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Posted by : Dento
Sep 2, 2016
“A loucura é apenas o ápice da liberdade.”
(Zezé Di
Camargo)
Era Natal. Como qualquer criança que se preze, ela sonhava em sair
em viagem para ganhar o mundo com um Pokémon. Havia neve lá fora, como era de
praxe nesta época do ano. Mas, além de ser 25 de Dezembro, também era seu
aniversário.
Fazia 15 anos que ela havia nascido. E 15 anos que desejava ser
uma treinadora. Seus cachos negros iam até o meio das costas e seus olhos
castanhos brilhavam como o sol no dia em que ela recebera seu primeiro Pokémon
— um Squirtle. A tartaruguinha fora paixão a primeira vista. A moça logo
começou a se aventurar pelas estradas montanhosas da Região de Kanto, ganhando
logo as oito insígnias de Ginásio e sendo, para a sua época, a mais jovem
mulher a conquistar a vitória na Liga Pokémon.
Seu desafio contra a Elite dos 4 fora aceito por unanimidade. Ela
não chegou a vencer seu campeão, mas devido aos seus feitos históricos, foi
logo convidada a fazer parte da equipe, guardando o posto número quatro,
responsável por proteger os portões que levavam ao campeão da Elite. Ela havia
se especializado em tipos Pedra, bem contrário ao que outras pessoas tinham em
mente para ela. Mas ela não ligava para o que os outros pensavam — Ela era
independente. Por esse modo de agir, ganhara o apelido de “Madame Boss” — A
manda—chuva.
Anos passaram—se. Ela desejava muito mais do que as regras
permitiam. Sua mente voava alto e ela não se importava com o impacto que isso
trazia. Essa era Madame Boss, nome
que a consagrara pelos quatro cantos da região, já que seu nome era um segredo
maior que sua história.
Agora, ela era uma mulher que beirava seus 25 anos. Ela exercia a
profissão mais desejada por qualquer treinador Pokémon que se preze. Mas pra
ela, aquilo não passava de uma prisão para suas ideias geniais.
Louca? Talvez. Afinal, havia muitos loucos espalhados pelo mundo. Ela
não se preocupava em saber se aquilo era uma ofensa ou um elogio, e nem se
importava.
Sua especialidade na Liga era o tipo Pedra, mas sua maior diversão
era discutir suas ideias e pensamentos com os outros membros.
Madame tinha longos cabelos negros semelhantes a pelagem de um
Umbreon, sua pele era clara e macia, e seu corpo esbelto cheio de curvas
atiçava qualquer hormônio masculino. Vivia usando vermelho. Ah, o vermelho... Cor
de sangue. Uma cor que caia muito bem nos seus lábios carnudos. Vermelho também
era seu vestido colado e curto que combinavam perfeitamente com sua meia calça
transparente e seus saltos pontiagudos, também da cor do sangue. Realmente,
Boss era uma mulher fatal.
Tão fatal quanto seus Pokémon...
— Steelix, Earthquake! —
Ordenou Madame Boss. Estava numa batalha contra um treinador que estava
confiante de sua vitória.
A enorme serpente de ferro sacudiu a arena e derrubou o pobre
Poliwrath, nocauteando—o.
— NÃO! MEU POLIWRATH! — Choramingou o garoto, recolhendo seu último
Pokémon.
—Você é forte, garoto. Me fez usar meu terceiro Pokémon, e é
difícil eu sair do primeiro. Continue treinando, nunca desista. Você é mais
forte do que pensa. — Sorriu a mulher para o jovem desafiante. Ele não tinha
nem quinze anos ainda, mas era talentoso. E ela sabia reconhecer um bom
treinador quando via um.
