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Capítulo 53
— Duas e cinquenta e uma da manhã. Vocês estão
atrasados.
Koga permanecia de braços cruzados enquanto
assistia a aproximação dos demais integrantes da Elite 4, liderados por Lance e
Seth, seu Dragonite. Por serem recém-contratados, Karen e Will pareciam
assustados com a primeira missão ser justamente deter perigosos integrantes da
maior máfia Pokémon do mundo. Ela, com seus longos cabelos encaracolados
azul-prateados — mesma cor de seus olhos atentos — andava de forma soturna,
desejando acabar com aquilo o mais rápido possível. Encarava ao redor com um
olhar penetrante e orgulhoso, como um gato que dava cada passo de forma
calculada para não ser surpreendido durante a caça, talvez devido à sua postura
de quem colocava poder e respeito por onde passa de uma maneira sinistra.
Andava com um mix de graça e sensualidade, apesar de isso ser apenas resultado
da extrema confiança em suas habilidades.
Já ele era misterioso. Quase como um duque
recém-saído de um baile, usava uma máscara que cobria seus olhos e o deixava
quase anônimo, o que dava certo charme ao homem que podia até mesmo sair na rua
sem ser reconhecido. Suas roupas extravagantes, no entanto, eram sua marca
registrada, principalmente naquela ocasião oportuna em que faria questão de ser
notado. Seu smoking elegante o fazia caminhar de forma sublime, dando-lhe toda
pompa e elegância de alguém que exalava um ar enigmático. Não se sabia qual
seria o próximo passo que o treinador daria, o que sempre lhe dava vantagem.
Era como se pudesse ler a mente de seu oponente.
— Você reclama por um minuto de atraso. Às
vezes eu acho que você deveria pegar mais leve — disse Lance ao colega.
— Você é o campeão da Liga Pokémon. Não dê
maus exemplos aos novatos — retrucou Koga.
— Estávamos repassando o plano. Acredito que
essa nova dupla, apesar de serem tão opostos um do outro, será de grande ajuda
para a Elite de agora em diante.
Koga examinou os jovens de cima a baixo.
— A jovem guarda caminha junto com a velha
guarda. Ambos se neutralizam, se desafiam e se completam por serem tão opostos,
por pensarem diferente e terem origens tão diferentes, mas... Você queria
formar uma Elite 4 de respeito e acho que conseguiu. Saberemos hoje como serão
os próximos tempos.
Lance sorriu.
— Espero contar com sua ajuda.
Karen e Will se entreolharam e fizeram um
sinal afirmativo com a cabeça.
— Muito bem, é assim que começamos.
O campeão da Elite 4 colocou a mão no bolso de
sua calça e retirou uma PokéBola de dentro dela.
— Contamos com você.
Blue, o Gastly Shiny foi liberado da PokéBola
e encarou os humanos à sua frente.
— Sua mestra está em algum lugar dentro desse
labirinto. Faça como o combinado e auxilie-a no que for possível — pediu Lance.
Blue assentiu com a cabeça e desapareceu.
Invisível, dirigiu-se até a entrada do esconderijo da Equipe Rocket e foi
penetrando por entre as paredes sem ser notado.
— Cinco para as três. Agora, os demais
convidados.
Um carro aproximava-se em alta velocidade. Se
os integrantes da Elite 4 não estivessem esperando, com certeza seria motivo de
suspeita a chegada de tal veículo aquela hora bem próximo daquele grupo de
treinadores experientes.
Ao estacionar ali perto, Líderes de Ginásio
convocados por Lance saíram do interior do veículo e um a um eles foram se
revelando. Dos de Johto, Pryce, Jasmine e a mestra dos Dragões, Clair. A mulher
de longos cabelos azulados que vestia um macacão azul escuro com sua capa negra
esvoaçava magnificamente com o toque do vento. Seu semblante sério não mudou ao
encontrar os olhos de Lance, seu primo, que deu um sorriso.
De Kanto, Brock e Gary Carvalho juntavam-se
aos demais colegas e reuniam-se próximo à entrada do esconderijo Rocket.
— Senhoras e senhores, são três da manhã. É
hora do show — anunciou o Campeão da Elite 4 dando espaço para Seth passar à
sua frente.
Todos os treinadores sacaram suas PokéBolas e convocaram
seus parceiros mais poderosos.
***
Uma forte explosão fora ouvida vinda de algum
lugar do lado de fora. Um alarme soava incessantemente. Lyra levantou-se em um
salto e procurou recolher seu Pokémon.
