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Episódio R
A verdadeira história da Equipe Rocket contada desde os primórdios.
Kanto e Johto. Duas regiões
vizinhas, administradas pelo mesmo governo. Duas regiões que, desde tempos
antigos, se desenvolveram juntas. No entanto, anos atrás, uma
insatisfação geral acabou sendo transformada em vingança. Na
era de um governo irresponsável, Madame Boss, uma das integrantes da Elite 4,
rompe com o governo e tem o plano de derrubá-lo e criar um novo.
Livro 1: Gênese.
Ato 2: Revolução.
Ato 3: Legado.
Capítulo 33
O S.S. Aqua percorria a toda velocidade as águas calmas do Oceano. Ethan, Amy e Forrest curtiam a viagem e se encantavam pela maravilhosa vista que o navio de luxo proporcionava. Eles aproximavam-se das Ilhas dos Redemoinhos, um lugar próximo da Rota 41 de Johto.
— Que sorte a nossa poder tirar férias da melhor maneira
possível... — Suspirou Amy.
— A Liga Pokémon é só em Fevereiro, no Verão. Nós temos um bom
tempo até lá. — Comentou Forrest.
— No mês do meu aniversário. — Disse Ethan, sorrindo.
— Você já tem quatro Insígnias. Está na metade do caminho. E está
indo muito bem. — Forrest comemorou.
— Cianwood tem um Ginásio. Assim que conseguirmos pegar o remédio
do Amphy na farmácia, a gente parte direto pra lá! — Exclamou Amy.
— É isso aí! Mas eu não quero pensar em batalhas hoje. Vamos
curtir a viagem. — Disse Ethan sentando numa espreguiçadeira no convés do
navio.
Os Pokémon dos treinadores curtiam a brisa que batia em seus
rostos. Os menores, junto com Nidoran♂, brincavam entre si enquanto os mais velhos permaneciam
concentrados. Scyther era o mais isolado de todos.
— O que você vai fazer com ele, Ethan? — Perguntou Amy,
sentando-se ao lado do amigo.
Ethan ergueu a cabeça.
— Com quem? Com Scyther? Eu não sei ainda... Bem, ele é o meu
Pokémon, então eu acho que mais cedo ou mais tarde a gente vai ter que se
acertar... Eu só tinha três insígnias quando eu o capturei, agora eu tenho
quatro. Não é possível que esse monstrinho não me obedeça... — Disse o garoto
voltando a se deitar na espreguiçadeira.
Duas pessoas observavam o movimento do navio. A moça de cabelos
púrpuros estava de óculos e um biquíni com estampa de PokéBola. O outro estava
de óculos, com uma boina escura cobrindo seus cabelos ondulados, deitado sob
uma espreguiçadeira, com uma perna sobre a outra. Mari e Léo estavam dentro do
navio, disfarçados como um casal comum. Observando o movimento, se preparavam
para colocar mais um plano em prática.
— Mari... Como estamos indo? — Perguntou Léo quase em um sussurro
inaudível.
— Por enquanto, não temos nada de interessante... Espere o Silver
dar a ordem. — Comentou a moça, indiferente.
Léo suspirou.
— Tédio... — Suspirou o rapaz.
— Ao menos podemos usufruir de todos os serviços desse
transatlântico maravilhoso... E quem sabe até mesmo descolar uns Pokémon de uns
treinadores otários... Vai ser bom pra Equipe Rocket. E nós trabalhamos demais,
merecemos umas férias. — Disse Mari passando protetor solar nas costas do
namorado.
— Já tivemos férias demais com a morte do Giovanni... — Comentou
Léo de forma séria.
Cada vez mais o navio se aproximava de grandes redemoinhos no meio
das águas. Aquilo chamou a atenção de Amy.
— A Ilha dos Redemoinhos...?
— Cochichou para si mesma.
Um celular começou a tocar. Mari atendeu.
— Prateado. — Disse a
voz de Silver no aparelho.
— “Prateado”. — Repetiu a moça em voz alta.
Amy se virou abruptamente.
— “Prateado”...? — E encarou Mari, estática.
A mulher deu um sorriso sádico para Amy e fechou o telefone.
A garota correu na direção de Mari, mas ela foi mais ágil e saltou
do convés do navio em direção ao oceano.
O estibordo explodiu. Vários agentes da Equipe Rocket disfarçados
de viajantes imitaram a mulher, deixando várias pessoas que, sem entender nada,
corriam desesperadas de um lado para o outro com medo da explosão.
Amy pegou sua bolsa, recolheu seus Pokémon em uma velocidade
incrível e deixando Ethan e Forrest para trás, pulou e afundou nas águas
profundas, próximo de um redemoinho fatal.
Os garotos se entreolharam e recolheram seus Pokémon. Em um ato de
impulso, Ethan pulou no oceano e liberou Wooper, que guiou o treinador nas
águas turbulentas.
Forrest não tinha nenhum Pokémon aquático, mas a ajuda veio
voando. Charizard pousou ao seu lado trazendo consigo seu treinador, Red. O
rapaz pousou no casco do navio e retornou seu dragão, puxando outras duas
PokéBolas.
Lapras e Blastoise surgiram e, com uma troca de olhares, Forrest
havia entendido o recado. Enquanto o moreno montava no casco de Lapras, Red
segurava nos poderosos ombros de Blastoise, que, ao se certificarem que seus
passageiros estavam seguros, pularam na água e afundaram no oceano.
Debaixo d’água, treinadores e Pokémon desviavam dos enormes
redemoinhos. Ethan surpreendeu-se ao ver que aquele grande grupo se aproximava
de cavernas submarinas. Ele nunca havia pensado na hipótese de haver aquele
tipo de coisa no fundo do mar. Os Pokémon aproximavam-se com velocidade.
Na entrada da caverna, seguiram-se para cima, chegando logo em
terra firme aonde, misteriosamente, a água do Oceano não chegava. Havia
oxigênio ali.
Os capangas da Equipe Rocket saíram da água e correram
desembestados para dentro da profunda da caverna, sendo seguidos por Amy.
Ethan, Red e Forrest chegaram à ilhota e retornaram os Pokémon. A
Equipe Rocket e Amy corriam tão rápido que eles acabaram perdendo-os logo de
vista.
— Sensacional. Estamos no fundo do mar, perdidos, e com a Amy
atrás da Equipe Rocket. O que tá faltando pra coroar nosso dia? — Perguntou
Ethan com certo sarcasmo na voz.
— Vamos ter que trabalhar juntos se quisermos ajudar a Amy e
descobrir o motivo da Equipe Rocket ter invadido o navio. — Disse Forrest,
sério.
— O motivo eu até imagino. — Comentou Red.
— E qual seria? — Questionou Ethan olhando sério para o rapaz.
— Eles estão atrás do Lugia. — Respondeu o garoto.
Ethan e Forrest o encararam sério.
— Lugia? — Dessa vez, fora Forrest que perguntou.
— O guardião dos mares.
— Não era aquele Pokémon da lenda de Ecruteak? — Perguntou Ethan.
— Sim... Pode crer! — Exclamou Forrest. — Mas o que ele tá fazendo
aqui?
— Esse é o atual lar de Lugia. É aqui que ele repousa. Por algum
motivo que desconheço, a Equipe Rocket está atrás deste Pokémon.
Ethan pareceu refletir por um momento.
— Quando Giovanni morreu, a Equipe Rocket estava em Ecruteak. Na
Torre Queimada. Onde habitava Ho-Oh. Hoje, eles estão aqui, no lar de Lugia.
Red captou o pensamento.
— Então eles realmente estão atrás dos dois pássaros guardiões...
A questão é: Por quê?
— Acho que teremos todos que descobrir essa resposta... A Amy não
citou nada a respeito. — Comentou Forrest.
— Hm... Você tem razão. Enquanto pensamos, vamos atrás de Lugia.
Temos que chegar antes dos Rockets. —
Disse Red.
— Ué. Mas a gente não tem que ir atrás da Amy? — Perguntou Ethan.
— Acredite, garoto... Ela já está bem crescidinha. Conhece eles
melhor que nós todos e sabe cuidar de si mesma. Vamos atrás do Lugia. — Red
acelerou o passo enquanto Ethan e Forrest se encaravam.