A mulher recolheu sua serpente de aço e cruzou as grandes portas
de ferro que davam para o interior do castelo construído no topo do Planalto
Índigo, o ponto mais alto da região de Kanto. A sede da Liga Pokémon era
majestosa — num corredor branco, fotos de treinadores e treinadoras que conseguiram
o feito de chegar até ali ao lado de seus Pokémon. Boss sorria sempre que via
cada uma daquelas fotografias. Ela mesmo sabia o suor e o esforço de cada um
para dar o melhor de si e chegar o mais longe possível. Pessoas que, como ela,
saíram de lugares pequenos para sonhar alto, alcançar voos com seus Pokémon e
enfrentar batalhas cada vez mais difíceis. Estratégias nunca faltavam e Madame
Boss sentia orgulho em servir de exemplo para cada treinador que ela tinha a
honra de enfrentar.
Após a árdua batalha, Boss continuou em direção a uma sala onde os
campeões aproveitam para passar o tempo enquanto ninguém aparecia para um
desafio.
— Ora, ora, alguém venceu de novo... — Comentou Agatha,
especialista em tipo Fantasma. Era a mais velha da Elite. Tinha a estatura
baixa, vivia de mau—humor e parecia não se importar muito com seus cabelos loiros,
que viviam sempre desgrenhados. — Muito bem, quanto mais pessoas derrotarmos,
mais é difícil que alguém chegue ao campeão. Assim, mais tempo ficamos no poder.
— Esse é nosso objetivo? "Poder"? Pensei que era ser
ídolo das pessoas, sempre aconselhando novos treinadores para que nunca
desistam dos seus sonhos. — Comentou Boss, sentando—se em um sofá, confusa,
cruzando as belas pernas.
— Isso é coisa para super—heróis. — Sussurrou Jack, especialista nos
Pokémon Tipo Veneno, fumando seu cigarro e soltando algumas argolas de fumaça
pela boca. Jack estava na flor da idade, tinha lá seus trinta anos. Seus
cabelos desciam até os ombros e, diferente de Agatha, estavam sempre
impecáveis. Tinha a voz rouca devido ao uso frequente e contínuo de cigarros,
vício que adquirira desde a adolescência. — Estamos na vida real, temos
obrigações, temos que cuidar de dois continentes e ainda aguentar choro de
moleques que não aguentam uma partida perdida.
— Mas é o sonho deles. Todos já sonhamos com isso uma vez. — Replicou
Madame, olhando para o colega e coçando de leve o nariz, incomodada com a
nicotina.
— Claro que sonhamos, mas engolíamos nossas lágrimas e tentávamos
de novo. — Respondeu o homem, jogando o cigarro pela janela.
— Treinadores não têm mais incentivos como antes, por isso é nossa
obrigação impulsionar eles. Não vamos viver para sempre.
Jack deu uma risada irônica.
— Enquanto eu tiver forças, me manterei aqui. Veja só... — Ele
arrumou o terno. — Com o salário que ganho, tenho roupas de luxo e tiro férias
nas melhores praias de Hoenn. Por que eu abandonaria uma vida dessas?
Madame Boss resolveu não retrucar, estava farta de ouvir os mesmos
papos sobre dinheiro e poder. Jack era um arrogante, praticamente comandava
todos os outros, que dançavam no ritmo da música que ele colocava.
— Não ligue pra eles, minha querida. Eles não sabem o que dizem.
Uma mulher de estatura baixa e cabelos loiros adentrou a sala. Seus
olhos castanhos eram enormes e expressivos e era facilmente confundida com uma
criança.
Diana, atual campeã de Kanto, especializada em tipo Dragão, era a
única que parecia entender Madame Boss. Era gentil, meiga e delicada, porém, de
mente e fraca e facilmente controlável.
— Muito obrigado, Diana... Só você pra me confortar.
Jack riu escandalosamente.
— Agora vocês resolveram dar uma de “mamãe e filhinha”? Façam—me o
favor! Somos os que mandam em tudo! Não vamos ser infantis.
Diana o encarou de forma séria. Jack engoliu o sorriso
imediatamente.
— “Não seja infantil”. Você deveria seguir o que você mesmo diz.
O rosto de Jack ficou rubro. Apenas Diana tinha o poder de deixar
ele desconfortável daquele jeito.
E aquilo era uma brecha para que o usuário do Tipo Elétrico da
Elite 4, Ren, se manifestasse.
