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Quarto Ato (Final)




Ah, o Natal. Época mágica em que todos os corações se abrem para receber doses extraordinárias de amor e de esperança. Logo pela manhã, as crianças se apressam para abrir os presentes carinhosamente colocados debaixo da árvore maravilhosamente decorada com bolas coloridas, laços e pisca-piscas frenéticos que mudam de cor a cada piscada de olhos. Em alguns lugares, a neve cobria quintais e bonecos enfeitavam cada esquina. Em outros, o cheiro do almoço sendo preparado impregnava ruas inteiras e causava ansiedade em adultos e crianças que, em algumas horas, se reuniriam em família para celebrar uma das datas mais aguardadas do ano.

Menos, é claro, no Polo Norte, por mais irônico que isso pudesse parecer.

— A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro mais uma vez surpreende a audiência em uma reviravolta incrível! Se a gente fosse personagem de uma história fictícia, com toda a certeza essa seria a chamada do nosso filme! — Exclamou Psyduck.
— Ok, apesar de eu realmente gostar da ideia, sinto informar que estamos em uma situação crítica aqui, amigo — comentou Magby.

As Jynx assistentes do Papai Noel corriam de um lado para o outro com as mãos pressionando as têmporas, completamente desesperadas. O caos já havia se instaurado no local, os Smeargles reanalisavam cada ficha procurando qualquer tipo de pista do paradeiro do último Stantler enquanto os Corsolas, responsáveis por abastecer cada trenó, olhavam-se desolados se questionando aonde foi que haviam errado.

— O Pichu sumiu junto com Carlos, um dos Stantlers nomeados para fazer as entregas de Natal. Alguém tem alguma ideia de onde eles podem estar? — questionou Wobbuffet.
— Esses Pokémon não tem nenhum tipo de localizador tipo GPS? Como é que se sabe que eles não fogem? — perguntou Bulbasaur.
— Nós já estamos verificando isso, não se preocupe! — tentou acalmar o Rei Slowking.
— Não tenho tempo sobrando. Eu quero ir para a Central de Controle — pediu o detetive.
— A Central de Controle? Mas ninguém pode ir pra lá! — comentou um dos Smeargles.
— Eu estou pedindo — detetive Wobbuffet pareceu alterar o tom de voz pela primeira vez. — Eu sou a autoridade aqui e, quando um dos meus some, eu não costumo ser muito ortodoxo nas minhas atitudes.

A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro arregalou os olhos. Até então, não haviam visto o lado autoritário do Detetive Wobbuffet.

O grupo de Smeargles começou a cochichar entre si por alguns instantes. Os olhos arregalavam a cada vez que checavam uma das listas em sua posse.

— Senhor, temos um problema... — avisou um dos Pokémon.

Wobbuffet aproximou-se do grupo.

— Qual é?
— Pelos nossos cálculos... Pichu e Carlos estão dentro da fábrica!

Os Pokémon arregalaram os olhos, completamente perplexos.

— Como é?!
— Esses dados estão corretos? — perguntou Wobbuffet, pegando uma das folhas.
— Absolutamente, senhor. Os cálculos foram refeitos dezessete vezes. Eles estão em algum lugar dentro da fábrica de brinquedos!

Wobbuffet olhou para Slowking com certa urgência.

— E agora, tá precisando do quê pra que me deixe entrar nessa maldita fábrica de brinquedos? Quer que eu chame reforços?

Slowking suspirou.

— Muito bem, siga-me.

Os dois caminharam até a enorme cabeça de Papai Noel de boca aberta que dava entrada para a fábrica de brinquedos. A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro, no entanto, pulou na frente dos dois mais velhos.

— Nós iremos também! — anunciou Bulbasaur.
— Nem pensar. Isso é coisa séria — disse o Detetive Wobbuffet, negando a ajuda.
— Tio, o negócio é o seguinte: Nosso líder deve estar lá dentro, sozinho, e não sabemos como se ele está, se está machucado, se está em apuros... Nós somos uma equipe, e mesmo que eu seja totalmente contra esse tipo de aventura mirabolante, eu não posso deixar um amigo pra trás. Você não precisa nem autorizar, nós iremos! — discursou Magby.
— Nós iremos? — repetiu Psyduck em uma pergunta retórica, claramente contra a ideia. — E se eles tiverem fantasmas lá, cara?
— Relaxa, você nem toma dano super-efetivo — comentou  Bulbasaur.
— É, arregão, bora lá! Precisamos salvar nosso companheiro!
— Eu disse que não! — bradou o detetive. — Esperem aqui.

Bulbasaur, Magby e Psyduck se entreolharam.

— Desculpa, tio, mas não vai dar não — disse Magby. — CORRE, NEGADA!

A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro saiu correndo em direção à entrada da fábrica com o Detetive Wobbuffet ao seu encalço.

— Droga, pirralhos, voltem já aqui! — gritava Wobbuffet para os pequenos que não cediam.

O grupo de Pokémon se aproximou da bocarra e Psyduck fechou os olhos antes de passar por ela.

A fábrica de brinquedos era enorme. Esteiras rolantes carregavam brinquedos prontos e peças para dentro de câmaras escuras, onde saíam perfeitamente embrulhados. Quase tudo era automotivo, robôs recolhiam os presentes e os colocavam em diferentes esteiras, que os levavam para buracos do lado de fora, onde com certeza os Corsolas os levariam para os trenós. Dava para se ouvir perfeitamente os barulhos das engrenagens girando ecoando pela fábrica, com certeza havia Kling, Klang e Klinklangs por perto fazendo funcionar cada peça e robô. Bulbasaur olhou para cima e não conseguiu ver o teto. Ele era muito alto.

