Archive for November 2018
Fanart Diego Chinatsu
A última vez que tivemos uma arte aqui no Aventuras em Johto já fazem dois anos! Então imaginem a minha surpresa de um dia desses estar de boas no chat do Discord da Aliança e ser surpreendido por dois desenhos incríveis de um dos leitores, Diego Chinatsu. Apesar de ele não ter feito os desenhos para que fossem postados aqui, eu quis ainda assim compartilhar, visto que, além de os desenhos terem ficado incríveis, eu os amei demais! Então, nada mais justo que compartilhar com todos vocês!
Ethan VS. Silver - Como visto no Capítulo 8.
Forrest, sem camisa, domando um Tauros selvagem - como delirado por Vivian Chevalier no Capítulo 49.
Espero que vocês curtam os desenhos tanto quanto eu (e ainda estou apaixonado). Não é todo dia que o AeJ recebe artes assim, mas quando vem, é pra arrasar! Obrigado, Diego! ♥
Notas do Autor (Aventuras em Johto: Alma de Prata)
E a história que era semanal, virou quinzenal, e então
mensal, e então bimestral, e às vezes semestral. Aventuras em Johto —
Alma de Prata foi uma experiência bastante polêmica pra mim, afinal,
as últimas notas do autor escritas foram lá no capítulo 31, bem no começo da história.
Aí veio o famoso aviso de adiantamento, em Setembro de 2016,
onde as coisas começaram a perder o rumo e eu comecei a cogitar pedir ajuda.
E então, eu parei. E ficou ainda mais crítico após nosso
arco do Torneio do Transatlântico (o que apresentou Gabrielle à história).
E nesse meio tempo, eu agradeci. Agradeci porque eu me
lembrei que, desde o capítulo 1, o AeJ não se escreve sozinho.
Quando eu estava terminando de escrever a primeira
temporada, Coração de Ouro, recebi um comentário anônimo dizendo
que eu tinha que melhorar a escrita. Esse comentário gerou um email, onde esse
leitor sugeriu sugestões de escrita, e talvez ele nem saiba o quanto isso
mexeu comigo. Incentivado também pelo Canas e pelo Shadow — sempre eles —, eu
reescrevi o primeiro capítulo de Alma de Prata do zero, uma semana antes da
publicação, aumentando descrições e tentando caprichar ao máximo na escrita,
começando a diferenciá-la do padrão ligeiro e objetivo (e às vezes confuso) que
vinha fazendo na história desde então e passei a fazer com que Alma de Prata,
recém-nascida, exigisse de mim um novo autor.
Começou que a história começou a ser pedida para ser levada
a outro nível. Giovanni morreu. Tivemos Baoba e Carolina. Tivemos o Amphy e a Jasmine. Temas maduros abordados de uma maneira que eu nunca pensei que fosse
conseguir fazer, ainda que eu já tivesse tentado fazer a mesma coisa com a
primeira temporada.
Ao fim do capítulo 38, o Aventuras em Johto passou pelo seu
hiatus mais terrível.
Eu tava totalmente ferrado na faculdade, as coisas dentro
da Aliança não estavam boas e a inspiração que eu precisava para escrever um
capítulo tão denso quanto foi o 39 não vinha. Fiquei quase um ano sem postar
nada no blog, nem capítulos mais simples, como as Crônicas ou o Episódio R (que
não foi cancelado, ele continuará). As Notas do Autor deixaram de ser escritas (até esta). Até o Canas pensou que, a qualquer
instante, eu ia aparecer dizendo que não ia mais continuar a escrever a
história.
Mas eu não desisti. E talvez com a cabeça cheia de coisas,
eu consegui finalizar aquele capítulo, que Shadow diz que separa Aventuras em
Johto em duas: Antes de Amphy e depois de Amphy. E tenho que concordar. O
semanal passou a deixar de ser prioridade. Leitores e escritores da Aliança me
motivavam a continuar escrevendo e postei o capítulo, mesmo não estando
satisfeito, e morrendo de medo de ter escrito um fracasso, ao mesmo tempo que
eu não tinha mais ideias pra preenchê-lo.