De duas PokéBolas de Ethan saíram Scyther e Nidoran♂. Os dois Pokémon foram escolhidos para fazer a escolta dos humanos por
entre os caminhos estreitos daquela caverna submarina. A pressão incomodava a
cada passo que o trio dava em direção aos confins daquele lugar.
Grandes estalactites e estalagmites
enfeitavam aquela caverna. A água aos pés dos garotos era cristalina, eles
podiam ver seus reflexos sem se esforçar muito. Não se ouvia o barulho do
oceano do lado de fora da caverna. O lodo da caverna impregnava nos pés de
todos e, vez em quando, os fazia escorregar.
Caminharam por alguns bons minutos. O
silêncio incomodava. Apenas a respiração daquele trio fazia companhia, visto
que nenhum Pokémon estava por ali. A
sensação era muito esquisita. A caverna fazia eco e a respiração do grupo
sempre dava a impressão de que havia bem mais seres ali do que os olhos podiam
ver.
O som de uma cachoeira chamou a atenção. O
grupo aproximou-se da saída da caverna.
A Equipe Rocket estava na base de uma
imensa cachoeira. As águas jorravam com imensa velocidade e poder. Amy estava
cercada por meia dúzia de capangas enquanto Silver concentrava sua atenção em
uma jovem garota asiática vestida com um quimono.
— Muito bem, senhorita Naoko... Entregue
logo o que queremos. — Disse Silver de forma ameaçadora.
— Mas... Mas eu não posso... Não posso! — Dizia
a jovem com lágrimas de desespero nos olhos.
— É muito simples. Entregue-nos a Asa de
Prata, ou... Espero que você saiba nadar.
A voz de Red ecoou pela caverna.
— Mas que falta de cavalheirismo os
senhores tratarem as damas desta forma tão grosseira...
Amy o encarou de forma irônica.
— Não se faça de gentleman. Você não serve pra essas coisas.
— Cês desculpem a ignorância, mas eu tô
sem tempo. Scyther, Quick Attack!
Nido, Double Kick! — Exclamou Ethan.
Scyther disparou veloz e derrubou sozinho
muitos capangas Rocket que foram pegos de surpresa. Nidoran♂ correu e atingiu Silver no rosto com o Double
Kick, fazendo-o cambalear para trás.
A Equipe Rocket em peso sacou PokéBolas.
Forrest e Red liberaram Graveler e Pikachu, respectivamente, como se um já
soubesse a estratégia do outro.
— Graveler, Rollout!
— Pikachu, Volt Tackle!
Os dois Pokémon partiram acelerados em
direção aos Rockets que ainda permaneciam de pé, derrubando vários de uma vez
só, além de eletrocutar alguns outros.
Silver ergueu-se num pulo. Irritado,
dirigiu-se com velocidade em direção à Naoko, puxando-a pelo braço depois em
direção à Amy. Com um sorriso maligno, Silver se atirou do penhasco com as duas
reféns.
Do bolso de Naoko, um brilho prateado
emanou, cegando a todos ali.
Um berro agudo e poderoso foi ouvido por
todos os presentes. As águas da cachoeira pararam de correr. Como uma cortina,
elas abriram-se e revelaram um grande ser.
Lugia era um grande Pokémon que se
assemelhava a um dragão e um pássaro. Seu corpo era um prateado-perolado com
partes inferiores azuis. Ele tinha uma boca semelhante a um bico, embora tivesse
dentes pontiagudos sobre a mandíbula inferior. Tinha um pescoço longo e fino e
grandes asas que se assemelhavam a mãos.
Encarou todos os humanos de uma forma
severa. Ele estava irritado. Enquanto isso, Silver, Amy e Naoko caiam de forma
silenciosa.
O imenso Pokémon se dirigiu ao fundo do
penhasco com velocidade, fazendo com que os três pousassem de forma suave no
dorso de suas costas. Levando-os para cima, os depositou em segurança. Os três
se levantaram. Naoko correu para se esconder atrás de Amy.
Silver mantinha o sorriso maligno no
rosto.
— Lugia! Eu sei que você veio para salvar
sua guardiã... — E apontou para Naoko. — Mas agora, você será obrigado a
obedecer a um novo mestre...
O ruivo retirou do bolso da calça uma
PokéBola diferente. A metade superior dela era roxo, com uma letra
"M" branca na parte dianteira, com um círculo rosa em ambos os lados.
— O que é isso? — Questionou Ethan.
— É uma... MasterBola...! A PokéBola mais
poderosa de todas! — Exclamou Red.
Silver arremessou a esfera em Lugia que
foi sugado por um raio púrpuro. A MasterBola caiu ao chão sem se mover, já
trancando o Pokémon dentro de si, sem esforço algum. Lugia estava capturado.
— Sim! Finalmente! — Silver deu uma risada
maligna.
Amy correu em disparada em direção ao
garoto socando-o na cara. A MasterBola escapuliu das mãos de Silver, rolando
pelo penhasco, até cair em direção à escuridão.
Os Rockets exclamaram. Silver riu.
— Missão cumprida. Retirada. Já! — Ordenou
o ruivo para os agentes.
Todos começaram a esvaziar a caverna. A
MasterBola ia caindo, batendo nas pedras, até que o botão central da cápsula
fora pressionado em um impacto violento, fazendo com que Lugia fosse liberado.
A criatura colossal subiu raivosa em direção ao topo, abrindo um buraco no teto
da caverna com um poderoso Aeroblast,
por onde saiu em direção ao desconhecido.
A água salgada do oceano começou a invadir
aquela caverna. Red, Ethan, Amy e Forrest recolheram seus Pokémon e retornaram
para a entrada, onde nadaram até a superfície e viram aquela caverna submarina
desmoronar.
***
A guarda costeira ajudou-os a chegar na
Ilha de Cianwood, onde receberam os primeiros cuidados do Centro Pokémon local.
Os garotos estavam encharcados.
— Bem... Acho que acabamos chegando ao
destino. — Disse Ethan secando-se.
— Não se animem muito. A Equipe Rocket
está mais poderosa. — Red entoou de forma mais baixa do que o convencional, como
se temesse.
— Mas... Eles não conseguiram levar o
Lugia, não é mesmo? Acho que podemos ficar mais tranquilos... — Comentou
Forrest.
Amy estava séria.
— O que foi Amy? — Perguntou Red.
— Hã? Ah... Nada. Estou perdida em
pensamentos mesmo... — Respondeu a garota.
Red levantou.
— Com licença. — E se dirigiu à saída do
Centro Pokémon.
— Pra onde ele vai? — Perguntou Ethan.
— Eu não sei... Acho que vai atrás da
Equipe Rocket de novo... — Teorizou Forrest.
No lado de fora do Centro Pokémon, no topo
das montanhas aos arredores, Suicune encarava a ilha de Cianwood com seu porte
majestoso.
A Equipe Rocket mais uma vez ataca. E
dessa vez, quase levaram consigo o Pokémon Lendário, Lugia. Quais são os planos
dessa vez? E a visita de Suicune tende a trazer novos mistérios... Ao menos,
tendo chegado ao destino, a jornada de Ethan, Amy e Forrest continua.
Capítulo 32
As ondas do mar desembocavam lentamente na praia. No entanto, as
coisas pareciam levemente fora do comum na Cidade de Olivine.
No topo do Farol Cintilante, um Pokémon ardia em febre. Ele era
amarelo, bípede com uma barriga branca. Seus ouvidos eram em formato conífero com
listras pretas e uma esfera vermelha em sua testa. Seu longo pescoço tinha
vários anéis pretos em torno dele, perto da base. Ele tinha uma cauda longa,
preto-listrada com uma esfera vermelha na ponta, que emanava uma fraca luz. Ao
seu lado, uma jovem moça que usava um modesto vestido azul-bebê com comprimento
até o joelho e um babado branco no final. Um laço vermelho em seu vestido se
destacava. Por cima, um casaco branco. Seus cabelos castanhos estavam soltos,
exceto por duas mechas amarradas em maria-chiquinha, uma em cada lado de sua
cabeça. Ela tentava dar remédios para o Pokémon, que rejeitava.
— Vamos lá, Amphy... Você não vai poder ficar bom se não tomar
seus remédios... — Insistia Jasmine, sem sucesso.
Ampharos continuava respirando de forma fraca e inconstante.