Os corredores que davam para o interior da fábrica eram divididos por grandes portais enfeitados por guirlandas natalinas com pisca-piscas coloridos que enfeitiçavam qualquer um que entrasse ali. Havia quatro passagens que podiam dar para qualquer lugar. Do fundo da fábrica, sons podiam ser ouvidos, muito diferentes dos produzidos pelas engrenagens. Pareciam vozes, cantos gregorianos que, de forma descompassada e até mesmo desafinada, ecoavam pelos corredores, chegando até onde os Pokémon estavam, na entrada.

O detetive Wobbuffet logo alcançou o trio de Pokémon, bastante irritado.

— O que vocês estão fazendo? Vocês estão malucos?!

Mas não obteve respostas da Equipe de Resgate dos Corações de Ouro. Eles estavam paralisados, olhando para o nada. Aquele lamento que vinha de algum lugar do interior da fábrica de alguma forma mexia com eles e os fazia prestar cada vez mais a atenção na melodia executada.

— Hipnose...? Tapem os ouvidos, tapem os ouvidos! — exclamava Wobbuffet para a Equipe de Resgate, mas eles já não ouviam. Correram para caminhos diferentes e o detetive não soube quem perseguir. Ao olhar para trás, viu que o Rei da Ilha, Slowking, permanecia parado sem esboçar qualquer reação.

— Eu avisei que ninguém podia vir até aqui.

Wobbuffet sentiu seu corpo ser agarrado com força. Quando notou, viu que teias de aranha limitavam seus movimentos. E essas teias de aranha vinham de cima, de um grupo de Ariados aliados ao Slowking.

Seus olhos e boca foram selados e Wobbuffet apenas sentiu seu corpo ser carregado para as profundezas da fábrica de brinquedos.

***

Havia um imenso templo construído com grandes blocos de pedra. Degraus de mármore levavam à porta de madeira, protegida por dois pilares gigantes que se encontravam sob o auxilio de uma empena manchada e marcada pelo tempo, de onde cipós caíam pela enjunta e enfeitavam, de uma forma maravilhosamente macabra, a entrada do local, estendendo-se até um ponto relativamente próximo do chão. Árvores imensas e virgens mostravam toda a superioridade a natureza selvagem no local. Trepadeiras invadiam as paredes e mal se podia ver os incontáveis blocos de pedra que a construíam. O local estava completamente abandonado, com certeza já fazia anos. O cheiro da grama logo tomou conta do olfato de Bulbasaur, que despertou no ambiente hostil sem se lembrar de como havia ido parar ali.





Ao levantar-se, olhou para os lados esperando ver alguém, mas estava completamente sozinho. Estava de noite, apesar de ter a plena certeza de que, até poucos minutos, o dia havia acabado de amanhecer.

— Pessoal? Tio Wobbuffet? Magby? Pichu? Psyduck? — a cada nome chamado, um eco em resposta. — Onde é que eu estou?

Caminhou em direção à porta à sua frente. No entanto, uma neblina densa começou a tomar conta do local. Bulbasaur começou a sentir que estava sendo observado, mas não teve tempo de ter a certeza. Em sua frente, dois Pokémon apareceram subitamente. Se o Pokémon fosse um pouco mais corajoso, com certeza teria corrido para bem longe.

Mas Bulbasaur travou ao se ver diante daqueles dois Pokémon, que ele não sabia se eram reais ou frutos de sua imaginação fértil. Dois enormes Houndooms, muito diferente do que se conhecia, caminhavam devagar para o pequeno Pokémon de Grama, que se encolhia de medo. Eles, além do tamanho exageradamente maior do que os Pokémon de mesma espécie, tinham chifres enormes que pareciam feitos de ossos e uma armadura espinhenta que protegia todo seu corpo. Encaravam Bulbasaur de forma maliciosa, sedenta, como se há muito tempo estivessem esperando algo do tipo — e isso não era nada bom, muito pelo contrário.

— Isso não é nada bom, nada bom... — repetiu Bulbasaur, como se tivesse ouvido o que o Narrador estava descrevendo.

Uma rajada de sementes foi disparada entre o Pokémon e a dupla de Houndoom. Uma nuvem de poeira subiu e tanto Bulbasaur, quanto os Houndoom surpreenderam-se, olhando para os lados tentando localizar a fonte daquilo.

Um Pokémon saltou de um dos galhos das árvores, pousando ao lado de Bulbasaur. Era pequena e tinha uma coloração pálida, com brotos verdes escuros em seu pescoço. Sua cabeça era proporcionalmente grande em comparação ao resto do corpo e possuía grandes olhos vermelhos. Suas quatro pernas curtas com um único dedo do pé pregado em cada uma e uma cauda atarracada. No topo da cabeça, havia uma folha grande e verde que emanava um aroma suave.

— Se você quer sair vivo daqui, apenas faça o que eu digo.

Dois cipós saíram das sementes de seu pescoço e se esticaram para o alto, agarrando em um dos galhos das tantas árvores imensas aos arredores. Bulbasaur imitou a desconhecida e do bulbo em suas costas, também lançou cipós em direção aos galhos das árvores.

Os dois Houndoom avançaram ferozes, tentando morder os dois Pokémon de planta com seu Fire Fang. Os Pokémon rosnavam e latiam e Bulbasaur continuava tremendo de medo, sem saber o que fazer.