O feedback positivo e os elogios me deixaram aliviado. Mas,
mais que isso, me fizeram acreditar que, independente da demora, os leitores
que eu havia conquistado não se importavam com o tempo da produção, mas sim,
com a qualidade do que eu escrevia. Eu estava no caminho certo, apesar de tudo
e de todos os imprevistos.
E assim foi indo, caminhando conforme dava, focando sempre
em trazer a melhor história a cada capítulo novo.
E foi assim que Ethan ganhou suas sexta e sétima insígnias e
Forrest cresceu como personagem (para clamor de Canas Ominous, que o DETESTAVA).
Amy chegou ao fim de Alma de Prata sendo a protagonista que ela sempre foi, mas
agora, mais do que nunca, com os holofotes apontados pra ela.
Ah, Forrest. Comentários de leitores dizendo que ele pouco
atraía me fez ativar o alerta vermelho. Estaria eu deixando o karma do terceiro
protagonista inútil tomar conta de AeJ também? Havia acontecido com Dawn, em
Aventuras em Sinnoh. Aconteceu com Camila, na primeira edição de AeH.
Eu precisava resolver isso.
Removi Forrest da história pra ele poder desenvolver-se
melhor e eu poder ter dos leitores o checkmate definitivo: Ou ele demonstrava
ali que merecia ser protagonista, e comparava-se a nível de importância com
Ethan e Amy, ou ele desapareceria. Sendo meu xodó, me esforcei pra fazer com
que ele tivesse um desenvolvimento natural, em que não houvesse forçação de
barra da minha parte fazendo com que ele se tornasse um personagem overpower
só pra agrado próprio.
Forrest, então, conseguiu tomar as rédeas e retornar ao
plot de Aventuras em Johto carregando praticamente os arcos em seguida nas
costas.
Como a lenda da Alma de Prata, explorada no capítulo de mesmo nome, eu acredito que esta história jamais existiria se não tivessem tantas pessoas que gostassem de mim e que eu acabaria
encontrando (por acasos e descasos) fazendo a tremenda diferença na minha vida.
Desde o email que mexeu com a minha cabeça (e pelo qual o que eu sou
extremamente grato) até as muitas teorias da conspiração entre leitores no chat
da Aliança no Discord me fizeram crescer como autor e pra não sossegar enquanto não
escrevesse cada capítulo como se fosse único — e se parar pra pensar, são
mesmo. Aventuras em Johto — Alma de Prata serviu pra me mostrar que, apesar dos
apesares, tem sempre algo bom no fim do caminho. Que toda tragédia que as
histórias contadas aqui trouxeram ao longo desses dois anos de duração dessa
temporada (muito além do programado) acabaram servindo de motivação positiva
para todos os envolvidos. Todos os imprevistos que fizeram, por um lado, a
história entrar em pausas absurdas, por outro, acabaram tornando-a, para mim,
tão marcante e inesquecível.
E juntos, caminhamos para a terceira parte de Aventuras em Johto. Espero escrevê-la em conjunto com você, que sempre dedicou um tempo para apreciar as tantas histórias que são contadas nesse simplório blog.
E juntos, caminhamos para a terceira parte de Aventuras em Johto. Espero escrevê-la em conjunto com você, que sempre dedicou um tempo para apreciar as tantas histórias que são contadas nesse simplório blog.
CRÉDITOS & AGRADECIMENTOS
- Furion, pelo email que determinou os caminhos que seriam trilhados pelo AeJ nesta segunda temporada;
- Canas Ominous pela eterna parceria, apesar da preguiça de ficar em dia com a história (o que só aconteceria após o Capítulo 40). Afinal, o que seria do Forrest sem a sua implicância?;
- Shadow Zangoose, pelas madrugadas a fio elaborando enredos mirabolantes e pela paciência em revisar cada linha de texto dos capítulos desta e de outras temporadas, pelas inspirações que determinaram todas as circunstâncias que os personagens passariam e pelos eternos xingamentos que você faz a mim diariamente apenas por hobbie (não me arrependo de ter derrubado aquele farol);
- Killer of Murder, que chegou na Aliança esse ano e, apesar das ocupações e preocupações com o TCC, assumiu o Aventuras em Kanto da melhor forma que eu poderia imaginar. Apesar de já ser de conhecimento público de que o grupo segue fielmente (ou pelo menos tenta) uma timeline de eventos, e apesar de com isso ficar ciente de que AeJ se passa depois de AeK (como nos jogos), eu vou continuar não dando spoilers sobre meus planos para a história, ainda que seja apenas para servir como "referência na construção do plot de Kanto".
