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- Quarto Ato (Final)
Posted by : Dento
Dec 27, 2019
Ah, o Natal. Época mágica em
que todos os corações se abrem para receber doses extraordinárias de amor e de
esperança. Logo pela manhã, as crianças se apressam para abrir os presentes
carinhosamente colocados debaixo da árvore maravilhosamente decorada com bolas
coloridas, laços e pisca-piscas frenéticos que mudam de cor a cada piscada de
olhos. Em alguns lugares, a neve cobria quintais e bonecos enfeitavam cada
esquina. Em outros, o cheiro do almoço sendo preparado impregnava ruas inteiras
e causava ansiedade em adultos e crianças que, em algumas horas, se reuniriam
em família para celebrar uma das datas mais aguardadas do ano.
Menos, é claro, no Polo
Norte, por mais irônico que isso pudesse parecer.
— A Equipe de Resgate dos
Corações de Ouro mais uma vez surpreende a audiência em uma reviravolta
incrível! Se a gente fosse personagem de uma história fictícia, com toda a
certeza essa seria a chamada do nosso filme! — Exclamou Psyduck.
— Ok, apesar de eu realmente
gostar da ideia, sinto informar que estamos em uma situação crítica aqui, amigo
— comentou Magby.
As Jynx assistentes do Papai
Noel corriam de um lado para o outro com as mãos pressionando as têmporas,
completamente desesperadas. O caos já havia se instaurado no local, os
Smeargles reanalisavam cada ficha procurando qualquer tipo de pista do
paradeiro do último Stantler enquanto os Corsolas, responsáveis por abastecer
cada trenó, olhavam-se desolados se questionando aonde foi que haviam errado.
— O Pichu sumiu junto com
Carlos, um dos Stantlers nomeados para fazer as entregas de Natal. Alguém tem
alguma ideia de onde eles podem estar? — questionou Wobbuffet.
— Esses Pokémon não tem
nenhum tipo de localizador tipo GPS? Como é que se sabe que eles não fogem? —
perguntou Bulbasaur.
— Nós já estamos verificando
isso, não se preocupe! — tentou acalmar o Rei Slowking.
— Não tenho tempo sobrando.
Eu quero ir para a Central de Controle — pediu o detetive.
— A Central de Controle? Mas
ninguém pode ir pra lá! — comentou um dos Smeargles.
— Eu estou pedindo — detetive
Wobbuffet pareceu alterar o tom de voz pela primeira vez. — Eu sou a autoridade
aqui e, quando um dos meus some, eu não costumo ser muito ortodoxo nas minhas
atitudes.
A Equipe de Resgate dos
Corações de Ouro arregalou os olhos. Até então, não haviam visto o lado
autoritário do Detetive Wobbuffet.
O grupo de Smeargles começou
a cochichar entre si por alguns instantes. Os olhos arregalavam a cada vez que
checavam uma das listas em sua posse.
— Senhor, temos um
problema... — avisou um dos Pokémon.
Wobbuffet aproximou-se do
grupo.
— Qual é?
— Pelos nossos cálculos...
Pichu e Carlos estão dentro da fábrica!
Os Pokémon arregalaram os
olhos, completamente perplexos.
— Como é?!
— Esses dados estão corretos?
— perguntou Wobbuffet, pegando uma das folhas.
— Absolutamente, senhor. Os
cálculos foram refeitos dezessete vezes. Eles estão em algum lugar dentro da
fábrica de brinquedos!
Wobbuffet olhou para Slowking
com certa urgência.
— E agora, tá precisando do
quê pra que me deixe entrar nessa maldita fábrica de brinquedos? Quer que eu
chame reforços?
Slowking suspirou.
— Muito bem, siga-me.
Os dois caminharam até a
enorme cabeça de Papai Noel de boca aberta que dava entrada para a fábrica de
brinquedos. A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro, no entanto, pulou na
frente dos dois mais velhos.
— Nós iremos também! —
anunciou Bulbasaur.
— Nem pensar. Isso é coisa
séria — disse o Detetive Wobbuffet, negando a ajuda.
— Tio, o negócio é o
seguinte: Nosso líder deve estar lá dentro, sozinho, e não sabemos como se ele
está, se está machucado, se está em apuros... Nós somos uma equipe, e mesmo que
eu seja totalmente contra esse tipo de aventura mirabolante, eu não posso
deixar um amigo pra trás. Você não precisa nem autorizar, nós iremos! —
discursou Magby.
— Nós iremos? — repetiu
Psyduck em uma pergunta retórica, claramente contra a ideia. — E se eles
tiverem fantasmas lá, cara?
— Relaxa, você nem toma dano
super-efetivo — comentou Bulbasaur.
— É, arregão, bora lá! Precisamos
salvar nosso companheiro!
— Eu disse que não! — bradou
o detetive. — Esperem aqui.
Bulbasaur, Magby e Psyduck se
entreolharam.
— Desculpa, tio, mas não vai
dar não — disse Magby. — CORRE, NEGADA!
A Equipe de Resgate dos
Corações de Ouro saiu correndo em direção à entrada da fábrica com o Detetive
Wobbuffet ao seu encalço.
— Droga, pirralhos, voltem já
aqui! — gritava Wobbuffet para os pequenos que não cediam.
O grupo de Pokémon se
aproximou da bocarra e Psyduck fechou os olhos antes de passar por ela.
A fábrica de brinquedos era
enorme. Esteiras rolantes carregavam brinquedos prontos e peças para dentro de
câmaras escuras, onde saíam perfeitamente embrulhados. Quase tudo era
automotivo, robôs recolhiam os presentes e os colocavam em diferentes esteiras,
que os levavam para buracos do lado de fora, onde com certeza os Corsolas os
levariam para os trenós. Dava para se ouvir perfeitamente os barulhos das
engrenagens girando ecoando pela fábrica, com certeza havia Kling, Klang e
Klinklangs por perto fazendo funcionar cada peça e robô. Bulbasaur olhou para
cima e não conseguiu ver o teto. Ele era muito alto.
Os corredores que davam para
o interior da fábrica eram divididos por grandes portais enfeitados por
guirlandas natalinas com pisca-piscas coloridos que enfeitiçavam qualquer um
que entrasse ali. Havia quatro passagens que podiam dar para qualquer lugar. Do
fundo da fábrica, sons podiam ser ouvidos, muito diferentes dos produzidos
pelas engrenagens. Pareciam vozes, cantos gregorianos que, de forma
descompassada e até mesmo desafinada, ecoavam pelos corredores, chegando até
onde os Pokémon estavam, na entrada.
O detetive Wobbuffet logo
alcançou o trio de Pokémon, bastante irritado.
— O que vocês estão fazendo?