— Não fica aí parado, cara! Me ajuda aqui! — pediu a Pokémon, mandando algumas Razor Leaves nos oponentes, sem sucesso.

Bulbasaur olhou para baixo e viu os dois Houndoom olhando de volta para cima pensando em uma maneira de chegar até ele. Lançou do bulbo vegetal em suas costas um fino pó azul que levitou suavemente até espalhar-se pelo ar.  

Os cães de fogo, no entanto, não iam ceder tão fácil. De suas bocarras, um poderoso jato de fogo fora disparado e se uniram em um só Flamethrower, disparado na direção dos dois Pokémon de grama. As labaredas por pouco não atingiram Chikorita, que agilmente pulou entre os galhos das árvores, mantendo-se distante dos inimigos.

A grande vantagem daqueles Pokémon do tipo Grama era que eles podiam se camuflar por entre as folhas das copas das árvores. Enquanto Bulbasaur tentava se equilibrar em cima dos galhos, um dos Houndoom atingiu a árvore em que o Pokémon estava com um Fire Fang, desequilibrando-o e o fazendo vir ao chão. O enorme oponente preparou um Flamethrower em sua direção, mas o golpe fora repelido quando Chikorita pulou na frente e utilizou seu Reflect, fazendo o ataque se dissipar.

Tantos golpes de fogo logo fizeram a intocada floresta sucumbir. As chamas rapidamente se espalhavam, impedindo que tanto Bulbasaur, quanto Chikorita pudessem fugir de alguma maneira.

— Vocês estão na nossa área, bebês... Vocês estão fritos! — bradou um dos Houndoom de forma maliciosa.
— Né por nada não, mas eu acho que essa é uma péssima hora pra fazer piada. — Repreendeu Bulbasaur.

Os dois cães de fogo avançaram ferozes para cima dos Pokémon.

— A porta! — exclamou Chikorita.

Os dois Pokémon desviaram de seus algozes e correram em direção à porta de madeira que dava de entrada para o templo. Uma das imensas árvores de grosso tronco caiu ao chão, consumida pelo fogo, impedindo a passagem de Bulbasaur e Chikorita. A Pokémon pensava rápido, logo, usou suas vinhas para agarrar-se ao cipó que caía da enjunta branca e subir agilmente até a empena, alguns metros acima do chão. Já Bulbasaur, permanecia em pânico demais para conseguir pensar em correr. As chamas imensas e ferozes já consumiam grande parte dos arredores e mais árvores caíam. Não havia onde se esconder quando os dois Houndoom avançaram com a bocarra aberta, mostrando seus dentes afiados prontos para devorar o pobre Pokémon.

Chikorita usou seu Bullet Seed para atingir o rosto de um dos cães de fogo que perdeu o equilíbrio e caiu por cima do segundo, vindo ambos a cair ao chão.

— CORRE PELA SUA VIDA! — Bulbasaur nem precisou ouvir duas vezes o berro de Chikorita.

Por ser pequeno, Bulbasaur conseguia ser ágil para desviar dos galhos incandescentes que caíam em cima de sua cabeça. Sentiu quando os Houndooms levantaram-se e começaram a persegui-lo. A única ideia que passou pela sua cabeça foi liberar seu Sleep Powder enquanto corria sem olhar para trás.  Usando seus cipós, agarrava-se aos troncos e galhos das árvores e balançava-se de um lado para o outro tentando desesperadamente atordoar seus caçadores.

Ao ter coragem de olhar para trás, viu que o sono havia derrubado os cães de fogo. As chamas continuavam a queimar cada centímetro de vegetal que conseguia alcançar, logo Bulbasaur correu de volta para a porta que levava para dentro do templo, onde Chikorita o aguardava.

Os dois fecharam a porta e logo a escuridão tomou conta do ambiente. Sem alarde, um castiçal acima da porta acendeu. E, em um efeito dominó, outros castiçais foram acendendo e iluminando o corredor que dava para outra porta, alguns poucos metros à frente da dupla. Bulbasaur mantinha sua respiração exaltada, continuava assustado e olhava para todos os lados, procurando entender o que estava acontecendo.

— Não se mova. Tem alguma coisa nos observando — disse Chikorita.

Ao olhar para cima, Bulbasaur soltou um berro. Um Ariados o encarava com de olhos bem abertos, descendo devagar apoiado com sua teia.

— Será que esse lugar só tem Pokémon com vantagem de tipo?! Como que querem que eu me defenda?! — reclamava Bulbasaur.
— A porta, agora! — exclamou Chikorita, fazendo com que o colega a seguisse com pressa.

Ariados pulou no chão e avançou contra a dupla de Pokémon de Grama, e teria conseguido capturá-los com suas presas venenosas por um milésimo de segundo a menos. Deu de cara com a porta, selada por dentro por Chikorita.

— O que está acontecendo aqui? Onde eu estou? Quem é você? — perguntou Bulbasaur para Chikorita, de forma afobada.
— Um cara de túnica verde e orelha pontuda fez essa mesma pergunta, nessa exata sequência, e eu vou responder pra você o que disse pra ele: Calma aí, meu consagrado. Relaxa e respire fundo. Estamos bem agora.

Chikorita andou para frente e desceu três degraus do enorme coreto feito de ouro. A Pokémon olhou para trás e observou um Bulbasaur abismado olhando para a sala oval cuja degradação do lado de fora parecia não ter conseguido penetrar a fortaleza de mármore que a protegia.  As paredes de pedra permaneciam estáticas e não se ouvia absolutamente nada vindo do interior daquele local, aparentemente ambos estavam seguros por enquanto.