- Doritos (ou Doris, pros íntimos), pelo suporte quando mais precisei desenrolar soluções para batalhas e plots de AeJ. Também responsável pela orientação de como eu poderia escrever esses últimos capítulos, com a Amy finalmente sendo entregue para a Equipe Rocket. O que é irônico é que o autor de Kanto, que basicamente escreve o PRÓLOGO do que é o Aventuras em Johto, sabe de menos coisas do que o autor do Aventuras em Alola. Vai entender...
- Zyky Flareon por existir no planeta Terra e pela ajuda no desenvolvimento do maior plot twist da história (desculpa, Killer, mas esse você também não sabe qual é).
- Duda, uma das melhores amigas (que me apresentou o Killer lá pra meados de 2015) pelo auxílio na cena mais aguardada de toda a história: O beijo entre Ethan e Amy.
- Zyky Flareon por existir no planeta Terra e pela ajuda no desenvolvimento do maior plot twist da história (desculpa, Killer, mas esse você também não sabe qual é).
- Duda, uma das melhores amigas (que me apresentou o Killer lá pra meados de 2015) pelo auxílio na cena mais aguardada de toda a história: O beijo entre Ethan e Amy.
Aos leitores (e entre eles) Alefu, Dark Grovyle, Diego Chinatsu, Donnel, Shiny Reshiram, Sir Naponielli e Vinnie pela eterna cumplicidade todos os dias durante várias horas. Sem vocês, com certeza o impacto de Ethamine (PRINCIPALMENTE), do Rattata de Joey e as bizarras (porém embasadas e incentivadas por este talentoso autor) teorias sobre a morte de Ethan não seria o mesmo. Eu não seria nada e talvez as Aventuras em Johto não seriam tão divertidas. ♥
Como cada fim de capítulo, uma tradição a ser celebrada aqui também:
TO BE CONTINUED...
See ya!
Capítulo 50
— Prossiga — a voz do oponente chamou a atenção de Ethan de volta
para a realidade.
— Muito bem — o garoto sacou mais uma PokéBola. — Eu escolho você!
A chama que queimava ardentemente na cauda de Charizard se
intensificou mais uma vez.
Quagsire encarou o oponente com um olhar cínico. Ele estava com a
vantagem agora.
— Colocar um Pokémon em vantagem não significa a vitória, você
sabe disso, certo? Meus Pokémon são treinados para resistir ao máximo possível
contra suas fraquezas — comentou Red.
— Ainda bem que eu não pedi sua opinião. Water Gun!
Quagsire disparou um poderoso jato de água de sua boca na direção
de Charizard, mas este era muito mais rápido que ele. O Pokémon de Red rugiu e
decolou em direção ao céu noturno e nublado, esquivando-se majestosamente do
ataque super-efetivo de seu oponente.
O Pokémon de Ethan fechou a cara quando viu Charizard sorrir,
zombando.
— Air Slash!
As asas de Charizard brilharam e emanaram uma cor azulada. O
Pokémon dragão encarou Quagsire e bateu as enormes asas e, delas, afiadas
lâminas invisíveis a olho nu produzidas com ar foram disparadas em sua direção,
atingindo em cheio o peito nu do Pokémon. Quagsire, ainda que não tivesse como
fraqueza o tipo Voador, não pode evitar dar alguns passos para trás com a força
do impacto daquele movimento. Ardia como brasa o local onde fora atingido e,
intuitivamente, levou uma das mãos ao machucado para tentar aliviar a dor.
— Fique atento, Quagsire! Não tire os olhos dele! — orientou Ethan
ao seu Pokémon que fez sinal afirmativo com a cabeça. — Mud Shot!
Quagsire disparou grandes quantidades de lama na direção de
Charizard, mas, devido à altura em que se encontrava, o golpe não funcionou.
— A inexperiência é a chave para a tolice. Mantenha seu foco,
garoto. Dragon Pulse!
