto tornou a dizer.

Amy pareceu confusa. Não fazia sentido o que Ethan dizia. Demorou alguns segundos até a garota exclamar.

— Mas então...
— Aquele Gold é meu pai. Ele era treinador também quando jovem e viajou com a mãe da Lyra. Meu pai saiu de casa logo depois que eu nasci e não voltou mais. Mamãe sempre disse que ele teve um negócio para resolver urgente e teve que sair em viagem... Mas eu sei que ela só disse isso pra me proteger.

Amy observava atentamente.

— Sinto muito... — Suspirou a menina passando a mão no rosto de Ethan.
— Eu sempre quis sair em uma jornada Pokémon pra eu me livrar desse passado, sabe? Dar orgulho pra mamãe. Ela sempre fez de tudo por mim e eu quero ser alguém. E a única coisa que eu encontrei foi exatamente a Liga. Não quero competir pra ser o melhor treinador do mundo, mas sim, pra conseguir mostrar pra todo mundo de New Bark que eu fui capaz de tomar uma atitude e mudar as coisas. Não ser mais um caipira tosco de lá. — O garoto parecia muito chateado.
— Você nunca me falou sobre isso.
— Eu não queria que você me achasse um babaca, Amy...

Amy sorriu.

— Eu não te acho um babaca, bobinho. — E deu um suave beijo em seu rosto, deixando o garoto sem graça.
— Obrigado. Espero conseguir cumprir meus objetivos.
— Eu sei que você vai conseguir.

Uma forte ventania chamou a atenção dos dois. Ao olharem para trás, um redemoinho se formava bem no meio do terreno abandonado e crescia monstruosamente.

A bolsa de Amy emanou um brilho e a PokéBola GS flutuou para fora, bem na frente deles. Um pequeno Pokémon esverdeado que parecia uma fada surgiu e começou a dançar ao redor dos dois, se aproximando curioso da PokéBola dourada que brilhava intensamente. Amy não conseguia chegar perto do objeto ou do Pokémon, alguma coisa segurava seus braços. O Pokémon aproximou-se de Amy e Ethan que o encaravam admirados.


Cele... Bi? — Questionou o Pokémon com uma vozinha aguda.

Ethan não conhecia aquele Pokémon e não podia checar sua PokéAgenda, pois também estava imobilizado.

Celebi aproximou-se da PokéBola GS e apertou seu botão central. Amy tentou gritar para impedir, mas não conseguiu ouvir sua própria voz. Ela desaparecera.

Com um solavanco na boca do estômago, tudo desapareceu novamente.

***

Foi necessário um dia inteiro no Centro Pokémon para que Ethan e Amy se sentissem melhor. Nenhum dos dois conseguiu dormir e ainda permaneciam em quartos separados. Por diversas vezes um ou outro tentava escapar para visitar o quarto ao lado, mas Chansey impedia tal ato. Eles precisavam descansar.

Na manhã seguinte, Bill apareceu com Forrest. Ele foi recepcionar Ethan e Amy na saída do hospital, pedindo desculpas sempre que podia.

— Graças aos céus que vocês estão bem! Eu não me perdoaria nunca se vocês tivessem ido parar na dimensão dos Unown! Eu preciso fazer mais testes naquela máquina antes de querer viajar no tempo de novo... — Disse Bill sem graça.
— Dá próxima vez, vai sozinho. — Disse Forrest com um sorriso.

Amy ainda se fazia a mesma pergunta e resolveu repeti-la.

— Como foi mesmo que a gente voltou?
— A máquina ejetou vocês pra fora. Eu não sei como vocês conseguiram reestabelecer contato, mas funcionou! — Exclamou Bill.
— Ainda bem mesmo que vocês estão bem, gente... Eu não saberia me virar sem vocês por perto. — Disse Forrest apoiando-se nos ombros de Ethan e Amy.
— Existem muitas coisas que não precisamos saber... Deixa o destino mostrar pra gente como tudo se resolve. — Disse Ethan.
— Concordo com você. — Respondeu Amy com um sorriso.

Bill se aproximou de Ethan.

— Como meu sincero pedido de desculpas, eu lhe dou este ovo.




O garoto segurou o objeto e olhou surpreso para Bill.

— Um ovo? Por quê?
— Os Pokémon nascem de ovos. E deste ovo pode nascer qualquer Pokémon, inclusive muito raros. — Explicou o pesquisador.

Ethan encarou o ovo, mas estendeu os braços.

— Eu não posso aceita-lo.
— Por que não? — Perguntou Bill, surpreso.
— Porque eu não sei se consigo...

Bill sorriu.

— O milagre do nascimento é maravilhoso. Você se torna mais responsável e atencioso ao cuidar de um bebê. E eu tenho certeza de que você conseguirá dar conta disso.

Ethan sorriu.

— Eu farei o meu melhor.

A intervenção humana na descoberta dos mistérios do mundo acaba às vezes fazendo com que coisas imprevisíveis aconteçam. Amy e Ethan estreitaram sua relação íntima após uma aventura misteriosa. Os segredos e mistérios do passado que foram revividos hoje terão sua compreensão em algum momento no futuro. E enquanto o passado se resguarda, seus mistérios terão muito mais questões a serem observadas. Ethan agora tem um novo objetivo, criar um ovo Pokémon. A semente do amanhã está nas coisas mais simples, e o fato de nos dedicarmos à ela a faz crescer e desabrochar.





TO BE CONTINUED...




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