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Capítulo 47
Quarta-feira, 10:02 da manhã. |
Dias se passaram desde os acontecimentos no Lago dos Magikarp, mas
o assunto ainda era noticiado nos telejornais. Os rostos de Ethan, Amy e
Forrest eram associados frequentemente a atos heróicos no, agora rebatizado
pela mesma imprensa, de “Lago da Fúria”. Muito provavelmente, a legenda de
heróis se devia ao fato de que os três foram vistos lutando junto com Red,
Lance e Bruno, os maiores treinadores do continente, além de terem feito parte
da Elite 4.
Nenhum dos três, no entanto, tinha saco ou paciência de dar
entrevista para as emissoras.
Vivian Chevalier, no entanto, adorava. Ela se sentia uma
verdadeira celebridade, sendo perseguida pelos repórteres que procuravam alguma
declaração — muitas vezes nem sobre ela própria, mas sim, sobre os outros. Ela
fez questão de arrumar um par de óculos escuros e um cachecol para que pudesse
montar sua persona e fugir dos
repórteres como as divas de Hollywood faziam. Quando via um repórter, a garota
botava a mão no rosto para evitar que os paparazzis tirassem fotos dela, sem
saber que eles na verdade não estavam nem um pouco interessados em sua pessoa.
No Centro Pokémon de Mahogany, Amy terminou de se recuperar sob os
cuidados da Enfermeira Joy. Ethan também, após receber uma bronca terrível por
ter fugido do hospital e ser obrigado a revelar como conseguiu tal feito. Ele
explicou que havia conseguido fugir com a ajuda de Sandslash, que recuperou
roupas para o garoto vestir e, juntos, pularam a janela dos fundos do hospital,
sem serem percebidos. O saguão estava cheio aquele dia devido à chuva, então
foi relativamente fácil para o garoto escapar sem ser percebido.
Apesar de tudo, Joy estava aliviada e até mesmo grata. Mesmo que
Ethan tivesse sido um paciente teimoso, foi graças à rebeldia que tudo havia se
acalmado no Lago da Fúria.
Ele, Amy e Forrest hospedaram-se no mesmo quarto. Mesmo que
quisessem, não seria tão fácil escolher outro lugar nas redondezas para ficar,
afinal, a imprensa cercava o Centro Pokémon dia e noite esperando os garotos
saírem. Ainda que fosse um hospital público, Lance havia conseguido com os
demais membros da Elite 4 uma liminar que impedia que os repórteres invadissem
o Centro Pokémon à força para procurar os garotos lá dentro. Mesmo com toda a
patrulha, Forrest ainda era o único a insistir para o lado de fora para
encontrar-se com Bruno. O moreno voltava de madrugada e saia logo pela manhã.
Ethan e Amy até tentaram esperar o amigo para conversarem, mas Forrest nunca
tinha um horário fixo. Após alguns dias, eles decidiram que dormir era mais
importante do que esperar um bom momento para pegar Forrest de surpresa.
***
Red e Lance continuavam a investigação para descobrir onde
encontrava-se o quartel general da Equipe Rocket. Eles sabiam que não podia se
tratar de um simples esconderijo, os Rockets, para poder causar tamanho estrago
sem precisar aparecer pessoalmente, deveriam ter construído um mega complexo
administrativo subterrâneo.
Encontrar ele era o desafio.
Os dois chegavam aos limites da Cidade de Mahogany, onde iniciava
a Rota 44. A dupla via dúzias de Aipom subindo árvores, uma revoada de Spearow
cruzando o céu, diversos Bellsprout caminhando sobre a grama, mas nenhum tipo
de porta para algum tipo de bunker maligno desenvolvido pela máfia.
Red soltou um suspiro.
— Confesso que eu subestimei a Equipe Rocket... Eles souberam
ocultar muito bem seu esconderijo dessa vez.
— Mesmo que a Elite 4 esteja ciente, eles só poderão agir quando
encontrarmos a localização exata do quartel-general. Já basta a imprensa
enchendo a paciência no Centro Pokémon...
— Você acha mesmo que aqueles garotos ficarão bem?
— Não me leve a mal, mas eu acho que eles estão servindo muito bem
de distração. O que aconteceu no lago foi só a cereja do bolo.
— Mas a minha preocupação é a Amy. Imagina se eles descobrem que
ela foi uma agente da Equipe Rocket? Ela se tornaria um bode expiatório enorme.
Lance olhou para Red e hesitou por instantes.
— Seria realmente terrível se por acaso descobrirem que... A Elite
4 e Red ocultaram da polícia que uma agente de alto nível da quadrilha mais
procurada do planeta está vivendo por aí como uma simples treinadora...
Red encarou Lance.
— Eu realmente acho muito estranho ninguém ter percebido a fixação
deles por ela.
O campeão da Liga Pokémon sorriu de forma cínica.
— Imagina que terrível seria se essa informação vazasse.
A atenção dos dois foi tomada por Bruno e Forrest, que, suados
após mais uma sessão de treinamento na Rota 44, aproximavam-se da entrada da
cidade.
***
Enquanto Amy tomava banho, Ethan permanecia deitado na cama do
hotel no andar superior do Centro Pokémon. Olhava para o teto no maior tédio,
esperando o tempo passar. Com o cair da tarde, a falta do que fazer dava a
impressão que o cérebro do garoto iria derreter. Com a imprensa que não
arredava o pé no lado de fora, o que Ethan fazia era, além de dormir e comer,
puxar conversa com Amy. Os dias perdidos no Monte Mortar estavam sendo compensados
naquele pequeno quarto.
Três batidas na porta fizeram Ethan voltar à realidade. Ao voltar
sua atenção para a entrada do quarto, uma exclamação. Forrest havia acabado de
entrar no quarto.
Ethan sentou na cama de forma tão rápida que sentiu uma fração de
segundo depois sua coluna dando-lhe um sermão pelo ato inconsciente.
— E aí — cumprimentou o moreno. — Tem alguém no banheiro?
— A Amy está tomando banho...
A porta do banheiro abriu. Enrolada em uma toalha, Amy apareceu
olhando Forrest como se estivesse vendo uma assombração. O garoto, no entanto,
fixou seus olhos nos da garota de forma serena.
— Tudo bem se eu tomar banho?
Amy não respondeu. Apenas deu um passo para o lado, liberando a
porta. Forrest passou por ela e fechou o banheiro. A garota sentou na cama ao
lado de Ethan, que ficou vermelho. Sutilmente, pegou o travesseiro e colocou em
seu colo.
Os minutos pareceram uma eternidade. Amy e Ethan não trocavam
nenhuma palavra enquanto ouviam a água do chuveiro bater no piso do box do
banheiro. A tensão crescia a cada segundo que passava devagar. Gotas de água
escorriam desenhando o contorno do rosto de Amy e pingando no chão do quarto. A
toalha agora já havia ensopado o lençol que cobria o colchão da cama de Ethan,
mas o garoto não reclamou. Na verdade, ele sequer estava prestando atenção.
Quando Forrest saiu do banheiro, a única coisa que mudou foi que o
garoto dirigiu-se para a cama de baixo do beliche do quarto e sentou-se no
colchão de frente para os garotos. Sua presença ali deixava o ambiente ainda
mais tenso. Agora eram três pessoas que nada diziam.