— Quem diria que uma mulher teria poder sobre você... Ah, é, ela é
a Campeã. — Blefou o rapaz que tinha lá seus vinte anos, adorava se vestir de
preto, sem contar o detalhe de que seu blazer de couro estava sempre cheirando
a cigarro. Seus curtos cabelos castanhos estavam sempre arrepiados e em seu
pescoço, uma corrente com uma PokéBola dava todo um porte ao rapaz que estava
deitado de forma preguiçosa em um sofá vermelho, tragando um cigarro enquanto
seu walkman tocava alguma banda de
heavy metal.
Jack levantou—se em silêncio, mas visivelmente irritado, e se
retirou dali.
— Ren, é melhor você calar essa sua boca imunda antes que eu
arranque seus dentes. Um por um. — Disse o Mestre dos Pokémon Venenosos antes
de sair bufando.
Diana cruzou os braços.
— Ele nunca aprende... — Suspirou.
Madame Boss levantou—se.
— Acho que todos nós deveríamos tomar cuidado com ele.
Principalmente você, Diana.
A loira fez uma expressão de curiosidade.
— O que quer dizer com isso?
— Nada... Foi só... Esquece.
Ren sentou. Olhou para Agatha que encarava Boss de forma séria.
Voltou a olhar Boss por alguns segundos, que passou a ficar visivelmente
incomodada e constrangida por estar sendo encarada daquele jeito por seus
colegas.
O chefe dos Pokémon Elétricos deu de ombros e levantou—se do sofá.
— 14h. Tenho que trabalhar.
Ren cruzou a sala e saiu pela porta que levava ao Hall de Batalhas
do Planalto Índigo.
E Boss estava certa. Diana realmente devia ter muito cuidado com
Jack.
Diana era a mais nova do grupo, mas isso não justificava sua
experiência, aliás, ela chegara com muita facilidade ao título de Campeã. A
performance que fazia com sua Shiny Altaria e a agilidade de seu Dragonite
fazia inveja a qualquer treinador. Até mesmo a Jack.
O especialista em tipo venenoso sempre sonhara em alcançar a Elite
4 e entrar nela. Fez tanto esforço que conseguiu, sendo o terceiro na linha de
batalhas. Gostava do cargo não por prazer em batalhas, e sim, pelo prazer no
poder e no dinheiro. Estava há mais tempo na Elite e vira Diana derrotar seu
poderoso Muk com apenas um golpe.
E isso, o deixou irado.
Mas todos sabiam que Jack e Diana tinham algo em comum: A paixão
um pelo outro. Uma paixão discreta que muitas vezes se resumia em trocas de
palavras e rostos ruborizados.
Era a armadilha perfeita para um golpe.
Ninguém sabe exatamente quando começou. Quando os membros da Elite
tomaram ciência, Diana e Jack já estavam noivos.
Boss sentiu um solavanco no estômago. Ela sabia que aquilo não
estava certo.
Mas ela resolveu não comentar nada. Afinal, a função dela era
lutar na Elite, não dar opiniões sobre a vida de seus colegas de trabalho.
Certo dia, Jack chegou mais cedo no prédio onde os membros da
Elite ficavam, entrou em uma das arenas que o local disponibilizava e
aproveitou para treinar um pouco.
— Muk, vai! — O treinador lançou o objeto que guardava o Pokémon
pra cima e libertou uma criatura grande e pegajosa feio de lama roxa. Ele tinha
dois olhos pequenos com pupilas negras redondas e uma enorme boca com uma
língua cinza e fios de lodo que ligavam suas mandíbulas superiores e inferiores.
Não tinha pernas, mas seus dois braços tinham três dedos em cada mão. — Use o Sludge Bomb!
O Pokémon abriu a boca e lançou um bola de veneno com toda força
em direção ao nada.
— Precisamos de mais rapidez. Sludge
Bomb de novo!
O Pokémon fez o mesmo movimento e arremessou seu golpe com mais
agilidade.
— Muito bem, Muk! — Comemorou Jack, ouvindo palmas leves e
animadas em seguida.
Jack assustou—se. Acreditava estar sozinho. Ao olhar em direção
das palmas se deparou com Diana, que estava sorrindo.