Uma bola enorme de chamas alaranjadas que giravam como um
redemoinho dentro da boca de Charizard foi vista poucos segundos antes de ser
disparada como se fosse uma enorme energia irradiada do sol, de tão brilhante e
potente que era. O Dragon Pulse atingiu o rosto de Quagsire, que foi
violentamente empurrado para trás, caindo com força no chão e se arrastando por
alguns metros pelo terreno irregular.
Uma intensa nuvem de fumaça e poeira levitou e tomou conta do
ambiente por alguns instantes, antes dos ventos que começavam a ficar cada vez
mais fortes limparem o campo de visão de todos. Quagsire levantou-se com
dificuldade, lutava-se para se manter de pé. Charizard não demonstrava estar
cansado.
— Air Slash!
Charizard mergulhou na direção de Quagsire para um ataque fatal.
Suas asas brilharam mais uma vez e, antes de batê-las, sorriu maliciosamente
para o oponente.
— Aqua Tail! — berrou
Ethan.
Quagsire criou um redemoinho de água com o auxilio de sua cauda. O
fluxo de água transformou-se em um redemoinho e o Pokémon de Ethan atingiu o
rosto do oponente como se fosse um enorme chicote feito de água, pegando
Charizard completamente de surpresa e derrubando-o no chão.
— Water Gun agora!
Outro poderoso jato de água saiu da boca de Quagsire e atingiu em
cheio seu oponente. Havia ódio nos olhos do Pokémon de Ethan, que utilizava
toda sua concentração para criar um fluxo de água potente o bastante para não
deixar Charizard se recuperar.
— Slam! — Ethan
continuava a ordenar combos para Quagsire.
O Pokémon bípede correu em direção ao oponente caído e o pegou
pelo pescoço. Fazendo uma força absurda, Quagsire ergueu Charizard e o
arremessou violentamente contra o chão. A satisfação no olhar do Pokémon era
incrível. Ver agora seu oponente começar a demonstrar cansaço era uma sensação
que não tinha preço que pagasse para ele.
— Charizard, você está bem? — questionou Red ao Pokémon, que
ergueu-se do chão e rugiu furioso, disparando brasas de sua boca em direção ao
céu. Aquele Quagsire havia conseguido tirá-lo do sério.
A chama em sua cauda queimou ainda mais forte. O dragão fechou o
punho com força e flexionou seu corpo, pronto para atacar.
— Flare Blitz!
O corpo de Charizard voltou a ser coberto por chamas alaranjadas,
mas seus olhos estavam diferentes. As pupilas azuis desapareceram e, em seu
lugar, olhos vermelhos tomaram conta. Fogo saia das narinas do Pokémon e suas
presas eram exibidas de forma ameaçadora para Quagsire e Ethan. A chama de sua
cauda agora alcançava um metro ou mais de altura e gerava um calor
insuportável, que agora fazia Red transpirar, mesmo que o garoto não se
incomodasse com isso.
Charizard disparou na direção de Quagsire e atingiu-o mortalmente.
Arremessado a metros de distância, o corpo do Pokémon caiu ao chão, nocauteado.
— Quagsire! — gritou Ethan ao ver seu Pokémon estirado no chão.
Red encarava Ethan, ansioso para ver qual seria o próximo Pokémon
que o oponente utilizaria.
Ao retornar Quagsire para a PokéBola, Ethan respirou fundo.
Charizard estava sendo um ceifador inescrupuloso de sua equipe de Pokémon.
O quarto Pokémon de Ethan foi liberado. Ele sabia que não havia
chance de vitória, ele conseguiu derrotar apenas dois dos Pokémon extremamente
poderosos de Red, nem por um milagre os demais Pokémon de sua equipe
derrotariam os outros quatro do oponente.
Red pareceu ler os pensamentos do garoto, que estava completamente
perdido.
— Por que não aceita sua derrota e se poupa da humilhação? Você
sabe bem que proteger a Amy não adianta muito, ela será entregue de todo jeito.
Ethan o encarou. Suas mãos agora sangravam de tanto que ele as
apertava ao fechar os punhos, mas ele não parecia se incomodar com a dor.
Fechou a cara para Red e gritou para ele como se estivesse enfrentando seu
algoz mais terrível.
— Você não entende, TEM que haver outro jeito! Se desistir for
minha única opção, então eu prefiro morrer! Imperador, Poison Sting!