— Wrap!
— berrou Forrest.
O corpo de Lyra foi envolvido com tentáculos
amarelos, imobilizando a garota de fazer qualquer tipo de movimento. O moreno
levantou-se e, ainda segurando o próprio pescoço, correu para a cela de
Gabrielle onde a entregou algumas PokéBolas.
— Você vai precisar — avisou o garoto entre
tossidos.
Joey saiu correndo de sua cela e foi em
direção à de Gabrielle.
— NÃO TOQUE NELA! — berrou ele para Forrest.
O moreno olhou para o garoto e estendeu a mão,
mostrando outras cinco PokéBolas.
— Nós estamos lutando por um bem comum. Use
tudo o que puder.
Diversos agentes da Equipe Rocket corriam nos
corredores na direção do laboratório. Forrest recolheu seu Shuckle, que
continuava a impedir Lyra de se mexer, e saiu correndo pela porta.
O moreno atravessava o corredor com pressa,
esbarrando vez em quando em agentes da Equipe Rocket que corriam para o
laboratório, de onde parecia se originar a maior parte do caos. Forrest olhava
de um lado para o outro procurando algo que ele sabia que estava ali, mas que
não conseguia ver. Um suspiro de alívio tomou o corpo do garoto quando viu
Blue, o Gastly Shiny que pertencia à Amy aparecendo alguns metros à frente
sinalizando para ele por onde ele deveria seguir.
A porta que dava para a sala onde Amy era
mantida presa estava aberta. Forrest viu Proton caído desmaiado ao chão. Gastly
o sufocou, conforme previamente combinado. A garota não pareceu surpresa em ver
o moreno cruzar a porta e pegar a chave de sua cela no cinto do Rocket.
Forrest abriu a cela e entregou as PokéBolas
de Amy. A garota as recolheu e saiu da sala com o moreno em seu encalço, na
direção do laboratório.
A Elite 4, com o auxílio dos Líderes de
Ginásio, derrubavam agentes e Pokémon da Equipe Rocket conforme invadiam o
quartel-general da organização. Brock lutava com Omastar enfrentando Rockets
que insistiam em cercá-lo com Crobats, Raticates e até mesmo Alakazam enquanto
Clair usava seu Kingdra contra Ariana, que golpeava-o utilizando certeiros
golpes de Gelo comandados por sua Murkrow.
Gary batalhava junto com Red e Charizard,
usando seu Blastoise para derrubar agentes e Pokémon. Jasmine e Skarmory davam
suporte ao velho Pryce e seu Sandslash de gelo, que iam impedindo que
integrantes da Equipe Rocket acabassem tentando escapar do bunker.
Petrel, sozinho, encarava Will e Karen, que
tentava desconcentrá-los desviando sua atenção.
— Vocês são novos por aqui? Cuidado para não
se machucar, crianças, hehe. Weezing, Smog! Raticate, Crunch!
— Umbreon! — chamou Karen
— Exeggutor, querida! — clamou Will.
— Evasiva! — disse a dupla, simultaneamente,
como se um conhecesse o próximo passo que o outro daria.
Os dois Pokémon pularam para direções opostas,
evitando o ataque de seus oponentes.
Archer enfrentava Lance. Seth, o Dragonite,
encarava Beliel, o Houndoom.
— Tenho que admitir que você até que é
habilidoso — provocou Lance.
— Você deveria ter vergonha de brincar em
serviço, cavalheiro. Beliel, acabe com isso. Dark Pulse!
O Houndoom abriu a boca, liberando uma aura
negra que atingiu em cheio o peito do dragão.
Seth, no entanto, pareceu nada sentir. Sua
resistência era absurda.
— Adorei a brincadeira, mas tenho coisas mais
importantes a fazer. Outrage.
Dragonite envolveu-se em uma aura vermelha e
sua feição mudou. Uma fúria indomável tomou conta de seu ser. Seth partiu com
violência para cima de Beliel, arranhando-o com ira, impedindo-o de se
defender. Suas garras arranharam seu rosto e feriram os olhos do Houndoom, que
urrou de dor. Um pedaço da garra de Seth fixou-se no focinho de Beliel, tamanha
a violência do ataque.
Silver tentava escapar da confusão, procurando
fugir dali o mais rápido possível. Cada vez que achava uma brecha,
propositalmente algum treinador acabava atingindo um ataque próximo a ele,
impedindo-o de se mover. O ruivo mantinha a PokéBola GS em mãos que, após
frustradas tentativas, não conseguira ser aberta.