Deitado no chão, ele sabia que, uma hora ou outra, ele teria que partir em uma
viagem, sozinho, sem a companhia de sua eterna companheira.
Lá embaixo, na costa, Ethan, Amy e Forrest davam seus primeiros
passos dentro do território da Cidade.
— Eu mal posso esperar pra gente se hospedar logo no Centro
Pokémon e eu poder colocar meu biquíni novo pra gente ir pra praia! — Exclamou
Amy, eufórica.
— Depois de tanto tempo de viagem, acho que umas férias vão animar
a gente. — Disse Forrest com um sorriso.
— Depois de tudo o que passamos ultimamente, acho que nós e os
Pokémon merecemos um descanso... — Suspirou Ethan.
O trio aproximou-se do Centro Pokémon. Após reservarem um quarto e
guardarem suas coisas, incluindo Ethan deixando o recém-capturado Nidoran♂ no laboratório do Professor Elm, eles desceram para a praia.
— Faz muito tempo que eu não vejo o mar... — Suspirou Forrest.
— Ué? Kanto não tem praia? — Perguntou Ethan, curioso.
— Não... Havia a praia de Vermilion, mas o governo construiu o
porto no lugar... — Disse o moreno.
— É verdade... Eu lembro disso. E em Fuschia, a praia ficou
poluída... — Comentou Amy.
— Problemas de cidade grande... Aqui em Johto a natureza predomina
bastante. — Sorriu Ethan.
— Isso não é um problema? — Questionou Forrest.
— Acho que não... Johto é bem próspera com a agricultura. E Kanto
é com as fábricas. — Respondeu Ethan.
— Mas é bom esse solzão em cima da gente. Ah, o cheiro do mar... —
Amy abriu os braços.
— Acho que os Pokémon merecem curtir também... — Disse Ethan
liberando todos os Pokémon de sua equipe.
Amy e Forrest sorriram e imitaram o amigo.
Quilava, Sandshrew, Larvitar, Onix, Sudowoodo, Graveler, Shuckle e
Rhyhorn mantiveram-se bem longe do mar, brincando na areia. Wooper, Gastly,
Dewgong e Flaaffy brincavam entre si na água salgada.
Flaaffy parou por um instante e encarou o farol da cidade. Ela
começou a sentir um aperto no coração.
Amy estava deitada numa cadeira de praia, embaixo de um
guarda-sol. Ethan passava filtro solar
nas costas de Forrest, que pouco tempo depois fazia o mesmo no amigo. A praia
estava tranquila. As pessoas brincavam na areia e no mar.
A tarde passou de forma tranquila na Cidade de Olivine. O grupo só
retornou para o Centro Pokémon quando a lua já tomava seu lugar no céu.
Em seu quarto, o grupo começou a ouvir as gotas da chuva lá fora.
Raios e trovões chegavam cada vez mais fortes, mas os garotos não pareciam
estar preocupados. Eles tinham comida quentinha no refeitório e lençóis
cheirosos no dormitório. Estava tudo bem, não era necessário sentir preocupação.
Após um bom banho, Amy vestiu sua camisola e dirigiu-se até a
varanda do Centro Pokémon. A chuva já havia cessado, mas a cidade
ainda estava encharcada. Olhando para o horizonte, a garota percebeu que havia
uma fraca luz que girava devagar. O Farol Cintilante não estava mais nos seus
melhores dias.
Ethan e Forrest apareceram e juntaram-se à Amy na admiração da
paisagem. A mesma luz fraca chamou a atenção dos garotos, que resolveram
perguntar sobre o farol quando amanhecesse. Decidiram então irem se deitar,
afinal, na manhã seguinte, Ethan iria desafiar o Ginásio local, e para isso,
precisava estar totalmente descansado.
***
— Ethan, por favor, compareça à recepção. Ethan, por favor,
compareça à recepção. — Soava a voz da Enfermeira Joy pelos alto-falantes do
Centro Pokémon.
O garoto saiu correndo do refeitório segurando alguns pãezinhos. Com
a boca cheia, alcançou em tempo recorde o balcão da enfermaria.
— Ethan, eu mesmo, presente! — Exclamou o garoto.
— Seus Pokémon estão totalmente recuperados. — Disse a Enfermeira
sorridente, entregando uma bandeja com as seis PokéBolas do garoto.
— Obrigado! — Agradeceu Ethan com um sorriso sincero.
Amy e Forrest apareceram em seguida, espreguiçando-se.
— Essa pressa toda apenas pra lutar no Ginásio? Achei que você
estivesse nervoso. — Comentou o moreno.
— Acordei bem disposto hoje. — Respondeu Ethan.
A Enfermeira Joy se dirigiu aos garotos.
— Vocês vão desafiar o Ginásio de Olivine? Porque ele não se
encontra disponível no momento. — Disse a mulher.
Ethan encarou a enfermeira com uma expressão incrédula.
— Quê? Mas como assim?!
— O Pokémon da Líder que vive no Farol Cintilante está doente.
Os três se encararam.
— O farol do porto? Por isso que ele estava emitindo uma luz meio
fraca ontem? — Perguntou Amy.
— Sim. Não só ontem, mas todos os dias desde que o Amphy ficou
doente... E isso já tem um mês. Até mesmo a frota de navios do Porto de Olivine
sofreu uma queda drástica, porque é perigoso chegar a noite com a luz de Amphy
sendo emitida fracamente dessa maneira. — Explicou Joy.
— Mas você não conseguiu tratar o Amphy? — Questionou Forrest.
— Eu não consegui... Não tenho um tratamento super-efetivo para o
câncer do Amphy... — Respondeu Joy em uma expressão triste.
Amy, Ethan e Forrest engoliram em seco.
— Câncer? — Aquela palavra arrebentou o coração de todos.
— Sim... A idade avançada do Amphy acabou diminuindo a imunidade
do corpo dele e a doença atacou mais rápido. — Disse Joy.
— Bem, vamos até o Farol Cintilante. Se a Líder do Ginásio está
lá, talvez nós possamos ajudar o Amphy de alguma maneira. Ou até mesmo ajudar
na iluminação de lá enquanto ele não fica bom. — Sugeriu Ethan.
Os outros dois pareceram concordar.
— Por mim, tudo bem. — Afirmou Forrest.
— Eu topo. — Sorriu Amy.
Os três então se retiraram do Centro Pokémon e se dirigiram em
direção à praia. De lá, seguiriam para o Porto de Olivine, onde ficava o Farol
Cintilante.
O farol era enorme. Tinha uns vinte metros de altura ou mais.
Ethan, Amy e Forrest admiraram a arquitetura antes de adentrar o local.
Lá dentro era bem movimentado. Vários turistas tiravam fotos da
paisagem e passeavam conhecendo o local. Havia quadros de vários marinheiros e
seus Pokémon pendurados nas paredes brancas do enorme farol. As janelas foram
instaladas de forma que a luz do sol invadisse cada centímetro do local.
Durante a noite, as enormes luminárias banhadas a ouro iluminavam tudo com suas
luzes poderosas..
O grupo aproximava-se do balcão de recepção do Farol Cintilante. Era uma jovem moça de cabelos coloridos púrpuros,
olhos azuis e semblante jovem. No crachá em sua camisa, seu nome aparecia
escrito. Era “Ana”.
— Bom dia. Estamos procurando a Líder do Ginásio de Olivine. —
Disse Ethan.
— Ela não pode atender nenhum treinador hoje. — Disse a atendente
de forma automática.
— Sim, nós sabemos que o Pokémon dela está doente... Viemos
oferecer ajuda... Do que ele precisa? Diga que nós iremos resolver. —
Prontificou-se o garoto.
— Sinto muito, mas vocês treinadores não podem fazer nada. —
Informou a atendente.
— Na verdade... Existe uma coisa sim. — Soou uma voz feminina.
Os garotos e a atendente olharam para a entrada do elevador que
ficava atrás da recepção.
— Senhorita Jasmine! — Exclamou Ana, levantando-se imediatamente.
— Eu estava indo buscar meu almoço e ouvi a conversa... Vocês
estão mesmo dispostos a ajudar o meu Amphy? — Questionou Jasmine, séria.
— Eu farei o possível. É só dizer do que precisa. — Disse Ethan
dando um passo à frente.