Ethan continuava vermelho. Amy mantinha sua expressão de completo
espanto enquanto Forrest possuía um ar tranquilo, como se a aura negativa
presente naquele quarto não o atingisse. Calmo e sereno, o garoto repousou as
mãos no colo e fitou o chão, pensando em como se dirigir aos dois. Ethan e Amy
aguardavam as palavras do moreno de uma forma bastante apreensiva.
— Eu não vim aqui para me desculpar com vocês, muito menos pra ser
perdoado.
As primeiras palavras de Forrest chegaram como um soco nos ouvidos
de Amy e Ethan.
— Mas, mesmo assim, eu preciso conversar com vocês. Se depois
dessa conversa vocês decidirem seguir viagem sem mim, eu irei entender.
Amy fechou os punhos e evitou fazer contato visual com Forrest.
Ethan a olhou e viu a amiga começar a tremer.
— Eu acho que nós realmente precisamos esclarecer muita coisa,
mas...
— Não, Ethan. Eu quero ouvir o que ele tem a dizer.
Amy estava séria. Ethan calou-se imediatamente. Forrest encarou a
garota.
— Eu quero me tornar o sucessor do meu irmão como Líder do Ginásio
de Pewter. Foi pra isso que eu saí em jornada e comecei a viajar sozinho.
Então, eu conheci vocês, capturei novos Pokémon, visitei cidades que nunca
antes pensaria em ver de perto. Eu realmente pensei que estava sendo útil,
porque analisando as batalhas que vocês faziam, achei que eu estava aprendendo.
Mas eu percebi que a teoria sem a prática não vale de nada... Meus Pokémon não
poderiam evoluir em batalhas se eu ficasse apenas observando. E eu percebi isso
a alguns dias...
Memórias voltavam na cabeça de Forrest. O garoto fechou os olhos e
deixou que aquelas lembranças invadissem sua mente.
...
O companheiro de longa jornada de
Forrest saiu da PokéBola e alongou seu poderoso corpo. Depois de um bom tempo,
ele estava de volta para lutar.
— Comece — pediu Argenta.
— Muito bem então. Rhyhorn, Take
Down!
Rhyhorn saiu em disparada em direção
ao oponente, pegou impulso e saltou, caindo em cima de Kabutops. O ataque,
porém, também machucou Rhyhorn.
Mas Argenta pareceu não se
incomodar.
— Night Slash — disse ela de uma
maneira tão calma que parecia até desdenhar.
As poderosas lâminas de Kabutops
ergueram o pesado Rhyhorn e o arremessaram para cima. Com uma velocidade
impressionante, o Pokémon fóssil partiu para cima do oponente cortou sua pele
dura com suas foices afiadas, arremessando-o para fora da arena.
— Rhyhorn! — Exclamou Forrest. —
Erga-se! Use o Rock
Blast!
— Waterfall.
Kabutops envolveu seu corpo com uma
poderosa rajada de água. Então ele moveu seus braços e partiu o chão em dois.
Um poderoso gêiser surgiu do buraco e atingiu em cheio Rhyhorn, que caiu
nocauteado.
As pessoas na plateia prenderam a
respiração. O resultado da batalha foi muito rápido... Aquilo nunca havia sido
visto por nenhum olho humano. A força de Kabutops era sobrenatural.
Forrest retornou seu Pokémon e ouviu
Argenta se aproximando.
— Eu derrotei você com apenas dois
golpes. Dois. E você ainda se considera um treinador dos tipos Pedra? — questionou
para o garoto.
— Eu... — Forrest ia tentar se
explicar, mas foi interrompido por Argenta, que aproximou-se de seu ouvido.
— Se eu soubesse que iria perder
tempo com alguém como você, eu teria escolhido outra pessoa para lutar em seu
lugar. Você nunca irá assumir o Ginásio de Pewter se você continuar pensando
como um treinador medíocre.
Forrest olhou para Argenta com os
olhos cheios de lágrimas.
— Argenta, eu...
— Garoto, você diz que é meu fã, mas
nem parece se inspirar em mim. Espero que da próxima vez que o encontrar, você
pelo menos consiga aguentar mais de cinco minutos numa batalha Pokémon.
— Forrest! — Chamavam Amy e Ethan da
plateia.
Argenta deu de costas e voltou a
sorrir para o público.
— Essa é a verdadeira força de um
Cérebro de Fronteira. Claro que isso ficaria mais evidente se eu tivesse a
oportunidade de batalhar com um treinador poderoso de verdade. — A mulher
encarou Forrest, que fechou os pulsos e olhou para o chão, morrendo de
vergonha.
Ethan e Amy olhavam surpresos para o amigo.
— Ela disse isso mesmo? — Ethan parecia não querer acreditar que
uma treinadora tão incrível podia ser ao mesmo tempo uma pessoa tão estúpida.
— Imaginem como eu me senti naquele momento. Era a constatação de
que eu havia chegado enfim ao fundo do poço da mediocridade. Eu disse que não
ia pedir desculpas, mas eu realmente sinto muito por ter atacado vocês. Eu
estava com os nervos à flor da pele e não pensei muito naquela hora... Eu só
queria fugir dali. Liguei para meu tio, Bruno. Ele é integrante da Elite 4.
— O Bruno é seu tio?! — exclamou Ethan, surpreso.
— Sim. Eu não sabia exatamente como começar a me tornar um
treinador melhor, então liguei pra ele e pedi ajuda. Deixei todos os meus
Pokémon para trás e acabamos treinando dias e noites a fio lá dentro do Monte Mortar.
Foi um processo doloroso, porque eu tive que crescer física e mentalmente, me
tornar uma nova pessoa. Alguém que não podia ter medo de enfrentar desafios.
Tio Bruno me ajudou com isso. Ele me batia, me fazia socar pedras e rochas, me
fazia ficar horas sem comer.
— Isso não é treinamento, é tortura! — Ethan indignou-se mais alto
do que deveria.
Forrest sorriu.
— Eu também pensei que fosse, mas dessa forma, explicando da
melhor maneira, eu pude reprogramar
meu corpo. Pensar melhor, melhorar meus reflexos e, principalmente, entender a
natureza que vive ao meu redor. Só então eu pude entender que um treinador não
comanda Pokémon. Ele divide forças. E isso fez toda a diferença pra mim.
Forrest voltou a repousar o olhar no piso que revestia o chão do
quarto. Ethan continuava olhando o amigo de maneira surpresa. Nunca poderia
imaginar que ele havia passado por tamanha situação para poder tornar-se mais
forte. Amy fechou os punhos.
— Não é sobre a quantidade de coisas que você enfrentou para se
tornar uma pessoa melhor. É sobre o que fizeram por você nesse período. Ethan,
eu, seus Pokémon... Todos nós quase morremos indo atrás de você, que havia
sumido sem dizer nada — a garota ergueu pela primeira vez os olhos azuis em
direção ao moreno. — Não menospreze a nossa amizade, nosso amor por você por causa disso.
Forrest tremeu. Ethan ergueu as sobrancelhas para a amiga,
emudecido.
Ela levantou-se da cama e dirigiu-se de volta para o banheiro. O
moreno então sorriu.
— Então, no fim das contas, tudo acaba assim, não é? Por causa do amor...
Amy parou antes da porta fechar totalmente.
— Sim. Afinal é por ter amado demais que Julieta acabou se
suicidando.
— Eu te amo, Amy.
A garota ficou vermelha. Ethan paralisou no lugar. Forrest evitou
fazer contato visual. Sua voz ecoava pelo quarto mais tempo do que deveria.