Red tentou se aproximar de Silver, mas um
capanga da Equipe Rocket foi corajoso o suficiente para parar em sua frente,
impedindo-o de continuar.
— Primeiro capturamos a Amy. Agora vamos
capturar você, o maior treinador Pokémon do mundo. Aposto que serei promovido
depois de conseguir sua cabeça — sorriu maliciosamente.
— Eu estou feliz com a minha cabeça no lugar.
Charizard, Flamethrower! — Ordenou
Red.
Um jato de fogo saiu da boca de Charizard,
queimando a pele de alguns capangas Rocket que estavam perto demais.
— Eu já disse o quanto eu adoro uma confusão?
— gritou Gary do outro lado da sala para Red, que deu um sorrisinho.
Forrest e Amy chegaram juntos ao epicentro da
grande batalha. Com PokéBolas em mãos, a dupla procurou se defender dos agentes
que tentavam agarrá-los e derrubá-los. Ethan e Sandslash abriam caminho entre
Rockets e Pokémon para alcançar os dois.
Archer, Petrel e Ariana já estavam sem seus
Pokémon, nocauteados pelos poderosos treinadores. Os demais agentes agora eram
quem faziam a guarda dos executivos. A Elite 4 e os Líderes de Ginásio eram
poderosos, mas os Rockets ainda eram maiores em número. Ao ver Amy, no entanto,
Ariana pareceu perder a concentração. Fechou os punhos com força e uma têmpora
se contraiu.
— Como foi que a Amy...?
Archer, irônico, respondeu com a resposta mais
óbvia do mundo.
— O tempo todo, Ariana. O tempo todo.
Silver olhou para a executiva e a temeu por um
instante. Ariana não aceitava ser passada para trás.
— Eu me recusava a pensar que você falharia
Silver. Você nos fez confiar nas pessoas mais erradas que eu tive o desprazer
de conviver. Você entregou de bandeja a nossa ruína, meu filho. A culpa é totalmente
sua.
O garoto paralisou. Ouvir aquelas palavras
fora um choque.
— Cessar fogo! — bradou Ariana.
Imediatamente os agentes da Equipe Rocket
recuaram, surpreendendo a Elite 4 e os Líderes de Ginásio.
Lance sorriu vitorioso.
— Vocês se rendem?
— Jamais! — a voz de Ariana ressonava como um
trovão. — Giovanni não morreu pra desistir de seus planos. Ele morreu para
cumpri-los! E você o assassinou, sua garotinha miserável.
Os olhos azuis de Amy encaravam os olhos rubros e
furiosos da mulher.
— Graças à Amy que agora nós os capturamos. Desde a
morte de Giovanni nós tivemos a certeza de que vocês seriam incapazes de se
moverem sozinhos — disse Lance, ainda com seu ar de soberba. — Aliados da
Equipe Rocket? Nunca houve!
Silver sentia o rosto queimar de vergonha. Nunca fora
tão humilhado na vida. Quando foi que havia perdido o controle da situação?
— Não acho que Silver tenha culpa... Ele queria apenas
demonstrar que podia dar continuidade aos trabalhos do pai. Claro que se
preocuparia em fazer alianças com pessoas poderosas... Fico agradecido por ter
sido considerado parte de seu plano — comentou Red.
— Entregar Amy foi apenas uma maneira simples de
chegar até vocês. E vocês caíram como um Psyduck — complementou Lance.
Petrel deu uma risada sarcástica.
— Hahaha, quer dizer então que a Amy tava por dentro
do esquema esse tempo todo?
A garota deu um sorriso convencido.
— Todos nós. Mesmo Ethan, Forrest, Red... Todos
aqueles que de alguma forma eram aliados a mim, assim permaneceram.
Ethan permanecia reflexivo. Olhou para Forrest
e lembrou-se de todo o plano maluco.
No longo
corredor que dava para as escadas que dividiam as suítes de hospedagem dos
andares de enfermaria, Forrest continuava a ignorar as perguntas de Ethan. O
moreno evitava fazer qualquer tipo de contato visual com demais treinadores que
passavam por ele no caminho que levava até o hall do Centro Pokémon. Não
parecia estar nervoso, mas seu corpo estava enrijecido de tensão.
Forrest
desceu as escadas, alcançou a recepção e parou abruptamente, virando-se com o
dedo em riste para o rosto de Ethan.