Vocês estão malucos?!
Mas não obteve respostas da
Equipe de Resgate dos Corações de Ouro. Eles estavam paralisados, olhando para
o nada. Aquele lamento que vinha de algum lugar do interior da fábrica de alguma
forma mexia com eles e os fazia prestar cada vez mais a atenção na melodia
executada.
— Hipnose...? Tapem os
ouvidos, tapem os ouvidos! — exclamava Wobbuffet para a Equipe de Resgate, mas
eles já não ouviam. Correram para caminhos diferentes e o detetive não soube
quem perseguir. Ao olhar para trás, viu que o Rei da Ilha, Slowking, permanecia
parado sem esboçar qualquer reação.
— Eu avisei que ninguém podia
vir até aqui.
Wobbuffet sentiu seu corpo
ser agarrado com força. Quando notou, viu que teias de aranha limitavam seus
movimentos. E essas teias de aranha vinham de cima, de um grupo de Ariados
aliados ao Slowking.
Seus olhos e boca foram
selados e Wobbuffet apenas sentiu seu corpo ser carregado para as profundezas
da fábrica de brinquedos.
***
Havia um imenso templo
construído com grandes blocos de pedra. Degraus de mármore levavam à porta de
madeira, protegida por dois pilares gigantes que se encontravam sob o auxilio
de uma empena manchada e marcada pelo tempo, de onde cipós caíam pela enjunta e
enfeitavam, de uma forma maravilhosamente macabra, a entrada do local,
estendendo-se até um ponto relativamente próximo do chão. Árvores imensas e
virgens mostravam toda a superioridade a natureza selvagem no local. Trepadeiras
invadiam as paredes e mal se podia ver os incontáveis blocos de pedra que a
construíam. O local estava completamente abandonado, com certeza já fazia anos.
O cheiro da grama logo tomou conta do olfato de Bulbasaur, que despertou no
ambiente hostil sem se lembrar de como havia ido parar ali.
Ao levantar-se, olhou para os lados esperando ver alguém, mas estava completamente sozinho. Estava de noite, apesar de ter a plena certeza de que, até poucos minutos, o dia havia acabado de amanhecer.
—
Pessoal? Tio Wobbuffet? Magby? Pichu? Psyduck? — a cada nome
chamado, um eco em resposta. — Onde é que eu estou?
Caminhou em direção à porta à
sua frente. No entanto, uma neblina densa começou a tomar conta do local.
Bulbasaur começou a sentir que estava sendo observado, mas não teve tempo de ter
a certeza. Em sua frente, dois Pokémon apareceram subitamente. Se o Pokémon
fosse um pouco mais corajoso, com certeza teria corrido para bem longe.
Mas Bulbasaur travou ao se
ver diante daqueles dois Pokémon, que ele não sabia se eram reais ou frutos de
sua imaginação fértil. Dois enormes Houndooms, muito diferente do que se
conhecia, caminhavam devagar para o pequeno Pokémon de Grama, que se encolhia
de medo. Eles, além do tamanho exageradamente maior do que os Pokémon de mesma
espécie, tinham chifres enormes que pareciam feitos de ossos e uma armadura
espinhenta que protegia todo seu corpo. Encaravam Bulbasaur de forma maliciosa,
sedenta, como se há muito tempo estivessem esperando algo do tipo — e isso não
era nada bom, muito pelo contrário.
— Isso não é nada bom, nada
bom... — repetiu Bulbasaur, como se tivesse ouvido o que o Narrador estava
descrevendo.
Uma rajada de sementes foi
disparada entre o Pokémon e a dupla de Houndoom. Uma nuvem de poeira subiu e
tanto Bulbasaur, quanto os Houndoom surpreenderam-se, olhando para os lados
tentando localizar a fonte daquilo.
Um Pokémon saltou de um dos
galhos das árvores, pousando ao lado de Bulbasaur. Era pequena e tinha uma
coloração pálida, com brotos verdes escuros em seu pescoço. Sua cabeça era proporcionalmente
grande em comparação ao resto do corpo e possuía grandes olhos vermelhos. Suas
quatro pernas curtas com um único dedo do pé pregado em cada uma e uma cauda
atarracada. No topo da cabeça, havia uma folha grande e verde que emanava um
aroma suave.
— Se você quer sair vivo
daqui, apenas faça o que eu digo.
Dois cipós saíram das
sementes de seu pescoço e se esticaram para o alto, agarrando em um dos galhos
das tantas árvores imensas aos arredores. Bulbasaur imitou a desconhecida e do
bulbo em suas costas, também lançou cipós em direção aos galhos das árvores.
Os dois Houndoom avançaram
ferozes, tentando morder os dois Pokémon de planta com seu Fire Fang. Os Pokémon rosnavam e latiam e Bulbasaur continuava
tremendo de medo, sem saber o que fazer.
— Não fica aí parado, cara!
Me ajuda aqui! — pediu a Pokémon, mandando algumas Razor Leaves nos oponentes, sem sucesso.
Bulbasaur olhou para baixo e
viu os dois Houndoom olhando de volta para cima pensando em uma maneira de
chegar até ele. Lançou do bulbo vegetal em suas costas um fino pó azul que
levitou suavemente até espalhar-se pelo ar.
Os cães de fogo, no entanto,
não iam ceder tão fácil. De suas bocarras, um poderoso jato de fogo fora
disparado e se uniram em um só Flamethrower,
disparado na direção dos dois Pokémon de grama. As labaredas por pouco não
atingiram Chikorita, que agilmente pulou entre os galhos das árvores,
mantendo-se distante dos inimigos.
A grande vantagem daqueles
Pokémon do tipo Grama era que eles podiam se camuflar por entre as folhas das
copas das árvores. Enquanto Bulbasaur tentava se equilibrar em cima dos galhos,
um dos Houndoom atingiu a árvore em que o Pokémon estava com um Fire Fang, desequilibrando-o e o fazendo
vir ao chão. O enorme oponente preparou um Flamethrower
em sua direção, mas o golpe fora repelido quando Chikorita pulou na frente e
utilizou seu Reflect, fazendo o
ataque se dissipar.
Tantos golpes de fogo logo
fizeram a intocada floresta sucumbir. As chamas rapidamente se espalhavam,
impedindo que tanto Bulbasaur, quanto Chikorita pudessem fugir de alguma
maneira.
— Vocês estão na nossa área,
bebês... Vocês estão fritos! — bradou
um dos Houndoom de forma maliciosa.
— Né por nada não, mas eu
acho que essa é uma péssima hora pra fazer piada. — Repreendeu Bulbasaur.
Os dois cães de fogo
avançaram ferozes para cima dos Pokémon.
— A porta! — exclamou
Chikorita.