— Você... O quê...? — Ethan gaguejava. Sua pele estava mais rubra
do que um rubi.
— Sim, eu te amo, Amy — Forrest voltou a dizer, dessa vez, fixando
finalmente seus olhos na porta semi-fechada do banheiro.
Após alguns segundos de um silêncio mortal, a voz de Amy ressonou
de dentro do banheiro.
— Preciso me vestir.
Segundos depois, Ethan e Forrest ouviram a porta fechando e a
tranca sendo ativada.
Forrest se levantou e deu alguns passos em direção à porta
fechada.
— Entenda isso como quiser. Como prova de amor, eu vou te dar um
aviso. Fique longe de Red e Lance, eles irão entregar você aos Rockets.
Amy destrancou a porta e abriu poucos centímetros, o suficiente
para que ela pudesse olhar o rosto do moreno.
— O que disse?
— Eu os ouvi comentando isso hoje, quando eu voltava de uma sessão
de treinamento com meu tio.
— Deve haver algum engano, Forrest. Isso não pode ser verdade,
eles nos ajudaram no lago dos Gyarados... — Ethan tentou argumentar.
— Ethan, isso não é uma mentira. Eu ouvi alto e claro. Tome
cuidado, Amy.
A garota encarou Forrest por alguns instantes antes de voltar a
fechar a porta. O moreno então caminhou até a saída do quarto.
— Aonde você vai? — perguntou Ethan levantando-se da cama.
— Treinar.
— De novo? Ei, espera aí!
Amy ouviu quando os dois deixaram o quarto. A garota sentou-se no
chão frio do banheiro, encostando-se na porta e deixando as lágrimas de medo
escorrerem sobre os seus olhos.
— Como é que eu vou fazer agora?
No longo corredor que dava para as escadas que dividiam as suítes
de hospedagem dos andares de enfermaria, Forrest continuava a ignorar as
perguntas de Ethan. O moreno evitava fazer qualquer tipo de contato visual com
demais treinadores que passavam por ele no caminho que levava até o hall do
Centro Pokémon. Não parecia estar nervoso, mas seu corpo estava enrijecido de
tensão.
Forrest desceu as escadas, alcançou a recepção e parou
abruptamente, virando-se com o dedo em riste para o rosto de Ethan.
— Eu tenho uma ideia. Vamos entregar a Amy para os Rockets antes
do Red. O que acha?
Ethan engasgou.
— O quê?! Você ficou maluco? Que história é ess...
Forrest aproximou-se e cochichou algo no ouvido do garoto. Era
inaudível ao ponto de que as pessoas olhavam a expressão de Ethan e só podiam
acreditar que ele estava recebendo a notícia da morte de alguém.
Ethan tremia incontrolavelmente. Ele não conseguia fazer nenhum
tipo de contato visual com Forrest, que falava com a maior tranquilidade um
absurdo daqueles. O garoto fechou os punhos, tentando involuntariamente manter
algum tipo de controle de si próprio.
— Como assim... Entregar a Amy? Você não disse... Que amava ela...
Agora a pouco?
Forrest olhou para Ethan e deu uma risadinha sarcástica.
— Ora, mas não foi ela mesma quem disse? Na história, Julieta amou
tanto Romeu que morreu por ele. Se eu a amo, preciso dar ela em sacrifício.
O moreno só sentiu a dor quando caiu ao chão. Seu rosto doía
imensamente. Levou a mão até o local da pancada para tentar mensurar a dor.
O punho de Ethan permanecia parado no ar. Sua expressão de fúria
assustou Forrest, que nunca havia visto o amigo daquele jeito antes. Como ele
podia falar coisas tão absurdas de maneira tão natural?
— Isso não vai ficar assim! Eu vou falar tudo pra Amy!
Forrest levantou-se do chão, ainda com a mão no rosto, e sorrindo
olhou para Ethan.
— Não, você não vai. Fazendo isso, você vai fazer ela suspeitar de
você também, e aí sozinha, fica mais fácil para os outros pegarem-na. A escolha é
toda sua.
— Mas se eu me explicar, ela não vai...
— Você acha mesmo? Você realmente acha que ao contar sobre nossa
conversa, ela não vai olhar pra você de uma forma diferente? Não se iluda
Ethan. Até logo.
Forrest virou-se de costas e avançou para a saída do Centro
Pokémon, deixando um Ethan em estado de choque para trás.
Ao voltar para o quarto, deparou-se com Amy escovando os cabelos.
Ela assustou-se ao ver a expressão do garoto.
— Ethan, está tudo bem? Onde está o Forrest?
O garoto olhou para a amiga e sua voz sumiu. As lágrimas tentaram
tomar conta do rosto do menino, mas ele piscou algumas vezes para controlá-las.
— Não é nada. Ainda estou processando tudo o que aconteceu. A
história do Forrest, você sendo ameaçada por duas pessoas que eu pensava serem
aliados... Eu não sei o que fazer.
Amy suspirou. Colocou o pente sobre a cama e aproximou-se do
garoto, que tremia de nervoso.
— Pelo menos nada de ruim pode acontecer com a gente enquanto
estivermos juntos, não é? — e sorriu.
Ethan hesitou antes de responder numa mentira descarada.
— …Você está certa.
O garoto não conseguiu dormir aquela noite.
Lance, do lado de fora do Centro Pokémon, terminava de digitar um
número no telefone celular. Foi Koga
quem atendeu.
— Encontramos o quartel-general onde a Equipe Rocket se esconde.
Venha e traga os outros com você. Bruno e Red já estão presentes.
Koga hesitou por alguns segundos antes de responder.
— Certo. Estamos a caminho.
Capítulo 46
Pedalando
tranquilamente com sua bicicleta em direção à Cidade de Mahogany, Vivian
Chevalier, com cabelos ruivos que tocavam seus ombros, morava em Azalea, mas
estava longe de casa naquele instante porque era em Mahogany onde vendia o
raríssimo Rage Candy Bar, ingrediente
importante da receita super-secreta passada de geração em geração da Lendária
Torta de Azalea, que dizem ser tão saborosa, tão maravilhosa e tão suculenta
que nem os mais renomados chefes de cozinha dos mais caros e finos restaurantes
de Lumiose, em Kalos, conseguiram reproduzir a receita, muito menos descobrir
como ela era feita. O vento batia em seu rosto enquanto ela avançava veloz em
direção à cidade, já visível no horizonte.
O
céu azul com um sol a pino que brilhava forte, em um instante, mudou de cor.
Nuvens pesadas tomaram conta e uma virada do tempo inesperada fez a garota
soltar uma exclamação audível. Raios e trovões violentos anunciavam que Raikou
se aproximava. O Pokémon Lendário corria com velocidade pela Rota 43, passando
por Pokémon que marchavam em direção ao grande lago que havia ao norte, como um
grande exército que seguia ao chamado de seu líder.
—
Quem é aquele Pokémon? — se perguntou a garota enquanto via o Pokémon sumir tão
rápido quanto apareceu.
A
garota perdeu o equilíbrio da bicicleta e estabacou-se no chão.
—
Ai, ai, ai, ai! — Exclamava a menina ao levantar-se do chão e examinar as
feridas nos cotovelos e nos joelhos.
A
chuva começou a molhar o chão. As gotas tocavam o rosto de Vivian, que
apressou-se em montar novamente na bicicleta e correr em direção ao Centro
Pokémon de Mahogany, alguns minutos a frente.