— Você não vem? Está tudo bem — comentou Chikorita.

Bulbasaur, ainda desconfiado, começou a andar em direção ao centro da sala, onde um coreto menor, feito de concreto, se encontrava. Dentro dele, quatro castiçais enormes faziam a iluminação do ambiente, com velas que queimavam lentamente. Bulbasaur reparou que estava de pé em cima de um tapete vermelho que levava até este coreto, onde uma espécie de elevador aguardava seu próximo usuário.

— Que lugar é esse? — perguntou o Pokémon.
— Eu não sei. Eu um dia acordei aqui e desde então, nunca mais consegui achar a saída.

Bulbasaur encarou a Pokémon de olhos arregalados.

— Meu nome é Chikorita. Eu serei sua guia turística por este que eu chamo de Templo da Floresta. A viagem será longa, espero que você não tenha outros compromissos.

— Esse lugar não tem saída...?
— Pelo o que eu analisei, até tem sim. Fica debaixo dos nossos pés. Usa-se o elevador para alcançar o piso inferior — respondeu Chikorita, apontando com sua folha para o elevador no centro da sala, dentro do coreto de concreto.

Bulbasaur correu até lá.

— Então é fácil, é só a gente entrar nele e vazar daqui!
— É inútil — respondeu a Pokémon.
— Por quê?
— Por causa deles.

Bulbasaur voltou a encarar o coreto. Ao aproximar-se do elevador, uma forte ventania tomou conta do local. O fogo nas velas nos castiçais se apagou.

Uma visão horripilante se mostrou.

Uma Misdreavus, acompanhada de Gastly, Haunter e Gengar, que parecia liderar o grupo, cercaram Bulbasaur, sussurrando em seu ouvido palavrões e maldições e transpassando o corpo do Pokémon. Os golpes do tipo Fantasma nem eram super-efetivos em Pokémon do tipo Grama, mas a dança macabra que fazia Bulbasaur ver espíritos, esqueletos e sangue espalhados pelas paredes, outrora brancas, o fez dar um passo para trás, com um grito de horror preso em sua garganta. Ao fazê-lo, os fantasmas dispersaram-se e voltaram a arder como chamas aquecendo os quatro castiçais que iluminavam o Templo da Floresta.

Paralisado de medo, Bulbasaur não viu a aproximação de Chikorita.

— Por mais que eu tente, eu sempre vejo coisas horríveis ao me aproximar desse elevador. Vamos, você tem muito que ver ainda.

Chikorita cruzou o salão oval em direção a uma porta lateral. Bulbasaur não se moveu, paralisado de medo e ainda revendo tais cenas em sua cabeça.

***

— Irmão, fica frio! Tu tá muito nervoso, meu parça.
— Me chama de irmão de novo que a tua chapa vai esquentar!
— Irmão, estamos dentro de um vulcão. Aqui, TUDO é quente, meu parça! A chapa esquentou faz tempo, hahaha!

Magby, se já era um poço de bom humor e paciência, havia perdido tudo o que lhe restava naquele local horrível. Acompanhado de um Graveler tatuado que tinha o dobro de seu tamanho, havia acordado no meio de uma caverna construída dentro de um vulcão. Não havia saída.

O Pokémon de Fogo havia encontrado o tal Graveler correndo desesperado gritando por socorro. Claro, a lógica era que alguém que estivesse ali com certeza saberia o caminho da saída. Em nenhum momento, passou pela cabeça do Magby que Graveler também poderia estar perdido. Em trinta segundos de conversa, o Pokémon de Fogo arrependeu-se amargamente de ter iniciado a conversa. Graveler era tagarela, só falava em gíria e sua voz grave, apesar de ameaçadora no início, logo começou a despertar enxaquecas no pobre Pokémon. O Magby irritadiço havia encontrado alguém que lhe irritava mais do que o pobre Psyduck.

— Assim que eu encontrar os demais integrantes da Equipe de Resgate dos Corações de Ouro, eu vou me demitir! É isso, já deu, eu não aguento mais!
— Irmão, relaxa. Tu precisa desse emprego, meu parça.

E nem adiantava Magby usar qualquer tipo de golpe no Graveler para assassiná-lo e calá-lo por toda a eternidade. Ele, sendo do tipo Pedra e Terra, era resistente aos golpes do tipo Fogo. Nem a lava, espalhada por todos os lados, o machucaria.

***

...Em algum lugar no fundo do oceano...

— Eu não aguento mais... — lamentou Psyduck pela centésima vez.

Ao seu lado, um Pokémon roliço de cor azulada o encarava choroso.

— VOCÊ NÃO ME AGUENTA MAIS?! COMO ASSIM?! EU SOU SUA NOIVA, SABIA? VOCÊ NÃO PODE FALAR ASSIM COMIGO!

A dor de cabeça de Psyduck só ficava mais intensa.

Ele acordou dentro de uma caverna submarina que era inundada quando a maré subia e retornava ao vazio quando ela abaixava.  No entanto, cada evento ocorria a cada dezessete minutos e meio e assim permanecia até o próximo. Agora, a maré estava baixa e a caverna vazia. E o fato de Psyduck não saber nadar, era um grande problema, afinal, ele ficava boiando submerso até a caverna esvaziar de novo.

E o ciclo se repetia.