Nidorino correu na direção de Charizard, que abriu as asas e alçou
voo. No entanto, o Pokémon de Ethan agarrou na cauda do oponente e penetrou seu
chifre cheio de veneno na barriga do dragão alado, que gritou de dor. Charizard
girou no ar e derrubou o oponente no chão, que não se abalou e rapidamente
ergueu-se para frente, pronto para enfrentar o dragão.
— Double Kick! — bradou
Ethan.
Imperador correu na direção de Charizard que se curvava de dor
devido ao envenenamento e atingiu seu focinho com dois chutes poderosos,
fazendo pela primeira vez o dragão alado cair ao chão.
Red aproveitou a proximidade de Nidorino em relação à Charizard.
— Dragon Pulse!
A enorme bola de fogo púrpuro foi disparada da boca de Charizard e
atingiu Nidorino em cheio, fazendo com que o Pokémon fosse violentamente jogado
a metros do chão e caindo com força no solo.
— Imperador! Tudo bem com você?! — exclamava Ethan, preocupado,
aliviando-se apenas quando viu seu Pokémon erguer-se sob as quatro patas e, ainda
que ferido, acenou com a cabeça positivamente. — Não é hora pra brincadeiras. Water Pulse!
Do chifre de Nidorino, uma enorme esfera de água foi produzida e
disparada na direção de Charizard, atingindo-o em cheio.
O Pokémon de Red caiu para trás e usou de toda a força que tinha
para erguer-se novamente. Mas o veneno causado pelo Poison Sting de outrora o
fez desmaiar, definitivamente.
— Charizard... — suspirou Red. — Obrigado. Você realmente deu o
seu melhor.
Ethan encarava Red, exausto. Nunca havia batalhado por tanto tempo
antes em sua vida ao mesmo tempo que nunca tivera uma batalha tão complexa, nem
nos Ginásios que enfrentou até hoje. Não era a toa que ouviu histórias
fantásticas e inacreditáveis sobre o cara que estava em sua frente. Apesar de
absurdas, agora elas pareciam fazer sentido. Sumir sem dar noticias por três
anos onde boatos diziam que ele treinava dia e noite sozinho no topo do Monte
Silver não parecia mais tão absurdo. O resultado, Ethan estava acompanhando ao
vivo.
Da quarta PokéBola de Red, surgiu um Pokémon que Ethan conhecia
muito bem. Havia enfrentado aquele Pokémon no período em que perdeu-se dentro
do Monte Mortar, e ele, selvagem, já havia dado dores de cabeça para o garoto.
Nidorino encarou Machamp com seriedade. Não temeu quando o lutador
fechou as mãos nos punhos, em evidente sinal de ameaça.
— Vamos mostrar que tamanho não é documento! Imperador, Fury Attack!
— Superpower!
Nidorino correu veloz na direção de Machamp, que flexionava todos
os músculos do corpo enquanto via o oponente aproximar-se veloz. O Pokémon de
Ethan pulou no tronco do oponente, subindo até seu rosto para atingi-lo com
suas garras afiadas, mas Machamp começou a agredi-lo com violência, arremessando
Imperador no ar. Ainda que golpes do tipo Lutador não o afetassem, a vantagem de
Machamp era seu alto nível, que fez o Pokémon de Ethan sentir ao menos certo desconforto
ao pousar no chão.
— Fire Blast! — ordenou
Red.
— Water Pulse! — gritou
Ethan ao mesmo tempo.
Machamp tomou fôlego e disparou uma poderosa explosão de fogo
laranja em formato de 大 que acelerava constantemente na
direção de Nidorino, que voltava a formar de seu chifre uma bola de água
poderosa que cruzou o campo na direção do oponente.
A bola aquática de Imperador passou no meio da explosão de fogo do golpe de Machamp. Apesar de se colidirem
a princípio, os dois golpes não se anularam e atingiram seus alvos.
Nidorino, no entanto, pareceu se machucar ainda mais.
— Não se abata, Imperador! Fury
Attack!
O Pokémon de Ethan correu na direção de Machamp, mas ao invés de
executar o golpe ordenado por seu treinador, correu com o chifre em riste e
começou a atacar o oponente, que tentava se defender como podia. O Horn Attack enfrentava valente o Pokémon
de Red, pego de surpresa.
— Earthquake! — bradou
Red.