— Faz tanto tempo que eu não te vejo em ação... — Comentou ela.
— Eu não sabia que você estava aqui. Chegou quando? — Questionou
ele, retornando o Muk, ignorando o primeiro comentário da garota.
— Faz um bom tempo, eu te vi chegando. — Respondeu Diana, se
aproximando.
— Que seja. Preciso ir.
— Mas já? Acabou de chegar. — Retrucou a loira. — Por que não
continua a treinar? Estava tão legal assistir.
— Não posso revelar minhas estratégias.
— Nem pra mim? — Diana encarou Jack com seus olhos azuis. Olhos
que transmitiam algo que deixava o homem nervoso e com seu rosto rubro.
Em meio nervosismo que a mulher lhe causava, ele respondeu:
— T... Te dou um exceção.
E mais uma vez, Jack voltou a treinar, dessa vez, sob a atenção de
Diana. A campeã comemorava cada golpe do Pokémon do colega.
Passaram boa parte da manhã assim, até que Jack convidou Diana
para uma pequena pausa para um lanche. O homem levou a mulher até uma cafeteria
próxima, onde degustaram um cappuccino enquanto conversavam.
É claro que se gostavam, e a atração um pelo outro era cada vez
mais forte e intensa, estava sendo complicado segurar os sentimentos.
Foi quando Jack, no caminho de volta para o prédio onde a Elite se
reunia, pediu a garota em namoro. Um pedido direto e sem muito enrolação. Diana
corou e se surpreendeu com o pedido e, obviamente, aceitou. Os dois selaram o
início de relacionamento com um longo abraço.
“Não sei por que Madame
Boss disse para eu me preocupar com Jack", pensou a treinadora de dragões.
"Ele não é o que aparenta ser."
Chegaram de mãos dadas no local de trabalho, e isso surpreendeu
todos os outros membros, principalmente Boss, que ficou completamente chocada.
— Estamos namorando! — Anunciou Diana, sorrindo. — Jack me pediu
em namoro hoje de manhã.
Jack apenas sorriu de leve. Madame Boss encarou o homem, estava
pressentindo algo de ruim e precisava alertar a amiga.
***
— Diana, permita-me falar com você? — Questionou Madame Boss.
Era manhã do dia seguinte, e Boss fizera questão de chegar cedo
para encontrar Diana sozinha.
— Ah, bom dia. — sorriu a mulher. — Claro que pode. Algo de
errado?
— Na verdade... Há algo de muito errado. — Começou a especialista
em tipo pedra, sentando-se na beirada de um dos sofás. — É sobre... O Jack.
— O Jack? — A loira questionou, surpresa.
— Sim. Estou com pressentimento ruim sobre ele e sobre esse
relacionamento de vocês.
— E... Está me assustando, querida. — Respondeu Diana, se
ajeitando na poltrona.
— Jack não é tudo que você imagina. Ele parece estar tramando
algo.
— Tramando algo? — Diana pareceu ofendida. — Madame, ele é meu
namorado agora. E me ama. Isso deve ser coisa da sua cabeça. — Retrucou a
campeã.
— Me escuta, de verdade. — Implorou a mulher de cabelos negros. —
Jack pode estar esse relacionamento pra ganhar confiança de você e depois te
aprontar uma.
Diana não costumava ser agressiva. Mas ao ouvir aquelas coisas de
Madame Boss, ergueu-se irada. Apontou seu dedo para o rosto da mulher e gritou.
— C... Como ousa dizer isso?! — Era a primeira vez que Madame Boss
a via alterar o tom de voz desse jeito. — Vocês falam essas coisas de Jack, mas
ele é uma boa pessoa! Ele tem esse jeito sério, mas no fundo é uma boa pessoa!
— Ele é um lobo em pele de cordeiro, Diana! — Exclamou Boss,
aumentando o tom de voz.
— Chega! — A treinadora de dragões avançou e deu um tapa no rosto
de Boss. — Eu a proíbo de falar essas coisas de Jack! Eu pensei que você iria
me parabenizar ou me apoiar... — Diana tentava segurar as lágrimas. — Eu achei
que você fosse minha amiga de verdade. E...eu Pensei que podia confiar em você.