Um
urro agudo chamou a atenção da garota. O estranho barulho encontrava-se longe,
mas atravessava as densas árvores dos bosques e montanhas que cercavam a
cidade, chegando abafado aos ouvidos de Vivian. Ela hesitou por alguns
instantes, mas continuou seu caminho sem olhar para trás.
***
Na
televisão do quarto do hospital de onde Ethan se encontrava sob cuidados médicos
sob a visita de Amy, a chamada do plantão extraordinário da emissora chamou a
atenção dos garotos. A repórter estava sobrevoando um grande lago, onde um
imenso Pokémon vermelho podia ser visto.
— Um
Gyarados vermelho incontrolável está aterrorizando os moradores que vivem
próximo ao Lago dos Magikarp! Vimos inclusive os lendários Raikou, Entei e
Suicune aparentemente se dirigindo para o local, e também nosso helicóptero
flagrou Bruno, da Elite 4, nas montanhas do Monte Mortar, também bem próximo ao
local! Será que ele e os demais integrantes da Liga Pokémon estão indo
controlar o Gyarados furioso? — Noticiava a repórter na TV, de forma eufórica.
Ethan
e Amy soltaram uma exclamação alta quando imagens do Monte Mortar eram
transmitidas ao vivo na televisão.
—
Aquele é o Forrest?! — Exclamou Amy.
***
As
portas do Centro Pokémon se abriram. Vivian, exausta e ensopada, empurrava sua
bicicleta até o balcão da recepção com uma cara de muitos poucos amigos. A garota
guiou a bicicleta até um dos bancos da recepção e a deitou no chão, sentando
para descansar em seguida. A garota reparou em um aglomerado de pessoas próximo
ao balcão do centro médico. Elas prestavam atenção nas imagens da televisão,
que transmitia ao vivo o noticiário que relatava sobre o Gyarados Vermelho.
Vivian soltou uma exclamação audível de espanto e curiosidade.
—
Que Pokémon é esse...? — Perguntou a garota para si.
Amy
apareceu correndo do corredor que dava para os quartos onde os pacientes humanos
eram tratados. A garota se dirigiu até a porta automática que permitia entrar e
sair do Centro Pokémon e, pelo vidro, viu a forte tempestade que caia do lado
de fora. Ela hesitou por instantes e olhou ao redor. Seus olhos azuis
encontraram os de Vivian, que estremeceu por alguns instantes.
—
Onde é que você pensa que vai? Pode voltar agora pro quarto! — O tom zangado
que a Enfermeira Joy falava chamou a atenção de todos os presentes.
Ethan,
de avental cirúrgico, tentava aproximar-se do local onde Amy se encontrava. Uma
Chansey aproximou-se do garoto, parou em sua frente e esticou os braços
impedindo que o garoto continuasse o caminho.
— Me
deixe passar, Chansey, eu preciso ir atrás do meu amigo.
— Eu
não lhe dei alta! Faça o favor de voltar para a cama, agora! — Ordenou Joy
com uma voz firme.
Ethan
olhou para Amy, como se suplicasse sua ajuda.
—
Você precisa ficar bom logo. Prometo trazer Forrest de volta. — Disse a garota.
—
Mas, Amy...
— Eu
volto depressa — ela sorriu de forma doce para Ethan.
Vivian
observava atentamente, sem falar nada. Tomou um susto quando percebeu Amy
aproximando-se.
—
Essa bicicleta é sua?
— É
sim. Por quê?
—
Acredito que com o temporal lá fora, você não vai usá-la, certo?
Amy
ergueu a bicicleta de Vivian e a fez soltar uma exclamação.
—
Ei! O que você tá fazendo?!
—
Depois eu te devolvo.
Amy
correu em direção à porta, saindo por ela e subindo no banco da bicicleta de
Vivian. Botou o pé nos pedais e acelerou em direção ao norte. Vivian correu
atrás da garota.
— CÊ
TÁ MALUCA? ESSA É A MINHA BIKE, VOLTA AQUI!
***
Forrest
e Bruno rumavam em direção ao Lago dos Magikarp montados em Rhyhorn e
acompanhados de perto pelos Pokémon do moreno, fora de suas PokéBolas. Não
demorou muito para que avistassem ao longe o grandioso Pokémon disparando raios
coloridos de sua boca. Sua ira era imensa. Por um instante, Forrest tremeu. O
suor escorria por seu tronco nu misturado com as gotas da forte chuva que caia
naquela rota e suas mãos escorregavam ao tentar segurar no pescoço de seu
Pokémon. Sentiu algo aproximando com velocidade e ao olhar para trás, viu os
lendários Raikou, Entei e Suicune correndo em direção ao lago. As três
criaturas místicas passaram por Forrest e Bruno ignorando sua presença.
—
Forrest! — Ao ouvir seu nome sendo chamado, o garoto olhou para trás mais uma
vez. O moreno não pode deixar de soltar uma exclamação audível quando viu Amy
chegando cada vez mais próximo de Rhyhorn.
Os
olhos dos dois se encontraram, mas eles nada disseram. Continuaram rumando para
o norte, onde já era possível sentir o cheiro da grama das margens do grandioso
lago.
***
Com
as roupas sujas de lama, cabelos desgrenhados e uma aparência nada feminina,
Vivian Chevalier apoiava-se para descansar em uma árvore do bosque da Rota 43,
xingando Amy de todos os nomes que conhecia. Mesmo com a respiração ofegante
após correr atrás da ladra de sua bicicleta, ela não deixava de soltar
maldições contra ela.
— Eu
não achei que eu ia ficar tão feliz em encontrar você.
A
voz de Ethan no meio da chuva fez Vivian soltar um berro.
—
WAAAAAH!!! QUEM É VOCÊ E O QUE QUER DE MIM?!
— De
você eu não quero nada! Eu quero saber é da Amy, aquela garota que estava com
você. Pra onde ela foi?
A
garota fechou a cara.
—
Aquela cretina roubou a minha bicicleta! Eu não tenho certeza, mas ela foi em
direção àquele lago de onde vêm os rugidos estranhos.
—
Obrigado — Ethan passou por Vivian e seguiu seu caminho rumo ao lago.
A
ruiva olhou fixamente para o garoto e pareceu refletir por alguns instantes,
como se quisesse lembrar de algo.
—
Ei, você não é aquele maluco que tentou fugir do hospital?
Ethan
parou. Com um sorriso, virou-se para encarar a menina.
—
Parece que a tentativa deu certo — ele ajeitou seu boné e retomou a caminhada.
Não estava mais com o avental cirúrgico do hospital, mas não vestia camiseta
alguma. A bermuda preta com o cinto afivelado e os tênis desgastados eram o
único look que cobria o corpo do
garoto.
Vivian
ergueu o cenho e, visivelmente confusa, começou a tagarelar seguindo o garoto.
—
Ei, mas como assim? Como você conseguiu? A Enfermeira Joy sabe que você fugiu?
Cadê seus Pokémon? Você pode pegar uma gripe debaixo de uma chuva como essa! Atchim! Ai, porcaria... Ei, você não tá
me ouvindo falar, não? Eu to falando com você, ô, mané!