Utilizando seus quatro poderosos braços, Machamp socou o chão com
força, que começou a tremer e a rachar. O terremoto desequilibrou as quatro
patas de Nidorino, que caiu ao chão e foi engolido por terra e pedras que se
desprendiam facilmente do solo devido ao poderoso golpe.
Quando a nuvem de poeira cessou, Nidorino jazia inconsciente no
chão.
— Por que você continua a insistir em batalhar? — questionou Red.
Ethan ergueu o olhar até o oponente enquanto retornava Imperador à
PokéBola.
— Eu já disse... Eu não acho que as coisas vão se resolver desse
jeito. Por que entregar a Amy?
— Você não consegue perceber que essa é a única maneira? Se você
gostasse dela mesmo, perceberia.
Ethan ficou vermelho.
— Mas é claro que eu gosto dela! Somos amigos!
— Não é disso que eu estou falando.
— Não importa! — o garoto sacou mais uma PokéBola. — Essa ideia
maluca não faz sentido algum!
— Ora, ora, ora... Mas que surpresa! É um grande prazer reuni-los
nesta noite, meus amigos.
Red e Ethan viram aquela figura aproximar-se como um Arbok pronto
para dar o bote. Com um sorriso sádico, Silver, acompanhado de vários
subordinados da Equipe Rocket — todos vestidos de preto —, caminhava devagar na
direção dos dois treinadores.
— A que devo a satisfação de sua presença? — o tom de deboche da
voz de Red não foi disfarçado.
— Não é necessário mais esconder, meu amigo. Estamos todos aqui
por um motivo em comum, não é mesmo? Ou deveria dizer por uma pessoa em comum? Bem, de qualquer forma,
logo menos estaremos todos reunidos para uma excelente confraternização.
Ethan fechou os punhos. Cercado, ele não podia enfrentar sozinho
todas aquelas pessoas. Grande parte dos seus Pokémon já haviam sido derrotados
pelos Pokémon sob o comando de Red e muito provavelmente Quilava e Sandslash
não dariam conta de dezenas de Pokémon os enfrentando ao mesmo tempo.
Silver aproximou-se de Red.
— E então, onde se encontra a Amy? Ao invés de estar perdendo tempo
fazendo qualquer tipo de batalhazinha inútil, não acha que deveria estar
supervisionando a entrega da garota?
— Trato é trato. E você bem sabe que outras pessoas estão
envolvidas nisso. Não sou babá de ninguém, portanto, minha única obrigação é
ter certeza de que tudo sairá conforme o planejado.
— E está saindo?
— Pergunte a eles.
Forrest e Bruno aproximavam-se com Amy. A garota estava com os
pulsos atados por uma algema de aço e olhava fixamente o tempo todo para o
chão. Sua boca estava amarrada com um pedaço de pano pardo e seus cabelos
castanhos completamente desarrumados, derivado de uma clara resistência da
garota em se entregar. Seus acompanhantes mantinham a expressão séria e
aproximavam-se do grupo que os observava. Silver não continha a alegria em ver
aquela cena acontecendo diante de seus olhos, que brilharam ainda mais ao ver a
bolsa da garota sendo segurada por Forrest.
— Finalmente você está cercada, Amanda... Como um Pikachu em uma
gaiola.
Não deu tempo de reagir quando duas vozes mistas bradaram alto no
silêncio da noite, quase simultaneamente.
— Gust!
— Swift!
Dois Pokémon surgiram enfrentando os capangas da Equipe Rocket. Um
deles era um Pokémon roxo e símio com duas caudas, cada uma com uma mão grande
e arredondada com três dedos de ponta vermelha e um punho de babado arredondado
nos pulsos. Tinha orelhas redondas com interior vermelho e um nariz roxo,
triangular e olhos arregalados. O outro Pokémon era uma criatura insetóide com
um corpo roxo claro. Possuía olhos redondos bulbosos, com pupilas grandes e uma
pequena mandíbula e seu abdômen era pálido, com várias faixas negras em
ziguezague que percorriam de forma horizontal o seu corpo. Tinha seis pernas
curtas e uma crista de três pontas na cabeça, com dois pares de asas cobertos
por escamas roxas que variavam de cor.
Ambipom e Venomoth soltavam seus poderes na medida em que seus
treinadores aproximavam-se da aglomeração.