Os dois Pokémon desviaram de
seus algozes e correram em direção à porta de madeira que dava de entrada para
o templo. Uma das imensas árvores de grosso tronco caiu ao chão, consumida pelo
fogo, impedindo a passagem de Bulbasaur e Chikorita. A Pokémon pensava rápido,
logo, usou suas vinhas para agarrar-se ao cipó que caía da enjunta branca e
subir agilmente até a empena, alguns metros acima do chão. Já Bulbasaur,
permanecia em pânico demais para conseguir pensar em correr. As chamas imensas
e ferozes já consumiam grande parte dos arredores e mais árvores caíam. Não
havia onde se esconder quando os dois Houndoom avançaram com a bocarra aberta,
mostrando seus dentes afiados prontos para devorar o pobre Pokémon.
Chikorita usou seu Bullet Seed para atingir o rosto de um dos cães de fogo que perdeu o equilíbrio
e caiu por cima do segundo, vindo ambos a cair ao chão.
— CORRE PELA SUA VIDA! —
Bulbasaur nem precisou ouvir duas vezes o berro de Chikorita.
Por ser pequeno, Bulbasaur
conseguia ser ágil para desviar dos galhos incandescentes que caíam em cima de
sua cabeça. Sentiu quando os Houndooms levantaram-se e começaram a persegui-lo.
A única ideia que passou pela sua cabeça foi liberar seu Sleep Powder enquanto corria sem olhar para trás. Usando seus cipós, agarrava-se aos troncos e
galhos das árvores e balançava-se de um lado para o outro tentando
desesperadamente atordoar seus caçadores.
Ao ter coragem de olhar para
trás, viu que o sono havia derrubado os cães de fogo. As chamas continuavam a
queimar cada centímetro de vegetal que conseguia alcançar, logo Bulbasaur
correu de volta para a porta que levava para dentro do templo, onde Chikorita o
aguardava.
Os dois fecharam a porta e
logo a escuridão tomou conta do ambiente. Sem alarde, um castiçal acima da
porta acendeu. E, em um efeito dominó, outros castiçais foram acendendo e
iluminando o corredor que dava para outra porta, alguns poucos metros à frente
da dupla. Bulbasaur mantinha sua respiração exaltada, continuava assustado e
olhava para todos os lados, procurando entender o que estava acontecendo.
— Não se mova. Tem alguma
coisa nos observando — disse Chikorita.
Ao olhar para cima, Bulbasaur
soltou um berro. Um Ariados o encarava com de olhos bem abertos, descendo
devagar apoiado com sua teia.
— Será que esse lugar só tem Pokémon
com vantagem de tipo?! Como que querem que eu me defenda?! — reclamava Bulbasaur.
— A porta, agora! — exclamou
Chikorita, fazendo com que o colega a seguisse com pressa.
Ariados pulou no chão e
avançou contra a dupla de Pokémon de Grama, e teria conseguido capturá-los com
suas presas venenosas por um milésimo de segundo a menos. Deu de cara com a
porta, selada por dentro por Chikorita.
— O que está acontecendo
aqui? Onde eu estou? Quem é você? — perguntou Bulbasaur para Chikorita, de
forma afobada.
— Um cara de túnica verde e
orelha pontuda fez essa mesma pergunta, nessa exata sequência, e eu vou
responder pra você o que disse pra ele: Calma aí, meu consagrado. Relaxa e
respire fundo. Estamos bem agora.
Chikorita andou para frente e
desceu três degraus do enorme coreto feito de ouro. A Pokémon olhou para trás e
observou um Bulbasaur abismado olhando para a sala oval cuja degradação do lado
de fora parecia não ter conseguido penetrar a fortaleza de mármore que a
protegia. As paredes de pedra permaneciam
estáticas e não se ouvia absolutamente nada vindo do interior daquele local, aparentemente
ambos estavam seguros por enquanto.
— Você não vem? Está tudo bem
— comentou Chikorita.
Bulbasaur, ainda desconfiado,
começou a andar em direção ao centro da sala, onde um coreto menor, feito de
concreto, se encontrava. Dentro dele, quatro castiçais enormes faziam a
iluminação do ambiente, com velas que queimavam lentamente. Bulbasaur reparou
que estava de pé em cima de um tapete vermelho que levava até este coreto, onde
uma espécie de elevador aguardava seu próximo usuário.
— Que lugar é esse? —
perguntou o Pokémon.
— Eu não sei. Eu um dia
acordei aqui e desde então, nunca mais consegui achar a saída.
Bulbasaur encarou a Pokémon
de olhos arregalados.
— Meu nome é Chikorita. Eu
serei sua guia turística por este que eu chamo de Templo da Floresta. A viagem
será longa, espero que você não tenha outros compromissos.
— Esse lugar não tem
saída...?
— Pelo o que eu analisei, até
tem sim. Fica debaixo dos nossos pés. Usa-se o elevador para alcançar o piso
inferior — respondeu Chikorita, apontando com sua folha para o elevador no
centro da sala, dentro do coreto de concreto.
Bulbasaur correu até lá.
— Então é fácil, é só a gente
entrar nele e vazar daqui!
— É inútil — respondeu a
Pokémon.
— Por quê?
— Por causa deles.
Bulbasaur voltou a encarar o
coreto. Ao aproximar-se do elevador, uma forte ventania tomou conta do local. O
fogo nas velas nos castiçais se apagou.
Uma visão horripilante se
mostrou.
Uma Misdreavus, acompanhada
de Gastly, Haunter e Gengar, que parecia liderar o grupo, cercaram Bulbasaur,
sussurrando em seu ouvido palavrões e maldições e transpassando o corpo do Pokémon.
Os golpes do tipo Fantasma nem eram super-efetivos em Pokémon do tipo Grama,
mas a dança macabra que fazia Bulbasaur ver espíritos, esqueletos e sangue
espalhados pelas paredes, outrora brancas, o fez dar um passo para trás, com um
grito de horror preso em sua garganta. Ao fazê-lo, os fantasmas dispersaram-se
e voltaram a arder como chamas aquecendo os quatro castiçais que iluminavam o
Templo da Floresta.
Paralisado de medo, Bulbasaur
não viu a aproximação de Chikorita.
— Por mais que eu tente, eu
sempre vejo coisas horríveis ao me aproximar desse elevador. Vamos, você tem
muito que ver ainda.
Chikorita cruzou o salão oval
em direção a uma porta lateral. Bulbasaur não se moveu, paralisado de medo e
ainda revendo tais cenas em sua cabeça.
***
— Irmão, fica frio! Tu tá
muito nervoso, meu parça.
— Me chama de irmão de novo
que a tua chapa vai esquentar!