***
Red
e Lance encaravam atônitos o lago que agora não só tinha o Gyarados vermelho,
mas outros quatro Gyarados azuis recém-evoluídos, todos muito nervosos. Os dois
treinadores experientes não sabiam qual atitude tomar. Sem se darem conta da
coincidência, os treinadores sentiam uma leve pontada de dor de cabeça ao mesmo
tempo.
Podia
ser devido a mudança brusca do tempo. O anúncio de um possível resfriado
chegando? Talvez. No Centro Pokémon, pediriam analgésicos à Enfermeira Joy.
— Eu
sei que é da natureza desses Pokémon a ira incontrolável, mas... Isso é um
grande exagero — comentou Red. — Por que eles estão tão nervosos assim?
— Eu
não faço ideia... Tem que ter alguma coisa que esteja alterando o comportamento
desses Pokémon... Será que é a água?
— É
um ótimo chute, mas... Não parece ser o caso aqui.
— Eu
não consigo me lembrar... Por algum motivo, tem alguma coisa bloqueando. É como
se eu soubesse a resposta, mas ela não me aparece de jeito nenhum...
Pokémon
de todas as espécies começaram a surgir aos arredores. Eles eram muitos e, como
se estivessem hipnotizados, seguiam para a margem do lago. Red e Lance olhavam
um para o outro e não sabiam o que dizer. Ao examinarem os Pokémon que se
aproximavam cada vez mais, percebiam que suas pupilas estavam dilatadas, que
rosnavam baixo e caminhavam de forma ameaçadora, como um predador que cercava
suas vitimas.
Raikou,
Entei e Suicune surgiram em disparada na margem do lago, mas os dois rapazes
que já estavam presentes ali se surpreenderam mais com Amy, Forrest e Bruno
chegando em seguida.
—
Bruno! O que faz aqui? — Perguntou Lance em tom surpreso.
—
Assuntos de família. Mas parece que esse aqui me parece muito mais
interessante... — Bruno encarou Red. — Bom te ver depois de tanto tempo,
garoto.
—
Digo o mesmo, senhor Bruno — cumprimentou o garoto.
—
Acredito que não seja uma boa hora para cumprimentos — comentou Forrest, sério.
— Controlar os Gyarados é a nossa prioridade.
Amy
encarou o amigo. A expressão de surpresa em seu rosto era evidente, afinal ele
não tinha por característica ser alguém metódico.
Lance
levou a mão direita em direção à têmpora. A dor de cabeça começava a incomodar.
—
Enxaqueca logo agora...? Droga.
Red
olhou para o homem e também percebeu que em sua cabeça, uma incômoda latência
chamava sua atenção.
—
Agora que você falou... Coincidentemente estou começando a ficar com dor de
cabeça também...
Um
poderoso trovão caiu próximo às águas cristalinas do lago. Lance, Red, Amy,
Forrest e Bruno cobriram os ouvidos com as mãos para tentar aliviar do imenso
barulho que ocorreu imediatamente. Raikou encarava os Gyarados com ódio. O de
cor vermelha colocou-se em frente aos outros e retrucava o olhar do lendário
Pokémon de forma semelhante, como um general protegendo seu exército. O
Gyarados Vermelho disparou o Dragon Rage
na direção do poderoso oponente, mas o golpe foi bloqueado quando Raikou usou
seu movimento Reflect. Uma forte onda
de vento e fumaça espalhou-se pelo lugar, fazendo as hordas de Pokémon
moverem-se alguns centímetros dos lugares onde assistiam, calados, os eventos
que se desenrolavam ali.
—
Acho que os Gyarados se tornaram o menor dos nossos problemas... — comentou
Lance, encarando o lago de forma séria.
Red
soltou uma exclamação ao ouvir Forrest berrar de repente.
—
Mas o que diabos está acontecendo aqui?!
O
corpo de Rhyhorn emitiu um brilho forte. Começou a ficar maior e mais
musculoso, subitamente apoiando-se nas duas patas traseiras e erguendo-se de
forma ereta. O chifre entre seus olhos também cresceu e ficou pontudo, tomando
a forma de uma broca. Saliências surgiram em sua cabeça e ao lado de suas
orelhas triangulares, formou-se uma crista larga e ondulada e sulcos
pontiagudos em suas bochechas. Ganhara olhos ainda mais vermelhos, cor de
sangue e uma fileira de espinhos pontiagudos nas costas, que terminava em uma
longa cauda com listras pretas e finas. Não era apenas o Pokémon de Forrest que
havia evoluído. Dezenas de Pokémon passavam pelo mesmo processo ao mesmo tempo.
O Lago dos Magikarp também emitia um forte brilho branco que vinha do fundo de
suas águas, onde mais alguns Gyarados enfurecidos emergiam para a superfície.
—
Todos esses Pokémon evoluíram... Ao mesmo tempo?! — Exclamou Amy.
— É
a primeira vez que eu vejo isso... Isso não é algo convencional! — Lance sentiu
medo pela primeira vez.
Red
gritou de dor e ajoelhou-se na grama verde. Levava as duas mãos à cabeça, que
parecia que iria, literalmente, explodir a qualquer instante. As lágrimas de
desespero do garoto escorriam pelo seu rosto, traçando o contorno do pânico que
ele sentia naquele instante.
—
Alguém faz parar essa dor... Eu imploro...
No
lago, os Gyarados em conjunto começaram a fazer uma dança estranha. Rodavam
hipnoticamente dentro de um grande eixo e iam acelerando cada vez mais. Um
imenso tornado foi sendo produzido e, de uma vez, foi lançado em terra. Os
Pokémon presentes, incluindo os cães lendários, foram arremessados para longe.
O enorme ciclone ia aproximando-se cada vez mais veloz da direção onde Amy,
Forrest, Red, Lance e Bruno permaneciam inaptos a fazer alguma coisa.
— Mirror Coat e ThunderWave!
Dois
estalos agudos foram ouvidos em sequência. Uma bolota azul emanando uma luz
violeta pulou na frente do grupo e recebeu o iminente ataque em cheio.
Foi
Amy quem primeiro percebeu que seus ossos não se partiram com o impacto de um
ataque tão violento. Ao ter a coragem de abrir seus grandes olhos azuis,
exclamou com surpresa ao ver Wobbuffet protegendo-a como os braços abertos,
expelindo com força o poder do Twister de
volta para o lago, em direção aos Gyarados furiosos. Ao seu lado, Magnemite
produzia de seus imãs eletromagnéticos um raio elétrico que foi atraído pela
água do lago, conduzindo-o diretamente para os Pokémon parcialmente submersos.
O ThunderWave paralisou o grupo de
Gyarados selvagens. Amy voltou a atenção para a única pessoa que ela sabia que
tinha aqueles dois Pokémon.
—
Ethan!
O
garoto sorriu ao ouvir seu nome sendo dito por ela.
—
Fico feliz por ter chegado a tempo.
Ethan
sentiu um soco no estômago ao ver Forrest, parado a alguns metros em sua
frente. Os últimos dias longe do amigo pareceram uma eternidade. E agora, vê-lo
ali tão próximo, era quase como se fosse uma assombração.
—
Forrest...
O
moreno olhou para o companheiro e encarou o chão, cerrando os punhos. Ele
estava prestes a dizer alguma coisa quando um grito agudo o interrompeu.
—
VOCÊ É A MALUCA QUE ROUBOU MINHA BICICLETA! ONDE FOI QUE VOCÊ A COLOCOU?!