Silver havia se jogado no chão para se proteger dos golpes
daqueles dois Pokémon. Ao erguer o olhar para cima, fez uma expressão de
desagrado.
— Eu não estava esperando por visitas a essa hora.
Ethan perdeu o fôlego ao ver aquelas duas pessoas se aproximando.
Forrest ergueu as sobrancelhas completamente surpreso enquanto Amy, ao subir os
olhos pela primeira vez, sentia-se completamente perplexa.
— Quando eu vi vocês na televisão enfrentando aqueles diversos
Pokémon no Lago dos Magikarp, nós estávamos na cidade de Olivine. Lá,
descobrimos que você havia demolido o farol enfrentando a Líder do Ginásio
local. Corremos pra cá com o objetivo de encontrar você e desafiá-lo pra uma
batalha, mas me parece que vamos ter que adiá-la por um momento. Pelo menos até
soltar a Amy das garras desses babacas aí.
Joey, acompanhado de Gabrielle, parecia não temer aquelas dezenas
de homens e mulheres encarando-o ferozmente. Os dois treinadores andaram na
direção de Amy, mas foram prontamente interrompidos por Forrest e Bruno.
— Orra, o que está
acontecendo aqui? Vocês vierram salvar
Amy, non? — questionou Gabrielle
confusa.
— Ethan, por que não pediu ajuda pra enfrentar esses caras? Seu
reforço chegou. Vamos, me ajude a derrubar um por um! — sorriu Joey para o
rival, que o encarava de forma séria.
Silver gargalhou.
— Ora, mas o que temos aqui? O encontro do elenco inteiro? Ah, mas
é claro que nós não podemos de deixar de ler o roteiro da peça.
O ruivo tranquilamente caminhou até Amy. Joey fez menção de correr
até ele, mas Red o segurou pela gola da camisa.
— O que é que você tá fazendo?! — bradou o garoto, nervoso.
Silver segurou no queixo de Amy e fez a garota o olhar nos olhos.
A satisfação do garoto transbordava a cada segundo que passava.
— Queiram me dar a honra de apresentar ao público presente a
sinopse de nossa trama — o ruivo abriu os braços como um apresentador de um
espetáculo, virando-se em direção aos presentes, fazendo questão de ser visto
por todos. — Temos aqui presente a protagonista da nossa incrível história. A
querida mais odiada do Mundo Pokémon, Amy. Ela, que roubou uma certa PokéBola
há meses do nosso quartel-general se auto-proclamou “ex-agente”, fugindo por aí que nem um Rattata moribundo. Ah, que
menina travessa! Assassinou seu grande líder, Giovanni. Nosso grande líder. Meu
pai.
A expressão de Silver mudou completamente. O sorriso sarcástico
deu lugar ao ódio. Lágrimas vieram aos olhos do garoto e seu coração batia cada
vez mais rápido. Seus punhos fecharam com força e ele estava a um passo de
socar o rosto de Amy, que o encarava sem esboçar nenhum tipo de reação. O
garoto aproximou-se de seu rosto como uma serpente, pronta para dar o bote.
— Você tem noção do que você fez? Eu acho que não tem. Eu acho que
você na verdade não tem a menor ideia
do que fez. O que seria de você caso soubesse qu...
— Já chega, Silver.
Murmúrios tomaram conta do local. Os quatro elegantes
administradores da organização abriam espaço por entre os subordinados,
alcançando o centro da roda que se formou diante de Amy.
Ariana, Archer, Petrel e Proton, sempre vestidos de forma
elegante, emanavam uma aura sombria. A mulher encarava o ruivo de uma forma
severa.
Silver, no entanto, sorriu ao vê-la.
— Olá, mamãe. Seja bem-vinda à nossa reunião. Você chegou na
melhor hora.
— Cale-se, meu filho. Não faça nada além do combinado. Proton,
prossiga.
O homem aproximou-se de Forrest e estendeu a mão. Sua boina negra
fazia sombra em seu rosto, deixando-o assustadoramente ameaçador. O moreno, no
entanto, vasculhou a bolsa de Amy e retirou a PokéBola dourada e prateada de
dentro dela.
Em um misto de medo e ansiedade, Proton segurou a PokéBola GS com
as mãos trêmulas.