— E quanto você cobra? — Perguntou Jasmine pegando um talão de
cheques do bolso do casaquinho que usava.
— Não, não, não, moça, eu não quero dinheiro! Eu só quero
desafiá-la no Ginásio. — Disse Ethan, visivelmente constrangido.
Ana bateu na mesa.
— Ora, garoto, eu já disse que a Líder não pode atender nenhum
treinador! — Exclamou a atendente com um olhar zangado.
Jasmine estendeu a mão.
— Está tudo bem, Ana. Eu aceito seu desafio, rapaz. — Disse a
Líder de Ginásio com um doce sorriso.
Ethan sorriu.
— Mas... Antes preciso que Amphy fique bom.
Ethan engoliu o sorriso.
— Muito bem. Está certo. — Disse o garoto, sério.
— Sigam-me. — Jasmine deu as costas e se dirigiu ao elevador. Ana
deu um passo ao lado e permitiu que Ethan, Amy e Forrest passassem por ela.
Amphy estava no último andar. Continuava deitado, com a respiração
pesada. Ethan sacou a PokéAgenda.
— “Ampharos, um Pokémon Luz.
É a forma evoluída de Flaaffy. A ponta da cauda brilha e pode ser visto de
longe. Ele atua como um farol para as pessoas perdidas. É considerado valioso
desde a antiguidade por ser um pequeno farol.” — Informou a PokéAgenda.
— Forma evoluída do Flaaffy...? — Ethan guardou o dispositivo
eletrônico e pegou sua PokéBola, liberando seu Pokémon.
Flaaffy encarou seu treinador com um sorriso e começou a percorrer
aquele local estranho com o olhar.
Quando o Pokémon de Ethan encarou Amphy em seu estado terminal, um
frio repentino tomou conta de seu estômago. O coração disparou. Sua respiração
ficou mais pesada e profunda. Flaaffy estava estática.
Jasmine soltou uma exclamação.
— Oh! Você tem um Flaaffy! Que esplêndido! — Jasmine aproximou-se
depressa da criatura.
— É uma menina. Faz um tempo que estamos juntos. — Disse Ethan,
orgulhoso.
— Agora eu tenho duas
coisas pra pedir pra você. — Jasmine olhou para Ethan com uma feição séria.
— Duas? — Perguntou Ethan com uma clara feição de dúvida.
Jasmine se levantou.
— A primeira é que preciso que vocês vão até a farmácia de
Cianwood. Tem um remédio lá que foi feito sob medida para curar o Amphy... Eu
não posso ir e deixar ele sozinho... — Disse a moça.
Ethan concordou.
— Certo, nós iremos atrás do remédio em Cianwood. — O garoto
repetiu.
— Lá tem um Ginásio, então vocês podem desafiar enquanto eu ainda
não posso lutar. — Complementou Jasmine.
— Um Ginásio?! Que ótimo! — Ethan exclamou alegre.
— Você pode usar esse desafio pra conter sua ansiedade, Ethan. —
Sorriu Forrest.
— A segunda coisa... É deixar sua Flaaffy aqui comigo. — Jasmine
pareceu ter cuidado com as palavras.
Ethan a encarou com certa ironia.
— Tá doida, mulher? Por que eu deixaria meu Pokémon aqui com você?
Eu mal te conheço!
Jasmine sorriu.
— Bem... Eu administro o farol e o Amphy está doente... Como
Flaaffy pode fazer luz com a ponta de sua cauda assim como o Amphy, é perfeita
pro trabalho. Vamos, garoto, por favor... Eu pago a estadia em Cianwood, o
transporte, tudo... Só me deixe pegar Flaaffy emprestado. — Disse a garota
quase implorando.
Ethan recuou um passo e fechou os punhos.
— Mas é o meu Pokémon...
Amy aproximou-se do rapaz, apertando seu ombro direito.
— Ethan, deixa a Flaaffy aqui. Eu sei que é difícil, mas... É por
um bem maior. Vai ser algo rápido, só enquanto vamos buscar o remédio.
Forrest se aproximou.
— Ela tem razão, Ethan.
Ethan afrouxou os punhos.
— Cuide bem dela... — E deu um profundo suspiro.
Jasmine sorriu de orelha a orelha.
— Muito obrigada! Ela será bem cuidada! — Exclamou a Líder de
Ginásio.
***
Com alguns telefonemas, Jasmine reservou três passagens de navio
para os garotos. Eles embarcariam no S.S. Aqua, um navio de luxo que sairia do
Porto de Olivine. Eles seguiriam de graça para Cianwood e voltariam para
Olivine, tudo por conta. Após Ethan passar no Centro Pokémon para pegar Nidoran♂, que
ocuparia provisoriamente o local de Flaaffy na equipe e Scyther, que acabou
ficando no lugar de Butterfree, eles seguiram para o porto. A despedida foi
rápida, visto que Jasmine teve de voltar correndo para o Farol Cintilante para
cuidar de Amphy e Flaaffy foi em seu encalço, olhando para trás de vez em quando
para ver o navio com seu Mestre indo embora.
Ethan olhava para a Cidade de Olivine, que ficava cada vez mais
distante, com um aperto no peito. Amy e Forrest se aproximaram do amigo.
— Não se preocupe. Nós vamos voltar logo. — Sorriu Forrest.
— É, relaxa. O tempo vai passar num instante. E afinal, você nem
tem tanta certeza de que vai usar a Flaaffy no próximo Ginásio ou em suas
próximas batalhas. — Disse Amy com um sorriso.
— Vocês tem razão... Eu devia relaxar... — Suspirou Ethan.
Os três sorriram. A partir de agora, eles tinham uma nova missão
para cumprir. A pausa na jornada de Ethan, Amy e Forrest chegou, mas isso não
queria dizer que eles não iriam enfrentar novos desafios...
Silver se encontrava em uma profunda caverna nas Ilhas dos
Redemoinhos, próxima à Cidade de Cianwood. Estava tudo calmo por lá. Só o que
se ouvia era o som da cachoeira que caía calma e serena. Por enquanto.
TO BE
CONTINUED...
As Super Notas do Autor! (Capítulos 30 e 31)
Nunca confie em velhos estranhos no meio do nada enquanto joga Pokémon GO.
Esse é meu arco favorito até aqui. Originalmente, ele seria um único capítulo, o 30, e o de Nidoran♂ seria separado. Acontece que o 30 ficou imenso pros padrões da história - o que era de 9 páginas na primeira temporada, virou 13, ainda estava na metade do capítulo! Lembrando que esse arco foi escrito quando a primeira temporada ainda estava sendo publicada e finalizada. Hoje em dia, depois da reformulação da história que fiz nas férias, os capítulos ficaram mais extensos (acho que vocês perceberam isso) e então, a média de páginas por capítulo passou de 9 pra 12.
Esse arco tomou a forma que tem hoje graças a ajuda do Doritos. Eu finalizei o 30 "pela metade", como estava no original, e dei sequência no capítulo seguinte, colocando a captura do Nidoran♂, que não tinha nada a ver com a história.
Lembram quando eu disse que AeJ é formada de improviso? Então. kkk
Sobre Baoba:
Como um NPC com papel "insignificante" nos jogos (entre aspas porque o cara fundou a Zona do Safari, então, ele tem lá sua importância) ganha um papel de tamanho destaque? Eu mesmo não sei responder. Originalmente, essa trama toda seria parecido com o que vemos no Anime (grande escola para este autor): Baoba seria sim, mau, mas no final, descobririam que ele forja leite de Miltank e ele seria preso pelos seus atos e se arrependeria depois de seus pecados, como uma boa história que quer passar boa moral.
Mas creio que essa versão ficou beeem melhor. Afinal, creio que os autores da Aliança sejam bem maduros e, se leem as histórias daqui, é porque querem ver algo que, mesmo que tenha os jogos como base, seja adaptado a realidade de muitos. Por isso, temas como morte, sexualidade, amores e outras coisas mais são tão comuns - e irão continuar existindo. O suporte de você, leitor, diz muito.
Voltando ao assunto, tudo aconteceu naturalmente. Desde o plot de Mariana e George até o Vileplume assassino. A história costuma me guiar sempre, eu sempre ouço o que ela tem a me dizer e isso funcionou até agora, e vocês tem aprovado. =]
A segunda temporada da história tem capítulos e tramas bem maduras. Espero que vocês aprovem. A história amadurece junto aos personagens.