Boss permanecia com a mão no rosto, incrédula.
— D-Diana... — As palavras de Boss não queriam sair. Estava
surpresa com a reação de Diana, mas ao mesmo tempo estava arrependida. A loira
parecia tão certa de seu relacionamento.
Estaria Boss enganada sobre Jack? Talvez Jack realmente quisesse um relacionamento sério com a campeã. Deveria
continuar desconfiando ou devia acreditar em Diana?
— M... Me dê licença. — Disse a campeã, saindo da sala,
cabisbaixa.
Madame Boss cobriu o rosto com as duas mãos, inconformada com a
briga que acabara de ter.
***
Alguns meses se passaram, e Jack, com uma série de papéis na mão,
adentrou a sala onde Diana estava, cumprimentou a namorada com um caloroso
beijo e sentou-se ao seu lado.
— O que é isso? — Questionou a loira ao ver os papéis.
— Ah, nada demais... — Disfarçou o homem. — Eu só preciso que
assine.
— Não posso assinar um papel sem saber sobre o que ele é. — Provocou
Diana, cutucando o namorado de leve.
— Tá, tá... Você tem razão. — Suspirou Jack. — Eu só queria que
fosse uma surpresa... É um contrato de hospedagem em um hotel lá em Lumiose,
aquele que você viu na TV um dia.
A campeã deu um sorriso de orelha a orelha e seus olhos brilharam
com a notícia.
— Tá falando sério?! — Exclamou ela, animada.
— Claro! Merecemos algumas férias, certo? — Sorriu o especialista
em tipo venenoso.
— Certo! — Concordou a campeã, pegando uma caneta. — Onde eu
assino?
Jack indicou todas as linhas que ela deveria assinar, a loira
assinou com tanta velocidade que, em questão de minutos, todas as vinte folhas
estavam preenchidas.
— Ótimo, ótimo. Muito obrigado. — Agradeceu Jack.
— Não, eu que agradeço pela surpresa! — Sorriu Diana, dando um
selinho no namorado.
O homem levantou-se e se encaminhou para fora da sala, deixando
Diana sozinha. Ao sair, soltou uma risada cínica. Inocente criatura, mal sabia
ela que além do contrato de hospedagem, tinha acabado de assinar um termo que
autorizava Jack a assumir a Elite em sua ausência...
***
Alguns meses passaram-se.
— ...Morta? — Questionou Madame Boss, chocada.
— Os policiais não encontraram o corpo dela, nenhum rastro ou algo
do tipo, então, declararam-na como morta. — Respondeu Jack, cabisbaixo, com o
braço enfaixado e o rosto coberto de curativos.
Era isso... Diana estava morta.
Ela e Jack saíram para as tais férias em Lumiose, porém, só o
mestre de tipo venenoso voltara, com curativos por todo o corpo, ele alegara
que os dois sofreram um acidente enquanto passeavam em algum lugar afastado da
cidade durante a noite. Porém, o corpo de Diana supostamente desaparecera nas
investigações. Jack não conseguiu dar nenhum depoimento à polícia ou para a
imprensa, dizendo estar muito chocado.
Noticiários do mundo inteiro comentavam sobre a morte da campeã de
Kanto, alegavam estado de luto e comentavam sobre a possível crise que isso
traria a região.
Jack explicou o acontecido para os colegas de equipe uma semana
após o acidente.
— Não pode ser verdade... Como o corpo dela sumiu?! — Exclamou
Boss, desesperada.
— O acidente foi numa área escura, provavelmente o corpo dela
rolou para algum buraco... — Respondeu Jack, sério.
— Eu realmente sinto muito. — Disse Agatha, suspirando enquanto
lamentava a morte da colega.
— Uma perda lamentável... — Comentou Ren, apagando seu cigarro, em
respeito.
— Isso não pode ser verdade. Nenhum corpo some assim... — Retrucou
Madame, que foi repreendida por Agatha.