— Irmão, estamos dentro de um
vulcão. Aqui, TUDO é quente, meu parça! A chapa esquentou faz tempo, hahaha!
Magby, se já era um poço de
bom humor e paciência, havia perdido tudo o que lhe restava naquele local
horrível. Acompanhado de um Graveler tatuado que tinha o dobro de seu tamanho,
havia acordado no meio de uma caverna construída dentro de um vulcão. Não havia
saída.
O Pokémon de Fogo havia encontrado
o tal Graveler correndo desesperado gritando por socorro. Claro, a lógica era
que alguém que estivesse ali com certeza saberia o caminho da saída. Em nenhum
momento, passou pela cabeça do Magby que Graveler também poderia estar perdido.
Em trinta segundos de conversa, o Pokémon de Fogo arrependeu-se amargamente de
ter iniciado a conversa. Graveler era tagarela, só falava em gíria e sua voz
grave, apesar de ameaçadora no início, logo começou a despertar enxaquecas no
pobre Pokémon. O Magby irritadiço havia encontrado alguém que lhe irritava mais
do que o pobre Psyduck.
— Assim que eu encontrar os
demais integrantes da Equipe de Resgate dos Corações de Ouro, eu vou me
demitir! É isso, já deu, eu não aguento mais!
— Irmão, relaxa. Tu precisa
desse emprego, meu parça.
E nem adiantava Magby usar
qualquer tipo de golpe no Graveler para assassiná-lo e calá-lo por toda a
eternidade. Ele, sendo do tipo Pedra e Terra, era resistente aos golpes do tipo
Fogo. Nem a lava, espalhada por todos os lados, o machucaria.
***
...Em
algum lugar no fundo do oceano...
—
Eu não aguento mais... — lamentou Psyduck pela centésima vez.
Ao
seu lado, um Pokémon roliço de cor azulada o encarava choroso.
—
VOCÊ NÃO ME AGUENTA MAIS?! COMO ASSIM?! EU SOU SUA NOIVA, SABIA? VOCÊ NÃO PODE
FALAR ASSIM COMIGO!
A dor de cabeça de Psyduck só
ficava mais intensa.
Ele acordou dentro de uma
caverna submarina que era inundada quando a maré subia e retornava ao vazio
quando ela abaixava. No entanto, cada
evento ocorria a cada dezessete minutos e meio e assim permanecia até o
próximo. Agora, a maré estava baixa e a caverna vazia. E o fato de Psyduck não
saber nadar, era um grande problema, afinal, ele ficava boiando submerso até a
caverna esvaziar de novo.
E o ciclo se repetia.
Ao lado de Psyduck, estava
Marill. A Pokémon apaixonou-se imediatamente pelo Pokémon ao vê-lo se afogando
nas águas salgadas do oceano. O que,
convenhamos, é levemente bizarro. Mas Psyduck achava ainda mais estranho o fato
de acordar no fundo do mar, então, ter a companhia de Marill, apesar de ela ser
obsessivamente adorável.
— Marill, eu não me referia a
você na parte de não aguentar mais... Eu falo dessa caverna... — explicou o
Pokémon mais uma vez.
Marill pareceu se convencer.
— Mas... Pense pelo lado positivo.
Poderemos ficar juntinhos. Pra sempre. Por toda a eternidade, só eu e você, no
nosso ninho úmido de amor ♥ — dizia Marill enquanto agarrava Psyduck e o beijava em todo pedaço do
corpo que conseguia alcançar.
— Ai meu Kyogre...
E a maré voltava a ficar alta e encher a
caverna mais uma vez...
***
Detetive Wobbuffet encontrava-se sozinho,
pendurado de ponta-cabeça na ponta de um mastro de um navio que navegava por um
mar de escuridão. Seus olhos já não estavam mais vendados, então ele podia ver
Gastlys flutuando de forma medonha pelo alto, assombrando e amaldiçoando aquele
lugar. Wobbuffet estava amarrado com teias de aranha, que o agarravam com força
o impedindo de se movimentar.
— Parece que o senhor acordou.
Aquela voz grave atiçou a curiosidade de
Wobbuffet. Mesmo sem conhecer a fonte daquela afirmação, o detetive resolveu
responder.
— Golpes Psíquicos não são muito efetivos
em mim.
A risada macabra ecoou por aquele lugar que
já era, por si só, assustador.
— É claro, é claro... Eu deveria saber
disso.
— Você vai me tirar daqui para termos uma
conversa digna entre dois cavalheiros ou continuaremos a brincar de gato e
rato?
Chamas foram disparadas. As teias que
prendiam o detetive queimaram, libertando-o, porém fazendo Wobbuffet cair ao
chão, com força. O detetive levantou-se e mexeu dentro de seu sobretudo.
— Está procurando seu charuto? Aqui é
proibido fumar — retrucou a voz.
Ao olhar para frente, viu em sua frente
Carlos, o Stantler, jogado ao chão. Logo, correu para socorrê-lo.
— Carlos! Carlos, você está bem? — chamava
o detetive.
Stantler murmurava palavras inaudíveis.
— Onde está o Pichu?
— Eu não... Sei... Não me lembro de
nada... Eu só... Acordei aqui...
— Assim como todos que entram na Fábrica
de Brinquedos, ele ficou preso dentro de um mundo construído por mim... Um
mundo dos sonhos, onde todos os meus prisioneiros permanecem enlouquecendo, até
perderem sua sanidade... — a voz ficava cada vez mais alta e próxima.
— Eu sabia que era Hypnosis... Então você também é um Pokémon Psíquico — concluiu
Wobbuffet, enquanto auxiliava Carlos a se erguer. — E deve ser um dos
poderosos.
— Fico feliz com seu elogio.
Os Gastlys que flutuavam começaram a se
juntar em uma enorme bola de gás. Aproximaram-se do deque do navio onde estavam
o detetive e o Stantler e transformaram-se em uma densa névoa de gás de onde um
Hypno surgiu, caminhando lentamente em direção aos dois.
— Vejo que não economizou nos efeitos
especiais — disse Wobbuffet.
— Bem-vindo ao meu mundo, o mundo dos
sonhos de qualquer pessoa: O Polo Norte!
O navio em que aqueles Pokémon estavam
atracou em algum lugar no mar escuro. O detetive olhou para os lados e viu a
paisagem mudar. Flocos de neve começaram a cair e um vento gelado começou a
soprar. Tudo se dissolveu, o Detetive Wobbuffet estava novamente do lado de
fora da Fábrica de Brinquedos.
— Para um Pokémon Psíquico, você não
parece ter medo de fantasmas — disse Wobbuffet para o Hypno.