Ao lado de Psyduck, estava Marill. A Pokémon apaixonou-se imediatamente pelo Pokémon ao vê-lo se afogando nas águas salgadas do oceano.  O que, convenhamos, é levemente bizarro. Mas Psyduck achava ainda mais estranho o fato de acordar no fundo do mar, então, ter a companhia de Marill, apesar de ela ser obsessivamente adorável.

— Marill, eu não me referia a você na parte de não aguentar mais... Eu falo dessa caverna... — explicou o Pokémon mais uma vez.

Marill pareceu se convencer.

— Mas... Pense pelo lado positivo. Poderemos ficar juntinhos. Pra sempre. Por toda a eternidade, só eu e você, no nosso ninho úmido de amor ♥ — dizia Marill enquanto agarrava Psyduck e o beijava em todo pedaço do corpo que conseguia alcançar.
— Ai meu Kyogre...

E a maré voltava a ficar alta e encher a caverna mais uma vez...


***

Detetive Wobbuffet encontrava-se sozinho, pendurado de ponta-cabeça na ponta de um mastro de um navio que navegava por um mar de escuridão. Seus olhos já não estavam mais vendados, então ele podia ver Gastlys flutuando de forma medonha pelo alto, assombrando e amaldiçoando aquele lugar. Wobbuffet estava amarrado com teias de aranha, que o agarravam com força o impedindo de se movimentar.

— Parece que o senhor acordou.

Aquela voz grave atiçou a curiosidade de Wobbuffet. Mesmo sem conhecer a fonte daquela afirmação, o detetive resolveu responder.

— Golpes Psíquicos não são muito efetivos em mim.

A risada macabra ecoou por aquele lugar que já era, por si só, assustador.

— É claro, é claro... Eu deveria saber disso.
— Você vai me tirar daqui para termos uma conversa digna entre dois cavalheiros ou continuaremos a brincar de gato e rato?

Chamas foram disparadas. As teias que prendiam o detetive queimaram, libertando-o, porém fazendo Wobbuffet cair ao chão, com força. O detetive levantou-se e mexeu dentro de seu sobretudo.

— Está procurando seu charuto? Aqui é proibido fumar — retrucou a voz.

Ao olhar para frente, viu em sua frente Carlos, o Stantler, jogado ao chão. Logo, correu para socorrê-lo.

— Carlos! Carlos, você está bem? — chamava o detetive.

Stantler murmurava palavras inaudíveis.

— Onde está o Pichu?
— Eu não... Sei... Não me lembro de nada... Eu só... Acordei aqui...
— Assim como todos que entram na Fábrica de Brinquedos, ele ficou preso dentro de um mundo construído por mim... Um mundo dos sonhos, onde todos os meus prisioneiros permanecem enlouquecendo, até perderem sua sanidade... — a voz ficava cada vez mais alta e próxima.
— Eu sabia que era Hypnosis... Então você também é um Pokémon Psíquico — concluiu Wobbuffet, enquanto auxiliava Carlos a se erguer. — E deve ser um dos poderosos.
— Fico feliz com seu elogio.

Os Gastlys que flutuavam começaram a se juntar em uma enorme bola de gás. Aproximaram-se do deque do navio onde estavam o detetive e o Stantler e transformaram-se em uma densa névoa de gás de onde um Hypno surgiu, caminhando lentamente em direção aos dois.

— Vejo que não economizou nos efeitos especiais — disse Wobbuffet.
— Bem-vindo ao meu mundo, o mundo dos sonhos de qualquer pessoa: O Polo Norte!

O navio em que aqueles Pokémon estavam atracou em algum lugar no mar escuro. O detetive olhou para os lados e viu a paisagem mudar. Flocos de neve começaram a cair e um vento gelado começou a soprar. Tudo se dissolveu, o Detetive Wobbuffet estava novamente do lado de fora da Fábrica de Brinquedos.

— Para um Pokémon Psíquico, você não parece ter medo de fantasmas — disse Wobbuffet para o Hypno.
— Medo? Não. Eu causo medo. Eles são meus aliados, assim, eu me tornei o Pokémon mais forte do mundo. Me acompanhem, eu tenho que guiá-los através da minha terra dos sonhos.

Hypno estalou os dedos. A ilusão dissolveu-se mais uma vez, mas não se sabia se outra havia sido criada em seu lugar. Todos agora estavam dentro de uma pequena sala escura, sem mobílias, onde apenas Gastlys continuavam a flutuar com sua dança medonha. A luz era gerada por quatro castiçais, posicionados nos quatro cantos extremos daquela sala, que emitiam quatro chamas coloridas.

Ao saírem da sala, um grande panorama dava visão da sala de Hypno para todos os setores da Fábrica de Brinquedos. Os grandes maquinários ficavam ainda mais belos de serem vistos da parte superior, os braços de metal faziam uma dança coordenada em todas as direções, fabricando, embalando e distribuindo cada brinquedo novo.

— Como vocês podem ver, nossa fábrica funciona com muita tecnologia. Cada máquina sabe exatamente qual brinquedo produzir, como embalar e qual Stantler vai levar. É o suprassumo do entretenimento — explicou Hypno.
— Eu não estou interessado na sua tecnologia. Eu quero saber de três coisas: Aonde está Papai Noel, por que uma das Jynx assistentes foi congelada, aparecendo há milhares de quilômetros daqui e, o mais importante, aonde está Pichu, um dos meus assistentes?
— Muitas perguntas, muitas perguntas... — sorria Hypno. — Por que você mesmo não faz essa pergunta pra ele?