— E por que ele mentiria, Boss?! Estamos falando de um acidente,
da morte de alguém querido. Deixe de brincar um pouco de intuições e volte para
a realidade!
Boss nada respondeu, apenas permaneceu cabisbaixa. A última
conversa que tivera com a amiga não fora das melhores, e perdê-la assim a
deixara muito chocada. Não queria aceitar a verdade, mas não poderia abaixar a
cabeça agora. "A Diana iria dar um tapinha nas minhas costas e me motivar
a seguir em frente...", pensou.
— E como ficaremos agora? Não podemos ficar sem uma campeã. — Questionou
Ren. — A imprensa já está alegando uma crise para nós.
— Quanto a isso... Eu tenho algo a declarar. — Jack estendeu os
papéis. — Dias antes, Diana assinou esses papéis. Ele é uma declaração que diz
que eu posso assumir quando ela estiver ausente. É com muita dor que eu anuncio
ser o novo líder da Elite 4. Prometo fazer de tudo para manter isso em ordem
como minha amada Diana fazia.
Madame Boss levantou a cabeça. Ela havia ouvido direito? Jack era
o novo Líder da Elite de Kanto?
— Eu concordo... — Disse Agatha. — Sei que ela confiava em você,
Jack. E nós também confiamos.
Ren balançou a cabeça positivamente, concordando com a palavras da
colega.
— Obrigado, pessoal... — Sorriu Jack, disfarçadamente, soltando
outra pequena risada sínica, enquanto encarava Madame Boss, que sentiu sua veia
saltar de raiva.
***
— Por fim, prometo manter a Elite dos 4 de Kanto sempre em pé,
assim como minha falecida e amada Diana fazia. Muito obrigado a todos.
Essas foram as últimas palavras do discurso de posse de Jack em
rede nacional. Os aplausos foram ouvidos quando ele saiu de perto do microfone.
Agatha, Ren e Madame Boss estavam logo atrás, no palco improvisado, aplaudindo
também. Boss nem tanto, ainda não estava acostumada com a ideia de Jack assumir
o cargo de Campeão. Mas não havia nada o que fazer, a não ser aceitar.
Em seu primeiro mês com o novo comando, a Elite dos 4 recebera
várias reclamações no atraso dos repasse das verbas de alguns Líderes de Ginásio.
Madame Boss adentrou na nova sala que Jack construíra para ele
mesmo bufando de raiva. A tal sala tinha estátuas de ouro de Lugia e Ho-oh e
quadros com molduras de diamante com fotos do próprio Jack. A mesa era de uma
madeira nobre, produzida a partir da pele de Sudowoodo, uma cadeira de couro e
no chão e um tapete de pele de Beartic.
— O que aconteceu com a verba do Ginásio de Cerulean? — Questionou
Madame, jogando os papéis na mesa. — As irmãs Kasumi precisam desse dinheiro
para a reforma do Ginásio. Elas receberam um Gyarados e precisam de espaço.
— Eu mandei um pouco para elas. — Respondeu Jack, virando a
cadeira para Boss.
— Não é o suficiente, é abaixo da metade do combinado! — Exclamou
a mulher.
— Elas que coloquem aqueles Seel e Dewgong idiotas para fazerem
showzinho e arrumarem dinheiro para o ginásio. Não sou obrigado a pagar casinha
de Pokémon aquático. — Disse Jack, ríspido. — Além disso, eu precisava pagar a
decoração da sala. Viu o tapete novo no chão? É lá de Kalos.
Madame Boss explodiu.
— VOCÊ ESTÁ FICANDO MALUCO!
Jack deu uma risadinha sínica.
— Maluco? Eu? Vai falar que essa sala não é o sonho de qualquer
um? — Ele se levantou. — Se eles quiserem dinheiro, que trabalhem, assim como
eu fiz. — E começou a caminhar pela sala.
— Trabalhar? A única coisa que você está fazendo é pisar e se
aproveitar dos outros! — Retrucou Madame Boss, seguindo o homem.
Jack percebeu a aproximação da mulher e virou-se, agarrando-a pela
cintura e a puxando para mais perto, beijando-a. Boss se assustou e tentou
afastar-se, mas Jack a prendia, aprofundando mais o beijo. Só se afastaram
quando ficaram sem ar.