— Medo? Não. Eu causo medo. Eles são meus
aliados, assim, eu me tornei o Pokémon mais forte do mundo. Me acompanhem, eu
tenho que guiá-los através da minha terra dos sonhos.
Hypno estalou os dedos. A ilusão dissolveu-se
mais uma vez, mas não se sabia se outra havia sido criada em seu lugar. Todos
agora estavam dentro de uma pequena sala escura, sem mobílias, onde apenas
Gastlys continuavam a flutuar com sua dança medonha. A luz era gerada por quatro
castiçais, posicionados nos quatro cantos extremos daquela sala, que emitiam
quatro chamas coloridas.
Ao saírem da sala, um grande panorama dava
visão da sala de Hypno para todos os setores da Fábrica de Brinquedos. Os
grandes maquinários ficavam ainda mais belos de serem vistos da parte superior,
os braços de metal faziam uma dança coordenada em todas as direções,
fabricando, embalando e distribuindo cada brinquedo novo.
— Como vocês podem ver, nossa fábrica
funciona com muita tecnologia. Cada máquina sabe exatamente qual brinquedo
produzir, como embalar e qual Stantler vai levar. É o suprassumo do
entretenimento — explicou Hypno.
— Eu não estou interessado na sua
tecnologia. Eu quero saber de três coisas: Aonde está Papai Noel, por que uma
das Jynx assistentes foi congelada, aparecendo há milhares de quilômetros daqui
e, o mais importante, aonde está Pichu, um dos meus assistentes?
— Muitas perguntas, muitas perguntas... —
sorria Hypno. — Por que você mesmo não faz essa pergunta pra ele?
Ao olhar para trás, Wobbuffet viu Pichu
aproximando-se devagar. Ele estava estranho... Diferente da figura alegre e
saltitante de antes, este estava cabisbaixo, andando devagar, quase se
arrastando.
Pichu encarou o detetive. Seus olhos não
tinham pupilas, estavam dominados por uma cor púrpura. Faíscas saíam de suas
bochechas e a voz que saiu de sua boca arrepiou a espinha do Detetive
Wobbuffet.
— Vá embora!!!
O Pokémon atacou com Thundershock e o detetive prontamente rebateu com Mirror Coat, rebatendo o golpe e o jogando
contra Pichu.
— Olha só, parece que nosso amiguinho
parece estar levemente rebelde — disse Hypno de forma irônica.
Wobbuffet se virou para ele de forma
furiosa.
— O que você fez com ele?!
— Não se preocupe, ele está bem. Ele está
sob meu controle, em um sono profundo. Sua mente produz imagens que o fazem
achar que está em algum lugar por aí... Você estava em cima daquele barco, não
é? Cada Pokémon tem seu próprio sonho.
— Maldito! O que você fez com os outros?!
— Eles estão trabalhando. Todas as
crianças que se intrometem em assuntos dos adultos viram minhas escravas. Veja,
detetive, suas crianças não são lindas quando estão ocupadas trabalhando?
Um novo olhar para baixo fez Wobbuffet
soltar uma exclamação alta. Como zumbis, Bulbasaur, Psyduck e Magby trabalhavam
ao lado das máquinas, pegando os brinquedos que eram trazidos até eles pelos
braços mecânicos e levando-os até as esteiras que levavam para o interior da
fábrica. Ao lado deles, um Smoochum, também hipnotizado, supervisionava o
trabalho do trio.
— Como você ousa?! — bradou Wobbuffet.
— Acalme-se, detetive. Você está muito
exaltado.
Carlos atacou Wobbuffet pelas costas
usando o Astonish. O detetive sentiu
uma enorme pressão que o derrubou violentamente no chão. O golpe super-efetivo
o desestabilizou, seu equilíbrio pareceu ser afetado. As coisas estavam rodando.
— C-Carlos? Você também está sob o efeito
da Hypnosis? — perguntou Wobbuffet,
tonto.
Leeca
— Carlos é meu braço direito. Detetive,
deixe-me contar uma história... Muitos anos atrás, esse local era comandado por
Papai Noel, o senhor Nicolau. Eu era seu Pokémon... Mas, eu acabei percebendo
que eu ganharia muito mais se não cumprisse as ordens dele. Então, eu
hipnotizei a todos com meus incríveis poderes e fiz todos de mascote. Claro que
todo plano incrível requer algum tempo de construção. Então, eu fiz nos últimos
anos, Nicolau conquistar a antipatia de todos os Pokémon que vivem na ilha...
Carlos me ajudou a espalhar a noticia e agora, estou aqui, criando um novo e
fantástico mundo onde todos estão felizes. Sequer reclamam! Tudo bem, eles
estão hipnotizados, mas o que interessa é que dominaremos não apenas o Natal,
mas o ano inteiro!
Wobbuffet avançou em Hypno, mas o mesmo
estalou os dedos. A porta de sua sala se abriu com violência e os Gastlys que
estavam nela saíram, partindo para cima do detetive. Os gases começaram a
sufocá-lo e ele caiu ao chão.
— Engraçado como, por mais que você seja
um aliado da justiça, está sendo dominado feito um fantoche. Você não é muito
diferente desses seus mini-assistentes... Não resista, você vai acabar ajudando
o Grande Hypno a construir seu império enorme! Muahahaha!
Hypno avançou devagar na direção de
Wobbuffet e cuspiu em seu rosto.
— Ah, a resposta para a sua última
pergunta... A Jynx congelada foi uma surpresa. Sabe aquela Smoochum que está
ali em baixo? Ele é filha dessa Jynx, a congelada. Ela queria ser assistente do
Papai Noel, mas sua mãe não deixou. A função dela, como um Pokémon de Gelo, era
usar seus poderes numa máquina que temos, que faz nevar por todo o planeta... A
ganância dela foi sua ruína... Ela acabou congelando a própria mãe... Para
sempre.
— Ou será que não? — ressonou uma voz
poderosa.
Ao olhar para baixo, Hypno viu o delegado Arcanine
entrando com vigor dentro da fábrica, acompanhado por um verdadeiro exército de
Pokémon.
— Parado em nome da Lei! Você está preso!
— anunciou Graveler.
Mais um estalar de dedos. Os Gastly que
sufocavam o detetive Wobbuffet o largaram e partiram para cima de Arcanine e
sua equipe. Um agente Umbreon pulou à frente do esquadrão e usou seu Pursuit para atacar os Pokémon
fantasmas, que recuaram. Hypno estalou os dedos mais uma vez. Os Pokémon que
estavam trabalhando na Fábrica de Brinquedos — incluindo a Equipe de Resgate
dos Corações de Ouro —, se viraram contra a força policial.
— Senhor, nós temos um problema... —
comentou Graveler para Arcanine.