O próximo capítulo é a estreia de Amphy e Jasmine. Espero que vocês se surpreendam!
No mais, é isso. Quinta-feira estamos aí.
See ya!
Capítulo 31
Vozes. Muitas vozes. Algo quente descia pela garganta. Um clarão
enchia de luz sua consciência.
Amy despertou. Ela estava em um cômodo aconchegante. Os lençóis
brancos na espaçosa cama tinham cheiro de lavanda. O quarto era grande. Ela
estava sozinha nele. Pela luz que passava pelas frestas da grande janela
marrom, a garota deduziu que estava de dia.
Ela levantou-se. Ao dar uma rápida olhada pelo quarto, não
encontrou sua mochila. Muito menos suas PokéBolas, que estavam dentro dela.
A garota dirigiu-se até a porta e a abriu.
Um cheiro agradável de café invadiu suas narinas sem pedir
permissão. A garota andou pelo pequeno corredor estreito, onde, nas paredes,
haviam vários retratos. Três pessoas estavam na maioria deles, um casal e uma
criança, menina.
A casa era confortável. Diferente da casa de Baoba, esta era
larga. A pintura da parede permanecia impecável. Amy impressionou-se com a casa
— não por causa de sua estrutura, mas por causa de sua simplicidade. Não tinha
nada de extravagante no casarão, a não ser talvez o seu tamanho imenso.
Amy desceu as escadas. Descalça, sentia a madeira fria refrescar
os palmos de seus pés. A garota se viu sendo encarada por um Pokémon pequeno e
quadrúpede que parecia um roedor. Era roxo-rosado com manchas mais escuras por
toda a extensão de seu corpo, e tinha grandes orelhas espinhosas, dentes da
frente de grandes dimensões, e os olhos vermelhos. Sua traseira era coberta com
muitos espinhos. Havia um longo chifre pontudo em sua testa.
Nidoran♂, como se pedisse para a garota lhe
seguir, deu as costas e rumou para uma das portas abertas que cruzavam a sala.
Amy hesitou por alguns segundos, mas seguiu o roedor.
Na cozinha, uma mulher com idade
aproximada dos 30 anos (e com o rosto tão jovem que parecia nem ter chegado aos
20) estava na pia. Ela estava colocando café em uma pequena xícara enquanto
cantarolava uma canção. Ela era baixa, magra, com seus cabelos repicados
correndo pelas costas. Sua feição serena e seu olhar expressivo davam uma
harmonia no rosto da mulher. Ela se virou ao perceber Amy entrando na cozinha.
Art by DekoKun |
— Oh... Bom dia, menina. Você acordou
cedo. — Disse ela com um sorriso.
Amy deu um passo para trás, desconfiada.
— Quem é você? — Perguntou a garota.
— Meu nome é Mariana. Eu sou a dona dessa casa, junto com meu
marido. Não precisa ficar com medo, eu os hospedei aqui de coração. — Sorriu a
moça.
Amy ergueu as sobrancelhas.
— “Eu os hospedei”? Como assim? — Perguntou a menina.
Mariana tomou sua xícara de café tranquilamente e repousou o
objeto na pia.
— Você não se lembra? — Perguntou ela para Amy.
A garota fechou os olhos e tentou deixar as memórias trabalharem.
“O
som da mata se mexendo chamou a atenção dos três. Um Pokémon bípede azul com as mãos e os pés rudimentares apareceu
timidamente. Ele tinha olhos vermelhos redondos e uma flor vermelha enorme
crescendo de sua cabeça. As pétalas arredondadas da flor eram vermelhas e
cobertas com manchas brancas.
Amy
aproximou-se do Pokémon.
—
Olá, amiguinho. Você está perdido? — Perguntou a garota de forma simpática.
Vileplume
deu um berro. Abaixou sua cabeça e disparou um pó dourado do núcleo de sua
grande flor. Era o Stun Spore.
Forrest
foi tentar defender Amy e acabou sendo atingido também. Quando Ethan chegou
correndo para atacar, Vileplume saiu correndo para dentro da mata de onde veio.
—
Amy! Forrest! Vocês estão bem?! — Perguntou o garoto correndo para auxiliar os
amigos.
—
Estamos ótimos, Ethan! Nós fomos atacados por um Pokémon selvagem! É tudo o que
eu queria! — Respondeu Amy de forma ríspida.
Forrest
caiu de joelhos no chão.
—
Ethan... Rápido, veja se tem... Alguma Cheri Berry... Nas mochilas...
Ethan
correu para procurar a tal Berry na mochila do amigo e na bolsa de Amy. Não
encontrou nada.
—
Não tem nada aqui, Forrest! — Exclamou o rapaz com certa tensão na voz.
—
Essa... Não... — E Forrest desmaiou.
A
cabeça de Amy estava girando. Ela olhou com desespero para o amigo.
—
Me ajuda... Eu acho que vou desmai... — A visão de Amy escureceu e ela caiu no
chão”.
Mariana encarava a garota com curiosidade.
— E então...?
— Um Pokémon selvagem atacou a mim e meus amigos.
Mariana pareceu refletir.
— Isso explica porque encontramos vocês desmaiados no meio da Rota
39...
Amy continuava vasculhando lembranças.
— Mas... Acho que tem mais alguma coisa...
“Ethan,
Amy e Forrest caminhavam há alguns minutos pela Rota 39. Naquela altura da
manhã, lá pras 9h, o Sol estava emanando um calor muito forte, fazendo os três
ficarem com sede.
Amy
caminhava em silêncio.
Alguma
coisa aconteceu. Ela escondia um segredo. Mas o quê?
Ethan
olhou para a amiga.
Ah,
sim... O brinde...
Mas
aí veio uma forte dor de cabeça.
Escuridão.
Silêncio”.
Amy se esforçava... O que veio antes disso?
“Era
madrugada. Disso ela lembrava.
Ah,
sim... Passos.
Alguém
mexia em algo pessoal... Uma sombra. Ela não conseguia lembrar do seu rosto.
Ela
o afastou. Ele não tinha nome, nem rosto. Quem era ele?”.
Amy abriu os olhos. Olhou para Mariana e abriu a boca para dizer
algo, mas não saia som.
— O que aconteceu...? — Perguntou a mulher, indo em direção à
garota.
— Eu não me lembro... De nada... — Suspirou Amy, quase como um
suspiro.
Três figuras apareceram na cozinha. Acompanhado de Ethan e
Forrest, um homem alto, magro, cujos cabelos lisos e encaracolados vinham até
seu ombro e com um bigode que acompanhava seu sorriso.
— Bom dia. — Disse o homem com sua voz grave.
— Amy! Você está bem? — Ethan correu para abraçar a amiga.
— Estou, Ethan... Mas eu não consigo me lembrar de nada do que
aconteceu... — Disse a garota preocupada.
Ethan a soltou e Forrest a encarou.
— Nós também não lembramos... — Disse o moreno, visivelmente
entristecido.
O homem encarou os adolescentes.
— Pra onde vocês estavam indo?
— Para a Cidade de Olivine, pra desafiar o Ginásio. — Respondeu
Ethan, prontamente.
Mariana o encarou.
— Isso é estranho, George... Treinadores Pokémon sem Pokémon?
Os garotos se entreolharam.
— Onde estão nossos Pokémon, dona Mariana? — Perguntou Ethan
preocupado.
— Nós não encontramos nenhum Pokémon com vocês. Vocês estavam
apenas com a roupa do corpo. — Disse George.
Os garotos exclamaram.
— Como é que é?! — Amy deu um passo para trás, incrédula.
— É isso mesmo... Até achamos que vocês estivessem perto de casa
devido a isso... Vocês não pareciam viajantes. — Explicou a mulher.
Ethan saiu correndo. Atravessou a cozinha e se dirigiu à porta de
entrada da casa, correndo feito louco pelos campos da fazenda. Amy, Forrest,
George e Mariana, acompanhados de Nidoran♂ logo o seguiram, sem entender nada.
— Ethan! Aonde você vai?! — Perguntou Forrest.
— Eu vou encontrar nossas coisas! — Respondia o garoto, apressado.
Logo, eles estavam de volta na Rota 39. Procurando entre as
árvores, o mato e pela estrada algum vestígio dos pertences de Ethan, Amy e
Forrest, mas sem sucesso.