Ao olhar para trás, Wobbuffet viu Pichu aproximando-se devagar. Ele estava estranho... Diferente da figura alegre e saltitante de antes, este estava cabisbaixo, andando devagar, quase se arrastando.

Pichu encarou o detetive. Seus olhos não tinham pupilas, estavam dominados por uma cor púrpura. Faíscas saíam de suas bochechas e a voz que saiu de sua boca arrepiou a espinha do Detetive Wobbuffet.

Vá embora!!!

O Pokémon atacou com Thundershock e o detetive prontamente rebateu com Mirror Coat, rebatendo o golpe e o jogando contra Pichu.

— Olha só, parece que nosso amiguinho parece estar levemente rebelde — disse Hypno de forma irônica.

Wobbuffet se virou para ele de forma furiosa.

— O que você fez com ele?!
— Não se preocupe, ele está bem. Ele está sob meu controle, em um sono profundo. Sua mente produz imagens que o fazem achar que está em algum lugar por aí... Você estava em cima daquele barco, não é? Cada Pokémon tem seu próprio sonho.
— Maldito! O que você fez com os outros?!
— Eles estão trabalhando. Todas as crianças que se intrometem em assuntos dos adultos viram minhas escravas. Veja, detetive, suas crianças não são lindas quando estão ocupadas trabalhando?

Um novo olhar para baixo fez Wobbuffet soltar uma exclamação alta. Como zumbis, Bulbasaur, Psyduck e Magby trabalhavam ao lado das máquinas, pegando os brinquedos que eram trazidos até eles pelos braços mecânicos e levando-os até as esteiras que levavam para o interior da fábrica. Ao lado deles, um Smoochum, também hipnotizado, supervisionava o trabalho do trio.

— Como você ousa?! — bradou Wobbuffet.
— Acalme-se, detetive. Você está muito exaltado.

Carlos atacou Wobbuffet pelas costas usando o Astonish. O detetive sentiu uma enorme pressão que o derrubou violentamente no chão. O golpe super-efetivo o desestabilizou, seu equilíbrio pareceu ser afetado. As coisas estavam rodando.


— C-Carlos? Você também está sob o efeito da Hypnosis? — perguntou Wobbuffet, tonto.
— Carlos é meu braço direito. Detetive, deixe-me contar uma história... Muitos anos atrás, esse local era comandado por Papai Noel, o senhor Nicolau. Eu era seu Pokémon... Mas, eu acabei percebendo que eu ganharia muito mais se não cumprisse as ordens dele. Então, eu hipnotizei a todos com meus incríveis poderes e fiz todos de mascote. Claro que todo plano incrível requer algum tempo de construção. Então, eu fiz nos últimos anos, Nicolau conquistar a antipatia de todos os Pokémon que vivem na ilha... Carlos me ajudou a espalhar a noticia e agora, estou aqui, criando um novo e fantástico mundo onde todos estão felizes. Sequer reclamam! Tudo bem, eles estão hipnotizados, mas o que interessa é que dominaremos não apenas o Natal, mas o ano inteiro!

Wobbuffet avançou em Hypno, mas o mesmo estalou os dedos. A porta de sua sala se abriu com violência e os Gastlys que estavam nela saíram, partindo para cima do detetive. Os gases começaram a sufocá-lo e ele caiu ao chão.

— Engraçado como, por mais que você seja um aliado da justiça, está sendo dominado feito um fantoche. Você não é muito diferente desses seus mini-assistentes... Não resista, você vai acabar ajudando o Grande Hypno a construir seu império enorme! Muahahaha!

Hypno avançou devagar na direção de Wobbuffet e cuspiu em seu rosto.

— Ah, a resposta para a sua última pergunta... A Jynx congelada foi uma surpresa. Sabe aquela Smoochum que está ali em baixo? Ele é filha dessa Jynx, a congelada. Ela queria ser assistente do Papai Noel, mas sua mãe não deixou. A função dela, como um Pokémon de Gelo, era usar seus poderes numa máquina que temos, que faz nevar por todo o planeta... A ganância dela foi sua ruína... Ela acabou congelando a própria mãe... Para sempre.
— Ou será que não? — ressonou uma voz poderosa.

Ao olhar para baixo, Hypno viu o delegado Arcanine entrando com vigor dentro da fábrica, acompanhado por um verdadeiro exército de Pokémon.

— Parado em nome da Lei! Você está preso! — anunciou Graveler.

Mais um estalar de dedos. Os Gastly que sufocavam o detetive Wobbuffet o largaram e partiram para cima de Arcanine e sua equipe. Um agente Umbreon pulou à frente do esquadrão e usou seu Pursuit para atacar os Pokémon fantasmas, que recuaram. Hypno estalou os dedos mais uma vez. Os Pokémon que estavam trabalhando na Fábrica de Brinquedos — incluindo a Equipe de Resgate dos Corações de Ouro —, se viraram contra a força policial.

— Senhor, nós temos um problema... — comentou Graveler para Arcanine.
— Então daremos a solução. Esses Pokémon estão enfeitiçados. Dominem-nos, porém não os machuquem. Há muitos inocentes por aqui.

Logo, os Pokémon da fábrica começaram a enfrentar a polícia. Hypno tentou fugir, mas Detetive Wobbuffet logo foi atrás dele. Carlos, o Stantler, tentou esgueirar-se pelos corredores e sumiu de vista enquanto o tumulto acontecia.

Wobbuffet usou seu Selo das Sombras* para impedir que Hypno conseguisse deixar o local.