— Então daremos a solução. Esses Pokémon
estão enfeitiçados. Dominem-nos, porém não os machuquem. Há muitos inocentes
por aqui.
Logo, os Pokémon da fábrica começaram a
enfrentar a polícia. Hypno tentou fugir, mas Detetive Wobbuffet logo foi atrás
dele. Carlos, o Stantler, tentou esgueirar-se pelos corredores e sumiu de vista
enquanto o tumulto acontecia.
Wobbuffet usou seu Selo das Sombras* para
impedir que Hypno conseguisse deixar o local.
— Você não vai pra lugar nenhum — disse o
detetive. Apesar de machucado, ele fazia o possível para manter o Hypno longe
de qualquer porta que pudesse fugir.
— E quem é que vai me impedir? — apesar de
visivelmente sem saída, Hypno não se daria por vencido.
— Eu.
A voz de Pichu surpreendeu até mesmo o
próprio Hypno.
— Moleque! Como você...?
— Milagre de Natal — respondeu o Pokémon
usando seu Thundershock no Pokémon.
Wobbuffet socou o Pokémon no rosto. Ser
atacado o fez perder a concentração por algum tempo, o suficiente para que a
hipnose em conjunto fosse interrompida.
Os Pokémon sob o domínio do Hypnosis despertaram de seus sonhos.
Bulbasaur, que estava próximo a uma das
esteiras, voltou à consciência. Olhou para os lados e não lembrava como havia
chegado até ali. Não estava mais dentro do Templo da Floresta e não tinha mais
Chikorita a seu lado. O cheiro de grama não estava mais no ar.
— Chikorita? — chamou o Pokémon.
— Bulbasaur! — respondeu uma voz.
O Pokémon se virou esperançoso, mas era
Magby que corria em sua direção. Bulbasaur não escondeu a expressão de
decepção.
— Cara, você tá bem? Você não faz ideia de
como é bom te ver de novo!
— É, eu te digo o mesmo... — suspirou o
Pokémon. — Cadê o Pichu?
— Sei lá... Você viu o Psyduck?
— Negativo.
Uma explosão foi ouvida. Milhões de cacos
de vidro foram espalhados pelo andar de baixo devido à destruição do andar
superior onde ficava a sala de Hypno. Pichu e Wobbuffet batalhavam contra o
Hypno, que usava seus poderes para contra-atacar. Bulbasaur e Magby se olharam
e correram para o centro da confusão. A polícia invadiu a fábrica e começou a
atacar e destruir cada equipamento e a resgatar os Pokémon que despertavam do
transe.
Magby e Bulbasaur logo chegaram ao
destino, a área abaixo do local onde acontecia a luta mais séria.
— Esse seria um excelente momento pra
gente fazer a nossa Posição de Resgate número 17, mas... CADÊ O PSYDUCK?! —
perguntou Magby, bravo.
— Calma, pessoal, tô chegando!
Psyduck vinha correndo na direção dos
amigos. Arfava de cansaço, como sempre, e tropeçava nos seus pés de pato, que o
fazia andar desengonçado. A surpresa, no entanto, era uma Marill que parecia
estar seguindo-o.
— Aí, quem é essa mina? — perguntou Magby.
— Longa história... Eu conto depois...
Posição 17... Né? — perguntou Psyduck, suado e cansado.
— Quem são esses aí? Como assim você não
vai me apresentar direito? Você tem vergonha de mim? VOCÊ TEM VERGONHA DE MIM?!
— perguntava a Marill, chorando.
— Xiii... Deu ruim — disse Bulbasaur.
Psyduck usou seu Confusion para levitar Magby até o andar superior, fazendo o mesmo
com Bulbasaur em seguida. Usando seus cipós, o Pokémon foi içado também.
A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro
estava novamente reunida.
— Meninos, isso é assunto de gente
grande... — disse Wobbuffet ao notar a presença dos pequenos, sem esconder um
sorrisinho de canto de boca.
— Aí, tio, o resgate chegou. Dá um espaço
aí pra gente chutar a bunda desse cara! Tu tem noção que eu fui parar DENTRO DE
UM VULCÃO com um Golem muito louco? Cara, eu preferiria estar com o Psyduck,
que é mais tolerável! — reclamou Magby.
— Equipe de Resgate dos Corações de
Ouro... Hora de atacar! — ordenou Pichu.
O Vine
Whip de Bulbasaur agarrou o corpo de Hypno enquanto Pichu, Psyduck e Magby
combinaram um poderoso ataque em conjunto, onde o Thundershock fusionou com o Water
Gun e formou, junto com o Fire Spin,
uma versão alternativa e mais poderosa do Tri
Attack. O Selo das Sombras de Wobbuffet impedia que Hypno escapasse, o
acerto foi inevitável.
Hypno caiu para o andar térreo, onde foi
cercado pela polícia.
— Perdeu, perdeu. Você tá preso — anunciou
Graveler.
Hypno não se moveu.
A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro
se abraçou. Os integrantes arfavam cansados, mas deram um sorriso satisfeito.
— Cara, como é bom estar de volta! —
exclamou Magby. — Nunca mais eu vou dormir outra vez!
— Nem me fale! A realidade é muito melhor
— completou Psyduck.
— É, verdade... — suspirou Bulbasaur,
triste.
— Que foi, cara? — perguntou Magby.
— Nada, nada... Tá tudo certo! — respondeu
o Pokémon, forçando um sorriso.
— Ei! Já te disseram que você é péssimo
mentindo? — gritou uma voz feminina do andar inferior.
Bulbasaur arregalou os olhos ao ver
Chikorita. O Pokémon logo correu para descer e ir falar com a Pokémon.
— Chikorita, você está bem!
— Claro que eu estou. Você acha que eu sou
o quê? Eu sobrevivi aquele templo escuro um tempão! A realidade não ia me
quebrar assim tão fácil.
O Pokémon sorriu envergonhado.
Magby fechou a cara.
— Ah lá, cara. Flor nova no jardim, o
Bulba já ficou todo, todo — reclamou para Psyduck.
— Relaxa, cara. Você ainda tem a mim —
sorriu o companheiro.
— COMO É QUE É?! VOCÊ JÁ ME ESQUECEU?!
— Salve, meu irmão! Tá escondido aí, meu
parça?
A Marill e o Golem também estavam no andar
inferior, olhando para os dois Pokémon. No entanto, diferente de Bulbasaur, nem
Magby, nem Psyduck, pareceram felizes de reencontrar os “companheiros”.
— Pichu, seguinte, você dá um choque na
gente e a gente finge que morre, tudo bem? — cochichou Magby ao líder. — Pichu?
Magby foi ignorado. O Pokémon elétrico
caminhava em direção ao Detetive Wobbuffet, que permanecia estático olhando
Hypno ser levado para a cadeia.