— Eu tenho
uma ideia. Vamos entregar a Amy para os Rockets antes do Red. O que acha?
Ethan
engasgou.
— O quê?!
Você ficou maluco? Que história é ess...
Forrest
aproximou-se e cochichou algo no ouvido do garoto. Era inaudível ao ponto de
que as pessoas olhavam a expressão de Ethan e só podiam acreditar que ele
estava recebendo a notícia da morte de alguém.
— Entregar a Amy é a única maneira de ela sair
viva no final dessa história toda.
Ethan tremia
incontrolavelmente. Ele não conseguia fazer nenhum tipo de contato visual com
Forrest, que falava com a maior tranquilidade um absurdo daqueles. O garoto
fechou os punhos, tentando involuntariamente manter algum tipo de controle de
si próprio.
— Como
assim... Entregar a Amy? Você não disse... Que amava ela... Agora a pouco?
Forrest olhou
para Ethan e deu uma risadinha sarcástica.
— Ora, mas
não foi ela mesma quem disse? Na história, Julieta amou tanto Romeu que morreu
por ele. Se eu a amo, preciso dar ela em sacrifício.
O moreno só
sentiu a dor quando caiu ao chão. Seu rosto doía imensamente. Levou a mão até o
local da pancada para tentar mensurar a dor.
O punho de
Ethan permanecia parado no ar. Sua expressão de fúria assustou Forrest, que
nunca havia visto o amigo daquele jeito antes. Como ele podia falar coisas tão
absurdas de maneira tão natural?
— Isso não
vai ficar assim! Eu vou falar tudo pra Amy!
Forrest
levantou-se do chão, ainda com a mão no rosto, e sorrindo olhou para Ethan.
— Não, você
não vai. Fazendo isso, você vai fazer ela suspeitar de você também, e aí
sozinha, fica mais fácil para os outros pegá-la. A escolha é toda sua.
— Mas se eu
me explicar, ela não vai...
— Você acha
mesmo? Você realmente acha que ao contar sobre nossa conversa, ela não vai
olhar pra você de uma forma diferente? Não se iluda Ethan. Até logo.
Forrest
virou-se de costas e avançou para a saída do Centro Pokémon, deixando um Ethan
em estado de choque para trás.
Ao voltar
para o quarto, deparou-se com Amy escovando os cabelos. Ela assustou-se ao ver
a expressão do garoto.
— Ethan, está
tudo bem? Onde está o Forrest?
O garoto
olhou para a amiga e sua voz sumiu. As lágrimas tentaram tomar conta do rosto
do menino, mas ele piscou algumas vezes para controlá-las.
— Não é nada.
Ainda estou processando tudo o que aconteceu. A história do Forrest, você sendo
ameaçada por duas pessoas que eu pensava serem aliados... Eu não sei o que
fazer.
Amy suspirou.
Colocou o pente sobre a cama e aproximou-se do garoto, que tremia de nervoso.
— Pelo menos
nada de ruim pode acontecer com a gente enquanto estivermos juntos, não é? — e
sorriu.
Ethan hesitou
antes de responder numa mentira descarada.
— …Você está
certa.
A garota o
abraçou de forma terna. Ethan tremia. Diversas coisas passavam pela sua cabeça.
— Amy...
— Sim? — a
voz suave da menina fez Ethan querer protegê-la de tudo.
O garoto
respirou fundo.
— Amy,
Forrest quer entregá-la para a Equipe Rocket! Nós precisamos fugir e-
— Sim, eu sei
disso.
Ethan arregalou
os olhos.
— V-você
sabe?! Como?!
— Não se
preocupe, está tudo sobre controle. — Amy sorriu e voltou a pentear seus
cabelos. — É o único jeito de tudo isso acabar bem.
— M-mas como
assim? Amy, isso não pode acabar bem! De quem foi essa ideia maluca?
— Não se
preocupe, tudo o que você precisa saber por enquanto é que tudo isso está sendo
arquitetado já há bastante tempo. Forrest soube do planejado recentemente,
enquanto treinava com Bruno. Está tudo bem. Você confia em mim?
Ethan hesitou
por um momento. Os olhos de Amy o encaravam, cobrando uma resposta.
— Eu... —
balbuciou o garoto após alguns segundos de silêncio. — Eu confio...
— Fico feliz
de poder contar com você, lindinho. Agora por favor, mantenha a calma e finja
que não sabe de nada, tudo bem?