— Você não vai pra lugar nenhum — disse o detetive. Apesar de machucado, ele fazia o possível para manter o Hypno longe de qualquer porta que pudesse fugir.

— E quem é que vai me impedir? — apesar de visivelmente sem saída, Hypno não se daria por vencido.
— Eu.

A voz de Pichu surpreendeu até mesmo o próprio Hypno.

— Moleque! Como você...?
— Milagre de Natal — respondeu o Pokémon usando seu Thundershock no Pokémon.

Wobbuffet socou o Pokémon no rosto. Ser atacado o fez perder a concentração por algum tempo, o suficiente para que a hipnose em conjunto fosse interrompida.

Os Pokémon sob o domínio do Hypnosis despertaram de seus sonhos.

Bulbasaur, que estava próximo a uma das esteiras, voltou à consciência. Olhou para os lados e não lembrava como havia chegado até ali. Não estava mais dentro do Templo da Floresta e não tinha mais Chikorita a seu lado. O cheiro de grama não estava mais no ar.

— Chikorita? — chamou o Pokémon.
— Bulbasaur! — respondeu uma voz.

O Pokémon se virou esperançoso, mas era Magby que corria em sua direção. Bulbasaur não escondeu a expressão de decepção.

— Cara, você tá bem? Você não faz ideia de como é bom te ver de novo!
— É, eu te digo o mesmo... — suspirou o Pokémon. — Cadê o Pichu?
— Sei lá... Você viu o Psyduck?
— Negativo.

Uma explosão foi ouvida. Milhões de cacos de vidro foram espalhados pelo andar de baixo devido à destruição do andar superior onde ficava a sala de Hypno. Pichu e Wobbuffet batalhavam contra o Hypno, que usava seus poderes para contra-atacar. Bulbasaur e Magby se olharam e correram para o centro da confusão. A polícia invadiu a fábrica e começou a atacar e destruir cada equipamento e a resgatar os Pokémon que despertavam do transe.

Magby e Bulbasaur logo chegaram ao destino, a área abaixo do local onde acontecia a luta mais séria.

— Esse seria um excelente momento pra gente fazer a nossa Posição de Resgate número 17, mas... CADÊ O PSYDUCK?! — perguntou Magby, bravo.
— Calma, pessoal, tô chegando!

Psyduck vinha correndo na direção dos amigos. Arfava de cansaço, como sempre, e tropeçava nos seus pés de pato, que o fazia andar desengonçado. A surpresa, no entanto, era uma Marill que parecia estar seguindo-o.

— Aí, quem é essa mina? — perguntou Magby.
— Longa história... Eu conto depois... Posição 17... Né? — perguntou Psyduck, suado e cansado.
— Quem são esses aí? Como assim você não vai me apresentar direito? Você tem vergonha de mim? VOCÊ TEM VERGONHA DE MIM?! — perguntava a Marill, chorando.
— Xiii... Deu ruim — disse Bulbasaur.

Psyduck usou seu Confusion para levitar Magby até o andar superior, fazendo o mesmo com Bulbasaur em seguida. Usando seus cipós, o Pokémon foi içado também.

A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro estava novamente reunida.

— Meninos, isso é assunto de gente grande... — disse Wobbuffet ao notar a presença dos pequenos, sem esconder um sorrisinho de canto de boca.
— Aí, tio, o resgate chegou. Dá um espaço aí pra gente chutar a bunda desse cara! Tu tem noção que eu fui parar DENTRO DE UM VULCÃO com um Golem muito louco? Cara, eu preferiria estar com o Psyduck, que é mais tolerável! — reclamou Magby.
— Equipe de Resgate dos Corações de Ouro... Hora de atacar! — ordenou Pichu.

O Vine Whip de Bulbasaur agarrou o corpo de Hypno enquanto Pichu, Psyduck e Magby combinaram um poderoso ataque em conjunto, onde o Thundershock fusionou com o Water Gun e formou, junto com o Fire Spin, uma versão alternativa e mais poderosa do Tri Attack. O Selo das Sombras de Wobbuffet impedia que Hypno escapasse, o acerto foi inevitável.

Hypno caiu para o andar térreo, onde foi cercado pela polícia.

— Perdeu, perdeu. Você tá preso — anunciou Graveler.

Hypno não se moveu.

A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro se abraçou. Os integrantes arfavam cansados, mas deram um sorriso satisfeito.

— Cara, como é bom estar de volta! — exclamou Magby. — Nunca mais eu vou dormir outra vez!
— Nem me fale! A realidade é muito melhor — completou Psyduck.
— É, verdade... — suspirou Bulbasaur, triste.
— Que foi, cara? — perguntou Magby.
— Nada, nada... Tá tudo certo! — respondeu o Pokémon, forçando um sorriso.
— Ei! Já te disseram que você é péssimo mentindo? — gritou uma voz feminina do andar inferior.

Bulbasaur arregalou os olhos ao ver Chikorita. O Pokémon logo correu para descer e ir falar com a Pokémon.

— Chikorita, você está bem!
— Claro que eu estou. Você acha que eu sou o quê? Eu sobrevivi aquele templo escuro um tempão! A realidade não ia me quebrar assim tão fácil.

O Pokémon sorriu envergonhado.

Magby fechou a cara.

— Ah lá, cara. Flor nova no jardim, o Bulba já ficou todo, todo — reclamou para Psyduck.
— Relaxa, cara. Você ainda tem a mim — sorriu o companheiro.
— COMO É QUE É?! VOCÊ JÁ ME ESQUECEU?!
— Salve, meu irmão! Tá escondido aí, meu parça?