Vivian
Chevalier avançou ferozmente na direção de Amy que como se usasse um Pursuit, desviou agilmente das garras da
ruiva, que deu de cara no chão.
— Eu
não sei se você é maluca, mas não é o momento, e também não é aqui, que essa
conversa deve acontecer.
Vivian
ainda encarava Amy com raiva quando assustou-se outra vez.
Entei
rugiu tão ferozmente que o chão começou a tremer, como um abalo sísmico.
Humanos e Pokémon tombaram ao chão como se este fosse feito de sabonete. A
fúria do cão lendário subitamente foi convertida em um poderoso lança-chamas
disparado de sua bocarra enorme na direção de Gyarados Vermelho. O Flamethrower, porém, não pareceu surtir efeito algum.
Inúmeros
Pokémon começaram a evoluir ao redor do lago ao mesmo tempo outra vez. Ethan e
Vivian foram quem se surpreenderam dessa vez.
—
Evolução? Todos eles? Mas como?! — Exclamou o garoto.
—
Tem alguma coisa enorme induzindo a evolução desses Pokémon, e consequentemente
sua fúria... Precisamos descobrir logo o que está acontecendo — comentou Lance.
—
Não temos tempo de ficar pensando. É melhor fazermos algo antes que nós é que
nos tornemos os alvos — Bruno sacou uma PokéBola do bolso de sua calça branca e
arremessou ao ar.
Onix
surgiu imponente. A enorme serpente de pedra urrou tão alto que imensas
vibrações puderam ser sentidas sob os pés de todos ali, derrubando Vivian mais
uma vez.
—
Larvitar, você também! — Ethan convocou seu Pokémon arremessando sua PokéBola.
— Rocky,
é com você! — A serpente metálica de Forrest que acompanhava tudo em silêncio
ao lado do moreno prontamente atendeu ao pedido de seu mestre.
— Sandstorm! — Bradaram os três
simultaneamente.
Uma
enorme tempestade de areia e terra subiu do chão. O redemoinho se ergueu e
espalhou-se pelo campo, diminuindo a visibilidade do local. Se apenas um
daqueles Pokémon já podia causar um efeito devastador com o golpe, os três
combinados foram mais do que o suficiente para que diversos dos Pokémon ali
presentes, entre Caterpie e Pidgey a Ampharos e Gyarados, além de Raikou, Entei
e Suicune, fossem arremessados em diversas direções. O dano e o estrago que o Twister bloqueado a pouco não conseguiu,
o Sandstorm combinado causou
triplicado.
Ainda
não se podia ver nada devido ao golpe. Os Pokémon estavam zonzos, tentando
situarem-se em meio àquele caos. No entanto, Ethan não conseguiu prestar
atenção no que acontecia ao seu redor, muito menos focou em procurar seus
amigos. Larvitar gritava alto e o garoto tentava localizá-lo em meio à intensa
poeira que o cercava.
Quis
agradecer pela repentina luz que brilhou centímetros a sua frente,
coincidentemente próximo aos gritos de seu Pokémon.
Mas
coincidências não existiam.
Aquele
brilho era o corpo de Larvitar transformando-se completamente. O Pokémon
levitou alguns centímetros do chão e grandes pedaços de pedra e rocha foram
arrancadas a força do solo ao redor, sendo atraídas com violência para seu
corpo, o envolvendo completamente. Seus olhos vermelhos agora eram visíveis
através de dois buracos formados na concha rochosa e parte superior do corpo
agora havia ficado coberta por uma placa semelhante a uma máscara com quatro
pontas grandes em ambos os lados enquanto três pontas adicionais se projetavam
de sua testa, como uma crista enrijecida.
— Pupitar, um Pokémon Concha Dura. É a forma
evoluída de Larvitar. Sua
casca é tão dura quanto uma placa de gesso, e também é muito forte. Uma porrada
dada por esse Pokémon pode derrubar uma montanha. Mesmo selado em sua concha,
ele pode se mover livremente. Duro e rápido, tem um poder destrutivo
excepcional — informou a PokéDex de Ethan.
Vivian
sorriu.
—
Seu Pokémon evoluiu! Agora eu to vendo vantagem! Vai lá e chuta a bunda deles!
Ethan
não parecia estar contente.
— Eu
não tenho certeza se o Larvitar estava pronto pra evoluir...
O
garoto apenas acompanhou Pupitar cair ao chão, exausto. Recolheu-o para a
PokéBola e a fitou por alguns instantes.
— Icicle Spear.
Flechas
de gelo foram disparadas de algum lugar atrás de Ethan e passaram por cima de
sua cabeça. Não pareceu mirar em nenhum Pokémon ao redor ou nos Gyarados
furiosos ao centro do lago.
A
forte chuva que caía sob o local fez cessar a nuvem de poeira, areia e terra
originada pelo Sandstorm. Os Pokémon
que haviam sido arremessados para diversos lados nas margens do lago aos poucos
iam se erguendo.
Ao
levantarem, todos ali arregalaram os olhos surpresos.
Red
já tinha visto aquela espécie de Pokémon diversas vezes durante sua jornada,
mas nunca ouvira falar de um daquele jeito. O incômodo com sua enxaqueca
pareceu diminuir no mesmo instante em que reparou naquele Pokémon.
Nem
em um sonho mais louco, Forrest imaginaria ver algo do tipo.
Até
mesmo Lance e Bruno, mesmo que já tivessem ouvido falar da existência daquele
tipo de Pokémon, olhavam aquele espécime pela primeira vez.
Nenhum
dos Pokémon que Amy vira na vida comparava-se àquele que estava a sua frente.
A
cabeça de Ethan parou de funcionar por um instante que pareceu uma eternidade.
Ele tinha um Pokémon daquele bem ali, no bolso de sua bermuda. Mas... Aquele
Sandslash era muito diferente do que utilizava.
Aquele
tinha uma pele azul e seus espinhos eram completamente feitos de gelo,
aparentando ser bem maiores do que as de um Sandslash comum. Suas garras eram
compridas, mais finas e enganchadas nas pontas.
Apenas
Vivian Chevalier pareceu não dar a mínima atenção para o Pokémon. Seus olhos
encaravam um senhor de idade, com cabelos brancos como a neve, que estava
parado logo atrás da ruiva. Usava uma blusa branca com gola até o pescoço com
um suéter rubro, uma calça cáqui e um sapato de couro marrom. Devido à idade, o
velho apoiava o peso do seu corpo em uma bengala, devido à fraqueza dos ossos.
—
Vovô Pryce! — Exclamou a ruiva.
Pryce
olhou de forma carrancuda para a menina.
—
Vivian, você não deveria estar aqui. É muito perigoso, principalmente agora com
os Pokémon fora de controle desse jeito.
A
garota abaixou a cabeça, envergonhada.
— Me
perdoe vovô. Não era minha intenção.
Pryce
reparou nos demais.
—
Elite 4. Ou metade dela, pelo menos. Vejo que vocês já estejam cientes de que a
Equipe Rocket mantém um quartel general em algum lugar na minha cidade e
instalaram essas torres de transmissão ao redor das montanhas — disse o velho,
seco.
Red
arregalou os olhos. Lance ergueu o cenho.
Memórias
invadiram a cabeça de Amy como se as águas de uma represa tivessem sido
liberadas todas de uma vez.
Red
a encontrou no Monte Mortar. Após confrontá-la, ele havia mencionado algo sobre
a Equipe Rocket.