— A gente pede um favor pro cara e é
ignorado desse jeito! Eu juro como eu vou procurar outro emprego!
Wobbuffet acendia um outro charuto. Ao ver
a aproximação de Pichu, o apagou.
— Bom trabalho, guri.
— Bom trabalho, tio. Foram dias bem
loucos. Não é?
— Com certeza.
Silêncio. Pichu tossiu.
— Cof...
Então... O senhor não quer entrar pra nossa Equipe de Resgate?
Wobbuffet desviou o olhar do Hypno e o colocou
em Pichu.
— Como é?
— É... Fazer parte do nosso grupo.
— Olha garoto, eu trabalho sozinho. Foi
mal.
Pichu arregalou os olhos e sentiu seu
rosto corar. Wobbuffet sorriu.
— Você não precisa de mim. Seu faro investigativo
é ótimo. Você me superou nessa investigação... Detetive.
Pichu olhou para Wobbuffet e seus olhos
brilhavam. O Pokémon abraçou o detetive com força.
— Por favor, não se esqueça de mim.
Wobbuffet pegou seu chapéu e depositou na
cabeça do pequeno.
— Leve com você. Venho buscar qualquer dia
desses.
O detetive caminhou em direção às escadas
para o andar inferior sem olhar para trás.
***
As crianças pareceram decepcionadas.
— Mas eu queria tanto que eles
trabalhassem juntos... — suspirou a menina.
— E no final das contas, o Hypno e todos
os Pokémon malvados que estavam com ele foram presos — concluiu o pai.
— Mas... E o detetive Wobbuffet? —
perguntou a menina.
— Detetive Wobbuffet foi promovido à
agente da Polícia, mas ele resolveu ficar como detetive — explicou a mãe.
— Fizeram um Wobbuffet pra ele! — Mais uma vez, os trocadilhos do pai fizeram as
crianças rirem.
— Mas e o Delibird? A Jynx? E a Equipe de
Resgate dos Corações de Ouro?! O Papai Noel apareceu? — quis saber o menino.
— O Delibird foi perdoado, porque ele
estava enfeitiçado pelo Hypno do mal. A Jynx foi descongelada e deu uma surra na
sua filha por tê-la enganado. A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro foi
parabenizada. Estátuas foram construídas para cada um dos integrantes.
— Quanto ao Papai Noel... Bem, ele foi
encontrado dormindo dentro da Fábrica. Ao ser despertado, ele logo correu para
entregar o resto dos presentes.
— E como ele fez isso?! — perguntaram os
irmãos de forma sincronizada.
O casal se olhou e sorriu.
— Graças ao Celebi! — responderam os dois.
Os irmãos se olharam e sorriram.
— Que demais! — exclamou a menina.
— Bem, agora durmam antes que eu chame o
Hypno para hipnotizar vocês também! — ameaçou a mãe.
As crianças se encolheram de medo.
— Não se preocupem! O Wobbuffet do papai
sempre estará aqui para proteger vocês do Hypno malvado!
THE END
*Nota: Selo das Sombras se refere à Ability Shadow
Tag.
C A S T
PICHU..............................................Pichu
MAGBY..........................................Magby
PSYDUCK....................................Psyduck
BULBASAUR............................Bulbasaur
WOBBUFFET......................................Wobbuffet
DELEGADO..........................................Arcanine
GRAVELER.........................................Graveler
RECEPCIONISTA DA DELEGACIA.......Furret
HYPNO..........................................Hypno
DELIBIRD...................................Delibird
GARÇOM................................Pidgeotto
BULL........................................Granbull
SEGURANÇA.....…………….…….Feraligatr
SEGURANÇA....…………….…….Machamp
SEGURANÇA..........……….…….Primeape
DANÇARINAS............................Miltank
ENFERMEIRAS.........................Chansey
PAI.............Protagonista misterioso #1
MÃE..........Protagonista misteriosa #2
FILHO.........Protagonista misterioso #3
FILHA.........Protagonista misteriosa #4
CORSOLA..................................Corsola
SMEARGLE............................Smeargle
UMBREON.............................Umbreon
SMOOCHUM......................Smoochum
GUEST STAR
SNORLAX....................................Snorlax
LICKILICKY................................Lickilicky
JYNX.................................................Jynx
PAPAI
NOEL........................Nicolau Noel
XATU...............................................Xatu
REI DA ILHA.............................Slowking
ET BILU.................................Beheeyem
CARLOS.....................................Stantler
CHIKORITA..............................Chikorita
GOLEM.......................................Golem
MARILL........................................Marill
Os demais personagens são figurantes e
ninguém liga pra eles.
PRODUCERS
Leeca
Jolly Enderman
Dark Grovyle
Sir Naponielli
Donnel
Shiny Reshiram
EXECUTIVE PRODUCERS
ALIANÇA AVENTURAS
Dento
Canas Ominous
Shadow
A EQUIPE DE RESGATE DOS CORAÇÕES DE OURO
Pichu
Bulbasaur
Magby
Psyduck
NINTENDO
Shigeru Miyamoto
Eiji Aonuma
GAME FREAK
Satoshi Tajiri
Junichi Masuda
Ken Sugimori
Shigeki Morimoto
THE POKÉMON COMPANY
Tsunekazu Ishihara
SCRIPT:
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Dento
Canas Ominous
Leeca
Based on POKÉMON,
by NINTENDO/GAME FREAK/CREATURES INC.
Based on AVENTURAS
EM JOHTO, by Dento
Based on THE
LEGEND OF ZELDA: OCARINA OF TIME, by NINTENDO
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A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro
©1995-2019 Pokémon/Nintendo/GAMEFREAK/Creatures
Inc.
©2019 Aliança Aventuras
©2019 PIKACHU THE MOVIE ϞϞ(๑⚈ ․̫ ⚈๑)∩
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©2019 A Equipe de Resgate dos Corações de Ouro
Todos os direitos reservados.
Depois de um ano e dois dias ( possivelmente ), finalmente o especial tem sua conclusão.
ReplyDeleteNesse ato tivemos nossos heróis procurando o pequeno Pichu e descobrindo que o possível paradeiro é a fábrica, esta para qual vão e são apagados pelos funcionários que antes pareciam bonzinhos.
Logo nossos fofuxos da corações são postos em ilusões dos mais diversos tipos, enquanto o detetive Wobbuffet estava nas mãos dos raptores conversando com o verdadeiro inimigo ali , o Hypno. Hypno revela seus planos, tenta fazer o Pichu ( que tava na sala do Hypno e tal ) atacar o Wobbu, ele descobre que tem algo de errado, mas aí já é tarde e os Policiais já invadiram o local. Logo mais Pichu e Wobbu conseguem fazer com que os outros pokes saiam da ilusão que Hypno lhes induziu e por fim tudo acaba bem, com nossos protagonistas conversando entre si e os pokes da fábrica e o Pichu tendo um diálogo fofo com o Wobbu.