Após certo tempo, os cinco, mais Nidoran♂, retornaram para a residência.
O grupo resolveu almoçar antes de retomar as buscas. Jogando
conversa fora, Ethan acabou percebendo que Nidoran♂ estava sempre presente ao lado do casal George e Mariana. O garoto sacou a
PokéAgenda.
— “Nidoran♂, um Pokémon Espinho Venenoso. É pequeno, mas seu chifre está cheio de
veneno. Ele carrega o golpe e então apunhala com o chifre para injetar veneno.
Ela levanta suas orelhas grandes para verificar seus arredores. Ele vai atacar
primeiro, se detectar qualquer perigo.” — Informou
a PokéAgenda.
— Esse Pokémon é de vocês? — Perguntou o
garoto.
— Não. Nidoran♂ apareceu perdido e machucado na fazenda.
Então, como nunca foi embora, resolvemos cria-lo. — Respondeu Mariana.
— Acredito que ele tenha se perdido do
treinador, mas ninguém nunca apareceu para busca-lo. — Incrementou George.
— Será que ele foi abandonado? — Perguntou
Forrest.
— Não sabemos. Mas espero que um dia ele
volte pra buscar esse Pokémon. Ele é muito especial. — Disse Mariana.
— Assim como nossa filha... — Suspirou
George.
Os garotos se entreolharam, mas não
disseram nada. Ethan levantou-se da mesa e dirigiu-se até o Nidoran♂, acariciando sua nuca.
— Você é um Pokémon muito bonzinho... —
Disse o rapaz.
Nidoran♂ virou sua cabeça e mordeu a mão de Ethan,
fazendo o garoto soltar um grito de dor.
— AI! Por que você fez isso?! — Perguntou
o garoto chacoalhando a mão direita.
Todos riram. Mariana levantou-se para
auxiliar no machucado de Ethan.
Amy e Forrest levantaram-se da mesa e
foram colocar seus pratos na pia.
Todos partiram para a sala de estar.
Mariana fazia curativos na mão de Ethan, enfaixando-a.
— Pronto. Logo, logo vai sarar. — Disse a
mulher com um sorriso gentil.
— Obrigado, dona Mariana. — Agradeceu
Ethan retribuindo o sorriso.
Amy e Forrest olhavam os retratos nas
paredes e nas estantes. George e Mariana apareciam em muitas fotos acompanhados
de uma menina. Ela era linda. Seus cabelos ondulados desciam até a cintura e em
grande parte das fotos, usava vestidos. Seus olhos eram dourados.
— Essa é a filha de vocês? — Perguntou
Forrest.
— Sim. Essa é a Carolina. — Respondeu
George com um tom saudosista na voz.
— Ela desapareceu há dias quando voltava
da escola de treinadores com nosso caseiro, Baoba. — Disse Mariana, caminhando
até uma das fotografias da estante. — Vejam, aqui estão os dois.
Ethan, Amy e Forrest se aproximaram. Na
foto, a pequena Carolina aparecia sorrindo ao lado de um homem
velho — com seus 60 anos —, bigode por aparar, calvo, alto e magro.
Amy encarou a foto por alguns instantes.
— Eu acho... Que já vi esse homem... — Disse a garota, séria.
A mente de Ethan também começou a trabalhar.
— Agora que você falou... — Falou o garoto, semicerrando os olhos.
“Ethan
chegou até a casinha que havia no centro da fazenda e começou a bater
desesperadamente na porta. Estava tudo escuro dentro da residência.
Um
homem velho — com seus 60 anos —, bigode por aparar, calvo, alto e magro
aproximou-se do rapaz. Ele tinha um olhar zangado. Ethan não percebeu sua
aproximação até ele falar.
—
O que você tá fazendo aqui a essa hora, moleque?!
Ethan
se assustou e olhou para trás.
—
Quem é o senhor?!
—
Eu quem tenho que fazer essa pergunta! Quem é você e o que faz na minha
fazenda?!
—
Eu preciso de ajuda! Meus amigos...
—
Eu não ligo pros seus amigos! Suma já daqui!
—
Meus amigos estão desmaiados no meio na estrada! Fomos atacados por um
Vileplume selvagem, por favor, ajuda a gente!
O
velho pareceu refletir um pouco.
—
Muito bem. Vou ajudar vocês.
Ethan
suspirou aliviado e sorriu.
—
Obrigado! Muito obrigado mesmo!
Os
dois voltaram correndo até o trecho da Rota 39 onde Amy e Forrest permaneciam
desmaiados. Ethan correu para tentar socorrer os amigos enquanto o velho
pareceu analisar a situação.”
Ethan soltou um grito.
— EU NÃO ACREDITO! — Amy e Forrest o encararam.
— O que foi, Ethan?! — Perguntou o moreno.
— É ele, gente...! Baoba! — Exclamou o garoto em choque.
“—
Faça-os beber.
—
O que é isso?
—
Leite das Miltank da fazenda. Ele tem propriedades nutritivas que curam até o
pior dos efeitos. — Explicou o idoso.
Ethan
pegou um dos copos e aproximou-se do corpo de Amy. Lentamente, encostou o copo
nos lábios da garota e fez o líquido descer por sua garganta. Amy tossiu e
acordou. Ethan a segurando foi a primeira coisa que viu.
A
garota sentou-se no chão com a cabeça rodando. Ethan estendeu o copo para ela,
incentivando-a a beber o resto do leite de Miltank.
Forrest
foi o próximo. Sofrendo o mesmo processo que sua companheira, o rapaz despertou
do sono. Olhou o ambiente em que estava enquanto Ethan entregava o copo de
leite para o rapaz tomar.
Alguns
instantes passaram-se até que Amy e Forrest se levantassem do chão.
—
Amy! Forrest! Vocês estão bem? — Perguntou Ethan, preocupado.
—
Eu estou bem melhor. Eu não sinto mais os efeitos dos esporos do Vileplume... —
Disse Forrest.
—
Eu me sinto ótima. — Comentou Amy espreguiçando-se.
Ethan
sorriu e correu para abraçar os dois amigos.
—
Eu fiquei tão preocupado com vocês! — Exclamava o garoto enquanto Amy e Forrest
ficavam sem graça com aquela demonstração de carinho.
—
Bom ver que vocês estão melhor, jovens. — Disse o velho.
Os
três se viraram para ele.
—
Obrigado, senhor. Como se chama? — Perguntou Forrest.
—
Meu nome é Baoba. Eu sou o caseiro dessa fazenda. — Respondeu o homem.
—
Eu sou Amy. E estes são Forrest e Ethan. — Disse a garota apresentando os
amigos.
—
Esse rapaz... Ethan... Ficou muito preocupado com vocês. Ele correu até aqui
para pedir ajuda. A sorte é que eu estava em casa. — Disse Baoba”.
Tudo estava claro agora.
O trio encarou George e Mariana que os olhavam sem entender nada.
— Foi ele! O caseiro Baoba que dopou a gente! — Exclamou Ethan.
Mariana soltou um sorriso de descrença.
— Ora, jovens... Não tem como ele fazer isso. Baoba é um amor de
pessoa.
Amy deu um passo à frente.
— Escuta, dona. Eu não tenho motivos pra mentir. Eu estou dizendo
que vi este homem ontem tentando passar um golpe na gente. — Disse a garota
firmemente.
— Pode ter sido ele que roubou nossas coisas! — Concluiu Forrest.
George fechou a cara e deu um soco na mesa de centro.
— Eu não vou admitir mentiras aqui dentro desta casa. Nós
acolhemos vocês, os alimentamos com nossa própria comida, pra quê? Pra ouvir
mentiras?! Chega! — Bradou ele, irritado.
Os três se encararam. Foi Amy quem abriu a boca.
— Bem, se é assim, o senhor não se importaria de nos acompanhar
até a casa dele para tirarmos satisfações. — Disse a garota olhando fixamente
para o homem.
George relutou.
— Nós confiamos em Baoba. Isso seria invasão de sua privacidade.
São anos trabalhando para nós e nunca recebemos uma só reclamação!
Amy insistiu.
— Se o senhor confia tanto nele, então não tem o que temer.
Amy e George se fuzilavam com o olhar. Mariana aproximou-se do
marido.