— Eu sempre te achei sensual. Seu corpo sempre me provocou. — Sussurrou
o especialista em Tipos Veneno enquanto acariciava a bunda de Boss. — Por que
não assumimos um relacionamento sério? Eu posso te dar o que quiser.
A mulher de cabelos negros acertou um tapa ardido no rosto de Jack
e se afastou, extremamente envergonhada e constrangida pela cena.
— EU NUNCA TRAIRIA DIANA ASSIM! ELA GOSTAVA DE VOCÊ! — Berrou ela.
— NÃO QUERO SER DA MESMA LAIA QUE VOCÊ, SEU NOJENTO!
— Shhh, se continuar gritando, vão te tachar de louca e você
perderá seu cargo, minha querida. — Disse Jack, aproximando-se maliciosamente.
— NÃO ESTOU NEM AÍ. EU TÔ FORA! FORA DA ELITE! EU RENUNCIO AO MEU
CARGO!
— Oh... Que pena...
— Eu vou voltar e acabar com
a sua raça!
— Estarei esperando... — Riu, enquanto sentava-se em sua cadeira de
novo. — Venha com seus melhores guerreiros, Madame Boss.
A mulher saiu da sala batendo a porta.
É isso, Madame Boss estava fora. A princípio, teve medo de ter tomado
a decisão errada. Mas estava preparada para vingar a morte de Diana e a má
conduta de Jack, e esse era apenas o primeiro passo.
Seria isso loucura? Não sabia, mas pelo menos, ela estava
sentindo-se livre como nunca.
TO BE
CONTINUED...
Seria isso no passado ou presente? Se fosse o passado, seria Madame Boss = Equipe Rocket...
ReplyDeleteSó posso confirmar uma coisa:
-Madame Boss e Diana contra Ethan, Duelo de Titãs nas eliminatórias da liga.
Yo, Sir!
DeleteO Episódio R começa no passado. E sim, Madame Boss é a líder da Equipe Rocket. Vou contar a minha visão de como se originou essa organização gigante que temos hoje.
See ya!
Então aqui começamos o Episódio R. Estava ansioso para poder ler esse primeiro capítulo, tanto é que há alguns dias eu te perguntei se haveria a continuação. Quero ver a Madame Boss entrar tacando fogo na Elite. Vamos ver se o Jack aguenta o tranco contra essa deusa!
ReplyDeleteFoi interessante a forma como você trabalhou esse começo da história, todo o ambiente que você preparou para o trágico fim da Diana e como eu já imaginava o Jack seria um péssimo administrador. O fato é que agora a Elite está com 2 membros a menos, e quem serão os substitutos?
A intuição da Madame é apurada, mas a Diana se deixou cegar pelo amor. Por isso que eu digo, foquem em videogames porque o amor destrói sua vida, sua autoestima, suas finanças e sua liberdade. Videogames te fazem sentir bem. E se puder, tenha lasanha como acompanhamento. Se acham que estou falando bobagem, vejam o fim que teve a Diana.
É isso aí Dento, estou no aguardo da continuação desse especial que promete muito! Até! õ/
Yo Shadow!
DeleteFinalmente começamos a desmembrar as origens da Equipe Rocket. E antes do começo, existe um começo. Isso ficou confuso?
Gosto muito da Madame Boss. Ela é uma personagem tão misteriosa que mal aparições nas séries Pokémon. Trabalhar em cima dela e reimaginar uma história para uma personagem sem uma história é uma missão complexa, mas me agrada muito fazer. E eu espero que você também goste disso.
Todos os eventos descritos desencadeiam coisas à médio e longo prazo. Nos próximos capítulos, a gente descobre um pouco mais sobre esse desmembramento da Elite 4 e as consequências disso. E garanto que se as coisas estão ruins agora, imagine depois!
Videogames e lasanha são melhores com certeza! Continue espalhando a palavra da verdade e vamos mostrar ao universo como as coisas realmente devem ser.
Espero que você continue curtindo!
See ya!