O garoto
assentiu. Ele não conseguiu dormir aquela noite.
— O bem
sempre vence o mal, Ariana. Lembre-se disso. — A voz de Lance trouxe Ethan de
volta para a realidade.
Em um último
ato de soberania, Silver ergueu-se na direção dos oponentes pela primeira vez,
mostrando a PokéBola GS que ele zelava com dedicação.
— V-vocês
estão errados! Eu vou trazer meu pai de volta, eu tenho Celebi aqui dentro
desta PokéBola! Meu plano é perfeito, eu voltarei no tempo e vou impedir que
vermes como vocês impeçam papai de realizar os planos dele! Papai viverá de
novo e será graças a mim!
O ruivo
arremessou a cápsula na direção de uma das paredes. A PokéBola GS bateu em um
dos vidros do laboratório e o estilhaçou, mas permaneceu intacta.
Lance
gargalhou.
— Você
realmente acredita que Celebi está aí dentro, rapaz?
Silver o
encarou chorando.
— Tolo. Essa
PokéBola GS está vazia.
Por um
instante, todos os cientistas, capangas e os executivos da Equipe Rocket
pareceram perder a respiração.
— Descobri
que o velho Kurt, da cidade de Azalea, foi quem desenvolveu a PokéBola GS
original. Solicitei para que fizesse outra, idêntica. Pelo fato de não termos penas
de Lugia e Ho-Oh para produzir uma de mesmo poder, improvisamos usando
Apricorns mesmo — detalhou Red.
Incrédulos,
os integrantes da Equipe Rocket se entreolhavam com um semblante de pesar.
— Então...
Todo o meu esforço foi... Pra nada? — Silver se recusava a acreditar.
— Vocês estão
presos, Equipe Rocket — anunciou Lance.
Ariana riu.
Uma risada maligna que arrepiou a espinha dos presentes. Ria de forma insana,
como se seu único restante de vida dependesse disso. Encarou Lance e rangeu os
dentes.
— Presos?
Nós? Pelo crime de vender Pokémon? Meu caro, você deveria se preocupar com
criminosos de verdade.
Lance riu de
forma debochada.
— Então você
está dizendo que existem criminosos piores que você?
— Claro que
sim. E aqui nessa sala.
A ruiva
desviou o olhar e apontou para Amy.
— Por que não
condená-la pelo pior crime que alguém pode cometer na vida?
Todos
encararam a garota, que não esboçou nenhuma reação.
— Não sei do
que você está falando — retrucou Amy.
— Ah, não?
Você é a culpada de ter cometido o crime mais terrível, inafiançável,
imperdoável e irreparável que um ser humano pode ter feito.
Lance mudou
sua expressão. O líder da Liga Pokémon arregalou seus olhos e em poucos
instantes, o sorriso cínico e irônico deu lugar a uma expressão de pânico. Red
fechou seus punhos.
— Ariana,
não! — exclamou Lance.
Amy pareceu
não temer a mulher. A encarava com seus olhos azuis com a segurança de quem não
iria se deixar abalar pelo o que ela dissesse.
— E o que
pode ser mais grave do que clonar Pokémon? — provocou a garota.
— Matar seu
próprio pai.
— Ariana! —
berrou Red.
Demorou
alguns segundos para que Amy reagisse. Ela encarava Ariana sem esboçar reação
alguma. Seus rostos estavam tão próximos que uma sentia a respiração ofegante
da outra. No entanto, a garota riu.
— HAHAHAHAHA,
você está louca! Foram vocês que mataram meus pais, lembra disso? É essa sua
cartada final, titia?
Um pavoroso
sorriso de vitória pairou sobre o rosto de Ariana.
— Giovanni é
seu pai. E adivinha só? Eu sou sua mãe.
Amy arregalou
os olhos.
— Do que você
está falando? Tá louca? — a voz da garota se alterava e ficava cada vez mais
alta.
— Conheço
Giovanni há vinte anos. Nos conhecemos no Ensino Médio, no Instituto Técnico
Pokémon em Viridian. Foi amor à primeira vista... Nós nos apaixonamos e logo eu
descobri quem era ele de verdade... Sucessor da liderança da maior organização
criminosa do planeta. Quando sua avó morreu, ele se tornou o grande chefe
imediato. Sempre gostei dos homens poderosos e Giovanni sempre foi um líder de
verdade. Quando ele soube que eu estava grávida de você, me mandou abortar...