A Marill e o Golem também estavam no andar inferior, olhando para os dois Pokémon. No entanto, diferente de Bulbasaur, nem Magby, nem Psyduck, pareceram felizes de reencontrar os “companheiros”.

— Pichu, seguinte, você dá um choque na gente e a gente finge que morre, tudo bem? — cochichou Magby ao líder. — Pichu?

Magby foi ignorado. O Pokémon elétrico caminhava em direção ao Detetive Wobbuffet, que permanecia estático olhando Hypno ser levado para a cadeia.

— A gente pede um favor pro cara e é ignorado desse jeito! Eu juro como eu vou procurar outro emprego!

Wobbuffet acendia um outro charuto. Ao ver a aproximação de Pichu, o apagou.

— Bom trabalho, guri.
— Bom trabalho, tio. Foram dias bem loucos. Não é?
— Com certeza.

Silêncio.  Pichu tossiu.

Cof... Então... O senhor não quer entrar pra nossa Equipe de Resgate?

Wobbuffet desviou o olhar do Hypno e o colocou em Pichu.

— Como é?
— É... Fazer parte do nosso grupo.
— Olha garoto, eu trabalho sozinho. Foi mal.

Pichu arregalou os olhos e sentiu seu rosto corar. Wobbuffet sorriu.

— Você não precisa de mim. Seu faro investigativo é ótimo. Você me superou nessa investigação... Detetive.

Pichu olhou para Wobbuffet e seus olhos brilhavam. O Pokémon abraçou o detetive com força.

— Por favor, não se esqueça de mim.

Wobbuffet pegou seu chapéu e depositou na cabeça do pequeno.

— Leve com você. Venho buscar qualquer dia desses.

O detetive caminhou em direção às escadas para o andar inferior sem olhar para trás.


***

As crianças pareceram decepcionadas.

— Mas eu queria tanto que eles trabalhassem juntos... — suspirou a menina.
— E no final das contas, o Hypno e todos os Pokémon malvados que estavam com ele foram presos — concluiu o pai.
— Mas... E o detetive Wobbuffet? — perguntou a menina.
— Detetive Wobbuffet foi promovido à agente da Polícia, mas ele resolveu ficar como detetive — explicou a mãe.
— Fizeram um Wobbuffet pra ele! — Mais uma vez, os trocadilhos do pai fizeram as crianças rirem.
— Mas e o Delibird? A Jynx? E a Equipe de Resgate dos Corações de Ouro?! O Papai Noel apareceu? — quis saber o menino.
— O Delibird foi perdoado, porque ele estava enfeitiçado pelo Hypno do mal. A Jynx foi descongelada e deu uma surra na sua filha por tê-la enganado. A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro foi parabenizada. Estátuas foram construídas para cada um dos integrantes.
— Quanto ao Papai Noel... Bem, ele foi encontrado dormindo dentro da Fábrica. Ao ser despertado, ele logo correu para entregar o resto dos presentes.
— E como ele fez isso?! — perguntaram os irmãos de forma sincronizada.

O casal se olhou e sorriu.

— Graças ao Celebi! — responderam os dois.

Os irmãos se olharam e sorriram.

— Que demais! — exclamou a menina.
— Bem, agora durmam antes que eu chame o Hypno para hipnotizar vocês também! — ameaçou a mãe.

As crianças se encolheram de medo.

— Não se preocupem! O Wobbuffet do papai sempre estará aqui para proteger vocês do Hypno malvado!


THE END


*Nota: Selo das Sombras se refere à Ability Shadow Tag.


C A S T

PICHU..............................................Pichu
MAGBY..........................................Magby
PSYDUCK....................................Psyduck
BULBASAUR............................Bulbasaur
WOBBUFFET......................................Wobbuffet
DELEGADO..........................................Arcanine
GRAVELER.........................................Graveler
RECEPCIONISTA DA DELEGACIA.......Furret
HYPNO..........................................Hypno
DELIBIRD...................................Delibird
GARÇOM................................Pidgeotto
BULL........................................Granbull
SEGURANÇA.....…………….…….Feraligatr
SEGURANÇA....…………….…….Machamp
SEGURANÇA..........……….…….Primeape
DANÇARINAS............................Miltank
ENFERMEIRAS.........................Chansey
PAI.............Protagonista misterioso #1
MÃE..........Protagonista misteriosa #2
FILHO.........Protagonista misterioso #3
FILHA.........Protagonista misteriosa #4
CORSOLA..................................Corsola
SMEARGLE............................Smeargle
UMBREON.............................Umbreon
SMOOCHUM......................Smoochum



GUEST STAR

SNORLAX....................................Snorlax
LICKILICKY................................Lickilicky
JYNX.................................................Jynx
                                 PAPAI NOEL........................Nicolau Noel
XATU...............................................Xatu
REI DA ILHA.............................Slowking
ET BILU.................................Beheeyem
CARLOS.....................................Stantler
CHIKORITA..............................Chikorita
GOLEM.......................................Golem
MARILL........................................Marill

Os demais personagens são figurantes e ninguém liga pra eles.


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Leeca
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Dark Grovyle
Sir Naponielli
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Pichu
Bulbasaur
Magby
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Ken Sugimori
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Based on AVENTURAS EM JOHTO, by Dento
Based on THE LEGEND OF ZELDA: OCARINA OF TIME, by NINTENDO


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