— Enquanto vocês se mantiveram perdidos aqui
dentro, eu continuei investigando a Equipe Rocket. Após o ataque na Rádio de
Goldenrod, eu fiquei me perguntando o motivo do interesse por radiocomunicação.
A resposta me apareceu quando eu percebi que as pessoas e os Pokémon começaram
a agir estranhamente nos arredores de Ecruteak. Lance também mencionou que os
moradores de Mahogany têm se queixado de que os Pokémon que moram próximos ao
lago ao norte da cidade têm agido de maneira estranha, atacando a todos que
passam por ali, se escondendo em suas tocas.
Amy encarou Red de forma séria.
— O que quer dizer com isso?
— Eles, de alguma maneira, estão controlando
Pokémon à distância por ondas de rádio.
Um
sopro de realidade tomou conta do íntimo dos três.
Amy
sacou uma PokéBola da bolsa e liberou Pidgeot.
— O
que você vai fazer? — Perguntou Ethan.
— É
tudo culpa da Equipe Rocket! É por isso que os Pokémon estão fora de si, estão
sendo controlados de alguma maneira! — Exclamou a garota montada nas costas da
grande ave.
Lance
aproximou-se de Pryce.
—
Onde estão as torres? Precisamos destruí-las imediatamente!
—
Não me diga... Se você ainda não percebeu, Sandslash derrubou uma.
—
Ali em cima, olhem! — Apontou Vivian.
As
árvores às margens do Lago dos Magikarp cresceram morro acima na localização da
Rota 43. Escondida entre os troncos mais próximos da água, um pedaço de uma
torre de transmissão era visível. Havia sido quebrada ao meio pelo Icicle Spear de Sandslash.
—
Estão espalhadas por todo o lugar por entre os bosques... Devo proteger essa
cidade com a minha vida, se necessário, e eu falhei em não perceber com
antecedência o que esses malditos estavam fazendo...
Pryce
apertou a mão com força contra o apoio da bengala. Lágrimas vieram molhar seus
olhos e sua voz ficou embargada.
Amy decolou com Pidgeot.
Ao passar por cima do lago, o Gyarados de cor vermelha encarou-a e ergueu-se
ferozmente. Inalou uma enorme quantidade de ar e regurgitou um poderoso Dragon Rage na direção da garota, atingindo
Pidgeot e fazendo a Pokémon e sua mestra caírem em queda livre em direção à
água.
Ela não ouviu seu nome
sendo gritado por seus amigos. Ela não viu o tempo passar. Em queda livre,
sentia que aqueles poucos segundos até o impacto na água se tornavam uma
eternidade. Seu inseparável chapéu, inclusive, delicadamente soltou-se de sua
cabeça. Em um último ato de consciência, retornou Pidgeot para a PokéBola.
A garota fechou os olhos
e sentiu seu corpo bater violentamente contra a água, afundando completamente.
Ethan soltou um berro
desesperado e correu em direção ao lago. Suicune correu para a frente do garoto
para impedi-lo de chegar até a água.
— SAI DA MINHA FRENTE!
Faísca, seu Magnemite, prontamente
se colocou na frente de seu mestre e disparou um poderoso ThunderShock no oponente. Suicune, zonzo, não impediu Ethan de
passar por ele.
Ethan não se importou
com o fato de não saber nadar, muito menos na hipótese de que ele provavelmente
pegaria um resfriado ou uma hipotermia devido à baixa temperatura da água. Ou
quem sabe, morrer eletrocutado caso um raio vindo do céu caísse sobre o Lago
dos Magikarp. Ter os ossos quebrados por um ataque furioso dos Gyarados
perigosamente próximos não era problema com que se preocupar. Ele apenas queria
salvar Amy, de qualquer maneira.
Mas, afobado, o garoto
não conseguia mergulhar. Seu fôlego não permitia que ele chegasse sequer alguns
metros debaixo d’água para salvar a garota, e odiava-se aquele instante por não
ter trazido Quagsire consigo. Ele via o corpo de Amy, desacordada, ir cada vez
mais para o fundo. O impacto da queda fez sua bolsa abrir e o garoto via alguns
dos objetos que a garota guardava espalharem-se com ajuda da correnteza,
incluindo suas PokéBolas, que por serem mais leves, flutuavam numa dança
descoordenada próximo do garoto.
Na superfície, as demais
pessoas agora observavam com atenção. O Sandslash de gelo permanecia lutando
contra Pokémon selvagens que, tomados de ira, partiam para cima. O medo de ter
os Pokémon descontrolados fazia os treinadores hesitarem em enviar os seus para
se protegerem.
Mas Forrest estava
pensando diferente. Olhava seus Pokémon que encontravam-se olhando para o
abalado Rhydon, que não conseguia acostumar-se com seu novo corpo
recém-adquirido. O moreno fechou os punhos com força.
— Eu não vou perdoar
terem feito isso com o meu Pokémon... Eu achava que não era merecedor de ser um
treinador após a batalha contra Argenta, mas...
Bruno colocou sua mão
esquerda no ombro direito de Forrest e o apertou com força.
— Lembre-se de seu
treinamento. Não treinamos força ou estratégia, treinamos a sua mente! Blinde sua
mente contra qualquer tipo de interferência sentimental! Seja uma pedra e prove
que você é merecedor da equipe que construiu em sua jornada. Mesmo abandonando
seus Pokémon, eles vieram atrás de você, e isso só mostra o quanto eles confiam
em você. Agora resta você mostrar o quanto confia neles, garoto.
Forrest sorriu.
— Obrigado, tio. Tá na
hora de eu mostrar o que eu sei fazer.
Red deu um sorriso de
canto de boca.
— Eu não sei o que estou
temendo... A Equipe Rocket pode até controlar um exército de Pokémon, mas...
Eles ainda estão controlando à distância
— e sacou uma PokéBola. — Venusaur, Frenzy
Plant!
Do enorme botão de flor
em suas costas, grossas raízes saíram e penetraram o chão com violência. Uma
aura de cor verde pareceu contornar seu corpo enquanto suas poderosas pernas
eram fortemente pressionadas contra o chão. Raízes gigantes com espinhos quebraram
o chão e espalharam-se rapidamente por todo o solo, derrubando diversos Pokémon
ao mesmo tempo, jogando-os para cima ou fazendo-os tropeçar.
Forrest olhou para seus
Pokémon de forma séria. Todos os seis olharam no fundo dos olhos de seu mestre
e o aguardaram falar.
— Pessoal, eu não tenho
tempo pra pedir desculpas a vocês, mas eu sinceramente gostaria de trabalhar
junto com vocês agora. Será que vocês poderiam me dar uma forcinha?
Os Pokémon do garoto se
entreolharam, mas fora Rhydon quem se levantou e se colocou perante ele. Eles
se olharam por alguns segundos e, lentamente, caminhou até a frente do garoto.
Seu antebraço brilhou e o Pokémon deu um poderoso soco no chão, desequilibrando
um grupo de Pokémon que perigosamente aproximava-se dele.
Rhydon olhou para seu
treinador. E por um segundo, Forrest pensou tê-lo ouvido falar com ele.
— Vamos enfrentá-los juntos, mestre.
O garoto deu um passo
para trás e achou que havia enlouquecido. Mas, ele tinha certeza de que, se
aquilo fosse real, ele finalmente havia começado a entender o coração de seus
Pokémon.
E sorriu.