História contada, as crianças perguntam coisas aos pais ( que tenho suspeitas de quem sejam ) e estes lhes respondem de forma animada, e assim terminamos o especial de natal... 2 dias após o natal.
Valeu aí, Dento, e até a próxima!
Yo, Napo!
DeleteE assim, concluímos nosso especial de Natal de um ano. AHEUAHEUEAHAUE. Fico feliz por você ter acompanhado pacientemente essa longa aventura por esse looongo tempo.
Espero que você continue se divertindo com as coisas loucas que eu escrevo!
See ya!
MISSÃO CONCLUÍDA! Você terminou o especial dos Corações de Ouro, jovem. Que longa trajetória foi esse ano desde que o planejamento começou, de uma histórinha para crianças dormir acabamos tendo uma tremenda batalha envolvendo um Hypno que deu origem às creepypastas mais sinistras. "Se você não se comportar o Hypno vem te pegar, e de quebra acaba com o Natal e leva seus presentes" kkkkkkk
ReplyDeleteAdorei as referências à Ocarina, o jogo que marcou a vida de todos nós. Você deu todo um cuidado para o Forest Temple que é o meu favorito, mas a melhor parte foi o Shadow Temple em termos de desenvolvimento, foi o cenário para revelações, aquele navio nunca vai deixar de ser macabro. Como poderíamos prever que C-Carlos seria um traidor? E O SLOWKING NO FINAL DAS CONTAS, QUAL ERA SEU ENVOLVIMENTO Fico feliz que tenha ouvido as sugestões e dado uns retoques no final, o fato dos "Sábios" voltarem do mundo das ilusões e começarem a acompanhar os Corações de Ouro tem um potencial incrível, o time aumenta sem nos darmos contas.
Antes de trabalhar nesse especial admito que eu não tinha tanto carinho pelos Corações de Ouro, mas aprendi a entender cada um melhor, conhecer suas personalidades e ver que eles formam uma verdadeira guilda, cada um com seus devidos trejeitos e defeitos. Foi uma ótima sacada colocar cada integrante e explorar isso durante as ilusões, afinal, esse ainda é o especial deles. Gostei muito da conversa final dele com o Pichu, quem sabe quando voltaremos a ver esses dois trabalhando juntos? E os créditos ficaram demais cara, foi um tremendo prazer fazer parte disso kkkkkkk AGORA DENTO É UM ELFO LIVRE, ESTAMOS LIVRES PARA PLANEJAR OUTROS ESPECIAL DE DOZE CAPÍTULOS PARA 2020!
Yo, Canas!
DeletePois é. Se esse especial existe, foi por sua causa, que deu o aval desde o começo e me ajudou a montar esse plot. Demorou, mas chegamos, né não? kkkk Sou muito grato por isso!
Eu AMO Wind Waker, mas Ocarina of Time será pra sempre aquele jogo que marcou a vida. Desde criança eu sou apaixonado por esse jogo e como eu aprendi com você, a gente muitas vezes se coloca em tudo aquilo que a gente escreve, então já que estamos escrevendo aqui, por que não fazer uma referência à uma parte tão importante de mim? E fico feliz mais ainda em saber que a referência foi muito bem feita e aceita! Adaptar uma obra já é difícil, imagina quando a gente tem que adaptar elementos de um jogo completamente diferente dentro de um universo já estabelecido! Agora com personagens novos se juntando à trupe, resta-nos inventar novos enredos pra que todos eles se aventurem por aí.
O mais legal disso tudo é que talvez tenha sido realmente um grande feito ter escrito esse especial, porque por mais que EU saiba quem são os integrantes da Equipe de Resgate dos Corações de Ouro, com certeza muitos leitores não lembram, porque eles apareceram lá atrás no Capítulo 23, então com todos os hiatus, preciso manter a memória viva, né? Cada um tem a guilda que merece e, apesar da Fire Tales serem a maior e melhor de todas elas, nossos pequeninos também se mostram capazes de protagonizar histórias só com Pokémon! kkkk
AGORA VAMO CRIAR UM ESPECIAL DE HALLOWEEN!
Espero que você continue sempre sendo esse parceiro maravilhoso! Gratidão eterna por você existir na minha vida.
See ya!
Finalmente o especial está concluído!
ReplyDeleteCara, quanta treta com essa hipnose em massa! Por um momento achei que você tivesse viajando na maionese, colocando um monte de cena sem pé nem cabeça no meio da história, mas depois que tudo foi explicado as coisas ficaram mais claras.
A batalha final foi intensa, isso a gente tem que concordar! Mas eu fiquei surpreso de saber que o Hypno era o vilão, até porque ele apareceu apenas no fim e não tínhamos pistas sobre ele. E quanto ao Slowking? Ele foi cúmplice? Digo independente de estar ou não hipnotizado, o que não acredito porque se a gente partir do pressuposto de que o Wobbuffet resistiu à hipnose por ser um Pokémon psíquico, o esperado é que Slowking também não fosse afetado. Fico com essa dúvida com relação à conduta dele pelo fato de no momento em que todos foram pegos pela armadilha na Fábrica de Brinquedos ele ter agido com um ar de quem dizia "bem feito".
Bem, missão cumprida, como disse o Canas. Agora é focar na sequência de AEJ e quem sabe planejar mais alguns especiais?
Até a próxima! õ/
Yo, Shadow!
DeleteQue rufem os tambores e que soprem as trombetas: À quem duvidou, esse dia chegou! Foi mal cara, mas botar mil ceninhas dentro de um capítulo é mais forte que eu kkkkk. Eu sempre procuro dinamizar isso pra que fique cada vez menos confuso, sem perder o fator surpresa. Fico feliz de conseguir, apesar do medo que sempre existe toda vez que eu estou escrevendo. kkkkk
PLOT TWIST: Vilões que aparecem no final e não tem dicas sobre durante o roteiro. POR ESSA VOCÊ NÃO ESPERAVA, NÃO É? Pois é, nem eu! EUEAHAUEHUAEHUA As coisas vão acontecendo conforme a gente vai escrevendo e vez em quando a gente consegue fazer algumas reviravoltas assim. Que bom que você se surpreendeu! kkkkk Agora fica aí a dúvida no ar, né? SERÁ QUE TERÍAMOS MATERIAL PRA FAZER UMA SEQUÊNCIA? Tá loko kkkkk
Muito obrigado pelo seu suporte durante toda essa jornada!
See ya!