— Querido, vamos lá... É melhor do que ficar discutindo. Vamos
mostrar pra eles que Baoba é uma ótima pessoa. — Disse a mulher de forma calma.
George respirou fundo. Calmamente, andou até a porta e, de trás
dela, retirou um molho de chaves. O homem abriu a porta e convidou os demais a
sair.
Os cinco acompanharam o casal. Tendo a inseparável companhia de
Nidoran♂,
levou cerca de cinco minutos para chegar até a entrada da casa do caseiro.
— Bem, é aqui. Vamos acabar logo com isso. — Disse George abrindo
a porta com a cópia da chave que tinha.
Todos olharam ali dentro. Ethan, Amy e Forrest começavam a se
lembrar de cada canto da residência, onde estiveram anteriormente. Cada detalhe
da madeira, as estantes com insígnias, PokéBolas e troféus dos mais variados
tamanhos e banhados a ouro... Estava tudo ali, intacto.
Os garotos olhavam em volta. As mochilas dos três estavam juntas
embaixo de uma das estantes.
Eles correram e abriram-nas, verificando se estava tudo em ordem. Ethan
deu por falta de sua caixa de Insígnias, pela segunda vez, ela não se
encontrava com suas coisas. Vasculhando pelo lado, a encontrou próxima das
demais insígnias roubadas por Baoba. Elas haviam sido retiradas do case preto
uma por uma e colocadas em cima da tampa da caixinha. A sorte de Ethan era
Baoba não ter organizado com as demais.
Nidoran♂ rugiu e correu para a porta. Ao olharem na direção que o Pokémon
corria, os cinco viram Baoba correndo para longe, fugindo. Os garotos começaram
a persegui-lo.
Baoba corria sem rumo, apenas para tentar se esquivar de seus
perseguidores. No entanto, o pequeno Nidoran♂ acelerava cada vez mais,
diminuindo a distância de seu alvo. O velho então sacou uma PokéBola.
— Vileplume, vai!
Nidoran♂ parou e encarou seu oponente. Vileplume encarou o pequeno com um
olhar maligno. Aquele olhar que ele sabia que Nidoran♂ temia mais do
que tudo.
Ethan, Amy, Forrest, George e Mariana alcançaram os Pokémon.
Nidoran♂
os encarou e pediu para que eles perseguissem Baoba. Ele enfrentaria Vileplume
sozinho.
Os humanos continuaram a correr, mas Vileplume saiu em defesa de
seu mestre, atacando com o Bullet Seed.
No entanto, Nidoran♂ se pôs em sua frente, tomando o ataque. Ele tinha vantagem.
Vileplume deu um passo para trás, surpreso.
A história daqueles dois já era antiga.
Há alguns anos, quase na mesma época que Red disputava a Liga
Pokémon, uma jovem treinadora iniciava sua jornada Pokémon. Ela vivia
acompanhada de seu parceiro, Nidoran♂, que sempre estava com ela.
Sunny era nativa da Cidade de Cherrygrove, litoral ao leste de
Johto. Ela estava buscando Insígnias para competir na Liga Pokémon. Já tinha
três: A de Falkner, a de Whitney e a de Bugsy.
A garota caminhava pela Rota 39, rumo à Olivine. Vileplume saiu
por detrás das moitas, atacando Sunny com o Stun
Spore. A garota caiu ao chão. Nidoran♂ ficou encarando a jovem treinadora, sem saber o que fazer.
Vileplume atacou Nidoran♂ investindo com seu pesado corpo. Baoba
saiu de um local próximo e aproximou-se do corpo da garota ao chão.
— Isso mesmo... Boa menina. — O homem
então, pegou sua mochila e revirou a garota, recolhendo suas PokéBolas.
Nidoran♂ atacou Baoba, fazendo o velho cair ao
chão. Ele rosnava e ficava na frente da
garota, impedindo que algum mal fosse feito à ela.
Sunny olhou para o Pokémon.
— Cherry... Corre... Eu vou ficar bem. Eu
não vou me perdoar se... Alguma coisa acontecer... Com você... — Disse a garota
em um fraco tom de voz.
Nidoran♂ a encarou, mas não se moveu.
— Por favor, Cherry... Eu voltarei... Pra
te buscar...
Nidoran♂ continuou encarando-a, mas, após alguns
segundos, fez um sinal afirmativo com a cabeça, virou-se de costas e
desapareceu no mato.
Ele nunca soube o que havia acontecido com
sua treinadora.
Agora ele estava ali, frente a frente com
Vileplume. Ele sim, devia saber o paradeiro de Sunny. Nidoran♂ só pensava em vingança. Em derrotar aquele que fez sua treinadora sofrer.
Nidoran♂ atacou com Poison Sting,
atingindo o estômago de Vileplume. O Pokémon não desistiu e voltou a encarar
seu oponente, tentando assustá-lo, como fazia antigamente.
Mas Nidoran♂ não tinha mais medo.
Outro ataque físico. Peck foi
super efetivo. Porém, Vileplume não seria derrotado tão fácil assim. Utilizando
o Stun Spore, conseguiu uma brecha na
defesa de Nidoran♂, deixando-o paralisado.
Vileplume então fez a grama aos pés de Nidoran♂ criarem
vida. A vegetação amarrou o corpo do pequeno e o puxou com força para baixo.
Era o Grass Knot.
Vileplume já estava contando vitória quando Nidoran♂ levantou do
chão. O baixinho encarou seu oponente com um olhar frio.
Preparou seu chifre. Correu em direção à Vileplume, penetrando seu
chifre entre seus dois olhos vermelhos, exatamente no centro de seu rosto,
abaixo das pétalas de sua grande flor. O Peck,
super efetivo, utilizado de forma fatal, foi o suficiente para que Vileplume
pendesse sobre as duas pernas e caísse de joelhos, vindo a cair de cara no
chão, inconsciente e nocauteado.
Nidoran♂ encarou o rival. Ele finalmente estava ali, caído em sua frente.
Sua vingança estava concluída.
Ele então seguiu na direção em que os humanos haviam corrido.
Os garotos continuavam a perseguir Baoba, que corria sem
demonstrar cansaço.
— Mano, esse velho só pode ter pacto com o Papa-Léguas, não é
possível! — Xingava Amy.
— Haja porte físico! — Exclamou Forrest.
Ethan parou de correr.
— Cansei. Rocky, Bind! —
O garoto arremessou a PokéBola da criatura colossal.
Onix pousou fazendo o chão tremer. Ele encarou Baoba, mas ficou
com receio de ataca-lo.
Ethan aproximou-se do Pokémon.
— Rocky, eu sei que você não gosta de lutar... Mas eu não te
convocaria se não fosse por algo justo. Esse homem rouba Pokémon. Esse homem
droga os treinadores e sabe-se-lá-Arceus o que faz com eles depois... Você é o
único que pode acabar com isso.
Onix encarou seu treinador e assentiu com a cabeça. Mergulhou
debaixo da terra e, instantes depois, apareceu na frente de Baoba,
assustando-o.
Rocky envolveu sua cauda no corpo do velho, erguendo-o do chão.
— Me coloca no chão, seu monte de porcaria! — Xingava Baoba
enquanto se debatia.
O grupo havia alcançado Onix e Baoba. Se vendo derrotado, não fez
resistência alguma.
— Muito bem, Baoba. Acabou. — Disse Amy.
George e Mariana aproximaram-se timidamente.
— Baoba... É verdade mesmo? — Perguntou Mariana, sem acreditar nas
próprias palavras.
Baoba hesitou por um instante.
— Sim, senhora. É verdade.
— Mas... Depois de todos esses anos servindo nossa casa, nossa
família... Você realmente tinha que fazer esse tipo de coisa? — Perguntou a
mulher em lágrimas.
George aproximou-se tão rápido quanto um foguete e deu um soco no
rosto de Baoba, fazendo sua cabeça pender para trás.
Forrest e Ethan tentavam segurar o homem, que berrava.
— NÓS CONFIAMOS EM VOCÊ! EU JUREI PELOS CÉUS DE QUE VOCÊ NÃO TINHA
NADA A VER COM O DESAPARECIMENTO DA CAROLINA!
Mariana encarou o marido.
— O que quer dizer com isso?
George caiu de joelhos no chão, levando as mãos ao rosto.