Nenhuma mulher, nem mesmo eu, assumiria a Equipe Rocket depois da mãe dele.
Amy,
perplexa, encarava Ariana sem emitir um único som.
— I-isso é
mentira... Eu me lembro dos meus pais... ISSO É MENTIRA!! — berrou Amy.
Ariana, como
uma serpente, apreciava o desespero de Amy com um sorriso sádico. Era como se
estivesse se alimentando do pânico e do temor da garota.
— Lavagem
cerebral. Apagamos todas as suas memórias e implantamos as que queríamos graças
à Alakazam. Giovanni jamais assumiria, mas eu tenho certeza que, depois que
você nasceu Amanda, ele começou a criar um certo apreço por você,
principalmente depois que o seu irmão, Silver, nasceu. Você não imagina o quanto
ele ficou feliz com o nascimento do Silver... Finalmente a sucessão da Equipe
Rocket estava completa. Silver, um homem, descendente direto, teria total apoio
de seu pai para assumir a liderança da organização. Fui eu que o convenci a
treiná-la para que pudesse ao menos ter um local de prestígio no nosso
exército. Talvez você pudesse assumir um cargo executivo, mas sempre fugiu das
suas responsabilidades... Você sempre se negou a aceitar que seu destino sempre
foi a Equipe Rocket... Não percebe? Quanto mais você tenta fugir, mais fica
presa a mim... Você é minha filhinha.
Amy acertou
um tapa no rosto de Ariana e sacou uma PokéBola.
— SUA VELHA
NOJENTA!
— Ora, ora,
ora... Mais uma vez, eu sempre chego atrasado pra festa...
Proton,
coçando a cabeça, surgiu no meio das dezenas de pessoas que permaneciam naquele
local. Segurava um transmissor em sua mão direita.
Forrest
arregalou os olhos.
— Isso é um
detonador!
O Rocket
sorriu.
— Por que a
surpresa? Eu tava pensando só em bombar
um pouco esse nosso encontro... — e apertou um dos botões.
Dos
auto-falantes do laboratório, uma voz robótica anunciou.
— Auto-destruição total em trinta segundos.
Houve um
tumulto generalizado. Os agentes da Equipe Rocket começaram a correr buscando
sair do bunker enquanto a Elite 4 e os Líderes de Ginásio tentavam manter um
controle que já estava perdido. Ethan e Forrest aproximaram-se de Amy, que
chorava, mas tentava avançar em Ariana que, sorrindo de forma vencedora, se
retirava correndo junto com os demais executivos.
Silver deu
uma última olhada para a irmã antes de correr para a saída.
— Eu nunca
vou te perdoar.
Ethan e
Forrest tentavam conter a amiga.
— Amy, nós
precisamos sair daqui agora! — exclamava Forrest.
— Me larguem,
eu vou matar essa vadia! — bradava Amy incontrolável.
— Amy, me
escuta! Vamos pegá-los, mas se a gente explodir aqui dentro, vai ficar por isso
mesmo! — argumentou Ethan.
Amy se
debatia, mas permitiu que fosse guiada pelos amigos até o imenso buraco na
parede criado pela Elite 4 e os Líderes de Ginásio para invadirem o local.
Jasmine
ajudou Pryce a sair do bunker. Os arredores estavam cercados de viaturas da
polícia — tudo planejado anteriormente. No entanto, ao invés de capangas
presos, tudo o que se via eram os treinadores justiceiros chegarem ao lado de
fora aos berros.
— Vai
explodir! — gritavam.
Os policiais
começaram a correr para fora da área. O velho Pryce, no entanto, não permitiria
que a Equipe Rocket se safasse.
O Líder de Ginásio retornou até o
quartel-general subterrâneo e pediu para que seu Sandslash tampasse o buraco
feito por ele e seus colegas com gelo.
— Pryce! — exclamou Lance, correndo em sua
direção para tentar tirá-lo dali.
— Esta ainda é minha cidade! — bradou o velho.
Quando o auto-falante anunciou o “zero” na
contagem regressiva, o bunker explodiu. Pryce fora arremessado violentamente
para trás e Lance voou por alguns metros. Estilhaços de bomba, aço e concreto
eram jogados com força por todos os lados, atingindo treinadores, policiais e
Pokémon.
Às três e cinquenta e sete da manhã, as chamas
ardiam e queimavam ferozmente aquele trecho da Rota 44, próxima à entrada da
Cidade de Mahogany.