— FORREST, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO, MANO?! — berrou Joey.
— Não é óbvio? — Silver voltou sua atenção para o garoto. — Todos
aqui presentes são aliados da Equipe Rocket. E, finalmente, nós temos o que
tanto procurávamos. Vamos nos reerguer e finalmente poderemos nos reunir com
papai novamente! Tudo isso graças à PokéBola GS... E o que tem dentro dela.
Gabrielle soltou um gritinho surpreso.
— Ethan, você realmente não vai fazer nada? — a garota permanecia
incrédula.
Ethan não se manifestava. Encarava Amy em silêncio, mas a garota
não devolvia o olhar.
— Eu não acredito nisso... Não pode ser real! Eu sempre acreditei
que você gostava da Amy e agora entrega ela pra eles, cara?! Você é um
covarde! COVARDE!
Joey desferiu um soco no rosto de Ethan, que ajoelhou-se levando a
mão ao olho direito que lacrimejava.
— Hypnosis.
Gabrielle e Joey sentiram um enorme cansaço. Suas pálpebras
rapidamente ficaram pesadas e um sono imensurável tomou conta do corpo dos
dois. Seus Pokémon, Venomoth e Ambipom, também caíram em sono profundo.
Um Pokémon bípede que se assemelhava com uma anta balançava seus
braços de forma hipnótica na direção da dupla. Tinha olhos cansados, uma tromba
curta acima da boca e orelhas triangulares. A metade superior de seu corpo era
amarela e a metade inferior era marrom, com uma linha ondulada separando as
duas metades. Tinha uma barriga redonda e pernas curtas, com pés marrons e dois
dedos amarelos e três dedos em cada uma das mãos.
No entanto, antes de cair em sono profundo, Joey soltou uma
exclamação audível, sendo acompanhado por Ethan e Forrest quase de forma
sincronizada. Até Amy arregalou os olhos. Junto a Drowzee, uma garota que
aqueles três conheciam muito bem. Mas ela estava diferente ali. Seus cabelos
castanhos agora estavam soltos, debaixo de uma boina negra, que fazia parte do
uniforme de mesma cor que estampava uma letra “R” rubra no tórax. O olhar doce
de outrora agora havia sido substituído por um frio, com olheiras de quem aparentava
estar longas noites sem dormir.
Aquela garota fez Silver dar um doce sorriso.
— Que bom que você resolveu se juntar a nós nesse grande momento,
meu amor.
— Me desculpe. Eu não aguentei ouvir tanta baboseira. Quem sabe
com eles dormindo as coisas não funcionam?
— Você sempre sendo a melhor em tudo! — e Silver a beijou.
Ariana fazia um olhar de desagrado.
Pela primeira vez desde que os Rockets apareceram, Ethan se
manifestou, chamando por aquele nome que há tempos não ouvia falar a respeito.
— Lyra?! O que é que você está fazendo aqui?
A garota o encarou e sorriu de forma maliciosa.
— Não é óbvio? Estou apenas sendo uma boa garota, como sempre.
— É a minha boa garota —
comentou Silver, sorrindo de forma amorosa para a namorada.
Ariana, irritada, aumentou o tom de voz.
— Chega dessa baboseira! Vamos voltar para o QG. Precisamos abrir
essa PokéBola maldita.
Archer aproximou-se dos capangas de preto.
— Não deixem ninguém nos seguir. Recolham as PokéBolas dos nossos
convidados e tragam-nos conosco. Pensaremos em algo para fazer com eles.
Red e Ethan viraram para Joey e Gabrielle e impediram que os
agentes Rocket se aproximassem. Proton olhou curioso a cena, mas logo
tranquilizou-se ao ver os dois garotos recolhendo os Pokémon às PokéBolas e
guardando consigo todas as cápsulas que aqueles dois traziam com eles.
Dois capangas aproximaram-se dos corpos adormecidos e os
recolheram do chão.
A Equipe Rocket, com Amy, Joey e Gabrielle de refém, sendo
acompanhados por Red, Ethan, Amy e Bruno desapareceu na noite, auxiliados por
uma intensa neblina que se formava e se espalhava com ajuda dos ventos fortes
que se propagavam nos limites da cidade de Mahogany, que ficava para trás sem despedidas
nem cerimônias.