— Carolina sempre me dizia que Baoba a olhava de um jeito
estranho. Eu nunca quis acreditar, não me deixei acreditar, que o homem que me
ajudou a cuidar das Miltank, a cuidar da fazenda, podia fazer alguma coisa com
a minha princesinha... — George começou a soluçar de tanto chorar.
Baoba começou a rir. Ele ria compulsivamente.
— Você achou mesmo que eu ia ficar servindo você até a morte? Eu
penso grande!
Mariana caiu de joelhos, com um olhar profundo.
— Mas... O que nós fizemos pra você...?
— Vocês não precisaram fazer nada. Eu sempre sonhei em ser um
empresário de sucesso... E por que não fazer isso fazendo os outros de trouxa?
Ninguém chega ao topo sozinho. Às vezes, é necessário fazer subordinados de
escada. — Riu Baoba.
Amy foi quem aproximou-se de Baoba, colocando-se frente a frente
do homem.
— Você é um velho escroto.
A garota quebrou o nariz de Baoba com as cinco falanges de sua mão
direita em um soco bem aplicado. O sangue começou a escorrer como cachoeira dos
orifícios nasais.
— E quanto à Carolina...? — Perguntou George.
Baoba não respondeu.
— Responda. E quanto à Carolina? — George repetiu.
Baoba sorriu.
— A morte dela não foi minha culpa.
Memórias voltavam à mente de Baoba.
— Por favor, Cherry... Eu voltarei... Pra te buscar...
Nidoran♂ continuou encarando-a, mas, após alguns segundos, fez um sinal afirmativo
com a cabeça, virou-se de costas e desapareceu no mato.
Sunny desmaiou. Baoba aproximou-se do corpo
inconsciente e terminou de surrupiar as coisas.
— Mas que moça bonita... — Sorria maliciosamente.
— O que você está fazendo, Tio Baoba? — Perguntou uma
voz aguda.
Baoba travou. A voz de Carolina chegava aos seus
ouvidos como um soco.
Ele se virou e encarou a garota, que o olhava com uma
expressão confusa.
— Ah, olá, minha querida... O que faz aqui? — Baoba
tentava fazer um tom tranquilo,
— Por que o senhor está perto dessa moça?
— Ela desmaiou, eu só estava tentando ajudar.
Carolina deu um passo para trás.
— Se é assim, eu vou falar com mamãe e papai! Eles vão
dar pra ela o Leite Moomoo e ela vai ficar bem.
Carolina saiu correndo.
— Não! — Exclamou Baoba.
Vileplume tentou ajudar seu treinador. Usando o Grass Knot, fez a grama amarrar-se
nos pés da garota, fazendo-a tropeçar e cair. Ela bateu forte a cabeça no chão
na queda.
Baoba aproximou-se correndo. Ele viu uma poça de
sangue começar a se formar. Carolina ainda mantinha os pequenos olhos curiosos
abertos, mas seu coração não pulsava mais.
— Vileplume não teve culpa. Ele só estava tentando me ajudar...
Todos ouviam atentamente. Ninguém se pronunciava. O choque era
maior do que qualquer coisa.
A sirene da policia soou ao longe. As viaturas se aproximaram com
velocidade e cercaram o grupo. A policial Jenny desceu de um dos carros.
— Baoba, o senhor está preso. — Disse a mulher de forma firme.
Um barulho alto. Uma forte luz. O corpo de Baoba caiu ao chão
enquanto Rocky, o Onix encolhia seu imenso corpo. Quando a luz evaporou, todos
puderam ver Baoba morto, estirado no chão, e Vileplume com uma fumaça fina
saindo do centro de sua imensa flor.
O Pokémon havia assassinado seu mestre com o Solar Beam.
Mariana soltou um berro de dor. George exclamou. Ethan, Amy e
Forrest ficaram estáticos com uma expressão chocada no rosto.
Jenny aproximou-se do corpo de Baoba e constatou sua morte. Uma
matilha de Growlithe cercou Vileplume, que permanecia imóvel.
***
As buscas pelos restos mortais de Carolina seguiram pelos próximos
dias. Vários buracos foram feitos na estrada das Rotas 38 e 39. Matilhas de
Growlithe e Arcanine usavam seus faros para auxiliar nas buscas.
O sol já estava se pondo quando um dos Growlithe localizou alguma
coisa. Todos se dirigiram para o começo da Rota 39, na estrada para Olivine.
***
George e Mariana se abraçavam, enquanto as lágrimas corriam pelo
seu rosto. Ethan, Amy e Forrest tomavam as dores e, em silêncio, prestavam
homenagens àquela pequena garota que nunca chegaram a conhecer em vida. Nidoran♂ estava
próximo, também em silêncio, com feição triste.
A manhã já ia embora. E, com ela, Ethan, Amy e Forrest guardavam
suas coisas para prosseguir viagem. A despedida de George e Mariana foi
silenciosa. Cada um dos garotos abraçou por um longo momento o casal, como
filhos que saem de casa para uma longa viagem.
— Obrigado por tudo, garotos... E desculpem por termos duvidado de
vocês quando falaram de Baoba... — Disse Mariana, visivelmente constrangida.
— Não precisam se desculpar. Vocês foram ótimos. Nos orgulhamos
muito de ter conhecido vocês. — Falou Amy.
— Antes, preciso que me façam um favor. — Disse George.
Os três olharam atentamente.
— Preciso que levem Nidoran♂ com vocês.
Os garotos fizeram uma expressão de surpresa.
— O Nido?! — Exclamou Ethan.
— A fazenda é grande demais pra ele se desenvolver. Acho que a
Mariana concorda comigo.
George olhou para sua esposa. Ela apenas sorriu.
— Sim. Acho que você tem razão... Sem falar que a chance de
encontrar o treinador dele lá fora é maior. — Disse ela.
Ethan olhou para o Pokémon e agachou para tentar ficar na sua
altura.
— O que você acha de viajar com a gente, Nido? Vamos encontrar a sua
treinadora! — Exclamou o rapaz.
Nidoran♂ encarou George e Mariana, que o incentivavam com o olhar. O
pequeno encarou Ethan e deu um passo a frente.
O garoto pegou uma PokéBola vazia e estendeu a mão em direção à
Nidoran♂.
O pequeno encostou a cabeça no botão central e foi sugado pelo raio vermelho da
esfera.
Imediatamente, ela diminuiu seu tamanho e Ethan não conseguiu
reativá-la.
— Ué? — Questionou-se o garoto.
— Você já tem seis Pokémon com você, Ethan. Os que você tiver
agora, a PokéBola vai travar. — Avisou Forrest.
— Então, se quiser treinar o Nidoran♂, você tem que enviar um Pokémon
pro PC. — Completou Amy.
Mariana aproximou-se dos jovens.
— Cuidem bem dele.
— Nós faremos isso. Muito obrigado mesmo. Por tudo. — Disse Ethan
com um sorriso.
— E a propósito... Por Onix ter ajudado, nós lhe damos de presente
esse item que o transformará em um poderoso Steelix, um Revestimento de Metal*.
Mariana tirou do bolso uma corrente feita de aço puro. Ela parecia
pesada e reluzia quando a luz do sol refletia nele.
Ethan liberou Rocky da PokéBola e George aproximou-se com sua
esposa até o grande Pokémon. Os dois amarraram a corrente em sua cauda e Rocky
sorriu amorosamente ao casal pelo presente, como se agradecesse.
— Nós é que agradecemos. — Sorriu George em resposta enquanto
Mariana abraçava o corpo de pedra de Rocky de forma carinhosa.
A jornada de Ethan, Amy e Forrest continua. Dessa vez,
acompanhados do pequeno Nidoran♂, eles rumam para Olivine, onde novas aventuras os aguardam. Baoba
nunca mais atacará nenhum viajante. O mistério do desaparecimento de Carolina
foi resolvido, infelizmente, da forma menos agradável possível... No entanto, é
um novo recomeço, tanto para Nidoran♂, quanto para George e Mariana. E novos encontros aguardam Ethan,
Amy e Forrest em sua viagem. Que desta vez, eles não acabem sendo vítimas de
alguma armadilha... Vamos continuar acompanhando a jornada dos três.
TO BE
CONTINUED...
*Nota: Revestimento de Metal = Metal Coat.