— Obrigado... — Forrest
limpou os olhos para impedir que lágrimas escorressem. — Vamos nessa, pessoal!
Rhydon, Earthquake, Graveler, Magnetude!
Os dois titãs da equipe
prontamente atenderam o pedido de seu treinador. Ao juntarem suas forças, um
imenso terremoto de proporções catastróficas terminou de destruir o que
insistia em permanecer intacto. Mais hectares do grande lago partiu-se no meio
e mais Pokémon caiam derrotados.
Raikou, Entei e Suicune
permaneciam desviando dos golpes, permanecendo o tempo todo próximo ao lago.
Lance aproximou-se de
Pryce.
— Venha comigo procurar
e destruir todas as torres de transmissão ao redor do lago. Preciso de sua
ajuda para conseguir.
O
idoso encarou de maneira fria o homem ruivo antes de responder.
—
Tudo bem, acredito que será mais fácil dessa maneira. Sandslash, por favor.
O
Pokémon de gelo desviando majestosamente dos grandes pedaços irregulares de
terra, lama e pedra quebrada que ficava em seu caminho girou veloz até seu
treinador. Lance invocou seu Dragonite e com Pryce montou em suas costas,
alçando voo em direção às montanhas.
Ao
ver o Pokémon se aproximando, Gyarados novamente pegou ar para soltar um novo Dragon Rage. No entanto, paralisou. Uma
grossa camada de gelo o cobriu de baixo para cima, assim como a água ao seu
redor, até congelá-lo por completo.
Dewgong
alcançava a superfície com o corpo de Amy. Ethan apareceu logo em seguida,
boiando em Wobbuffet.
Vivian
correu para auxiliar os Pokémon a tirar os corpos da água. Tremendo de frio,
tossindo muito e cuspindo água, Ethan mal deixou a garota terminar de puxá-lo.
— A
Amy! Temos que ver como ela está!
Os
dois soltaram uma exclamação ao notarem que o corpo de Amy estava gelado. Seus
lábios estavam num tom azulado e grandes olheiras tomavam conta de seu rosto.
—
Isso não é bom... — comentou Vivian.
—
Amy, por favor... Você não pode morrer... Você... — O garoto gaguejava enquanto
checava o pulso fraco da garota.
—
Rápido, menino, faz uma respiração boca a boca!
— O
quê?! Como assim, boca a boca?
— Eu
vi num filme uma vez, pode dar certo! Rápido, antes que ela bata as botas de
verdade!
Ethan
olhou para o rosto da menina enquanto sua respiração ficava cada vez mais
rápida. Fechou os olhos e encostou seus lábios nos de Amy. Seu coração parou
por um segundo. Um fluxo ininterrupto de pensamentos preenchia sua cabeça
enquanto ouvia explosões ao longe provenientes da destruição das antenas de
radiotransmissão.
—
ISSO É UM BEIJO, NÃO É UMA RESPIRAÇÃO BOCA A BOCA, SEU IDIOTA!
Vivian
deu um tapa na cabeça de Ethan.
—
Desculpe... Eu nunca fiz respiração boca a boca antes...
Entei
aproximou-se do corpo de Amy. Os pelos no corpo do Pokémon se eriçavam devido
ao intenso calor que produzia.
Vivian
encarou admirada.
—
Ele é o Pokémon mais bonito que eu já vi...
Ethan
aproximou-se de Entei.
—
Por favor, salve ela... Eu não sei se você consegue me entender ou tem poder
pra isso, mas eu te imploro, não deixe a Amy morrer...
Vivian
encarou o garoto de forma doce.
—
Nossa, você é apaixonado por ela de verdade.
Ethan
ficou mais vermelho do que o pelo no corpo de Entei.
— É
o quê?! Eu não sou... Quer dizer, eu acho que... É....
O
garoto calou-se imediatamente ao perceber Entei o olhando, como se estivesse
lendo sua alma. Em seguida, olhou para Amy.
Não
se sabe se foi pelo calor emanado por Entei, mas a garota se mexeu. Ela tossiu
algumas vezes antes de começar a vomitar água. Ethan rapidamente a auxiliou, virando
a cabeça da garota para o lado para ela não engolir a água de volta.
Forrest
e Red aproximaram-se correndo acompanhados de Bruno.
—
Amy, você está bem?! — Perguntou Forrest, preocupado.
A
consciência da garota voltava aos poucos. O cheiro da grama molhada, a brisa que
soprava do norte... Seus sentidos iam retornando às funcionalidades.
Ela
abriu os olhos e reconheceu Ethan e Forrest.
—
Meninos... O que aconteceu?
—
Ainda está acontecendo... Você está bem? — Perguntou Lance.
—
Estou um pouco zonza e... Tem água nos meus ouvidos. Mas eu acho que estou bem.
Amy
tentou se levantar, mas seus músculos se recusavam a fazer qualquer tipo de
movimento. Ela caiu sentada novamente.
O
grupo assustou-se. Lance e Pryce pousaram alguns metros de distância deles e
dirigiram-se até a margem do lago onde todos se encontravam.
—
Acredito que derrubamos todas as torres, mas não é garantido — comentou o
campeão.
—
Como assim? Existem mais?! — Exclamou Ethan.
—
Olhem ao redor. Com certeza isso foi apenas um experimento... Tenho certeza que
ainda não acabou. Se quisermos parar de vez com essa crueldade, nós precisamos
destruir a fonte desse poder — Pryce apoiava-se em sua bengala enquanto falava de
forma fria.
As
hordas de Pokémon derrotadas e espalhadas pelo chão ergueram-se. Balançaram as
cabeças e tentaram localizar-se em meio àquela bagunça. Rapidamente, fugiram em
debandada para os bosques da Rota 43.
Raikou
rugiu pela última vez e também saíra dali, seguindo em direção ao desconhecido.
Com Entei e Suicune o imitando, a chuva cessou.
Ethan
sacou uma PokéBola e liberou Quilava. O Pokémon descongelou o lago e os
Gyarados, incluindo seu líder de cor vermelha, encararam-se confusos e olharam
para os humanos pela última vez antes de mergulharem para o fundo das águas
cristalinas que chamavam de lar.
— O
que me dá mais raiva é o fato dos porcos Rockets terem feito tudo isso com
Pokémon inocentes... Os Pokémon não têm nada a ver com isso — comentou Lance em
um tom de voz raivoso.
— É
em Mahogany que eles se encontram. Devemos nos unir para acabar de vez com esse
grupo de cretinos — Pryce também estava bastante irritado.
Amy
foi auxiliada por Ethan e Forrest para poder se erguer do chão.
—
Não se preocupem. Vocês serão vingados — disse Forrest com firmeza.
Ethan
e Amy se olharam de forma séria, mas nada disseram naquele momento.
As ondas de
radio que controlavam os Pokémon vinham de torres de transmissão derrubadas por
Lance e Pryce, mas isso está longe de ter sido a solução do problema. Ethan e
Amy reencontram com Forrest e mesmo que muita coisa ainda precise ser
esclarecida, o foco dos garotos está na Cidade de Mahogany, onde suspeita-se de
que a Equipe Rocket, responsabilizada pelo caos no Lago dos Magikarp, esteja
escondida em um quartel general secreto na cidade. Com o auxílio de Red, Bruno
e até mesmo da garota chamada Vivian Chevalier, as respostas nebulosas parecem
ficar mais próximas de serem esclarecidas.
TO BE
CONTINUED...